Capítulo 3 Julie

Chego na estação de São Paulo, depois de 8 horas de viagem, já são 7 da noite e me sinto extremamente cansada, porém tenho que seguir viagem amanhã já é o dia, envio uma mensagem avisando que já estou em SP.

Julie: Oi, já cheguei, para onde tenho que ir?

C: Vou te enviar o endereço.

Em pouco minutos chega a localização com endereço, como não conheço nada, chamo o Uber, ele diz que fica na periferia de São Paulo, um Bairro chamado São Mateus, a viagem é um pouco longa, custou caro, mas não ligo, durante a viagem fiz a contagem do dinheiro e separei os 10 mil do coiote, e me restaram quase 30 mil, é um bom dinheiro para se começar longe daqui.

Depois de mais de uma hora, chego no local indicado e logo avisto um homem acendo, creio eu que deva ser o homem, pois ele disse através de mensagem que estaria esperando no local.

Pago o Uber e o homem se aproxima abrindo a porta do carro para que saia.

- Oi sou Alexandro, mas pode me chamar de Alex, eu quem estava em contato com você – diz estendendo a mão, ele parece confiável.

- Oi Alex, sou Julie.

- Venha você precisa descansar que amanhã será um longo dia, tem fome?

- Sim, sai as pressas de casa e não tive tempo de comer.

- Ok, lá em cima tem alguns sanduíches, enquanto você come, lhe passo mais algumas informações importantes.

- Ok, vamos.

Começamos a subir, tipo um morro, logo chegamos a um casebre, onde há pelo menos umas vinte pessoas.

- Bom, vou aproveitar que já estão todos reunidos aqui, vou explicar como vai funcionar tudo. Vamos sair daqui amanhã cedinho, a viagem até Guadalajara leva umas 9 horas, de lá seguimos para Tijuana, vou precisar de suas documentações, para fazermos os passaportes para poderem entrar no México sem levantar suspeitas, todos vão entrar com visto de visitantes, já tem uma pessoa só aguardando as informações de todos vocês, essa mesma pessoa é quem vai liberar e lhes entrar o passaporte na fronteira, estão entendo?

- Sim – respondemos todos em unissom e Alex continua sua explicação, enquanto outro homem pega nossos documentos e o dinheiro.

- Ok, depois da fronteira, passaremos por Guadalajara, até chegarmos em Tijuana e lá ficaremos até anoitecer. Haverá 5 carros, em cada carro sairá com quatro pessoas, faremos cada carro irá para um ponto do muro, irão aguardar o momento certo para subirem as escadas e pularem o muro, do outro lado haverá outros carros já os aguardando, esse percurso dura cerca de 10 a 20 minutos, é importante ressaltar que terão que ficar em silêncio entre os arbustos e só saíram quando derem o sinal ok?

- Sim – dizemos.

Alex termina sua explicação e todos começam a comer, ele se aproxima.

- Empolgada Julie para seu recomeço – pergunta.

- Sim muito – digo ansiosa.

- Como sua família vai reagir quando souber que você está em outro país – pergunta curioso.

- Não tenho família, minha mãe morreu recentemente e não sei quem é meu pai – digo sucinta.

- Hum – diz e seu tom muda, percebo – então boa sorte – diz e se afasta pegando o celular.

A noite passa em um piscar de olhos, Alex acorda a todos ainda de madrugada, diz para arrumarmos tudo que logo sairemos, não fiz amizade com ninguém, pois depois de hoje possivelmente iriamos nos encontrar novamente, mas desejei sorte a todos, percebi que Alex não tirava os olhos de mim, porém não sabia distinguir aquele olhar.

Na porta havia uma van, não caberia todos ali.

- Julie, Cléo, Aline, virão comigo, a van já está cheia – Alex diz, então nos encaminhamos para seu carro.

Nos acomodamos as três no banco de trás e Alex e outro homem nos bancos da frente.

- Ansiosas meninas – pergunta.

- Muito – Aline e Cleo dizem, alguma coisa me dizia que tinha algo errado.

- E você Julie? – Alex pergunta e me olha através do retrovisor.

- Quero apenas chegar logo, só assim me sentirei aliviada – digo e ele anuí.

- Alguém quer coca – o outro homem oferece e abre uma garrafa de um litro.

- Quero – Cleo diz.

Ela toma e passa para Aline que bebe em seguida passando para mim que recuso.

- Toma logo garota, vamos ficar muito tempo em viagem, sabe lá Deus quando vamos tomar uma coca geladinha outra vez – argumenta, mesmo com todos os meus instintos dizendo para não beber, ainda assim o faço.

Bebo quase a metade em um gole só, e realmente estava boa, passo novamente para Cléo e ela volta a beber e Aline também.

Vejo pelo retrovisor Alex sorrindo de canto, aos poucos fico sonolenta, olho para os lados e vejo Cleo e Aline apagadas, reluto, porém não consigo, o sono é forte de mais, não consigo manter os olhos abertos.

Sequestradores – tráfico de mulheres

Alex

Porra vou ganhar um bom dinheiro com essas garotas, nem acredito que elas caíram de paraquedas em meu colo, olho pelo retrovisor e vejo as três apagadas, puta que pariu.

- E aí cara, já sabe quanto vamos ganhar com elas – pergunta Guto.

- Pelo menos uns Quinhetão, acho que a branquinha ali é virgem, ela vale mais e é a mais bonita – digo a olhando pelo retrovisor e realmente, cheguei até cogitar em ficar com ela, mais o dinheiro fala mais alto – já falei com Enzo.

- Porra é dinheiro pra caralho – diz esfregando as mãos, mal sabe ele que ele é descartável, vou me livrar assim que pegar o dinheiro.

- Colocou um sonífero forte? – pergunto.

- O suficiente pra derrubar uns 10 cavalos – diz rindo.

- É bom mesmo, que elas não despertem até estar no container.

A viagem não é muito longa, sigo direto para o galpão, Enzo já se encontra lá, ele é o responsável por embarcar as garotas.

- Cadê a mercadoria – pergunta assim que desço do carro – é bom que valha esse dinheiro todo mesmo – avisa.

O conduzo até o carro e abro a porta para que veja as meninas, lhe entrego os documentos.

- Aline 20 anos, Cleo 20 anos, Julie 19 anos, hum – as observa atentamente – ok, Carlos lhes dê a maleta – comando seu capanga – qual delas é a virgem?

- Julie – digo confiante, apesar de não ter certeza.

- Carlos pega essa e coloca no container para Amsterdã e as outras duas para San Diego – dá as ordens.

Dou uma última olhada em Julie, ela é muito linda, parece um anjo, toda pequena, branquinha, cabelos compridos castanhos escuros, corpo escultural, e o que são aqueles olhos, quase violetas, nunca havia visto olhos dessa cor.

Vejo Julie indo embora, penso em desistir de vende-la, não sei o que essa garota fez, mas ela me enfeitiçou de um jeito que nem sei ao menos explicar.

Quando saio dos meus devaneios, já é tarde, o carro já deu partida e ela se foi.

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