Isadora.— Seu nome, por favor!— Isadora Dixon.— Certo, Isadora! Temos uma vaga disponível para copa. Ela está bem longe do que o seu currículo nos oferece, mas… — Respiro fundo. A verdade é que eu já andei tanto e espalhei vários currículos por todos os lugares dessa cidade e nada. E o pior é que eu não posso esperar mais tempo. Eu preciso de um emprego e preciso para ontem!— Tudo bem, eu fico com esse!— Você tem certeza?— Infelizmente eu não tenho muita escolha. Eu preciso de um emprego e de um salário com urgência. — Forço um sorriso para a moça do outro lado do balcão da agência de empregos.— Tudo bem! Anotarei o endereço pra você e vou ligar para a D’Angelo avisando que ocupará essa vaga.— Obrigada, Dany! — Aguardo a moça fazer as anotações e assim que saio do prédio, sigo direto para a D’Angelo Corporation. Um emprego em uma das maiores empresas de administração e contabilidade do país seria uma oportunidade única para a minha carreira. Servir cafezinho, limpar balcões e
Isadora.— Ela está dormindo agora. — Mila fala assim que largo minha bolsa em cima do sofá.— Obrigada, Mila! Não sabe o quão me preocupei com ela hoje — sibilo me sentindo cansada.— Sabia que havia saído a procura de emprego e quando percebi que não voltou para casa, supus que havia conseguido algo. — Sorrio.— Sim. Não é muita coisa, mas vai nos ajudar.— Que bom, querida, e como fará com ela? — Solto uma lufada de ar audível.— Ainda não sei, Mila. Será que pode olhá-la enquanto volto para casa?— Posso fazer isso por alguns dias, querida, mas você sabe que a Sara precisa de cuidados especiais.— É, eu sei. Mas com o que receberei mal dará para assumir as contas e nos alimentarmos. Como farei para pagar uma clínica? — resmungo desanimada.— Querida, você pode deixá-la em uma casa de repouso. Só… até as coisas melhorarem. — Me sinto sufocar só de ouvir essa sugestão, mas sei que não terei outra opção.— Prometo que pensarei com carinho, Mila. — A doce Senhora força um sorriso para
Isadora.Logo mais à noite...Abro a porta de casa ansiosa por um banho demorado, louca para devorar um jantar e depois simplesmente cair na minha cama. Contudo, ao ver Mila em pé na minha sala com um olhar de pena as minhas energias se renovaram e corro para o segundo quarto do pequeno corredor. Paro estática ao ver minha mãe sentada na ponta da sua cama balançando o seu corpo para frente e para trás e com o olhar perdido.— Ela não está nada bem hoje! — Mila comenta parando ao meu lado.— O que houve? — Ela solta um suspiro audível.— Eu não sei. Sara simplesmente se recusou a tomar os seus remédios e começou a dizer que estava vendo seu pai no quarto. Eu quis acalmá-la, mas ela não parava de gritar e quando parou ficou assim.— Droga, Mila, por que não me ligou?— E atrapalhar o seu segundo dia de trabalho?— Mas, Mila, ela é a minha mãe!— Sim, eu sei. E você precisa desse emprego para poder ajudá-la. — Solto uma respiração alta e vou para perto da minha mãe. Ponho as mãos nos seu
Heitor.— Olha ele aí! — Tadeu, o meu assessor pessoal diz entrando em meu escritório. Essa sua alegria espontânea demais me faz revirar os olhos pois eu sei que aguarda boas notícias da minha última reunião em família. Nascer no berço de ouro da D’Angelo traz algumas coisas muito, muito boas: sucesso, dinheiro, mulheres gostosas e a extravagância das festas, embora tenha o seu lado todo ruim também. As mulheres sempre te olham como se você fosse um enorme pote de ouro no final do arco-íris. Você não tem a liberdade de ir e vir, e tem todo o peso de um império sobre os seus ombros. — Então, como foi lá? Está mais milionário do que ontem, ou… — Rio com sarcasmo.— Você não vai acreditar, mas a minha mamãezinha deixou uma exigência no seu testamento. Acredita que ela exigiu um casamento com amor e todas aquelas frescuras possíveis?— Puta merda! — resmunga e puxa uma cadeira para se sentar. — No que ela estava pensando?— Ela quer me castigar, simplesmente impor a sua vontade sobre mim
Heitor.Horas mais tarde...Entro em casa recebendo o seu habitual silêncio e após livrar-me da gravata vou até o bar de canto, e me sirvo uma generosa dose de uísque. Depois, aproximo-me de uma parede de vidro e observo as ruas com suas luzes brilhantes, e suas pontes que parecem enlaçar a cidade. Daqui não se ouve nada, tudo parece calmo demais, mas o trânsito caótico diz o contrário. Bebo mais um gole da minha bebida e decido ir para o segundo andar da cobertura, e em seguida para o quarto principal. Tomo um banho demorado, ponho uma roupa confortável e ligo para o restaurante do hotel para pedir o meu jantar. Enquanto aguardo me tranco no escritório e abro a ata de contabilidade da D’Angelo. Há alguns meses descobrimos que nosso chefe da contabilidade estava realizando alguns pequenos furtos na empresa. Claro que exigi sigilo sobre o assunto, pois não quero o meu nome nas fofocas dos tabloides, menos ainda ser visto como um empresário fraco e desatento. Foi exatamente por isso que
— Bom dia, eu me chamo Isadora! O Senhor D’na...— É claro! O Senhor D’Angelo está lhe aguardando. — Não retribuo a cordialidade do sorriso da secretária que gentilmente abre a porta para mim, pois estou tão nervosa que nem sei como reagir nessa hora. O que eu poderia fazer, suplicar que não me demita? Humilhar-me para que ele tenha piedade de mim? Não! O meu pai sempre nos ensinou que devemos ter um pouco de integridade e se eu tiver que permanecer neste emprego será aceitando os meus erros e consertando-os da maneira que puder. E por fim, se ele não me aceitar em sua empresa eu encontrarei outro emprego, certo? Droga, a coisa não é tão fácil assim, Isadora! Você está desesperada e isso é um fato! Adentro um escritório extremamente espaçoso e bem iluminado, e não consigo evitar de observar os detalhes dos móveis claros em um contraste perfeito com o preto e o cinza chumbo da decoração. Atrás de uma mesa de mogno imponente está um homem jovem demais para um cargo tão importante. Moren
Isadora— Isadora, tudo bem com você? — Emma pergunta preocupada assim que entro na copa. Ignoro a sua preocupação e vou direto para a sala do meu chefe, e assim que entro Peter se levanta da sua cadeira. Ele não esconde um olhar preocupado e imediatamente vem até mim.— Isadora, o que houve?! — Sem pensar duas vezes corro para os seus braços e choro ali por algum tempo até me sentir aliviada. Sinto-o afagar as minhas costas com carinho e quando finalmente me recomponho, me afasto dos seus braços e me sinto constrangida.— Me desculpe por isso, Peter! — digo sem olhar nos seus olhos.— Não precisa se desculpar, querida. Quer me falar sobre o que aconteceu? — Embora eu precise muito desabafar com alguém, faço não com a cabeça.— Será que pode me dispensar por hoje? Desculpe, é que eu não tenho condições de trabalhar! — Ele solta o ar audível.— Só porque estou vendo que você não está nada bem, mas terá que compensar amanhã. — Concordo com outro aceno de cabeça.— Eu prometo! Obrigada,
Isadora— Senhorita Dixon? — Uma voz feminina disse assim que atendi a ligação.— Sim, quem é?— Eu me chamo Lena. Sou a secretária do Senhor D’Angelo e estou ligando para avisar que estarei enviando um pacote em algumas horas para o seu endereço. — Franzo a testa.— Que pacote? — procuro saber.— À noite um motorista irá buscá-la. Esteja pronta! — Que droga, por que eles precisam fazer tanto mistério com tudo?! Solto uma respiração profunda pela boca e quando penso em insistir na minha interrogação a ligação é encerrada. Bando de idiotas! Resmungo mentalmente e volto para o meu banho. Uma hora e meia depois a campainha começa a tocar e ao abrir a porta encaro um homem com uniforme de entregador. Ele apenas me entrega uma caixa branca e grande, e me estende um papel para assinar. Entro em casa e movida pela curiosidade tiro a tampa da caixa e afasto os papéis de seda para encontrar um exuberante vestido longo e preto, e um par de saltos altos. Rio com sarcasmo. Quem ele pensa que é? O