Estou exausto, precisando urgentemente de uma dose dupla de uísque, me espreguiço a cadeira de couro, massageio a têmpora, verifico a hora e percebo que a essa hora em NY meu avô deve estar descansado, não vou incomodá-lo a essa hora, apesar de aqui ainda ser dia, em NY deva ser altas horas da madrugada.
Esses últimos dias percebi que seu Ed estava estranho, não quis muita conversa, liguei duas vezes e não atendeu, e pior não retornou à ligação.
Depois da morte precoce de meus pais e avó, criamos um laço ainda mais forte do que já tínhamos, e sei quando tem algo acontecendo, e esse velhaco não quer abrir o jogo, mas ele que me aguarde, amanhã já estou de volta e não vou nem avisar, quero ver o que seu Ed está aprontando.
Por aqui já está tudo resolvido, o novo estaleiro está a todo vapor, saio daqui direto para o hangar onde o jato já está me esperando, tenho uma longa viagem, e tem assuntos mal resolvidos que me aguardam, estalo os dedos e faço uma ligação, não me importando se acordei a outra pessoa do outro lado da linha.
- Fala – digo ríspido.
- Senhor Bennett, já tudo certo, o pegamos na saída do aeroporto.
- Ok.
Desligo, respiro fundo esse rato pensava o que? Que iria me roubar e ficaria por isso mesmo? Não meu caro, Rui Xavier vai aprender, ele servirá de exemplo.
Depois de horas intermináveis de voo, chego em NY ainda na madrugada, decido primeiro resolver os assuntos pendentes, sigo direto para o galpão onde meu prisioneiro está.
Dirijo com sangue nos olhos, lutei muito para ser quem sou hoje, ter o respeito e temor, o nome Christoffer Bennett é conhecido em todos os lugares inclusive no submundo, lá sou o poderoso chacal, ninguém entra no meu caminho sem ser penalizado.
Chego no galpão e meus homens já estão lá, Lorenzo se aproxima ao me ver descer do carro.
- Chacal foi por pouco, quase não o pegamos – explica.
- Para sua sorte e azar dele – aviso.
Adentro o grande galpão, meu lugar favorito no mundo, é nesse lugar que extravaso, em uma sala escura vejo Rui amarrado em uma cadeira, ele sabe o que lhe espera.
- O que descobriu – pergunto a Lorenzo.
- Cara, ele não abriu a boca, mas o que eu apurei, ele está a mando de Enzo – ergo uma sobrancelha, e Lorenzo confirma – é isso mesmo, Enzo, ele cruzou as fronteiras.
- Ele sabe que todo esse território é meu, aqui ninguém entra sem pedir minha autorização – indago.
- Descobri quais os planos dele, ainda tem alguém infiltrado?
- Sim.
Lorenzo sai, fico observando o homem a minha frente pelo vidro, agora é a hora dele conhecer quem é chacal.
- Ora, ora, o rato foi pego – puxo a cadeira e sento-me bem a sua frente, ele ergue a cabeça e sorrir sem dentes – vai abrir essa boca de merda ou precisa de mais alguns carinhos, só que dessa vez serei eu a fazer – aviso e me encosto na cadeira, aguardando sua resposta.
- Você não é nada seu merda, é só um palhaço brincando de gangster – se esforça a falar e acaba cuspindo sangue.
- Rui, meu caro Rui, estou te dando uma chance, se não falar por bem, vai ser por mal – aviso mais uma vez – então de quem partiu a ordem?
- Vai a merda Chacal – cospe.
- Ok, então vai ser do jeito divertido – o informo.
Estalo os dedos e dois dos meus homens entram e o levam, ele se debate, pois conhece bem meus métodos de tortura. Depois de 4 horas finalmente Rui abre a boca e como já suspeitava Enzo está por trás do roubo.
- Obrigado pela conversa proveitosa que tivemos Rui – digo limpando o alicate sujo de sangue que usei para tirar todos os seus dentes – Damon limpa essa sujeira e j**a ele na porta de Enzo – dou a ordem.
- Sim chefe.
Saio do galpão, não sem antes tomar um banho e trocar de roupas, o dia já amanheceu, olho para o relógio e constato que a essa hora meu avô já está de pé, algo me diz que esse velho aprontou algo, pego o celular e ligo para ele, que atende no primeiro toque.
- Bom dia meu neto querido – diz risonho.
- Sou seu único neto, obvio que sou querido – brinco com ele – daqui a pouco chego em casa, avisa a Li que estou morto de fome – meu avô cai na gargalhada.
- E quando você não está garoto, vem logo estou te esperando – diz e desliga na minha cara.
Ah esse velho, se ele não fosse minha vida inteira, já tinha lhe dado uma lição por ser tão malcriado, penso sorrindo, Edie Bennett foi e é tudo para mim, se não fosse por ele, nem sei se estaria vivo, depois que perdi meus pais, fiquei meio perdido por um tempo, por um longo tempo, mas me fez ser quem sou hoje, apesar dele achar que me afastei dos maus hábitos e companhias, a verdade é que nunca deixei, porém deixo-o pensar que sim, assim como sou dedicado nas empresas do meu avô, também mantenho minha organização em pleno vapor, vendo o melhor êxtase do país, entre outras coisas, não me tornei bilionário apenas triplicando o negocio da família, meu avô é conhecido como o rei dos diamantes e eu seu sucessor, mas também tem meu lado sombrio “ O Chacal”.
Chego em casa, observo a grande mansão onde nasci e fui criando, primeiro pelo meus pais, depois pelo meu avô, propriedade muito grande para apenas duas pessoas, no entanto o velho Ed jamais deixaria isso.
Ao entrar ouço risadas, meu avô claro, Livia e? uma outra desconhecida, entro na sala de estar sem fazer barulho e observo as três pessoas a mesa. Meu avô sorrir escandalosamente de algo que a garota sentada ao seu lado disse e Livia vai no mesmo ritmo, eles conversam e a todo momento vovô toca sua mão, me encosto no batente da porta para que minha presença seja percebida, Livia é a primeira que me vê.
- Até que enfim chegou garoto – diz já se levantando e vindo me abraçar – pelo jeito só comeu besteira – aperta meus braços, mas meus olhos caem na garota ao lado do meu avô, puta merda ela parece um anjo, linda demais – venha, vamos tomar café da manhã – me puxa para a mesa.
Paro ao lado do meu avô e beijo sua testa com ternura, mas sem desgrudar os olhos da garota.
- Que saudade meu neto – diz me abraçando.
- Também vô, me conta as novidades – digo com os olhos na garota ainda, meu avô percebe.
- Primeiro, antes de qualquer coisa deixa te apresentar Julie, minha esposa – como é que é?
- Tá louco – digo me levantando de supetão – como assim esposa vô, vai cair em golpe depois de velho? – grito.
- CHRISTOFFER – meu avô se enfurece.
- Não tem essa de Christoffer vô, como o você se casa com uma garotinha? Olha para essa garota, acha mesmo que é amor o que ela sente? Isso é uma interesseira de quinta, não, não e não velho Bennett, você não vai se casar com essa mulher – bato o martelo, jamais que vou deixar meu avô cair em um golpe desses.
- CALA ESSA BOCA GAROTO – esbravejo, olho para a garota, ela chora em silêncio, isso não me comove – quem disse que estou pedido sua permissão? Julie já é minha esposa você querendo ou não, e exijo respeito entendeu Christoffer – decreta, como assim já é esposa?
Olho mais uma vez para a garota de cabeça baixa e para meu avô que me desafia com os olhos.
- Garoto teimoso – ouço dizer quando estou saindo da sala – calma Julie, não leve em consideração o que esse menino insolente disse.
- Não queria causar problemas para você, para vocês - a ouço dizer, tenho vontade de voltar e arrastá-la para fora dessa casa, esse papinho doce só caem esses dois.
Subo as escadas a passos largos, não acredito na merda que meu avô está fazendo, será que ele já está gaga, passo a mão pelo meu rosto e respiro fundo, procuro pelo celular no bolso e decido ligar para Ernest o advogado da família e avisar que quero conversar com, mas penso melhor, ele iria avisa meu avô, vou pega-lo de surpresa, pego carteira, celular e chave do carro e saio vou direto na fonte.
Em pouco minutos chego ao escritório de Ernest, ele estava com um cliente quando entro em sua sala o interrompendo.
- Chris?
- Dispensa, preciso falar com você e agora – Ele olha para a pessoa a sua frente e pede para marcar outra hora – que história é essa de casamento? – pergunto de uma vez.
O vejo engolir em seco e desvia o olhar para seu telefone.
- Nem pense em avisar a meu avô que estou aqui, anda abre logo essa boca – digo me sentando a sua frente.
- Não sei de muita coisa, Edie apenas pediu para fazer o contrato de casamento.
- E o que dizia nesse contrato.
- Eles se casaram em total comunhão de bens – diz e me olha cauteloso.
- Total comunhão de bens? – pergunto mais para mim mesmo.
- Sim, 50% dos bens de Edie passa a ser dela, tudo.
Apenas me levanto e saio sem dizer uma palavra, o que meu avô fez? Caiu no golpe. Dirijo rumo de casa meu avô terá que explicar isso direitinho.
Edie Bennett foi minha salvação, o julguei mal a princípio, achando que ele seria tão ruim quanto os homens que desgraçaram minha vida, no entanto não, ele na verdade salvou minha vida e estar sendo o pai que nunca tive, e o que falar de Livia, não tenho palavras para descrever o sentimento que nasceu em meu coração por essas duas pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho, já não posso falar o mesmo sobre o tal Chris, oh cara do mal, apesar de lindo.Ele me julgou sem antes conhecer os fatos, me chamando de golpista e o escambau, mas já estava bem ciente do que aconteceria quando ele soubesse sobre mim, Ed disse que seu neto tinha um temperamento difícil, todavia isso não o dá o direito de me xingar aos quatros ventos.Depois de toda aquela discussão a mesa, o mal-encarado saiu feito furacão, sinto mal por Ed.- Desculpa senhor, não queria lhe causar esse transtorno, me desculpa de verdade – realmente me sinto mal, Ed ama o neto e ver os dois brigar por minha causa parte me
Minha alma saiu do corpo e voltou ao ver meu avô caindo no chão, agora que o momento crítico passou e ele está fora de risco consigo respirar melhor, se tivesse acontecido o pior jamais me perdoaria, e aquela garota pagaria amargamente.Prometi que não faria nada com ela até conversamos, segundo ele, ele tem motivos para fazer o que fez e me contaria tudo, não quis o pressionar, ele teve um ataque cardíaco, foi leve, ainda assim considerado preocupante devido sua idade, o médico disse que ele não pode ter aborrecimento, estresse, nada, por esse motivo a garota está salva temporariamente, porém ela está ciente de que estou de olho nela.Ando de um lado para o outro, tentando digerir toda essa situação, meu avô com a saúde debilitada e agora essa golpista e ainda estou de mãos atadas, pois não vou contrariar meu avô, não enquanto ele estivesse com a saúde frágil.Depois da conversa que tive com a tal garota, por um momento quase acreditei naquelas lágrimas, se não conhecesse esse tipo a
Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”-
“É uma promessa” Julie não quis falar sobre quem a machucou tanto, respiro ruidosamente, a ideia em si é perturbadora, seu corpo está muito machucado, e posso afirmar que esses machucados são recentes, cerro os dentes, eu sei que não sou uma pessoa boa, mas nunca machuquei um inocente, todos que passaram pela minha mão eram pessoas tão ruim quanto eu, a aperto sem querer em meus braços e ela geme dolorosamente em meio ao sono pesado.Devagar verifico sua lateral, percebo que ela tem costelas quebradas, puta que pariu, quem diabos seria capaz de fazer algo com assim? Levanto-me devagar, estou furioso demais para ficar aqui velando seu sono, preciso de uma dose dupla de uísque.Julie se remexe quando me levanto deixando sozinha, porém não acorda, mas resmunga algo, a observo por mais alguns minutos antes de tomar o rumo do escritório, preciso ter uma conversa séria com seu Edie Bennett, ele terá que me explicar direitinho como essa garota chegou até ele.Depois de três copos, subo para
“Porque Deus minha vida tinha que ser tão complicada, por que tenho que passar por tantas privações? Eu devo ter ligação direta na linhagem de judas ou fui um fariseu e atirei pedra na cruz” única explicação plausível que encontro para tudo o que passei e continuo passando.Tenho certeza de que Christoffer vai me enquadrar, seu olhar ao sair dizia tudo, que não tenho escolha, ou conto ou conto, sem mais.Vejo Livia tentando entender o que se passou agora, antes dela perguntar esclareço.- Ontem a noite tive um pesadelo, febre e calafrios, não percebi que estava chorando acordar e dá de cara com Christoffer em meu quarto, ele me ajudou.- Ajudou?- Sim ajudou – indago.- Hum – franze a sobrancelha.- Ele viu minhas marcas e questionou, mas não tive coragem de contar.- Ah minha menina – se compadece – vai contar a ele?- Ainda não sei se confio nele, ele tem algo que me dá medo – exponho o que realmente sinto em relação ao homem de áurea sombria, mas lindo de doer os olhos.“Para de lo
O que essa maluca está fazendo aqui? Sabrina é meu pesadelo, essa garota é doidinha de pedra, olho para meu avô com um pedido silencioso de desculpa pois ela não suporta Sabrina, já havia proibido a entrada dela, mas ardilosa como é, sempre consigo entrar.- Qual é o teu problema? – a safada sorrir tentando se aproximar, dou apenas uma olhada.- Calma gatinho, estava com saudade, já que nunca mais me procurou decidir vir.- Se não te procurei é porque não quis te ver – vejo que a magoei, porém não me importo – vai embora e não volta aqui entendeu – digo me aproximando, ela engole em seco.- Chris... – tenta me abraçar.- Não tem Chris Sabrina, existe nós, o que tivemos foi um lance, não te prometi flores ou casamento, achei que tinha deixado claro e você entendido.- MAS EU ME APAIXONEI TÁ LEGAL – grita, não acredito em uma palavra conheço mulheres como Sabrina – é aquela garota, não é? – pergunta com lágrimas nos olhos.- Não, agora vaza daqui e não volta mais.Determino, ela reluta,
Não tive escolha a ser contar a Christoffer, ele não iria me deixar em paz, porém não estava preparada para sua reação, ele simplesmente se levantou e foi embora, será que ele ficou com nojo de mim? Se for isso que o fez sair correndo me quebro de vez. Passo o restante da madrugada acordada, não consigo dormir, só que desta vez o móvito não são medo dos pesadelos e sim o que Christoffer deve estar pensando sobre mim, não que me importe com o que as pessoas pensam sobre mim, mas... Estou sem fome, não quero contagiar o bom humor de Edie logo pela manhã, sinto uma tristeza tão grande e a única coisa que quero nesse momento é dormir. Durmo por pelo menos a metade do dia, graças a Deus ninguém veio me ver, ainda na cama olhando para teto cogitando a ideia de ir embora, ideia muito estupida, diga-se de passagem, pois não tenho ideia para onde ir e o que irá acontecer caso rede o pé daqui. Respiro fundo criando coragem para levantar e descer, não sei se Christoffer está em casa, não o en
Estou com sede de sangue, minha vontade é esmagar o primeiro que aparecer a minha frente, eu já sabia que Enzo era um verme desgraçado, mas tráfico de pessoas, escravas sexuais? Não, não consigo se imaginar as atrocidades que ele e os capangas fizeram com Julie, aperto minhas mãos em punho.- Filho da puta – dou um soco na parede, meus dedos sangram, mas pouco me importo.Meu dia foi uma merda, tive reuniões importantes pela manhã e sinceramente não ouvi nada do que disseram, então para não fazer merda no trabalho, decido encerrar o expediente, não aviso ninguém que estou saída, ser o dono da porra deve valer de alguma coisa.Ainda no estacionamento seguro o cigarro entre os dedos, cogitando acendê-lo, prometi ao meu avô que iria parar com essa merda, mas porra é foda! - Perdão velho Edie – peço e acendo o cigarro, no primeiro trago minhas forças se renovam.Dirijo direto para o galpão, Lorenzo tem novidades, durante o trajeto de pouco mais de 15 minutos já fumei 3 cigarros sem culpa