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Heitor.

— Olha ele aí! — Tadeu, o meu assessor pessoal diz entrando em meu escritório. Essa sua alegria espontânea demais me faz revirar os olhos pois eu sei que aguarda boas notícias da minha última reunião em família. Nascer no berço de ouro da D’Angelo traz algumas coisas muito, muito boas: sucesso, dinheiro, mulheres gostosas e a extravagância das festas, embora tenha o seu lado todo ruim também. As mulheres sempre te olham como se você fosse um enorme pote de ouro no final do arco-íris. Você não tem a liberdade de ir e vir, e tem todo o peso de um império sobre os seus ombros. — Então, como foi lá? Está mais milionário do que ontem, ou… — Rio com sarcasmo.

— Você não vai acreditar, mas a minha mamãezinha deixou uma exigência no seu testamento. Acredita que ela exigiu um casamento com amor e todas aquelas frescuras possíveis?

— Puta merda! — resmunga e puxa uma cadeira para se sentar.  — No que ela estava pensando?

— Ela quer me castigar, simplesmente impor a sua vontade sobre mim. Coisa que não conseguiu ao longo desses anos enquanto estava viva.

— E agora? — Dou de ombros.

— A m*****a herança ficará guardada em um cofre até que eu apresente a porra de uma certidão de casamento.

— Bom, você tem um relacionamento legal com a Ellen. Será que com uma conversa e a imposição de alguns termos…

— Nem pensar! — O corto bruscamente. — Ellen está esperando por isso há meses e você sabe o que ela sente por mim. Preciso de alguém improvável. Alguém que aceite os meus termos e que não me conteste. Conversarei com os meus advogados e pedirei alguns termos que lhe dê apenas o que eu propor e pronto.

— Você sabe que isso é uma grande merda, não é? Heitor, não existe uma mulher que não tenha interesse em pôr a mão no seu bolso. E ficar presa a um cara egocêntrico como você custará muito caro.

— Então oferecerei o irrecusável. Um valor que lhe dê uma estabilidade financeira por alguns bons anos.

— Você é maluco, sabia? Se quiser eu posso fazer uma lista para você.

— Não. Eu quero uma mulher que realmente esteja no limite. Alguém realmente com a corda no pescoço, assim ela aceitará qualquer condição sem pestanejar. — Ele arqueia as sobrancelhas.

— E onde pretende encontrar essa desesperada?

— Não faço ideia, mas encontrarei uma!

— Senhor D’Angelo, a Senhorita Montréal está aqui para vê-lo. — Minha secretária avisa através do ramal e no mesmo instante rolo os olhos, ouvindo o som dá risada debochada do meu assessor.

— Então deixarei os dois a sós. Eu tenho muito o que fazer. — O homem ralha levantando-se da cadeira e caminha para a porta.

— Encontre a garota e me avise quando achar a pessoa certa para este trabalho.

— Você que sabe. Eu colocaria a Ellen na ponta da agulha. Você já a come mesmo!

— Olha essa boca, Tadeu! — ralho. Ele dá mais gargalhadas e sai. A porta volta a se abrir e Ellen Montréal passa por ela. Observo o vestido apertado demais desenhando cada detalhe do corpo esguio, cada curva exageradamente gostosa e uma fenda fatal que revela a deliciosa coxa esquerda. Os cabelos negros estão soltos e descansam em um dos ombros, dando-lhe um chame especial exuberante e sexy. Ela desce os dois degraus e sorri para mim revelando o sorriso branco em contraste com o batom extremamente vermelho. Como um bom anfitrião levanto-me da cadeira executiva, ajeito o meu terno de três riscas e caminho ao seu encontro.

— Heitor, querido! — Ela sussurra aproximando-se para um beijo lento e demorado que não retribuo.

— O que faz aqui? — rosno ignorando o seu gesto carinhoso.

— Vim visitá-lo, não posso?

— Sabe o que eu penso sobre isso, não é?

— Ora vamos, querido, estamos tendo encontros esporádicos há meses, e…

— Isso porque você resolveu pegar no meu pé!  — A corto.

— Não seja um imbecil, querido! Assim me faz pensar que sou uma garota volúvel e você sabe que eu te amo! — Sinto até uma coceira na pele só de ouvir essa última frase sair da sua boca.

O fato é que estou por um fio com Ellen Montréal. Desde que a conheci através de sua irmã Anna Montréal, ela simplesmente grudou em mim e a coisa piorou ainda mais quando Anna foi sequestrada a pouco mais de dois meses e consequentemente assassinada devido um resgate malsucedido. Enfim, coisas da ganância pelo dinheiro. Todos sempre querem um pouco dele não importa a forma. Depois dessa tragédia não soube como me livrar das suas malditas garras felinas. Ellen sabe que não sou um homem de sentimentos fracos. Amor, romance, flores, jantares, essas palavras simplesmente não existem no meu vocabulário, fiz questão de riscá-las quando descobri que esse sentimento não existe de verdade, que tudo não passa de uma fachada e apenas deram um nome bonito para a promiscuidade e o interesse descarado das mulheres. Ellen Montréal é uma bela dama da alta sociedade, mas ela não foge aos padrões da classe feminina. Machismo da minha parte? Não, isso se chama realismo.

— O que você quer? — indago rude e lhe dou as costas para ir à minha mesa.

— Almoçar com você.

— Não!

— Heitor?

— Não, Ellen! Olha, põe nessa sua cabeça que não temos um relacionamento… — Ela não me permite concluir a frase pois em questão de segundos a garota se j**a em meus braços, cola as nossas bocas e o beijo nada comportado me deixa sem ação, ou devia dizer com ação demais? Imediatamente a sua mão invade as minhas calças e eu sinto o seu toque atrevido em meu membro que imediatamente pulsa violentamente lá dentro. Eu não sou de ferro porra e simplesmente não consigo evitar de chocar o seu corpo com violência contra uma parede de vidro escuro e de puxar a sua saia acima da sua cintura sem delicadeza alguma. E com uma destreza liberto o meu membro, afasto a sua calcinha e me enfio nela em segundos. Ellen geme no mesmo instante. A ação é rápida. Algumas estocadas bruscas, minha mão segurando firme no seu cabelo, um beijo punitivo e eu engulo todos os seus gemidos para gozar logo em seguida. A garota sorri satisfeita e ofegante. Então a ponho de volta no chão, ajeito a minha gravata e sigo para o banheiro do escritório sem nenhuma consideração. — Espero ter conseguido o que queria — resmungo com desdém.

— Não exatamente, mas para começo está bom! — ralha safada. 

É disso que estou falando. Outra mulher teria me repudiado, no mínimo esculachado e esbofeteado a minha cara. Ellen é capaz de suportar os meus piores absurdos apenas para estar perto de mim, ou do meu dinheiro e até mesmo de um status mais elevado. Algo que a leve ao mais alto topo. O que ela não sabe é que quanto mais alto ela chegar, maior será a sua queda e consequentemente o estrago. Volto do banheiro recomposto e pronto para o meu dia de trabalho, porém, parece que a garota não entendeu o meu recado cafajeste pois ela ainda está sentada no meu sofá com as pernas cruzadas e olhando para mim como se eu fosse um bife suculento em um prato apresentável.

— O que faz aqui ainda? — Ela dá de ombros e faz uma pose ousada.

— Ainda não estou satisfeita. Vem, vamos sair daqui, vamos curtir um ao outro e…

— Ellen, eu preciso trabalhar!

— Não. Você é um multimilionário que tem o mundo aos seus pés. Não precisa ficar enfiado dentro desse escritório um dia inteiro. Vem comigo, por favor! — insiste. Porra, eu não queria, mas ela está me forçando.

— Escuta aqui, garota, eu já te fodi como você queria. O que está faltando, o seu pagamento? — Diante dos seus olhos abro a minha carteira e pego meu talão de cheques. — Quanto?

— Você está me ofendendo, Heitor! — Ela ralha entre dentes.

— Então não fode e sai logo daqui Ellen! — Ela se levanta do sofá, pega a sua bolsa e me olha nos olhos duramente. Entretanto, logo abre um sorriso e se aproxima calmamente, deixando um beijo cálido na minha boca.

— Eu entendo, querido. Nos veremos em breve. — O quê?! Meu subconsciente pergunta confuso. Enfim, como Tadeu disse ela não se importaria de assinar o maldito contrato e mandar ver. O que não é de todo ruim pois teria uma garota fogosa em minha cama sempre que eu quisesse e subjugada como eu gosto. No entanto, eu sei que tudo não passa de um joguinho sujo seu apenas para obter o meu controle em suas mãos e ter de mim aquilo que eu não posso lhe dar.

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