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Isadora

Alguns dias depois…

O casamento dos sonhos de qualquer garota. Penso olhando para o longo vestido branco todo em renda francesa, com uma gola alta e delicada, e as mangas que se arrastam por todo o meu braço. Uma linda e delicada coroa cravejada com minúsculas pedrinhas de brilhantes segura um coque cheio que imita lindas pétalas castanhas escuras. Ansiosa, solto um suspiro baixinho e quase imperceptível.

— Faz assim com a boca. — O maquiador pede após passar o batom de um tom vermelho suave que combina perfeitamente com a maquiagem para o dia. — Perfeita! — Ele cantarola batendo palmas freneticamente me fazendo abrir um meio sorriso. Não demora muito e estou segurando um buquê de lindos lírios brancos com minúsculos jasmins cor de rosa e entrando em uma igreja toda ornamentada com as mesmas flores, além de tules e laços de seda da mesma cor. Entretanto, nos incontáveis bancos tem um pequeno número de pessoas. Um órgão anuncia a minha entrada e logo todos têm os seus olhos em cima de mim. Aperto o buquê para conter o meu nervosismo, forço um sorriso de noiva feliz e apaixonada, e foco nos olhos escuros que me fitam deslumbrados lá de cima do altar. Os passos lentos demais no estreito caminho vermelho parecem me distanciar do meu objetivo e quando finalmente chego ao final o Senhor D’Angelo se aproxima de mim. Ele enlaça o seu braço ao meu e me lança um olhar indecifrável, deixando um beijo demorado na minha testa em seguida. E subimos os poucos degraus que nos leva ao altar.

— Você está simplesmente linda! — Ele sussurra sem me olhar, porém, o olho rapidamente e sem saber o que dizer volto o meu olhar para o padre.

— Eu vos declaro, marido e mulher! — Essas últimas palavras fecharam definitivamente as minhas algemas. Eu bem sei que não é um casamento de verdade e que tudo nesse templo não passa de um simples teatro. No entanto, todas as regras desse contrato me prendem literalmente ao sobrenome D’Angelo e cada passo meu será ditado pelo homem lindo e irritantemente sexy ao meu lado. Meus olhos fitam a aliança de ouro branco no meu anelar e na pedra solitária tão delicada e tão linda quando grande que eu bem sei, é o desejo de toda noiva receber um desses. Na sequência deslizo a aliança de aro largo pelo seu anelar e o Senhor D’Angelo se aproxima de mim lentamente, deixando um beijo casto em minha testa outra vez. Tudo foi feito como um verdadeiro casamento deve ser até mesmo a valsa dos noivos no imenso salão sobre os olhares admirados dos convidados, ou seriam dos curiosos?

— Gostou? — Meu marido pergunta enquanto embala os nossos corpos ao som da música instrumental.

— Eu achei bem exagerado! — comento com desdém.

— Como assim, um exagero? — É, parece que ele não gostou muito do meu comentário.

— Um exagero, Senhor D’Angelo. Você sabe que tudo isso não é de verdade, não é?

— Para o seu governo, eu sou o partido mais visado desse país. Um multimilionário e o presidente da D’Angelo Corporation. Todos esperam isso e um pouco mais de mim e eu jamais faria um casamento simples para a minha noiva. — É, ele realmente não gostou do meu comentário! Mas volto a dar de ombros.

— Tudo bem, você que sabe, afinal é você quem está gastando, não é?

— Isso, sou eu quem está gastando. Nunca se esqueça disso! E para você eu sou Heitor e não Senhor D’Angelo. Pelo menos não em público, Senhora D’Angelo!

— Babaca!

— Que bom que entendeu! — ralha inclinando o meu corpo junto com o seu para baixo no exato momento que a música acaba e inesperadamente ele beija a minha boca. Os aplausos o fazem parar o beijo e ele nos ergue voltando à posição inicial. Quis retrucar, exigir uma explicação, contudo, ele se afastou com um largo sorriso e segurou a minha mão para sairmos do salão. Só então lembrei-me de pôr um sorriso estampado no rosto também.

— Parabéns, aos noivos! — Um rapaz de pelo menos vinte anos fala ao se aproximar. Heitor trinca o maxilar no mesmo instante olhando para a mão estendida do rapaz, porém, a segura e a aperta com firmeza.

— Obrigado, irmão! Querida, esse é Zyan Mason, o meu irmão caçula! — Irmão?! Eu não sabia que o Leão das finanças tinha um irmão caçula! E por que ele se chama Mason e não D’Angelo? Pensei estarrecida.

 — Essa eu não conhecia. — O rapaz comenta com sarcasmo direcionando o seu olhar para mim.

— Com certeza, não. Eu conheci a Isadora em um…

— Evento de caridade dos irmãos Willians. — O interrompo com maestria abrindo um sorriso cordial para o nosso convidado e lhe estendo a minha mão. O jovem parece admirado com a minha resposta e eu começo a entender o porquê do tal questionário que fui obrigada a decorar.

— Isso, amor!

— Pensei que não gostasse dos irmãos Willians! — Ele comenta encarando o irmão. — E como se chama, doce dama? — Volta o seu olhar para mim.

— Isadora. Isadora Dix… D’Angelo. — Corrijo-me imediatamente.

— É claro que é! — Ele me fita por alguns segundos e força um sorriso. — Te vejo em algumas semanas, caro irmão!

— Pode ter certeza que sim!

— Antes disso, eu gostaria convidar o mais novo casal para jantar conosco em minha casa. O que acha, amor? — Uma morena surge de trás do Mason júnior e arqueio as sobrancelhas de forma especulativa.

— Ah, me desculpe! Esqueci de apresentar-lhes. Essa é Stacey Otero a minha namorada. — Os olhos da garota percorreram o corpo do meu marido e depois encara os meus olhos com desdém.

— É um prazer! — Ela praticamente cantarola estendendo as costas de sua mão para que Heitor a beije. Reviro os olhos internamente. Nossa, nunca vi tanta falsidade reunida em uma só pessoa! Pelo menos o caçula Mason que deveria ser D’Angelo não esconde a sua antipatia. Heitor apenas olha para a mão da moça e a ignora completamente.

— Claro que é. Se nos der licença temos outros convidados para dar atenção! — Meu marido resmunga me puxando dali para o outro lado do salão. Após esse impasse ridículo a festa seguiu maravilhosamente bem. Eu pude sentir um pouco do poder da Senhora D’Angelo diante dos poucos convidados da alta sociedade. Gente, eu fui paparicada de uma forma inexplicável, reverenciada de um jeito extraordinário. Era como se a própria rainha da Inglaterra estivesse pisando nesse lugar. Perto de uma da madrugada Heitor avisa que estamos de saída e logo me imagino dentro de um avião e indo para Roma, ou qualquer outro país maravilhosamente, maravilhoso para a nossa lua de mel. Lua de mel. Eu não havia pensado nessa parte. Será que ele? Não! Foi uma exigência minha, certo? Então D’Angelo não ousaria me tocar. Eu realmente espero que não.

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