IsadoraAbro meus olhos preguiçosamente encontrando uma manhã linda e ensolarada que ilumina o meu quarto sem piedade e gemo frustrada por já ser de dia. Pela primeira vez tive a pior noite da minha vida nessa casa. Após deixar Heitor com as suas investidas absurdamente quentes lá na sala me tranquei no meu quarto lutando para não voltar lá e tomar para mim o que estava me oferecendo com tanto afinco. Então rapidamente me livrei do vestido e dos saltos altos, e corri para o banheiro livrando-me das peças íntimas no caminho. Liguei o chuveiro e quase gritei quando a água gelada bateu contra o meu corpo que ardia por dentro. Quem disse que água fria acalma o fogo de uma sedução ou não conheceu Heitor D’angelo, ou não podia estar mais enganado! Depois disso, fiquei embolando de um lado para o outro da cama praticamente a madrugada inteira, e algumas vezes me perdi em pensamentos insanamente quentes. Resultado, perdi o sono e quando finalmente consegui dormir o dia já estava quase amanhec
IsadoraApós passar em um Café e comprar os mais deliciosos croissants e dois copos grandes de café expresso com bastante creme o carro para em frente a clínica de oncologia e pela primeira vez observo a sua fachada elegante com seus tons de verde-claro e um bege suave. Caminho ansiosa para dentro do prédio pois conversar com a minha mãe está sendo como um bálsamo para a minha vida um tanto agitada. Ver Sara animada e lúcida, rindo e falando bobagens me deixa feliz e me lembra a mulher que ela sempre foi. Embora a realidade da morte de Andrew Dixon tenha lhe caído a realidade ela não se deixou abalar. Contudo, ainda assim dá para perceber um fundo de tristeza no seu olhar. Antes de ir para o seu quarto decido parar no consultório da doutora Monique pois preciso saber como anda o seu tratamento e quais as possibilidades de minha mãe em relação a essa doença. E como sempre ela me abre a porta com um sorriso profissional e amigável.— Isadora, que bom que veio! Estava mesmo querendo fala
IsadoraEnquanto o carro corre pelo asfalto eu olho pela janela, mas não me concentro nas coisas que acontecem lá fora. Minha cabeça está fervendo com essa novidade de Sara estar decidida a ir morar em nossa antiga casa e eu sei que essa não é uma sugestão plausível no momento. Ela precisará de alguém que a acompanhe em casa e ao médico e que fique atenta aos horários dos seus medicamentos. E a pior parte foi sair da clínica sem conseguir convencê-la a vir morar comigo, e por esse motivo estou indo em busca de outras soluções.— Siga para a periferia, Jonas! — peço repentina para o motorista antes que ele entre na BR.— Desculpe, Senhora, mas eu não aconselho...— Você não está aqui para me aconselhar, Ulisses! — ralho irritada para o segurança sentado do meu lado e escuto o som da sua respiração alta, provavelmente chateado com a minha relutância.— Preciso informar isso ao senhor D’angelo!— Faça o que você quiser! — rebato e passo o endereço para o motorista. Volto o meu olhar para
Isadora — Aaah! — Solto um último suspiro arrastado de pura apreciação quando o meu corpo começa a se recuperar do meu terceiro orgasmo. Heitor cai sem forças ao meu lado na cama e escuto o som alto da sua respiração pesada em seguida. Queria poder olhá-lo e constatar o quão bagunçado e suado ele está, mas os meus olhos estão pesados e simplesmente não me obedecem. Desperto dos meus pensamentos quando sinto o seu corpo se mexer do meu lado no colchão e abro apenas uma brecha de olhos encontrando um perfeito par de pérolas negras me encarando com diversão. Sorrio languida também. — O que foi? — pergunto mordendo meu lábio inferior não permitindo que o meu sorriso se amplie. Ele faz um gesto de desdém e me beija rapidamente na boca. — Gostou? — Dou de ombros fazendo descaso para a sua pergunta. — Deu para o gasto! — ralho com desdém e penso em encontrar forças para sair da cama. — Ah, assim você me magoa! — resmunga levando uma mão ao meu antebraço. — Onde pensa que vai? — Respiro f
Isadora— Ah, filha, eu estava com tantas saudades do meu cantinho! — Mamãe sibila um tanto emocionada assim que abro a porta. Ela entra, observa a sala de visitas por um bom tempo e libera alguns suspiros apreciativos longos e baixos. Seus olhos se enchem de lágrimas, mas elas não se derramam. É como se não se permitisse chorar e acredite, eu a entendo. Procuro não me abraçar as lembranças desse lugar, então fico neutra no meio da sala apenas a observando enquanto toca os seus móveis com as pontas dos dedos. Ela segura um dos porta-retratos, fita-o por alguns segundos e faz o mesmo com outro e mais outro. Contudo, ela vai até uma janela e parece viajar um pouco no tempo. Após a sua inspeção de longos minutos silenciosos, ela me olha e sorri secando o cantinho dos seus olhos. — Quero organizar um jantar de boas-vindas para mim e comemorar a minha vitória com os meus verdadeiros amigos — informa. E lá está aquela alegria que amo tanto de volta. Sorrio retribuindo o sorriso mais doce e
IsadoraNão há muito o que fazer aqui na mansão D’angelo. Sempre que volto da casa da minha mãe me perco nesse imenso lugar ou fico presa a essa biblioteca, ou até mesmo curto um pouco a piscina. Às vezes opto por dormir a tarde quase inteira. Por esse motivo, decidi voltar com as minhas corridas matinais. Dessa vez acompanhada pelo brutamontes do meu segurança e não pensem que estou fazendo isto fora da propriedade, porque isso aqui é tão grande que parece não ter fim. Como agora que estou voltando de mais uma corrida e quando chego do meu exercício subo as escadas correndo, e vou direto para o banheiro. Para a minha surpresa escuto o som do chuveiro ligado e noto a porta está entreaberta. Curiosa, aproximo-me lentamente e tenho o vislumbre do corpo molhado de Heitor. Ele está de costas para mim e debaixo a água que cai como uma cascata sobre ele. Suspiro audível e penso se devo entrar ou não? Mordo o lábio inferior com um pensamento atrevido e começo a me despir, invado o cômodo dev
IsadoraO clube de golfe não é muito diferente do clube de tênis que costumava frequentar na minha adolescência. Todo o luxo da estrutura, as gramas verdejantes em grande parte do perímetro e as cercas brancas que comportam um belo jardim florido. Stayce desce do carro e caminha para dentro de um chalé onde algumas mulheres nos aguardam em uma mesa redonda na varanda. Assim que nos aproximamos noto as meninas me olharem de alto a baixo sem esconder suas curiosidades. Respiro fundo, mas de modo bem sútil pois não quero que percebam o meu desconforto em estar aqui. Ao nos aproximarmos observo-as atentamente enquanto se cumprimentam e se abraçam festivas e demoradamente, e possivelmente cochichando algo entre si.— Meninas, essa é Isadora D’angelo. — Stayce fala assim que se afasta da roda de amigas, abrindo um sorriso gigantesco para todas. Sinto-me como um troféu sendo exibido para elas.— Oh meu Deus, então é verdade?! Aquele pedaço de mal caminho se casou realmente? — Uma delas comen
Isadora— Como estou? — Ele pergunta dando as costas para o espelho e ainda mexendo em sua gravata. Apenas olho para o belo homem em pé na minha frente e não consigo deixar de reparar em seu rosto másculo e sério. Nos olhos que têm agora um tom ainda escuro e intenso devido à escuridão da noite que passa pela janela, e com um suspiro o meu olhar observador desce para a sua boca delineada por uma barba rala e igualmente escura. — E então? — Ele insiste, mas continuo com a minha avaliação minuciosa demais, delirando agora no seu peitoral firme e alto, bem-vestido em uma camisa preta de botões e uma gravata azul-marinho que tem minúsculos detalhes de losangos cor de grafite. A calça social preta desenha com perfeição as suas coxas e ressalta a sua cintura deixando pouco para a minha imaginação fértil demais. Seguro um suspiro alto e penso que está na hora de me despertar desse transe ridículo e dar o meu parecer.— Você está perfeito, Heitor! — Resumo a minha resposta com uma voz branda