Ainda longe do meio dia, a casa dos Molina era preenchida pela voz de Miranda, que irritada, tentava convencer o marido a não lhe deixar. Dentro do quarto, Clara tentava não se abalar pela mais recente briga dos pais.
Guardava esperança de que seu pai reconsideraria e que ficassem todos junto. Sua mãe não sofreria e sua família seguiria unida.Talvez fosse imaturo pensar assim, mas não perdia a esperança na família já foram. — Então é isso, vai mesmo sair de casa e me deixar? — Embora estivesse vendo as malas que ele carregava, Miranda não conseguia acreditar que seu casamento estava acabado, ainda amava o marido e esperava resolver as divergências. — Vai deixar a sua família, não se preocupa nem um pouco com a sua filha? — Voltou a questionar. Tinha as mãos na cintura, e o nervosismo estampado no rosto. — Miranda, entenda por favor. Esse casamento não está dando certo. — Miguel-Angel rebateu. Fazia gestos pausados e realmente esperava que ela compreendesse. — Não quero magoar você, sabe que lhe quero muito bem. Mas pense e verá que estou certo, nosso casamento acabou faz tempo. — Acrescentou. Angel era um homem alto, possuía o cabelo negro com algumas poucas faixas acinzentadas, e trabalhava com petrolífera. Estava caminhando para a reforma que exigia a profissão, então se dedicaria ao negócio de carros que vinha planejado. — Quando foi isso, quando acabou, porque para mim até ontem nosso casamento tinha salvação. — Bradou a professora. Usava Chanel no cabelo loiro, e tinha o hábito de pintar os lábios de vermelho. — Eu sinto muito que não tenha sido claro, mas isso realmente acabou. — Miguel-Angel proferiu. Pegou na mala para sair quando ouviu o som do telefone da casa, e por algum motivo parou. — Alô. — Ácida, Miranda respondeu levando o aparelho ao ouvido. Do outro lado, estava Anderson. — Como? — Questionou espantada. — É claro, avisarei. — Concordou. Confuso, Miguel-Angel, esperava que desligasse o telefone para saber o que estava acontecendo. — Sinto muito Anderson, de verdade. — Proferiu antes de desligar. — Era o doutor d'Almeida? — Nervoso com as últimas palavras da esposa, Angel não evitou perguntar. — Fale Miranda, para com o suspense. — Retornou perante o silêncio e atitudes estranhas da esposa. Ela olhava o telefone de forma insistente, e por momentos acreditou que era de sua vontade entrar nele. — A mãe da amiga da Clara, foi encontrada morta ontem de tarde. — Contou. — O quê? — Foi tudo o que o homem conseguiu dizer. — Preciso avisar minha menina. — Miranda comentou meio desnorteada começando a marchar para o quarto da filha. Sabia que veria a filha sofrer, mas era necessário. — Mãe. — Abaixando os fones de ouvido quando a mãe tocou seu ombro, Clara.Tinha marias-chiquinhas na cabeça e usava uma vestido rodado na cor azul.Boneca, assim a chamava seu pai. — Tudo bem, o papai se foi? — Questionou curiosa. — Não, ele não foi. — Miranda respondeu o que sabia ser verdade, pois ainda se lembrava da imagem do homem em sua sala.Clara sorriu, abriu os braços e satisfeita se jogou sobre a cama. — Mas aconteceu uma coisa muito má querida, preciso que seja forte. — Acrescentou. Murchando a expressão feliz, a menina voltou a se sentar temendo o que lhe diria a seguir sua mãe. Mas desconfiava fortemente fosse o que fosse, não a deixaria nada feliz. [...] Na casa dos d'Almeida, Kimberly, notava o esforço que os irmãos faziam para se manter em pé. Então, com paciência, os acompanhou no café, falando quando se fizesse necessário. Mas depois, Elizabeth se afastou deixando-os a sós. Esfregando as costas de Theo, observou o quanto ele parecia cansado. Brincava com a colher que antes usou para adoçar seu chá, e mal olhava em sua cara. — Precisa de alguma coisa? — Kimberly perguntou pousando uma mão em seu ombro, enquanto a outra fazia cafuné em sua cabeça. — Não. — Theodor respondeu. Qualquer coisa que lhe dessem, não seria o bastante, porque sua mãe havia sido assassinada, e em breve também ficaria sem sua namorada. — Queria fazer mais por você, qualquer coisa que te ajudasse a ficar melhor. Me dói tanto te ver assim, ver o quanto sofre. — Kimberly comentou tristemente. Theo fungou o ar. — E eu estou vendo, você tenta suprimir sua dor, não faça isso. — Aconselhou com ternura. — Então, deveria me deixe cair? O que acontece com a minha irmã então? — Theodor devolveu. Não havia sido ele a lhe avisar sobre o ocorrido, não tinha forças para tal, mas quando Kimberly apareceu em sua porta lhe abraçando, não se importou em perguntar quem havia ou não lhe avisado. Estava grato por tê-la ali. — Entendo que sinta essa necessidade de proteger a sua irmã. — Comentou a artista. — Mas você quer carregar o mundo, quando o seu está desmoronando, isso não vai fazer bem. Para nenhum dos dois. — Prosseguiu ganhado para si toda a atenção. — Eu acho que ao invés de tentar carregar o mundo, se apoie nela, e deixe que ela se apoie em você também. Não tente carregar tudo, sejam uma unidade, estejam lá um para o outro. — Sugeriu lhe acariciando a face. — Perdi a minha mãe, como devo prosseguir agora? — Theo questionou cheio de dor. Havia lágrimas em seus olhos, e não se preocupou em esconder. — Como devo acordar todos os dias sabendo que não vou ouvir sua voz doce me chamando para o café, como vou me habituar a não lhe ouvir falar do trabalho? — Voz embargada, e olhos marejados, queria que alguém lhe dissesse como mandar embora toda aquela dor. — Eu sinto muito, querido. — Kimberly choraminguou não podendo dar as respostas que ele queria. — Vai ser difícil, mas você é forte. Vai ficar tudo bem.— Garantiu lhe abraçando com toda sua força. [...] Quando Anderson e Ana voltaram para casa, foram atropelados por cartões de condolências, que na maioria, eram de pessoas desconhecidas para eles. O dia foi se arrastando, Anderson foi informado que só poderiam realizar o enterro no dia seguinte, e então saiu três vezes. Avisou ao filho que estaria resolvendo algumas coisas para o funeral, e pediu ao melhor amigo de Mariana que recebesse os cartões de condolências que chegavam a casa. Elizabeth e Theo se sentaram do mesmo lado. Silêncio cortante, e olhares distantes. Não viam as pessoas, não ouviam as vozes, apenas seguravam a mão um do outro e deixavam Ana lidar com as pessoas que queriam lhes consolar. Alguns amigos de Elizabeth apareceram, ela trocou duas ou três palavras e depois fingiu estar dormindo para não continuar ouvindo deles o quanto Mariana era uma boa pessoa, e como todo o bairro sentiria falta. Os amigos de Theodor apareceram também, e nesse momento ele se afastou. Sentou com eles na grama do jardim, e Kimberly fez café para quem ainda estava na casa. Elizabeth não queria, mas chegou a sentir raiva daquelas pessoas. Porquê eles estavam ali se aquilo significava que sua mãe não estaria? Haviam tantos rosto, mas em momento algum viu o tão conhecido de Clara. Foram tantas tentativas falhas de comunicação, que chegou a pensar que a alguma coisa havia acontecido com a loira. — Liz querida, Clara está aqui. — Elizabeth estava deitada sobre o sofá quando seu pai anunciou. Instantaneamente, Elizabeth sentou deixando espaço para que Clara se sentasse do seu lado. E assim ela o fez. — Oi. — Clara saudou baixinho. Era tanto silêncio e falta de jeito, que Clara se perguntou se deveria dar os pêsames a amiga, e ela por sua vez, se perguntou se deveria contar que sua mãe estava morta. — Oi. — Elizabeth retribuiu. O cabelo bagunçado e olheiras espessas, mas não se importava. Nem em estar apresentável, ou ser sociável. — Eu...eu... — Clara começou, nervosa esfregava as mãos umas nas outras. Respirou fundo se concentrando. — Vamos tomar alguma coisa. — Sugeriu. Elizabeth assentiu com a cabeça. — Que tal chá? — Perguntou incerta. — Vamos? — Clara estendeu a mão. — Vamos. — Segurando a mão da amiga, Elizabeth foi guiada até a cozinha. Olhou o cenário, e só conseguiu pensar em como sua mãe gostava que tudo estivesse bem organizado. E de facto, estava. Mariana não reclamaria se lá entrasse. E como Elizabeth queria que entrasse. — Ortelã. — Clara anunciou colocando água na jarra elétrica. — Cidreira. — Elizabeth contrapôs ocupando lugar a mesa. — Cidreira é horrível. — Clara se mostrou indignada. Elizabeth nada disse, apenas pressistiu em olhar o pano florido que cobria a mesa. — Seu paladar está precisando de ajustes. — Soltou notando o quanto sua amiga estava distraída. O que poderia fazer para que ficasse melhor? — Você precisa de ajustes. — Elizabeth rebateu. — Fazemos assim, eu tomo cidreira e você toma ortelã. Fim do problema. — Ofereceu sem disposição para defender a honra do chá. — Certo. — Clara concordou. Elizabeth colocou os olhos nela, estava pálida, cabelo livre percorrendo as costas, e um vestido de linho verde musgo. — Sumiu hoje. — Elizabeth comentou vendo-a distribuir a água fervente pelas chávenas, e em seguida a respectivas saquetas de chá. Não estava triste ou magoada, na verdade não sabia o que sentia quanto a distância, mas precisou comentar. — É. — Clara afirmou constrangida. — Uma colher de açúcar, certo? — Perguntou direcionando o olhar para a amiga, que fez que sim com a cabeça. — Aqui. — Lhe entregou enquanto se sentava a sua frente. — Obrigado. — Elizabeth agradeceu. — Sinto muito não ter aparecido antes. — Clara pediu após um breve silêncio. — Hm. — Balbuciou a anfitriã. — Na verdade eu... — Clara parou colocando a chávena sobre a mesa. - Não consigui acreditar no que está acontecendo, foi demais para mim. — Confessou baixando o rosto. — Não é como se sentissem mais do que vocês, mas eu... — Clara engoliu o choro. — vou sentir a falta dela. — Com a voz chorosa, falou. Elizabeth colocou a mão por cima da dela, e em um esforço conjunto, lágrimas não foram derramadas. — Entendo você. Se pudesse, também sairia daqui. — Elizabeth desabafou bebendo um pouco mais do chá. — Liz, sei que nada do que dizer vai ser suficiente, mas eu vou estar aqui com você. Eu sempre estarei aqui. — Afirmou a loira. — Obrigado. — Sussurou Elizabeth. — É uma pergunta estúpida, mas como você está? — Clara se mostrou cautelosa. — Nada bem. Sinto como se uma parte minha tivesse morrido junto com ela. — Elizabeth admitiu abandonando a chávena sobre a mesa. — Vou ficar melhor assim que o assassino estiver preso. — Determinou não evitando as lágrimas. — Ela não merecia isso. — As palavras deslizavam de sua boca arrastadas pela dor que sentia. — Não se preocupe, justiça vai ser feita. — Clara garantiu tentando lhe transmitir força. Elisabeth fungou o ar e secou o rosto. — Já têm alguma pista de quem possa ser o culpado? — Inqueriu. — Não. Bom, eu não sei.— Distraída, os olhos de Elizabeth acompanhavam Theodor que acabava de adentrar a cozinha. — O que está procurando? — Questionou vendo-o abrir e fechar algumas gavetas. — Café. — Theodor respondeu. — No armário de cima. — Clara contou ajeitando o cabelo para trás da orelha. Olhava para a amiga com olhinhos doces de quem o mundo queria curar. — Obrigado.— Theodor agradeceu assim que localizou o frasco. — Vão querer também? — Perguntou buscando a cafeteira. — Não obrigado. — Clara recusou erguendo sua chávena, quanto a Elizabeth, a pequena flor de seu tio, se limitou ao usual "não". Theodor preparava a bebida em uma concentração absurda, Clara pensava em como tudo seria estranho dali para frente, e Elizabeth tinha questões demais em sua cabeça. — Há que horas é o funeral? — Elizabeth questionou pouco tempo depois. O ar ficou mais pesado, e o tempo pareceu parar, ao menos seu irmão parou diante da pergunta. — Às 10. — Theo respondeu sem emoção alguma na voz. — Seu tio não vem? — Clara perguntou. Mas Theodor não liguou, não se importou. Só sentiu o chão, novamente sumir. Inspirou afastando as lágrimas que já sentia chegar e então lembrou que precisava responder. — Don vai perder o funeral. — Respondeu adoçando o café. Um silêncio pesado pairou no ar. Elizabeth fechou os olhos pensando que chegava a hora do último adeus, e Clara não sabia o que dizer. Theo beberricou do café, e depois saiu da cozinha para se isolar em seu caos particular.Com o semblante abatido e o corpo cansado, Theo fugiu das pessoas que no andar de baixo procuravam entregar suas condolências, lhe consolar e até se mostrar amigas, para subir as escadas. Disse a sua namorada que iria descansar, e que ela poderia ir descansar também, e mesmo relutante, a moça ruiva concordou indo para casa se trocar.Subindo um e mais outro degrau, estava pronto para encontrar o isolamento que fornecia seu quarto em tons de preto e vermelho, mas a porta entre aberta do quarto em que antes dormia sua mãe chamou sua atenção.Não tinha o costume de entrar no quarto dos pais, ainda mais quando não estivessem lá, mas daquela vez, seus pés o conduziram automaticamente.Afastou vagarosamente a porta com a mão, tão lento que parecia que não queria entrar, mas acabou parando no limite. Um pé a frente, outro a trás. Havia uma certa esitação, então mesmo do lado de fora observou o que podia sobre o quarto.Simples e li
Deitado sobre a cama, pés tocando o piso e olhos vidrados no teto, Theodor tinha sobre o peito um porta retrato. Um ano, era o tempo que fazia desde que tiraram aquela última fotografia. Era em família, e naquele verão em que viajavam pelas cidades de Alura, completos e felizes, ele não desejou nada mais para a vida. Apenas que estivessem juntos, e felizes assim. Mas já não estariam todos juntos, e seu coração jovem quase sufocava. Tinha apenas vinte e um anos, era cedo demais, e não acreditava que tivesse aproveitado o bastante com a mãe. Então em silêncio, chorava. — Entre. — Permitiu quando passos se aproximaram de sua porta, fracos, os punhos tocaram a madeira que a revestia. A porta foi aberta, revelando sua donzela. — Achei que tivesse ido para casa. — Comentou se sentando. Kimberly foi até ele e o abraçou. — Estava indo, mas acabei desistindo. — Respondeu segurando uma de suas mãos. Theo ha
— Vai querer alguma coisa para beber? — Gentil, Ana perguntou ao capitão da delegacia de homicídios que acabava de chegar em sua casa. Eduardo Simas, era este o nome do homem de terno cinza. — Não obrigado, pretendo ser breve. — Educado, o homem recusou se acomodando no lugar indicado. Assim como Anderson, estava na casa dos 40, mas diferente deste, Simas já possuía alguns traços da "velhice" em sua cabeça. — Trouxe o relatório da autopsia. — Comunicou estendendo o envelope amarelo ao dono da casa. Atentos, seus filhos o olharam ler o material, ao mesmo tempo que se perguntaram se aquele era o procedimento padrão, se sempre deixavam os familiares das vítimas ler o laudo médico. E porquê o capitão de uma divisão inteira estava lá, investigando aquele caso? — Diz que Mariana morreu instantaneamente após uma facada no coração. — Comunicou o médico. Mas aquilo, todos já sabiam. — E que o agressor é destro. — Acrescentou calmamente. Elizabeth
Seis anos haviam se passado.Seis longos anos desde Mariana havia sido assassinada.O assassino ainda estava a monte, e eles viviam silenciosamente sobre uma guerra declarada. Uma família se quebrou naqueles anos de dor, raiva e incerteza. Até tentaram, mas nunca mais foram os mesmos.De um lado, estavam os filhos obstinados a descobrir a verdade por trás da morte da mãe, e do outro, um marido que já havia aceitado aquele desfecho. Firmes, cada lado defendia seus interesses, e muitas vezes, a doce madrinha, foi apanhada no meio.Theodor não se deteve e contratou, com o dinheiro que lhe deu seu tio, um detetive particular três meses após a morte de Mariana, mas esse não teve êxito. E a razão era só uma, Simas. O capitão convenceu o detetive contratado a abandonar o caso de Mariana, porque segundo ele, nunca chegaria ao fim. O detetive recuou, como se fosse apenas preciso uma opinião para desistir de toda uma investigação. O caso foi mais uma
— Barbie. — Elizabeth saudou adentrando a sala, que em tamanho e decoração ganhava da sua. Suas salas deixavam bem claro quem trabalhava com o quê. — Raquel. — Alegre, Clara retribuiu deixando o computador de lado, pousando os cotovelos sobre a mesa, apoiou o rosto nele sorrindo de forma amigável. Sem esperar por convite, Elizabeth sentou em uma das cadeiras de frente a sua. — Estou vendo uma pitada de satisfação nesse seu rosto, o que é? Andou falando mal de mim, ou é só do casamento? — Elizabeth perguntou bem humorada. — Nenhum dos dois, apenas relaxando para não ter rugas. — Clara respondeu . — E você, está melhor? — Retornou bastante atenciosa. Mas Elizabeth estranhou aquele "melhor"... — Estou perguntando porque ontem foi um dia difícil, e não atendeu minhas chamadas. — Esclareceu. — Eu estou bem, querida Clara. — Elizabeth garantiu. O dia anterior, marcava exatamente seis anos desde que Mariana havia partido. E como já era de se esperar, Elizabeth estava distraída e pouco
Muito mais cedo do que o normal, Elizabeth chegou á empresa. Dentro do vestido justo e rabo de cavalo alto, saudou os seguranças que ficavam do lado de fora do estabelecimento, e depois adentrou. O saguão vazio e as luzes ainda apagadas a receberam.— Está atrasada. — Clara declarou assim que a outra passou pelo balcão da recepção, que pelas horas, estava vazio. — Não sabe ser mais rápida? — Implicou.Estava parada junto ao elevador ostentando um semblante pouco simpático.— O que estou fazendo aqui? Não deveria pedir a ajuda da Cléo, ou da Margarida? — Elizabeth perguntou antes de levar a boca o copo que lhe foi oferecido. Café. — Eu deveria, mas a Margarida conhece a noiva, e a Cléo é nossa amiga, deixe ela descansar um pouco. — Clara chamou o elevador. Perante a resposta, a morena só conseguiu pensar que sua amiga era uma desgraçada.— E o que exatamente eu vou fazer? — Elizabeth voltou a questionar, desta vez adentrando o ele
— Alô. — Elizabeth respondeu ao telefona que sabia vir da recepção.— Liz, seu irmão está subindo. — Laura anunciou.— Obrigado por avisar. — Agradeceu antes de desligar.- Theo está subindo. — Anunciou para Clara voltando a sentar no lugar anterior.— Boa! Faz uma semana que não o vejo. — Clara devolveu com foco total nas peças de dominó que empilhava. Montava uma torre com sete andares. — É verdade? — Perguntou o querido irmão. Havia entrado sem bater.— Olha só o que fez. — Clara bradou. Sua torre havia caído, fruto do susto que levou com a entrada repentina de Theo. — Theo. — Resmungou começando a reagrupar as peças espalhadas pela mesa. Aquele era seu hobby, e depois que foi tudo ao chão, tinha uma expressão de quase choro.— Liz, é verdade, sim ou não? — Ignorando Clara e seus resmungos descontentes, voltou a perguntar. Daquela vez, menos afobado.— Não bate na porta, derruba meu projeto, nem bom dia dá,
— Então está me dizendo que quando voltar da viagem, não terei mais sobrinha. É isso mesmo? — Do outro lado do país, caminhando com os auriculares presos aos ouvidos, Donavan escutava atentamente seu sobrinho. — Isso mesmo, vou me tornar um assassino. — Theo respondeu. Já com um humor melhor, e já começava a fazer o jantar. — Sabe que está confessando seu futuro crime para um advogado, não é mesmo? — Don, como era frequentemente chamado, questionou achando aquela conversa bastante inusitada. — Estou falando com o meu tio, se tiver algum advogado, isso eu não sei. — Esperto, rebateu o menor. — Está certo, mas o que fez a sua irmã para que tivesse se chateado? — Devolveu curioso. Palavras como: ela é uma traidora, está me deixando mal, não presta e algo mais foram proferidas, mas o motivo, ainda não sabia. — Eu sei que o senhor vai dizer que uma coisa não tem relação com a outra, e que trabalho é trabalho, mas