Chego na estação de São Paulo, depois de 8 horas de viagem, já são 7 da noite e me sinto extremamente cansada, porém tenho que seguir viagem amanhã já é o dia, envio uma mensagem avisando que já estou em SP.
Julie: Oi, já cheguei, para onde tenho que ir?
C: Vou te enviar o endereço.
Em pouco minutos chega a localização com endereço, como não conheço nada, chamo o Uber, ele diz que fica na periferia de São Paulo, um Bairro chamado São Mateus, a viagem é um pouco longa, custou caro, mas não ligo, durante a viagem fiz a contagem do dinheiro e separei os 10 mil do coiote, e me restaram quase 30 mil, é um bom dinheiro para se começar longe daqui.
Depois de mais de uma hora, chego no local indicado e logo avisto um homem acendo, creio eu que deva ser o homem, pois ele disse através de mensagem que estaria esperando no local.
Pago o Uber e o homem se aproxima abrindo a porta do carro para que saia.
- Oi sou Alexandro, mas pode me chamar de Alex, eu quem estava em contato com você – diz estendendo a mão, ele parece confiável.
- Oi Alex, sou Julie.
- Venha você precisa descansar que amanhã será um longo dia, tem fome?
- Sim, sai as pressas de casa e não tive tempo de comer.
- Ok, lá em cima tem alguns sanduíches, enquanto você come, lhe passo mais algumas informações importantes.
- Ok, vamos.
Começamos a subir, tipo um morro, logo chegamos a um casebre, onde há pelo menos umas vinte pessoas.
- Bom, vou aproveitar que já estão todos reunidos aqui, vou explicar como vai funcionar tudo. Vamos sair daqui amanhã cedinho, a viagem até Guadalajara leva umas 9 horas, de lá seguimos para Tijuana, vou precisar de suas documentações, para fazermos os passaportes para poderem entrar no México sem levantar suspeitas, todos vão entrar com visto de visitantes, já tem uma pessoa só aguardando as informações de todos vocês, essa mesma pessoa é quem vai liberar e lhes entrar o passaporte na fronteira, estão entendo?
- Sim – respondemos todos em unissom e Alex continua sua explicação, enquanto outro homem pega nossos documentos e o dinheiro.
- Ok, depois da fronteira, passaremos por Guadalajara, até chegarmos em Tijuana e lá ficaremos até anoitecer. Haverá 5 carros, em cada carro sairá com quatro pessoas, faremos cada carro irá para um ponto do muro, irão aguardar o momento certo para subirem as escadas e pularem o muro, do outro lado haverá outros carros já os aguardando, esse percurso dura cerca de 10 a 20 minutos, é importante ressaltar que terão que ficar em silêncio entre os arbustos e só saíram quando derem o sinal ok?
- Sim – dizemos.
Alex termina sua explicação e todos começam a comer, ele se aproxima.
- Empolgada Julie para seu recomeço – pergunta.
- Sim muito – digo ansiosa.
- Como sua família vai reagir quando souber que você está em outro país – pergunta curioso.
- Não tenho família, minha mãe morreu recentemente e não sei quem é meu pai – digo sucinta.
- Hum – diz e seu tom muda, percebo – então boa sorte – diz e se afasta pegando o celular.
A noite passa em um piscar de olhos, Alex acorda a todos ainda de madrugada, diz para arrumarmos tudo que logo sairemos, não fiz amizade com ninguém, pois depois de hoje possivelmente iriamos nos encontrar novamente, mas desejei sorte a todos, percebi que Alex não tirava os olhos de mim, porém não sabia distinguir aquele olhar.
Na porta havia uma van, não caberia todos ali.
- Julie, Cléo, Aline, virão comigo, a van já está cheia – Alex diz, então nos encaminhamos para seu carro.
Nos acomodamos as três no banco de trás e Alex e outro homem nos bancos da frente.
- Ansiosas meninas – pergunta.
- Muito – Aline e Cleo dizem, alguma coisa me dizia que tinha algo errado.
- E você Julie? – Alex pergunta e me olha através do retrovisor.
- Quero apenas chegar logo, só assim me sentirei aliviada – digo e ele anuí.
- Alguém quer coca – o outro homem oferece e abre uma garrafa de um litro.
- Quero – Cleo diz.
Ela toma e passa para Aline que bebe em seguida passando para mim que recuso.
- Toma logo garota, vamos ficar muito tempo em viagem, sabe lá Deus quando vamos tomar uma coca geladinha outra vez – argumenta, mesmo com todos os meus instintos dizendo para não beber, ainda assim o faço.
Bebo quase a metade em um gole só, e realmente estava boa, passo novamente para Cléo e ela volta a beber e Aline também.
Vejo pelo retrovisor Alex sorrindo de canto, aos poucos fico sonolenta, olho para os lados e vejo Cleo e Aline apagadas, reluto, porém não consigo, o sono é forte de mais, não consigo manter os olhos abertos.
Sequestradores – tráfico de mulheres
Alex
Porra vou ganhar um bom dinheiro com essas garotas, nem acredito que elas caíram de paraquedas em meu colo, olho pelo retrovisor e vejo as três apagadas, puta que pariu.
- E aí cara, já sabe quanto vamos ganhar com elas – pergunta Guto.
- Pelo menos uns Quinhetão, acho que a branquinha ali é virgem, ela vale mais e é a mais bonita – digo a olhando pelo retrovisor e realmente, cheguei até cogitar em ficar com ela, mais o dinheiro fala mais alto – já falei com Enzo.
- Porra é dinheiro pra caralho – diz esfregando as mãos, mal sabe ele que ele é descartável, vou me livrar assim que pegar o dinheiro.
- Colocou um sonífero forte? – pergunto.
- O suficiente pra derrubar uns 10 cavalos – diz rindo.
- É bom mesmo, que elas não despertem até estar no container.
A viagem não é muito longa, sigo direto para o galpão, Enzo já se encontra lá, ele é o responsável por embarcar as garotas.
- Cadê a mercadoria – pergunta assim que desço do carro – é bom que valha esse dinheiro todo mesmo – avisa.
O conduzo até o carro e abro a porta para que veja as meninas, lhe entrego os documentos.
- Aline 20 anos, Cleo 20 anos, Julie 19 anos, hum – as observa atentamente – ok, Carlos lhes dê a maleta – comando seu capanga – qual delas é a virgem?
- Julie – digo confiante, apesar de não ter certeza.
- Carlos pega essa e coloca no container para Amsterdã e as outras duas para San Diego – dá as ordens.
Dou uma última olhada em Julie, ela é muito linda, parece um anjo, toda pequena, branquinha, cabelos compridos castanhos escuros, corpo escultural, e o que são aqueles olhos, quase violetas, nunca havia visto olhos dessa cor.
Vejo Julie indo embora, penso em desistir de vende-la, não sei o que essa garota fez, mas ela me enfeitiçou de um jeito que nem sei ao menos explicar.
Quando saio dos meus devaneios, já é tarde, o carro já deu partida e ela se foi.
CativeiroMe sinto dolorida, ainda de olhos fechados tento me mexer, mas é muito difícil, acho que minhas mãos e pés estão amarrados, com uma força descomunal tento abrir os olhos, porém não vejo nada, a escuridão não deixa.- Oi – tento falar, mas minha voz sai por um fio – tem alguém aí? – forço.Não recebo nenhuma resposta, estou suada, com sede, precisando ir ao banheiro, onde estou meu Deus, a última lembrança que tenho é a de que estávamos no carro com Alex e depois só escuridão.- Oi tem alguém aí – pergunto mais uma vez, agora um pouco mais alto.- Quem é você? – uma voz pergunta.- Sou Julie e onde você está? – pergunto nervosa.- Na verdade não sei, estou amarrada e está muito escuro – a mulher diz chorando – onde estamos Julie? – pergunta desesperada.- Não sei – digo tentando também não chorar.Permanecemos em silêncio até ouvirmos passos.- Oi estamos aqui – grito tão alto quanto posso.Ouço um barulho de porta de metal sendo aberta e fica claro, a claridade me cega momen
Ao longo dos meus 88 anos, nunca havia me sentido sozinho, depois da morte de minha esposa, filho e nora, em um trágico acidente há 10 anos atrás, essa era a primeira vez que realmente me sinto só, tenho um neto Christoffer, meu único familiar.Chris agora no auge dos seus 30 anos, sempre fora um bom menino, depois da morte de seus pais, ele se dedicou a estudar, a se preparar para assumir meu lugar, teve um uma época que achei que se rebelaria, ele como todo jovem teve seu tempo rebelde, fanfarrão, e foi nesse tempo que ele se encheu de tatuagens e se envolveu com pessoas perigosas, nada que eu não pudesse resolver, homens poderosos como eu, tem que ter conexões tanto no lado bom quanto no ruim, o submundo é para poucos, poucos tem acesso a ele, não sou nenhum chefão, porém sou respeitado e temido, sabem do meu poder e agora do poder do meu neto.Com muito custo conseguir colocá-lo na linha, mas é bom que ele também tenha seus contatos e que todos os temem e respeitam na mesma propor
Adentro o grande e luxuoso salão, há aqui pelo menos seis conhecidos, todos senadores e ex-senadores, cumprimento alguns, outros apenas um aceno com a cabeça, então Enzo o leiloeiro aparece no meu campo de visão, cumprimenta-me com um levantar de taça, retribuo.Vago pelo salão, converso pouco com quem para e puxa assunto.- Como vai Bennett? – Yuri um empresário do ramo imobiliário, pai e marido devoto pergunta, quem olha jamais imaginaria que um homem que defende a moral e os bons costumes estaria num local como esse.- Bem – digo sucinto.Ele percebe que não quero conversar e se afasta, me aproximo do palco onde será apresentado as peças raras e me sento em uma mesa, esperando começar de fato o leilão.Poucos minutos se passam e logo o evento principal começa.- Boa noite senhores, hoje nosso leilão será um pouco diferente, nossas peças são de valor inestimáveis.O apresentador começa, logo de cara entra uma menina, acho que deva estar dopada, pois está sendo carregada então ele co
Jamais sequer cogitei a ideia de um dia ser vendida feito uma mercadoria no mercado de pulgas, agora estou a caminho de sabe lá Deus onde com um velho que deve ser um pervertido, desse ser um monstro igual a todos os outros, mas esse deva ser pior, quem compra uma pessoa? Outro ser humano? Quem participa de leilões de pessoas? Um monstro.Ele tentou conversar, mas fingir não entender o que dizia, então ele começou a falar em português e agora sou obrigada a responder, mesmo assim não falo nada, percebo que ele está tentando ser pacífico.Ele se apresenta e diz se chamar Edie Bennett, ele já é bem idoso, deve ter por volta de 60 ou mais, não o encaro muito, apesar de ele afirmar que não quer me fazer mal algum, prefiro não arriscar.Durante a viagem de carro ele pergunta por um tal de Chris acredito que seja filho ou algum parente, ele esbraveja dado momento, mas vejo que sorrir amorosamente, não sabia que monstros sentiam amor. Ele encerra a ligação e fica com o olhar perdido por algu
Estou exausto, precisando urgentemente de uma dose dupla de uísque, me espreguiço a cadeira de couro, massageio a têmpora, verifico a hora e percebo que a essa hora em NY meu avô deve estar descansado, não vou incomodá-lo a essa hora, apesar de aqui ainda ser dia, em NY deva ser altas horas da madrugada.Esses últimos dias percebi que seu Ed estava estranho, não quis muita conversa, liguei duas vezes e não atendeu, e pior não retornou à ligação.Depois da morte precoce de meus pais e avó, criamos um laço ainda mais forte do que já tínhamos, e sei quando tem algo acontecendo, e esse velhaco não quer abrir o jogo, mas ele que me aguarde, amanhã já estou de volta e não vou nem avisar, quero ver o que seu Ed está aprontando.Por aqui já está tudo resolvido, o novo estaleiro está a todo vapor, saio daqui direto para o hangar onde o jato já está me esperando, tenho uma longa viagem, e tem assuntos mal resolvidos que me aguardam, estalo os dedos e faço uma ligação, não me importando se acord
Edie Bennett foi minha salvação, o julguei mal a princípio, achando que ele seria tão ruim quanto os homens que desgraçaram minha vida, no entanto não, ele na verdade salvou minha vida e estar sendo o pai que nunca tive, e o que falar de Livia, não tenho palavras para descrever o sentimento que nasceu em meu coração por essas duas pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho, já não posso falar o mesmo sobre o tal Chris, oh cara do mal, apesar de lindo.Ele me julgou sem antes conhecer os fatos, me chamando de golpista e o escambau, mas já estava bem ciente do que aconteceria quando ele soubesse sobre mim, Ed disse que seu neto tinha um temperamento difícil, todavia isso não o dá o direito de me xingar aos quatros ventos.Depois de toda aquela discussão a mesa, o mal-encarado saiu feito furacão, sinto mal por Ed.- Desculpa senhor, não queria lhe causar esse transtorno, me desculpa de verdade – realmente me sinto mal, Ed ama o neto e ver os dois brigar por minha causa parte me
Minha alma saiu do corpo e voltou ao ver meu avô caindo no chão, agora que o momento crítico passou e ele está fora de risco consigo respirar melhor, se tivesse acontecido o pior jamais me perdoaria, e aquela garota pagaria amargamente.Prometi que não faria nada com ela até conversamos, segundo ele, ele tem motivos para fazer o que fez e me contaria tudo, não quis o pressionar, ele teve um ataque cardíaco, foi leve, ainda assim considerado preocupante devido sua idade, o médico disse que ele não pode ter aborrecimento, estresse, nada, por esse motivo a garota está salva temporariamente, porém ela está ciente de que estou de olho nela.Ando de um lado para o outro, tentando digerir toda essa situação, meu avô com a saúde debilitada e agora essa golpista e ainda estou de mãos atadas, pois não vou contrariar meu avô, não enquanto ele estivesse com a saúde frágil.Depois da conversa que tive com a tal garota, por um momento quase acreditei naquelas lágrimas, se não conhecesse esse tipo a
Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”-