Seis anos haviam se passado.Seis longos anos desde Mariana havia sido assassinada.
O assassino ainda estava a monte, e eles viviam silenciosamente sobre uma guerra declarada.Uma família se quebrou naqueles anos de dor, raiva e incerteza. Até tentaram, mas nunca mais foram os mesmos.De um lado, estavam os filhos obstinados a descobrir a verdade por trás da morte da mãe, e do outro, um marido que já havia aceitado aquele desfecho. Firmes, cada lado defendia seus interesses, e muitas vezes, a doce madrinha, foi apanhada no meio.Theodor não se deteve e contratou, com o dinheiro que lhe deu seu tio, um detetive particular três meses após a morte de Mariana, mas esse não teve êxito. E a razão era só uma, Simas.O capitão convenceu o detetive contratado a abandonar o caso de Mariana, porque segundo ele, nunca chegaria ao fim. O detetive recuou, como se fosse apenas preciso uma opinião para desistir de toda uma investigação. O caso foi mais uma— Barbie. — Elizabeth saudou adentrando a sala, que em tamanho e decoração ganhava da sua. Suas salas deixavam bem claro quem trabalhava com o quê. — Raquel. — Alegre, Clara retribuiu deixando o computador de lado, pousando os cotovelos sobre a mesa, apoiou o rosto nele sorrindo de forma amigável. Sem esperar por convite, Elizabeth sentou em uma das cadeiras de frente a sua. — Estou vendo uma pitada de satisfação nesse seu rosto, o que é? Andou falando mal de mim, ou é só do casamento? — Elizabeth perguntou bem humorada. — Nenhum dos dois, apenas relaxando para não ter rugas. — Clara respondeu . — E você, está melhor? — Retornou bastante atenciosa. Mas Elizabeth estranhou aquele "melhor"... — Estou perguntando porque ontem foi um dia difícil, e não atendeu minhas chamadas. — Esclareceu. — Eu estou bem, querida Clara. — Elizabeth garantiu. O dia anterior, marcava exatamente seis anos desde que Mariana havia partido. E como já era de se esperar, Elizabeth estava distraída e pouco
Muito mais cedo do que o normal, Elizabeth chegou á empresa. Dentro do vestido justo e rabo de cavalo alto, saudou os seguranças que ficavam do lado de fora do estabelecimento, e depois adentrou. O saguão vazio e as luzes ainda apagadas a receberam.— Está atrasada. — Clara declarou assim que a outra passou pelo balcão da recepção, que pelas horas, estava vazio. — Não sabe ser mais rápida? — Implicou.Estava parada junto ao elevador ostentando um semblante pouco simpático.— O que estou fazendo aqui? Não deveria pedir a ajuda da Cléo, ou da Margarida? — Elizabeth perguntou antes de levar a boca o copo que lhe foi oferecido. Café. — Eu deveria, mas a Margarida conhece a noiva, e a Cléo é nossa amiga, deixe ela descansar um pouco. — Clara chamou o elevador. Perante a resposta, a morena só conseguiu pensar que sua amiga era uma desgraçada.— E o que exatamente eu vou fazer? — Elizabeth voltou a questionar, desta vez adentrando o ele
— Alô. — Elizabeth respondeu ao telefona que sabia vir da recepção.— Liz, seu irmão está subindo. — Laura anunciou.— Obrigado por avisar. — Agradeceu antes de desligar.- Theo está subindo. — Anunciou para Clara voltando a sentar no lugar anterior.— Boa! Faz uma semana que não o vejo. — Clara devolveu com foco total nas peças de dominó que empilhava. Montava uma torre com sete andares. — É verdade? — Perguntou o querido irmão. Havia entrado sem bater.— Olha só o que fez. — Clara bradou. Sua torre havia caído, fruto do susto que levou com a entrada repentina de Theo. — Theo. — Resmungou começando a reagrupar as peças espalhadas pela mesa. Aquele era seu hobby, e depois que foi tudo ao chão, tinha uma expressão de quase choro.— Liz, é verdade, sim ou não? — Ignorando Clara e seus resmungos descontentes, voltou a perguntar. Daquela vez, menos afobado.— Não bate na porta, derruba meu projeto, nem bom dia dá,
— Então está me dizendo que quando voltar da viagem, não terei mais sobrinha. É isso mesmo? — Do outro lado do país, caminhando com os auriculares presos aos ouvidos, Donavan escutava atentamente seu sobrinho. — Isso mesmo, vou me tornar um assassino. — Theo respondeu. Já com um humor melhor, e já começava a fazer o jantar. — Sabe que está confessando seu futuro crime para um advogado, não é mesmo? — Don, como era frequentemente chamado, questionou achando aquela conversa bastante inusitada. — Estou falando com o meu tio, se tiver algum advogado, isso eu não sei. — Esperto, rebateu o menor. — Está certo, mas o que fez a sua irmã para que tivesse se chateado? — Devolveu curioso. Palavras como: ela é uma traidora, está me deixando mal, não presta e algo mais foram proferidas, mas o motivo, ainda não sabia. — Eu sei que o senhor vai dizer que uma coisa não tem relação com a outra, e que trabalho é trabalho, mas
— Theo abra a porta, sei que está em casa. — Elizabeth gritou batendo na porta do apartamento pela quarta vez. — Preciso falar com você, é importante. — Pediu. Novamente silêncio. —Theo. — Chamou começando a se perguntar se ele realmente estava em casa.— O que quer? — Seco, Theo perguntou ao abrir a porta. Seus olhos a analisaram, e sua postura gritava o quanto estar chateado.— Conversar. — Elizabeth declarou lhe afastando com a mão antes de entrar na casa. — Tenho boas notícias. — Animada, o seguiu até a cozinha. Diferente do seu apartamento, a cozinha de Theo não era no formato americano, na verdade se parecia com a casa dos pais, e ficava no final do corredor.— Aquela sua amiga morreu? — Perguntou expectante. — Então o que é? – Retornou amargo após ter recebido um não.— Simas saiu do cargo. — Contente, Elizabeth via o irmão se mover pelo espaço.— Hm. — Confuso, Theo balbuciou lhe passando dois pratos, que ela supôs, eram para o jantar. — Qual Simas? — Perguntou vascu
Theodor d'Almeida, era arquiteto. Havia desenhado a planta da clínica de seu pai, participou do projeto habitacional proposto pelo Prefeito local, e fez as plantas das casas de alguns dos maiores empresários da cidade.Trabalhava em uma empresa local de arquitectura e engenharia, mas pouco se fazia presente no local de trabalho. Seu contrato era diferenciado, e lhe permitia aparecer lá só quando se fizesse necessário.Ou seja, quando encontravam para ele um novo projecto. Quando queria concorrer em um, quando um novo cliente ia até lá solicitar o seu trabalho...e depois trabalhava de casa, ou onde estivesse. Tinha um vida estável. Dirigia o carro que era de sua falecida mãe, e morava em um apartamento bem mobiliado.Poderia estar casado e com filhos, mas seu coração estava desocupado.Poderia ser uma jovem de 27 anos como muitos outros, mas o fantasmas do passado ainda lhe perseguiam, então parecia estar preso a algo.— Uau, pensei que
Adentrando o recinto húmido e pouco iluminado que compunha a sala de arquivos do 15º distrito de Alura, o novo detetive tentava não se mostrar abatido. Afinal era novo lá, e se estava recebendo um caso, ainda que antigo, daria tudo de si para resolver. E pensou também que talvez aquele fosse um teste para sua competência e disciplina, então não reclamaria.Fechou a porta atrás de si, ligou as lâmpadas que piscaram uma ou duas vezes em reconhecimento e então inalou o cheiro a humidade. O local não estava caindo aos pedaços como acreditou que pudesse estar, mas certamente precisava que trocassem aquelas lâmpadas, e melhor organizassem.Enfim, alguém poderia pensar sobre mais tarde. Ele tinha um trabalho para fazer...as caixas de arquivos estavam organizados de forma cronológica, então só precisou seguir as prateleiras até o ano de 2012, e depois procurar pela letra M, e em seguida pelo nome Mariana.Encontrada, pegou na caixa um tanto qua
— O que tem Mariana? — Confuso, Anderson quis saber.— Simas saiu do cargo. — Elizabeth falou em seguida.— É mesmo? — Anderson rebateu, e a surpresa em sua voz era bem mais do que arquitetada, seus filhos perceberam, e aquilo os magoou de tantas formas.Não esperavam que ele fosse lhes contar, ajudar ou algo do tipo, mas ainda assim doeu. Anderson era o seu pai, poderia ao menos ter...sei lá, ele não deveria agir daquela forma.— O senhor já sabia. — Theo constatou indignado. Elizabeth baixou o rosto, e seu ânimo também mudou.— Sim sabia, o próprio Simas me avisou um mês atrás. — Confirmou. Simas o avisou? O quão próximos eles eram, e porquê ainda mantinha contacto? As perguntas sondaram a mente de seu filho.— E por quê não contou nada? Porque estava viajando. — Theo rebateu cheio de mágoa. Também estava chateado, e suas expressões faciais demonstravam bem.— Não contei para proteger vocês. — Convicto, Anderson falou abandon