Algumas pessoas eram terrivelmente chatas, Elizabeth pensou quando ouviu sua porta se abrir lentamente. Não era um inimigo se esgueirando na penumbra, nem alguém de quem não gostasse. Mas ainda assim, revirou os olhos.
Ela já sabia quem era. Continuou deitada, o lençol amarelo cobrindo-a como um casulo, enquanto passos hesitantes se aproximavam. A figura que entrava não era misteriosa, mas trazia consigo um pressentimento barulhento, quase sufocante. Clara. Elizabeth fechou os olhos com força, fingindo não perceber. Não era uma pessoa cruel. Gostava da amiga. Mas naquela manhã, tudo o que queria era dormir. E havia sido clara sobre isso. "Não venha, Clara. Hoje eu só quero dormir até às dez. Não vou nem te prestar atenção." Mas Clara nunca fora boa em obedecer. - Liz - a voz soou suave, hesitante, carregada de algo que Elizabeth ainda não conseguia identificar. Manteve-se imóvel. - Liz . - Mais um chamado, agora mais próximo. Clara sentou-se na beirada da cama, mas hesitou antes de tocar na amiga. Algo estava diferente. Elizabeth espiou o relógio de seu criado-mudo com um dos olhos semicerrados. 5h55. Respirou fundo, reprimindo um suspiro de frustração. Estava tão exausta que considerou, por um instante, fugir para o outro lado da cidade, para a casa do tio. Talvez lá Clara não a encontrasse. - Sei que está acordada. - A loira insistiu, cutucando seu pé.Elizabeth reprimiu a vontade de esganá-la. - Lizy. - Havia algo novo em sua voz agora. Não era apenas insistência. Era urgência. Mas Elizabeth não se moveu.- Elizabeth! - A irritação tingia seu tom agora. - Se não levantar, vai ficar sem amiga. - Ameaçou a Molina. Mentira. Clara nunca cumpriria aquela ameaça. E foi por isso que Elizabeth a ignorou. Mas então veio algo inesperado. Um toque diferente. Não uma cutucada brincalhona, mas um aperto sútil em seu pulso. - Levanta, Liz. Preciso mesmo falar com você. - Pediu. Era quase um sussurro. Um pedido.Elizabeth sentiu um arrepio subir pela espinha. Algo estava errado. Lentamente, afastou o lençol e se sentou. Seu rosto estava carregado de descontentamento, mas Clara não parecia notar. - O que quer, Clara? - Elizabeth quase resmungava. A loira ficou em silêncio por um segundo, como se buscasse as palavras.O que ela queria? Mesmo que tentasse, sabia que Elizabeth não poderia lhe dar. - Por que estava me ignorando? - No mesmo tom que a outra, Clara questionou colocando as mãos na cintura. Tinha uma cara não muito boa e uma postura quase ameaçadora. Elizabeth rapidamente estreitou os olhos com tal atitude. "Do que ela está reclamando afinal, sou eu a lesada" Na velocidade da luz, o pensamento passou por sua cabeça. - Estava dormindo antes de ter ligado e me despertado. E estava tentando voltar ao mesmo antes de você ter chegado aqui com essa sua tentativa falha de não fazer barulho e ter acabado de vez com o que restava do meu sono. - A filha do doutor d'Almeida respondeu irritada. Desejava muito que seu rosto fosse capaz de transmitir o mesmo. - Oh. Sinto muito. - Com um ar constrangido, e saindo da postura de pessoa ofendida, Clara pediu coçando o supercílio. Elizabeth piscou confusa, a Clara que conhecia raramente se desculpava assim, ao menos não ante de tentar lhe convencer que não estava errada.O que quer que fosse, aquilo a estava afetando de verdade. - Me perdoa? - Clara perguntou notando o olhar estupefato da amiga. - Tá, dessa vez eu deixo passar. - Resignada com a simpatia que nutria pela outra, Elizabeth comunicou voltando a deitar. Mas, em vez de se afastar, Clara deitou-se ao seu lado, puxando uma almofada para apoiar a cabeça. Elizabeth virou-se para encará-la. Foi então que viu. Os olhos azuis da amiga estavam apagados, o rosto pálido, os lábios crispados. Clara havia chorado. Elizabeth não precisou perguntar o motivo. Já sabia. Os pais. De alguma forma, era sempre sobre eles. - Vou ficar desse lado aqui. - Comentou querendo fugir dos olhos observadores da amiga. Queria falar outra coisa, mas foi aquilo que sua boca conseguiu dizer. - Hm. - Elizabeth balbuciou voltando a fitar o teto. - Como entrou? - Perguntou um segundo depois mudando o rumo da conversa. Queria distrair sua mente, lhe animar um pouco, e até se possível, fazer esquecer o que fosse que lhe fez largar a casa às cinco da manhã para se refugiar na sua... - Pela porta. - Clara respondeu casualmente dando de ombros. Revirando os olhos, Elizabeth pensou no quanto a prefeiria bem humorada, mandona e bastante chata como costumava ser. Aquela Clara que dizia querer conversar e depois ficava em silêncio porque não sabia como explicar, não era a mesma que conhecia. - Por onde mais teria entrado? Idiota. - Elizabeth resmungou tentando ser severa. - O que quis saber é se encontrou sua chave? - Reformulou gesticulando um pouco. Fazia um tempo que Clara havia recebido uma chave da porta principal daquela casa. Os d'Almeida a consideravam parte da família, e os pais dela concordaram. Anderson e a esposa entenderam que naquele momento, a família Molina vivia uma situação complicada, e que infelizmente Clara, havia sido apanhada no meio. Então conversando com casal Molina, eles disseram que Clara poderia passar quanto tempo quisesse em sua casa, enquanto acertavam as coisas. Não houveram objeções, apenas pedidos de desculpas constrangidos e agradecimentos por serem tão bons com sua menina. Clara passava um tempo com eles vez ou outra, mas fazia meses que não aparecia de madrugada. - Não, eu não consigo mesmo lembrar onde a deixei. Mas seu pai abriu para mim, então tudo bem. - Esclareceu. - Acho que ele estava chegando do plantão do hospital, tive sorte. - Acrescentou. Sua voz não carregava doçura, alegria ou qualquer outro dos sentimentos bons que sempre transmitia quando falava. Na verdade, estava monótona, triste e cansada. - Teve mesmo. - Elizabeth concordou encarando o peso nas palavras da amiga.- Se não fosse pelo meu pai teria ficado na porta, até o dia seguinte. - Tentando fazê-la sorrir, Elizabeth brincou. Não funcionou. - Não dúvido, mas se tio Anderson não tivesse aberto, teria derrubado com meus pés. - Clara deu de ombros fazendo uma expressão dessinteresada com o rosto. - Também não duvido. - Novamente, Elizabeth concordou. Tinha uma altura mediana, cabelo cacheado que muito lhe lembravam os da mãe e olhos castanho. - Seis horas. - Constatou ao olhar o relógio no criado mudo. Seus olhos ficaram fixos naquela ponto, e não se devia ao facto do relógio ser redondo e fazer bastante barulho quando se ligasse o alarme. Ou porquê era um presente de sua mãe, era pela sensação estranha que lhe perseguia desde o dia anterior. Sentia o peito pesado e a todo tempo parecia esperar por algo e não lhe parecia ser bom. - Vai a algum lugar hoje? - Clara reparou em seu interesse pelas horas. - Não. - Elizabeth respondeu desviando os olhos do aparelho. Ficaram em silêncio novamente. Elizabeth queria perguntar mais, queria entender o que, exatamente, tinha acontecido naquela noite. Mas sabia que Clara só falaria quando estivesse pronta. - De quem é o carro que roubou desta vez? - Voltando a atenção a amiga, perguntou noutra tentativa de lhe tirar aquele ar calado. Clara sorriu de lado, mas sem humor. - Emprestei do meu grandioso pai. - Contou com certa ironia. O desdém em sua voz era evidente. Mas Elizabeth não se alarmou. Já sabia que a relação dela com o pai estava se deteriorando há meses. Mas algo naquela madrugada parecia diferente, mais intenso, quase como se ditasse uma sentença. E isso a preocupava - Você deveria tentar se entender com ele, Clara. - Elizabeth aconselhou. Clara lhe dirigiu um olhar que parecia mais entediado do que outra coisa. - Porquê já não se dão bem? É pelas brigas com a sua mãe? - Tentou novamente, mas já deveria ter aprendido, Clara nunca respondia aquela pergunta. Mas daquela vez, mais do que o silêncio habitual, havia algo queimando dentro de Clara, e ao desviar os olhos, Elizabeth teve certeza que era o aquilo que ela não contava. - E eu tento. - Clara afirmou rápido demais. Suas palavras transmitiam veracidade, mas em seu coração havia certa mágoa. - Mas ele não colabora. - Desta vez havia ressentimento e alguma coisa parecida com raiva em sua fala. Foi rápido, mas Elizabeth notou quando a voz se tornou mais pesada. - Não quero falar sobre isso agora, só quero dormir. - Desconversou. Clara suspirou e virou-se de costas a tempo de impedir que a amiga visse a lágrima que desenhou seu rosto. Elizabeth entendeu. Mas ficou observando-a por um momento antes de finalmente fechar os olhos. - Liz. - Clara chamou quebrando o silêncio momentânea. Elizabeth abriu os olhos em resposta. - Porquê não estava dormindo? - Questionou quase como se motivo para aquilo. Elizabeth engoliu em seco, então Clara havia notado? - Tem alguma coisa errada, Clara. - Confidenciou. Ainda de costas, a loira também abriu os olhos. - Mamãe estava estranha durante o jantar, como se houvesse algum problema. E eu estou com essa sensação estranha desde manhã, como se alguma coisa ruím estivesse chegando. E eu fico olhando por cima do ombro, esperando, esperando... - Acrescentou lembrando bem porque não havia conseguido dormir até a chamada de Clara. - Algo como um mau presságio? - Clara perguntou. A voz parecendo mais inocente que o normal. - É, um mau presságio. - Elizabeth moveu a cabeça em afirmação antes de suspirar. [...] O cheiro de café e pão quente pairava no ar quando desceram as escadas. - Bom dia, amores! - A voz de Mariana encheu a sala como luz do sol invadindo um cômodo escuro.Elizabeth sorriu, vendo a mãe parada ali, impecável como sempre. O blazer preto sobre o vestido cinzento a deixava ainda mais elegante, mas era sua energia contagiante que realmente iluminava o ambiente. - Bom dia, tia Mariana! - Clara respondeu, e Elizabeth notou que a tristeza de antes havia desaparecido do seu tom. Mas ela ainda estava lá. Apenas bem escondida. - Está linda hoje - Elizabeth elogiou, abraçando a mãe. - Hoje e sempre - Clara corrigiu, olhando-a com reprovação. A loira tinha uma teoria de que todas as mães ficavam mais bonitas a cada dia. E Elizabeth não discordava. - Obrigada, meninas. - Mariana riu, mas não uma das risadas gostosas que contagiava os demais, aquela escondia a mesma preocupação da madrugada anterior, mas sua filha não sabia, então não notou a diferença. - Vocês também estão lindas. - Acrescentou pegando algumas pastas do sofá e suspirou. - Parece cansada, está tudo bem? - Clara questionou ao notar o nervosismo da senhora e também as mãos trémulas. Mariana deu de ombros simulando outro sorriso. - Tenho um julgamento importante hoje. - Justificou. Os olhos de Elizabeth brilharam admirando sua progenitora, mas Clara, se perguntou porquê a advogada tão experiente tremia por conta de um julgamento. Não havia já enfrentando vários e talvez mais tensos? - Aquele caso do médico? - Elizabeth questionou acertiva, mas Mariana estava tão distraída, que só consegui abanar a cabeça. - É a última audiência? - Prosseguiu curiosa. - É, hoje é a última. - Mariana afirmou enquanto enviava uma mensagem de seu telefone. Estava distraída, tensa e ansiosa, mas esperava conseguir se acalmar, ou então não conseguiria fazer nada em tribunal. - Boa sorte, tia! - Clara chamou sua atenção exclamando com entusiasmo. Mariana ergueu o rosto do telefone e pela primeira vez nas últimas horas, sorriu genuinamente. - Não que precise, mas boa sorte, mamãe. - Elizabeth também desejou mostrando o polegat. Mariana moveu as mãos , e com seus olhos triste, acariciou os cabelos da filha. Elizabeth franziu o cenho. - Pare com isso. - Reclamou afastando sua mão. Mariana riu, revirando os olhos, e por um momento, ficou apenas olhando para sua filha. Um olhar profundo, cheio de algo que a jovem não conseguiu decifrar. Então, Mariana beijou sua testa e se afastou. - Até mais, lindinhas. - Mariana acenou. Elizabeth a observou se afastar pelo corredor, os saltos batendo ritmados no piso, cada passo ecoando de uma forma estranhamente pesada. Algo dentro dela se remexeu, um desconforto sutil que não soube nomear. - Até. - Clara murmurou, distraída. Mariana parou por um breve instante antes de girar a maçaneta. Virou-se para a filha, os olhos brilhando de um jeito que Elizabeth sempre achou acolhedor. Mas, naquela manhã, havia algo a mais ali? Ou talvez fosse só impressão? - Tenha um bom dia, Elizabeth. - Desejou a matriarca. Mas pela maneira como disse seu nome fez o peito da garota apertar, um incômodo sutil que ela afastou tão rápido quanto veio. Mariana sorriu uma última vez e então desapareceu porta afora. Elizabeth permaneceu onde estava, olhando para o corredor vazio. Aquele sentimento estranho ainda não tinha ido embora. E nunca mais iria.Parada no mesmo lugar, Elizabeth observava a porta por onde sua mãe havia saído. O silêncio do corredor a envolvia como um abraço frio, e ela sentia a saudade se infiltrar em seu peito como uma faísca prestes a se alastrar."Inacreditável."A ideia de sentir falta de alguém que acabara de sair parecia ridícula, mas o aperto estranho dentro dela não cedia. Era como uma pequena rachadura se expandindo por dentro, e ela não gostava daquela sensação.Talvez Theo estivesse certo. Talvez ela fosse mesmo uma bebezona.— Liz. — A voz suave de Clara rompeu seus pensamentos, trazendo-a de volta à realidade. — Estou indo tomar café. Vem? — Questionou.Havia algo na expressão da amiga que demonstrava confusão, talvez preocupação. Elizabeth desviou o olhar do corredor.— Já vou. — Garantiu. Mas Clara não parecia convencida.— Você está bem? — Clara retornou. Estou? Elizabeth se questionou ao notar seu rosto úmido."Chorando? Mas por quê?"Ela limpou rapidamente as lágrimas, sentindo-se tola.— Sim
Elizabeth ficou estática ao ouvir o que sua amiga havia dito. Seus olhos piscaram duas vezes, tentando assimilar a informação, mas sua mente parecia se recusar a aceitá-la.Seus pais iriam se separar?Ela sabia que o casamento dos Molina não estava bem. Clara mencionava brigas, e até desabafava sobre o silêncio cortante que preenchia sua casa. Mas, ultimamente, as lágrimas tinham cessado, e Elizabeth ingenuamente acreditou que as coisas haviam melhorado. Nunca cogitou que tudo terminaria em divórcio.Clara, no entanto, não precisava dizer mais nada. Seu rosto pálido e as lágrimas que encharcavam sua pele já entregavam tudo. O corpo tremia em soluços silenciosos, como se a dor estivesse a consumindo de dentro para fora.Elizabeth sentiu um nó na garganta. Como ajudar quando nem mesmo sabia o que dizer? Tentou falar, mas as palavras falharam. Tentou novamente, e o silêncio venceu outra vez. Seu peito pesava.Então, sem alternativa, apenas a abraçou. Não sabia se fazia diferença, mas per
Elizabeth estava gastando seu tempo com coisas que sua mãe considerava demasiado improdutivas, ou seja, jogando em seu telefone até que seu pai chegou da rua trazendo consigo alguns sacos das compras que recentemente havia feito, e uma animação exagerada para quem iria apenas cozinhar. Sua filha lhe perguntou o que era, e Anderson, sem conseguir se conter, disse que faria um jantar especial para comemorar a vitória da esposa no tribunal.Aquela vitória era esperada, porém nova. Então, a menina se animou com a iniciativa do pai e logo se ofereceu para ajudar. Começaram a mexer nas panelas, aqui e ali, fazendo algum barulho que atraiu a atenção de Theo para a cozinha, que, percebendo o que era feito, também ofereceu ajuda.Então, disponíveis e com uma certa felicidade, estavam todos empenhados em fazer um jantar especial para Mariana.Faziam meses que a mulher de longos cabelos cacheados estava incansavelmente trabalhando naquele caso, tentando provar que a ex-esposa de um médico não ha
- E então, pai, o que houve? - Theo perguntou novamente, vendo Anderson se sentar. Seu rosto não tinha expressão nenhuma, e isso apenas aumentou a inquietação de Elizabeth, cuja imaginação já não lhe dava tréguas. - Papai. - Repetiu, agora impaciente e com um toque de rudeza. Não percebeu a respiração acelerada, nem o coração batendo forte no peito, mas já começava a se desesperar.A menina, conhecida como a mais pessimista da família, sentia as mãos trêmulas e suadas. O coração pulsava como se quisesse rasgar seu peito. A sensação ruim da manhã estava de volta, ainda mais forte."Calma", dizia a si mesma. "Não pensa besteira." Mas sua mente não lhe obedecia. Dentro dela, uma voz gritava, chorava, se debatia como se já soubesse o que estava por vir. Mesmo sem nenhuma certeza, o medo a sufocava.- Não sei por onde começar… não me preparei para isso. - A voz de Anderson soou baixa, cansada. Ele suspirou longo e pesado, os olhos baixos, evitando o olhar dos filhos. Para Theo e Elizabeth,
A madrugada estava densa, carregada de um silêncio inquietante. As luzes da casa estavam apagadas, exceto por um brilho fraco vindo do quarto principal. Anderson abriu a porta com cuidado, mas ao empurrá-la, viu a silhueta de Mariana de costas para a sua penteadeira, imóvel, como se o esperasse. Seus olhos se cruzaram. Ela tinha um olhar determinado, e Anderson sentia uma pressão no ar. Ele esperava encontrá-la dormindo, mas ali estava ela, acordada e atenta, como se soubesse que ele chegaria naquele instante. A luz amarelada desenhava sombras em seu rosto, destacando as olheiras e a tensão na expressão. Anderson fechou a porta devagar, tentando conter o cansaço e a frustração que o dominavam desde que saíra do hospital. — Ainda acordada? — Sua voz saiu baixa, mas carregada de um peso que Mariana não ignorou. E mesmo que tentasse, daquela vez não poderia...afinal, sua esposa estava ali, e seus olhos gritavam que estava na hora de conversar sobre o que fosse que vinha os separand