Heitor.
Horas mais tarde...Entro em casa recebendo o seu habitual silêncio e após livrar-me da gravata vou até o bar de canto, e me sirvo uma generosa dose de uísque. Depois, aproximo-me de uma parede de vidro e observo as ruas com suas luzes brilhantes, e suas pontes que parecem enlaçar a cidade. Daqui não se ouve nada, tudo parece calmo demais, mas o trânsito caótico diz o contrário. Bebo mais um gole da minha bebida e decido ir para o segundo andar da cobertura, e em seguida para o quarto principal. Tomo um banho demorado, ponho uma roupa confortável e ligo para o restaurante do hotel para pedir o meu jantar. Enquanto aguardo me tranco no escritório e abro a ata de contabilidade da D’Angelo. Há alguns meses descobrimos que nosso chefe da contabilidade estava realizando alguns pequenos furtos na empresa. Claro que exigi sigilo sobre o assunto, pois não quero o meu nome nas fofocas dos tabloides, menos ainda ser visto como um empresário fraco e desatento. Foi exatamente por isso que entraram os serviços de Tadeu Lenon. O homem faz mágicas quando se trata de uma boa assessoria. Claro que dessa vez foi algo bem comercial e que tive que pagá-lo por fora. Quanto ao ladrãozinho, em breve estará atrás das grades e desacreditado para qualquer empresa que tenha a intensão de contratá-lo, por menor que ela seja.— Senhor D’Angelo, a garota chegou! — O porteiro avisa pelo interfone.— Certo, já sabe o que fazer.Sei que vocês vão achar sujo da minha parte, mas, acredite não é. Tenho os meus motivos para não namorar ou me apegar a qualquer garota. Parte deles confessei a outra parte não vale a pena comentar. Basta saber que procuro saciar as minhas necessidades masculinas com algumas garotas de luxo. Minha única exigência ao contratá-las é que assine um contrato de confidencialidade. Eu lhes pago uma boa grana no final e na cama quem manda sou eu. Imagino que já faziam ideia disso. Desligo o computador, guardo alguns documentos e saio do escritório no exato momento que a campainha toca. Abro a porta e devoro a minha presa que está usando um curto vestido negro brilhoso e decotado na altura dos seios fartos, e alguns fios negros que escapam do seu coque frouxo deixam o seu rosto ainda mais jovial e sexy. Não lhe dou chance de falar qualquer palavra. Ainda na porta a puxo com violência pela cintura, prenso o seu corpo entre uma parede e o meu corpo e a beijo com ardência, livrando-me da sua roupa sem calma e sem delicadeza alguma, e ali mesmo a fodo com vontade. E só então, vamos para o meu quarto continuar com a minha festa.***— Senhor D’Angelo, o senhor Tadeu está aqui para vê-lo!— Ok, mande-o entrar! — Assim que a porta se abre encaro o meu assessor babaca e arqueio as sobrancelhas sugestivamente para ele. — Que palhaçada foi essa agora? — indago para o malandro. Ele simplesmente dá de ombros e se acomoda em uma cadeira de frente para a minha mesa.— Sempre quis ouvir a gostosa da sua secretária anunciar meu nome — confessa de uma forma natural. O idiota ri e ajeita a gravata.— Deu para sentir algum tesão pelo menos? — ralho irônico, mas ele parece não se importar com isso.— Por que mandou me chamar?— Preciso que descubra quem é ela e o que faz. Eu quero saber de tudo sobre essa garota — rosno colocando um currículo com foto em cima da mesa.— Acha ela uma candidata provável? — indaga olhando a foto da morena. Encosto-me na cadeira e fito o homem de pele negra que me lança um olhar especulativo.— Não faço ideia, mas algo nela me chamou a atenção.— Tudo bem! Contratarei um detetive e em menos de vinte e quatro horas darei todas as respostas de que precisa.— Não. Eu quero que você faça isso pessoalmente.— Qual é, Heitor?! Você sabe que eu sou um homem muito ocupado e que isso não faz parte do meu trabalho!— Não fazia! Comece aqui pela empresa — rebato, levantando-me e vou até o vidro transparente para observar a cidade.— Puta merda, ela trabalha aqui?!— Talvez. Eu nunca a vi por aqui até ontem.— Essa será fácil! Diva do RH deve me dar uma boa direção.— Viu, falei que você era o homem para este trabalho! — O encaro.— Não falou não, mas farei em nome da nossa amizade.— Ou do dinheiro, seu puto! — resmungo com humor e escuto o som da sua gargalhada sonora enquanto se dirige à saída do escritório.— Você mais do que ninguém sabe que essa é a engrenagem que movimenta o mundo, meu amigo. — Reviro os olhos para o seu comentário e a porta finalmente se fecha trazendo o silêncio de volta. ***Aprendi muito cedo a ter responsabilidades e nunca me aproveitei da boa vida que meus pais me ofereciam. Então ser chamado de filhinho de papai nunca esteve nos meus planos, ainda mais depois que tudo aconteceu. Assino o último documento do dia, largo a caneta em cima dos papéis, giro a cadeira e encaro o céu estrelado atrás de mim. Fico preso à bela imagem até que o meu computador fazer um sinal de mensagem e eu solto o ar com força para ver do que se trata. É uma mensagem de Tadeu. Constato e a abro imediatamente, encontrando a melhor notícia do meu dia inteiro. Sorrio e solto o ar com força, pegando o meu celular e ligo para o meu advogado.— D’Angelo, boa noite!— Max, preciso que redija um documento de confidencialidade e um contrato para mim.— Agora? É que eu já estava saindo do escritório.— Preciso desses documentos para ontem, Max! — retruco e escuto o som da sua respiração.— Tudo bem! O que quer que ponha nele? — Passo para ele as devidas instruções e assim que encerro a ligação ligo para Beatrice, a mulher que garante a minha diversão.— Hi, Senhor D’Angelo! Qual será o pedido para essa noite? — A mulher cantarola com sensualidade do outro lado da linha fazendo-me soltar um suspiro apreciativo.— Mande duas das suas melhores garotas.— Hum, alguma comemoração especial?— Espero que sim.— E qual será a preferência dessa vez?— Não sei. Que tal se você me surpreendesse, mademoiselle Beatrice?— Ah, você não faz ideia do quanto amo o ouvir sibilar um francês perfeito! — Ela solta uma respiração audível e manhosa. — Me pergunto quando teremos um momento a sós. Sabe que te pegaria de jeito, não é? — Abro um sorriso safado para a sua tentativa.— É, eu sei. Mas temos um acordo e um envolvimento não seria bom para os negócios.— Você é um chato pretensioso e cheio de regras!— Eu sei e você gosta disso!— Pior que gosto! Horário de sempre?— Sim. Aguardarei ansioso pela minha surpresa! — Sua risada ecoa do outro lado e eu encerro a ligaçãoConheci Beatrice Rossi nos tempos de faculdade mais propriamente em uma danceteria. A garota afrodescendente de cabelos curtos e encaracolados fazia shows de esquentar os corações solitários e tinha a capacidade de fazer os mortos ressuscitarem, se é que entendem o que quero dizer. Na época, fiz uma proposta que ela aceitou sem pensar duas vezes em fechar um acordo que incluía o não envolvimento entre nós dois e muito lucro para ela. Meses depois de assinar um contrato comigo ela pediu demissão da danceteria e abriu a sua própria casa de garotas de luxo com todos os requisitos para entrar no mais exigente evento da alta sociedade e isso inclui a mim. Como CEO de uma das maiores empresas de administração e construção civil preciso estar muito bem acompanhado em alguns desses eventos e como uma relação amorosa a longo prazo não está nos meus planos, é a Beatrice quem recorro nessas horas e em outras também. — Senhor D’Angelo, precisa de mais alguma coisa? — Lena pergunta surgindo em minha sala. Olho para o meu relógio de pulso e meneio a cabeça de forma negativa.— Não, Lena, pode ir. Já estou de saída também. — A loira sorri profissionalmente, assente e sibila um boa noite, saindo em seguida.— Bom dia, eu me chamo Isadora! O Senhor D’na...— É claro! O Senhor D’Angelo está lhe aguardando. — Não retribuo a cordialidade do sorriso da secretária que gentilmente abre a porta para mim, pois estou tão nervosa que nem sei como reagir nessa hora. O que eu poderia fazer, suplicar que não me demita? Humilhar-me para que ele tenha piedade de mim? Não! O meu pai sempre nos ensinou que devemos ter um pouco de integridade e se eu tiver que permanecer neste emprego será aceitando os meus erros e consertando-os da maneira que puder. E por fim, se ele não me aceitar em sua empresa eu encontrarei outro emprego, certo? Droga, a coisa não é tão fácil assim, Isadora! Você está desesperada e isso é um fato! Adentro um escritório extremamente espaçoso e bem iluminado, e não consigo evitar de observar os detalhes dos móveis claros em um contraste perfeito com o preto e o cinza chumbo da decoração. Atrás de uma mesa de mogno imponente está um homem jovem demais para um cargo tão importante. Moren
Isadora— Isadora, tudo bem com você? — Emma pergunta preocupada assim que entro na copa. Ignoro a sua preocupação e vou direto para a sala do meu chefe, e assim que entro Peter se levanta da sua cadeira. Ele não esconde um olhar preocupado e imediatamente vem até mim.— Isadora, o que houve?! — Sem pensar duas vezes corro para os seus braços e choro ali por algum tempo até me sentir aliviada. Sinto-o afagar as minhas costas com carinho e quando finalmente me recomponho, me afasto dos seus braços e me sinto constrangida.— Me desculpe por isso, Peter! — digo sem olhar nos seus olhos.— Não precisa se desculpar, querida. Quer me falar sobre o que aconteceu? — Embora eu precise muito desabafar com alguém, faço não com a cabeça.— Será que pode me dispensar por hoje? Desculpe, é que eu não tenho condições de trabalhar! — Ele solta o ar audível.— Só porque estou vendo que você não está nada bem, mas terá que compensar amanhã. — Concordo com outro aceno de cabeça.— Eu prometo! Obrigada,
Isadora— Senhorita Dixon? — Uma voz feminina disse assim que atendi a ligação.— Sim, quem é?— Eu me chamo Lena. Sou a secretária do Senhor D’Angelo e estou ligando para avisar que estarei enviando um pacote em algumas horas para o seu endereço. — Franzo a testa.— Que pacote? — procuro saber.— À noite um motorista irá buscá-la. Esteja pronta! — Que droga, por que eles precisam fazer tanto mistério com tudo?! Solto uma respiração profunda pela boca e quando penso em insistir na minha interrogação a ligação é encerrada. Bando de idiotas! Resmungo mentalmente e volto para o meu banho. Uma hora e meia depois a campainha começa a tocar e ao abrir a porta encaro um homem com uniforme de entregador. Ele apenas me entrega uma caixa branca e grande, e me estende um papel para assinar. Entro em casa e movida pela curiosidade tiro a tampa da caixa e afasto os papéis de seda para encontrar um exuberante vestido longo e preto, e um par de saltos altos. Rio com sarcasmo. Quem ele pensa que é? O
IsadoraApós assinar o contrato com o Senhor D’Angelo em poucos dias tudo começou a acontecer em minha vida e como um passe de mágica. Um telefonema do banco falando que a hipoteca da casa onde nasci e cresci já estava quitada, os credores que simplesmente sumiram da minha porta e minha mãe que foi transferida para uma clínica particular especializada em oncologia. Finalmente estava respirando aliviada! Os passos seguintes seriam cronometrados. D’Angelo e eu teríamos uma cessão de fotos que contaria a nossa "história de amor" e seu assessor cuidaria dos boatos do casamento do tão cobiçado "Leão dos negócios". No final, ele olhou nos meus olhos e disse: prepare-se para a melhor parte! Perguntei-me se havia algo melhor que deitar a minha cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos sem lágrimas, sem lamentos e sem pensar no dia seguinte? Com certeza não haveria.— Pronto, a sua mãe já está bem acomodada e será que podemos conversar agora? — Doutora Monique Toledo disse ao se aproxim
IsadoraAlguns dias depois…O casamento dos sonhos de qualquer garota. Penso olhando para o longo vestido branco todo em renda francesa, com uma gola alta e delicada, e as mangas que se arrastam por todo o meu braço. Uma linda e delicada coroa cravejada com minúsculas pedrinhas de brilhantes segura um coque cheio que imita lindas pétalas castanhas escuras. Ansiosa, solto um suspiro baixinho e quase imperceptível.— Faz assim com a boca. — O maquiador pede após passar o batom de um tom vermelho suave que combina perfeitamente com a maquiagem para o dia. — Perfeita! — Ele cantarola batendo palmas freneticamente me fazendo abrir um meio sorriso. Não demora muito e estou segurando um buquê de lindos lírios brancos com minúsculos jasmins cor de rosa e entrando em uma igreja toda ornamentada com as mesmas flores, além de tules e laços de seda da mesma cor. Entretanto, nos incontáveis bancos tem um pequeno número de pessoas. Um órgão anuncia a minha entrada e logo todos têm os seus olhos em
Isadora— Acorde, nós já chegamos! — Abro os meus olhos e mesmo desfocados encaro a fachada de uma casa toda de madeira escura, com enormes janelas de vidros transplantes e me ajeito no banco traseiro do carro para ver melhor o perímetro ao nosso redor. Pequenos postes iluminam um pequeno e encantador jardim. Assim que a porta se abre o motorista me ajuda a sair e o perfume das flores-do-campo me envolvem, seguido do vento frio da madrugada.— Onde estamos? — indago, observando a graciosa varanda com um peitoril de madeira escura como o resto da casa e…— Em uma das minhas casas de veraneio. — Ele diz tirando as chaves do bolso da calça. Olho para trás para ter certeza. Árvores altas e juntas demais e pelo barulho que vem lá de trás aqui não tem praias e não vejo piscinas em nenhum lugar.— Isso não me parece uma casa de veraneio — ralho e volto o meu olhar para ele, porém, Heitor não está mais ao meu lado. — Oh, seu idiota, vai me deixar aqui fora? — rosno irritada, quando o vejo den
IsadoraPela manhã acordo um tanto animada e mais cedo do que esperada. Tomo um banho rápido, visto uma minissaia plissada e escolho uma blusa com um nó na altura do meu umbigo e por fim, calço um par de tênis. Amarro os meus cabelos em um rabo de cavalo e ponho os óculos sol. Logo estou saindo do quarto e do corredor também. Na sala encontro o meu "marido" mexendo em uma espingarda. Ele alisa o objeto com bastante esmero e o analisa minuciosamente. Passo meus olhos rapidamente pela calça caqui no seu corpo, pelo coturno negro e subo encontrando uma camisa verde-folha com os três primeiros botões abertos, mostrando parcialmente um peitoral desprovido de pelos. Respiro fundo e adentro a sala chamando a sua atenção para mim. Como esperava o senhor D’angelo para o que estava fazendo e seus olhos percorrem com avidez pelas minhas vestes. É possível notar o brilho em suas retinas e o vejo pressionar os lábios. Mantenho-me séria, mas a minha vontade é de rir com tal provocação. Homens! Con
IsadoraApós um banho longo e quentinho ponho uma roupa confortável e igualmente quente, e saio do quarto de hóspedes. Logo na entrada da sala posso ouvir o som do fogo crepitando na lareira e para a minha surpresa Heitor teve o cuidado de forrar um cobertor grosso e macio no chão e bem próximo ao calor do fogo. Ao me aproximar noto duas taças vazias e uma bandeja com salada, legumes e a carne que caçamos mais cedo. Sofisticado de maneira surpreendente. Penso,— Senta aqui — Ele pede batendo levemente no espaço ao seu lado e em silêncio me acomodo, apreciando o calor bem-vindo. — Você disse que nunca comeu carne de cervo antes. Experimenta, tenho certeza de que você vai gostar. — É difícil não o fitar com admiração. Heitor é o homem extremamente bonito e atraente. E droga a sua pele fica ainda mais bonita com o brilho dourado do fogo. Ele pega uma porção da carne com o auxílio de um garfo e o leva à minha boca.— Hum! — Solto um gemido apreciativo ao sentir o sabor e a maciez da carne