Minha alma saiu do corpo e voltou ao ver meu avô caindo no chão, agora que o momento crítico passou e ele está fora de risco consigo respirar melhor, se tivesse acontecido o pior jamais me perdoaria, e aquela garota pagaria amargamente.
Prometi que não faria nada com ela até conversamos, segundo ele, ele tem motivos para fazer o que fez e me contaria tudo, não quis o pressionar, ele teve um ataque cardíaco, foi leve, ainda assim considerado preocupante devido sua idade, o médico disse que ele não pode ter aborrecimento, estresse, nada, por esse motivo a garota está salva temporariamente, porém ela está ciente de que estou de olho nela.
Ando de um lado para o outro, tentando digerir toda essa situação, meu avô com a saúde debilitada e agora essa golpista e ainda estou de mãos atadas, pois não vou contrariar meu avô, não enquanto ele estivesse com a saúde frágil.
Depois da conversa que tive com a tal garota, por um momento quase acreditei naquelas lágrimas, se não conhecesse esse tipo até me enganaria assim como fez com o velho Bennett.
Preciso relaxar, esse assunto me deixou muito estressado, me dispo e lanço as roupas sujas no cesto, nu sigo para o banho, ligo o chuveiro permitindo que a água quente leve todo o estresse e cansaço, tomo um longo banho, passo a mão pela barba espessa que já precisa ser aparada, logo aquele olhar diferente me vem na cabeça, mais de perto pude prestar atenção, nunca havia visto olhos daquela cor, violeta, olhar triste, poderia até dizer assustados, balanço a cabeça em negação, “para cara ela é uma golpista” lembro-me, termino meu banho, passo loção e me deito.
Verifico o celular, tem apenas uma mensagem de Lorenzo avisando que o assunto Rui foi finalizado, respondo com um ok. Meu dia hoje começou cedo, meu corpo pedi descanso, fico olhando para o teto com os pensamentos a mil até finalmente o sono me pegar.
Sempre tive o sono leve, acordo ouvindo murmúrios, ouço um choro baixo, levanto-me e vou em busca de onde está vindo o choro, saio no corredor escuro e mais uma vez o choro, e está vindo do quarto ao lado, giro a maçaneta e entro devagarinho, chego mais perto e a garota está em meio a um pesadelo, ela se debate e murmura coisas desconexas.
- Não, por favor – murmura – não me machuca mais, para tá doendo – murmura outra vez e chora.
Como assim? Alguém machucou essa garota, ela continua chorando baixinho, não sei o que mais algo dentro de mim muda, diria até algo primitivo, posse, quem diabos faria mal a uma garota franzina?
Me aproximo, toco sua testa e ela está quente, não uma quentura normal, ela está queimando de febre, e agora o que faço, devo acordá-la? Afasto os cabelos que grudaram em sua testa, ela transpira muito.
- Ei garota acorda – tento acordá-la – vamos acorde – ela enfim desperta abrindo aqueles olhos de corça – venha você precisa tomar um banho para baixar sua temperatura – digo a levantando, não estou me reconhecendo, até algumas horas atrás queria torcer o pescoço dessa garota, agora estou aqui ajudando-a.
A levanto devagar, ela em nenhum momento fala ou me olha, a deixo encostada no balcão enquanto encho a banheira, a olho e a vejo tremer, ela tenta se segurar, o que essa garota tem, poderia chamar Livia e me livrar desse problema, mas não consigo.
- Venha – peço, ela me obedece – posso? – pergunto ao tocar a barra de sua camisola, ela anui.
Tiro sua camisola a deixando apenas de calcinha e puta que pariu, tento não olhar, mas é impossível, ela tem tantas marcas ainda roxeadas, cicatrizes de cortes, ela abaixa a cabeça.
- Quem fez isso com você menina? – indago, ela ainda está de cabeça baixa, levando sua cabeça com o dedo para que ela possa olhar para mim – quem fez isso? – pergunto novamente.
Ela deixa uma lágrima cair e a enxugo com o dedo, ela treme, agora só não sei se é da febre, decido não empurrar muito, a ajudo a entrar na banheira, ela solta um gemido de dor quando sua pele encontra a água gélida.
Ela não diz uma palavra, apenas me deixa cuidá-la.
- Já volto – digo me levantando e indo pegar um roupão.
Caralho, mais que merda é essa? O que essa garota passou? De uma coisa agora tenho certeza, vou descobrir quem fez isso, e essa pessoa vai pagar.
Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”-
“É uma promessa” Julie não quis falar sobre quem a machucou tanto, respiro ruidosamente, a ideia em si é perturbadora, seu corpo está muito machucado, e posso afirmar que esses machucados são recentes, cerro os dentes, eu sei que não sou uma pessoa boa, mas nunca machuquei um inocente, todos que passaram pela minha mão eram pessoas tão ruim quanto eu, a aperto sem querer em meus braços e ela geme dolorosamente em meio ao sono pesado.Devagar verifico sua lateral, percebo que ela tem costelas quebradas, puta que pariu, quem diabos seria capaz de fazer algo com assim? Levanto-me devagar, estou furioso demais para ficar aqui velando seu sono, preciso de uma dose dupla de uísque.Julie se remexe quando me levanto deixando sozinha, porém não acorda, mas resmunga algo, a observo por mais alguns minutos antes de tomar o rumo do escritório, preciso ter uma conversa séria com seu Edie Bennett, ele terá que me explicar direitinho como essa garota chegou até ele.Depois de três copos, subo para
“Porque Deus minha vida tinha que ser tão complicada, por que tenho que passar por tantas privações? Eu devo ter ligação direta na linhagem de judas ou fui um fariseu e atirei pedra na cruz” única explicação plausível que encontro para tudo o que passei e continuo passando.Tenho certeza de que Christoffer vai me enquadrar, seu olhar ao sair dizia tudo, que não tenho escolha, ou conto ou conto, sem mais.Vejo Livia tentando entender o que se passou agora, antes dela perguntar esclareço.- Ontem a noite tive um pesadelo, febre e calafrios, não percebi que estava chorando acordar e dá de cara com Christoffer em meu quarto, ele me ajudou.- Ajudou?- Sim ajudou – indago.- Hum – franze a sobrancelha.- Ele viu minhas marcas e questionou, mas não tive coragem de contar.- Ah minha menina – se compadece – vai contar a ele?- Ainda não sei se confio nele, ele tem algo que me dá medo – exponho o que realmente sinto em relação ao homem de áurea sombria, mas lindo de doer os olhos.“Para de lo
O que essa maluca está fazendo aqui? Sabrina é meu pesadelo, essa garota é doidinha de pedra, olho para meu avô com um pedido silencioso de desculpa pois ela não suporta Sabrina, já havia proibido a entrada dela, mas ardilosa como é, sempre consigo entrar.- Qual é o teu problema? – a safada sorrir tentando se aproximar, dou apenas uma olhada.- Calma gatinho, estava com saudade, já que nunca mais me procurou decidir vir.- Se não te procurei é porque não quis te ver – vejo que a magoei, porém não me importo – vai embora e não volta aqui entendeu – digo me aproximando, ela engole em seco.- Chris... – tenta me abraçar.- Não tem Chris Sabrina, existe nós, o que tivemos foi um lance, não te prometi flores ou casamento, achei que tinha deixado claro e você entendido.- MAS EU ME APAIXONEI TÁ LEGAL – grita, não acredito em uma palavra conheço mulheres como Sabrina – é aquela garota, não é? – pergunta com lágrimas nos olhos.- Não, agora vaza daqui e não volta mais.Determino, ela reluta,
Não tive escolha a ser contar a Christoffer, ele não iria me deixar em paz, porém não estava preparada para sua reação, ele simplesmente se levantou e foi embora, será que ele ficou com nojo de mim? Se for isso que o fez sair correndo me quebro de vez. Passo o restante da madrugada acordada, não consigo dormir, só que desta vez o móvito não são medo dos pesadelos e sim o que Christoffer deve estar pensando sobre mim, não que me importe com o que as pessoas pensam sobre mim, mas... Estou sem fome, não quero contagiar o bom humor de Edie logo pela manhã, sinto uma tristeza tão grande e a única coisa que quero nesse momento é dormir. Durmo por pelo menos a metade do dia, graças a Deus ninguém veio me ver, ainda na cama olhando para teto cogitando a ideia de ir embora, ideia muito estupida, diga-se de passagem, pois não tenho ideia para onde ir e o que irá acontecer caso rede o pé daqui. Respiro fundo criando coragem para levantar e descer, não sei se Christoffer está em casa, não o en
Estou com sede de sangue, minha vontade é esmagar o primeiro que aparecer a minha frente, eu já sabia que Enzo era um verme desgraçado, mas tráfico de pessoas, escravas sexuais? Não, não consigo se imaginar as atrocidades que ele e os capangas fizeram com Julie, aperto minhas mãos em punho.- Filho da puta – dou um soco na parede, meus dedos sangram, mas pouco me importo.Meu dia foi uma merda, tive reuniões importantes pela manhã e sinceramente não ouvi nada do que disseram, então para não fazer merda no trabalho, decido encerrar o expediente, não aviso ninguém que estou saída, ser o dono da porra deve valer de alguma coisa.Ainda no estacionamento seguro o cigarro entre os dedos, cogitando acendê-lo, prometi ao meu avô que iria parar com essa merda, mas porra é foda! - Perdão velho Edie – peço e acendo o cigarro, no primeiro trago minhas forças se renovam.Dirijo direto para o galpão, Lorenzo tem novidades, durante o trajeto de pouco mais de 15 minutos já fumei 3 cigarros sem culpa
JulieEstamos aguardando os resultados dos exames, fui medicada e as dores simplesmente evaporaram feito fumaça, e Christoffer cumpriu com sua promessa, ele não saiu do meu lado em nenhum momento, ainda não me sinto segura, a todo momento imagino aquele homem entrando aqui e me levando.- O que foi estar se sentindo mal? – olho para Christoffer tentando entender o motivo da pergunta – ela olha para minhas mãos apertando fortemente seu braço.- Oh, desculpe – peço sem jeito.- Está se sentindo mal? – volta perguntar.- Não, estou bem, já não sinto mais dor, nem o desconforto ao respirar – esclareço.- Está com medo? – será que sou tão transparente assim.- Nããããooo – gaguejo.- Eu prometi, não prometi? – pergunta olhando nos meus olhos.- Sim – abaixo a cabeça fugindo de seus olhos e ele levanta para que possa olhá-lo.- Nada vai acontecer, nada mesmo, confia em mim? – tudo nesse homem grita perigo, mas ainda assim sinto que posso confiar nele – assinto – palavras Julie.- Confio – dig
Grávida... Julie está grávida! O desespero é claro, ela não quer o bebê e nem é obrigada a tê-lo, essa criança é fruto de estrupo coletivo, ela jamais saberá quem é pai, não a julgo por não querer continuar com a gestação. Esse médico já me deu nos nervos, ele não sabe da missa a metade, não tem ideia de como essa criança foi gerada, depois de sair deixando seu julgamento deixo Julie descansando, ela estava muito nervosa e pedir que dessem algo para acalmá-la e vou atras do médico, o encontro no seu consultório, entro sem bater fazendo o se assustar. - Escuta bem o que vou falar, por que não vou repetir – os olhos do médico se arregalam – aquela garota lá dentro tem todo o direito de não ter essa criança se ela não quiser – o médico me corta. - Ela vai tirar a vida de um ser inocente apenas por que não quer ser mãe? – devolve e minha vontade é de socar sua cara. - Essa criança é fruto de estrupo, e o pior coletivo, você sabe esses machucados? Ela foi espancada porque lutou, ela fo