IsadoraEstaciono o carro na enorme garagem da mansão e, caminho apressada para dentro dela, dando de ombros. Se o mordomo não tiver aberto o bico, D’angelo nem deve estar ciente da minha saída e será como se nunca tivesse saído realmente. E quer saber, não me importo se ele sabe ou não. O fato é que o Senhor D’angelo não se importa comigo. Para ele é como se eu fizesse parte dessa decoração estúpida, apenas mais um troféu para a sua coleção. Abro a porta da sala pronta para subir as escadarias e tomar um banho demorado, mas paro bem no centro do cômodo quando o vejo em seu terno caro e elegante, de costas para mim. D’angelo se vira lentamente e me encara como se pudesse me fuzilar apenas com o olhar. Respiro fundo e sutilmente, e dou mais dois passos para frente, dessa vez sem pressa alguma.— Onde estava, Isadora? — Ele rosna friamente. Meus olhos descem para o copo de uísque em sua mão e depois se erguem para os olhos irritadiços.— Eu fui visitar a minha mãe. — Um sorriso sutil su
IsadoraDo lado de fora da casa acomodo-me em uma espreguiçadeira e encaro o céu noturno desprovido de estrelas. O que eu esperava dessa situação? Merda, eu sou só a porra de um acordo e devia estar satisfeita por ele cumprir com a sua palavra! Heitor não me deve nada, sou eu quem está em dívida com ele. Uma taça aparece no meu campo de visão e através das suas bordas transparentes o vejo. Ele está sério e parece apreensivo. Ajeito-me em cima da espreguiçadeira e recebo a taça da sua mão. Ele se senta na espreguiçadeira ao lado e bebe um pouco do seu vinho.— Como foi com a sua mãe? — A pergunta me pega de surpresa, mas sinto-me aquecida só de fazer tal indagação.— Ela está bem! Só… surgiu uma coisa que… me deixou sem chão.— O quê?— Ela não se lembra do acidente, portanto, não sabe que meu pai morreu e que o Alex foi embora.— Eu sinto muito! Vem cá! — Heitor larga a sua taça de lado e abre os seus braços para mim, e não penso duas vezes em ir ao seu encontro para me aconchegar nel
IsadoraSaio da cama praticamente me arrastando para o banheiro e após renovar as minhas energias debaixo do chuveiro desço para tomar meu desjejum. Enquanto caminho para a cozinha penso na noite passada e me pego sorrindo feito uma boba, lembrando-me da companhia do Senhor D’angelo. Ele ainda não se deu conta, mas é um homem formidável! Longe da sua capa de CEO fodão ele é alegre, envolvente e conversar com ele me diverte e me faz relaxar. Observá-lo devorar três sanduíches com tamanha satisfação na noite passada me fez perceber que não é tão difícil agradá-lo e as nossas conversas foi se tornando cada vez mais íntimas. Pelo menos da minha parte, pois o homem é um segredo fechado a sete chaves. Enfim, fazê-lo ri foi a minha missão e eu posso dizer que a cumpri com êxito. Entro na cozinha e fito os empregados se mexendo de um lado para o outro fazendo tudo ao mesmo tempo. Meus olhos param na jovem que entrou no meu quarto há alguns dias.— Você. — Aponto para ela chamando a sua atençã
Isadora— Senhora, o Senhor D’angelo a esper… Nossa, a Senhora está muito linda! — Sorrio amplamente para Guadalupe que me olha como se eu fosse o maior embrulho de presente de Natal do mundo e me viro de frente para ela.— Acha que ele vai gostar?— Está brincando?! Ele vai se apaixonar outra vez, Senhora! — Meu sorriso perde um pouco a força, mas logo me recompondo, pois sei o quão de verdade tem nessa frase. — O Senhor D’angelo pediu para avisar que já a aguarda.— Eu já terminei. Só preciso pegar a minha bolsa. — Vou rapidamente até a cama e seguro bolsa de mão para saírmos do quarto em seguida. No topo da escadaria paro estática quando o vejo em um elegante traje negro que lhe dá um poderio incomparável. Heitor ergue a sua cabeça no mesmo instante que eleva o copo de uísque a sua boca e para o movimento no meio do caminho. Seus olhos escuros percorrem o vestido vermelho de alça única colado ao meu corpo e descem ávidos pelo seu comprimento, parando sutilmente na fenda que se inic
Isadora— Você está formidável, Senhora D’angelo! — Ele sussurra algum tempo depois envolvendo a minha cintura possessivamente e inicia uma dança lenta no meio dos poucos casais. — Estou muito orgulhoso de você!— Obrigada! — sussurro de volta. Heitor se inclina um pouco deixando o seu rosto bem próximo do meu e imediatamente nossos olhos se contaram.— Agora, iniciamos a fase dois. — Penso em me afastar um pouco para perguntar sobre a tal fase dois que mencionara, mas, inesperadamente ele segura a minha nuca, prende alguns fios dos meus cabelos entre os seus dedos e antes que eu consiga respirar a sua boca toma a minha de um jeito lento e cálido. Contudo, não menos intenso e provocante. Provocante sim! Pois, senti algo que não sei como explicar. Eu só sei que é bem… gostoso e que não quero que termine… nunca mais! Entretanto, ele para o beijo e em seguida sibila sofregamente: — Eu te amo! — Meu coração bate rápido demais. Tão rápido que mal consigo respirar. O encanto acaba quando el
IsadoraAbro meus olhos preguiçosamente encontrando uma manhã linda e ensolarada que ilumina o meu quarto sem piedade e gemo frustrada por já ser de dia. Pela primeira vez tive a pior noite da minha vida nessa casa. Após deixar Heitor com as suas investidas absurdamente quentes lá na sala me tranquei no meu quarto lutando para não voltar lá e tomar para mim o que estava me oferecendo com tanto afinco. Então rapidamente me livrei do vestido e dos saltos altos, e corri para o banheiro livrando-me das peças íntimas no caminho. Liguei o chuveiro e quase gritei quando a água gelada bateu contra o meu corpo que ardia por dentro. Quem disse que água fria acalma o fogo de uma sedução ou não conheceu Heitor D’angelo, ou não podia estar mais enganado! Depois disso, fiquei embolando de um lado para o outro da cama praticamente a madrugada inteira, e algumas vezes me perdi em pensamentos insanamente quentes. Resultado, perdi o sono e quando finalmente consegui dormir o dia já estava quase amanhec
IsadoraApós passar em um Café e comprar os mais deliciosos croissants e dois copos grandes de café expresso com bastante creme o carro para em frente a clínica de oncologia e pela primeira vez observo a sua fachada elegante com seus tons de verde-claro e um bege suave. Caminho ansiosa para dentro do prédio pois conversar com a minha mãe está sendo como um bálsamo para a minha vida um tanto agitada. Ver Sara animada e lúcida, rindo e falando bobagens me deixa feliz e me lembra a mulher que ela sempre foi. Embora a realidade da morte de Andrew Dixon tenha lhe caído a realidade ela não se deixou abalar. Contudo, ainda assim dá para perceber um fundo de tristeza no seu olhar. Antes de ir para o seu quarto decido parar no consultório da doutora Monique pois preciso saber como anda o seu tratamento e quais as possibilidades de minha mãe em relação a essa doença. E como sempre ela me abre a porta com um sorriso profissional e amigável.— Isadora, que bom que veio! Estava mesmo querendo fala
IsadoraEnquanto o carro corre pelo asfalto eu olho pela janela, mas não me concentro nas coisas que acontecem lá fora. Minha cabeça está fervendo com essa novidade de Sara estar decidida a ir morar em nossa antiga casa e eu sei que essa não é uma sugestão plausível no momento. Ela precisará de alguém que a acompanhe em casa e ao médico e que fique atenta aos horários dos seus medicamentos. E a pior parte foi sair da clínica sem conseguir convencê-la a vir morar comigo, e por esse motivo estou indo em busca de outras soluções.— Siga para a periferia, Jonas! — peço repentina para o motorista antes que ele entre na BR.— Desculpe, Senhora, mas eu não aconselho...— Você não está aqui para me aconselhar, Ulisses! — ralho irritada para o segurança sentado do meu lado e escuto o som da sua respiração alta, provavelmente chateado com a minha relutância.— Preciso informar isso ao senhor D’angelo!— Faça o que você quiser! — rebato e passo o endereço para o motorista. Volto o meu olhar para