Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.
“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.
- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”
- Ei garota acorda – sinto uma batidinha no meu rosto, mas sinto meus olhos muito pesados – Vamos acorde – chama mais uma vez, tento forçar meus olhos abrirem, e quando o faço, olhos cinzentos estão bem próximos a mim.
- Venha você precisa tomar um banho para baixar sua temperatura – Christoffer fala e sinto que estou suando frio.
Ele comanda e obedeço, ajuda a levantar-me e me leva para o banheiro, em nenhum momento o olho ou falo com ele, o vejo encher a banheira, meu Deus será que ele não vai sair, não quero que me veja sem roupas, quando terminar de encher ele se aproxima.
- Venha – pede.
Como não me mexo ele se aproxima mais, começo a tremer descontroladamente.
- Posso? – pergunta ao tocar na barra da minha camisola, concordo com a cabeça, então ele tira a camisola me deixando apenas de calcinha, não consigo levantar a cabeça, pois agora sei que ele está olhando as marcas no meu corpo, deixo uma lágrima cair, não queria que sentisse pena de mim, não queria que ninguém nunca vissem essas marcas.
- Quem fez isso com você menina? – não o respondo, apenas continuo com a cabeça baixa, então me faz olhá-lo – quem fez isso com você? – pergunta novamente, apenas para deixar outra lágrima cair.
Ele percebe que não irei responder, e decide não me pressionar, agradeço a Deus por isso, Christoffer me ajuda a entrar na banheira, a água está muito gelada, tremo ainda mais quando meu corpo submerge na água.
Não sei exatamente o que está acontecendo aqui, até horas atrás ele me odiava, o que mudou e por que está me ajudando? Não pergunto por que também não quero que me faça perguntas, não me sinto confortável em contar a ele minha história.
- Já volto – diz indo a algum lugar, segundos depois volta com um roupão – levanta-se devagar, sente algo? – pergunta genuinamente preocupado, de alguma forma isso me toca.
- Não – respondo sucinta.
Assente e me ajuda sair, sinto vergonha pois estou com quase nua.
- Estou com frio – digo com o queixo batendo.
- Coloque isso – ele me passa o roupão, o coloco, em seguida retiro a calcinha molhada e deixo no cesto, lavarei amanhã quando estiver melhor, Christoffer me guia até a cama – já volto – diz novamente saindo do quarto.
Levanto-me devagar, preciso colocar uma roupa, caminho a passos lentos, me sinto tonta, ando praticamente me escorando nos móveis, procuro por outra camisola e uma calcinha, a camisola foi fácil, mas a calcinha, meu corpo dói, tento abaixar para colocá-la e não consigo pois sinto uma dor dilacerante nas costelas.
- Merda, merda, merda – xingo chorando.
- Deixa ajudá-la – ouço aquela voz rouca.
- Não precisa – digo.
- Calma – pede – vejo que não consegue sozinha.
Então Christoffer Bennett faz o impensado, se ajoelha a minha frente, toma a calcinha da minha mão e me veste lentamente, sem tirar os olhos do meu, seus dedos percorre cada centímetro de pele exposta, meus pelos eriçam e ele percebe, minha bochecha queima, minha respiração fica irregular. Ao terminar seu trabalho ele segura minha cintura e encosta sua cabeça em minha barriga.
Minhas mãos ganham vida própria, seus cabelos são tão macios, quase aveludados, acaricio e sinto sua respiração quente.
- Quem fez isso com você? – pergunta agora num tom mais sério, minhas mãos param, tento me afastar, mas ele se levanta – por que não quer falar – inquiri.
Apenas me viro indo para a cama, sinto que me segue, em cima da mesinha a um copo com água e um comprido, o pego e tomo, sento-me e ele também.
- Tenho a noite inteira, sei ter paciência – diz cínico.
Respiro fundo, sei que não tenho alternativas, ou falo por bem ou ele me fará falar de qualquer jeito, apesar de sentir que ele não é tão ruim quanto parece, ainda assim não sei se devo confiar, Ed diz que seu neto tem um mal gênio, vi isso com meus próprios olhos mais cedo, tive medo, muito medo na verdade, mas se ele realmente me quisesse fazer mal, não teria me ajudado agora.
Ficamos nos encarando, o observo melhor, Christoffer Bennett é um homem lindo, extremamente lindo, desse bad boys, estilo menino mal, cara fechada, olhar sério, tatuado, barba grande combinando perfeitamente com seus cabelos avermelhados bem escuros, olhos cinzentos frios, tudo nele é bonito.
- Já passou – digo torcendo os dedos.
- Não, não passou – diz entredentes.
Me assusto e arregalo os olhos, como assim não passou? Ele percebe que me amedrontei.
- Calma, o que quis dizer é que quem fez isso com você precisa pagar – explica-se.
- Não Christoffer, essas pessoas são perigosas – digo já chorando, mas agora é puro medo – eles não podem, não – digo olhando para os lados.
- Ei shiu – em um pulo Christoffer está ao meu lado me abraçando – calma, ok, calma.
Dou um leve balançar de cabeça, não consigo parar de chorar, só de lembrar tudo o que passei, de quantas vezes implorei para morrer, quantas vezes quis fechar os olhos e nunca mais acordar, essas lembranças me abalam demais, nem sei por quanto tempo choro e Christoffer me acalentando, lembro-me apenas de ouvir.
- Nunca mais você será machucada, agora você está segura, é uma promessa.
Enfim adormeço com aquelas palavras, é uma promessa.
“É uma promessa” Julie não quis falar sobre quem a machucou tanto, respiro ruidosamente, a ideia em si é perturbadora, seu corpo está muito machucado, e posso afirmar que esses machucados são recentes, cerro os dentes, eu sei que não sou uma pessoa boa, mas nunca machuquei um inocente, todos que passaram pela minha mão eram pessoas tão ruim quanto eu, a aperto sem querer em meus braços e ela geme dolorosamente em meio ao sono pesado.Devagar verifico sua lateral, percebo que ela tem costelas quebradas, puta que pariu, quem diabos seria capaz de fazer algo com assim? Levanto-me devagar, estou furioso demais para ficar aqui velando seu sono, preciso de uma dose dupla de uísque.Julie se remexe quando me levanto deixando sozinha, porém não acorda, mas resmunga algo, a observo por mais alguns minutos antes de tomar o rumo do escritório, preciso ter uma conversa séria com seu Edie Bennett, ele terá que me explicar direitinho como essa garota chegou até ele.Depois de três copos, subo para
“Porque Deus minha vida tinha que ser tão complicada, por que tenho que passar por tantas privações? Eu devo ter ligação direta na linhagem de judas ou fui um fariseu e atirei pedra na cruz” única explicação plausível que encontro para tudo o que passei e continuo passando.Tenho certeza de que Christoffer vai me enquadrar, seu olhar ao sair dizia tudo, que não tenho escolha, ou conto ou conto, sem mais.Vejo Livia tentando entender o que se passou agora, antes dela perguntar esclareço.- Ontem a noite tive um pesadelo, febre e calafrios, não percebi que estava chorando acordar e dá de cara com Christoffer em meu quarto, ele me ajudou.- Ajudou?- Sim ajudou – indago.- Hum – franze a sobrancelha.- Ele viu minhas marcas e questionou, mas não tive coragem de contar.- Ah minha menina – se compadece – vai contar a ele?- Ainda não sei se confio nele, ele tem algo que me dá medo – exponho o que realmente sinto em relação ao homem de áurea sombria, mas lindo de doer os olhos.“Para de lo
O que essa maluca está fazendo aqui? Sabrina é meu pesadelo, essa garota é doidinha de pedra, olho para meu avô com um pedido silencioso de desculpa pois ela não suporta Sabrina, já havia proibido a entrada dela, mas ardilosa como é, sempre consigo entrar.- Qual é o teu problema? – a safada sorrir tentando se aproximar, dou apenas uma olhada.- Calma gatinho, estava com saudade, já que nunca mais me procurou decidir vir.- Se não te procurei é porque não quis te ver – vejo que a magoei, porém não me importo – vai embora e não volta aqui entendeu – digo me aproximando, ela engole em seco.- Chris... – tenta me abraçar.- Não tem Chris Sabrina, existe nós, o que tivemos foi um lance, não te prometi flores ou casamento, achei que tinha deixado claro e você entendido.- MAS EU ME APAIXONEI TÁ LEGAL – grita, não acredito em uma palavra conheço mulheres como Sabrina – é aquela garota, não é? – pergunta com lágrimas nos olhos.- Não, agora vaza daqui e não volta mais.Determino, ela reluta,
Não tive escolha a ser contar a Christoffer, ele não iria me deixar em paz, porém não estava preparada para sua reação, ele simplesmente se levantou e foi embora, será que ele ficou com nojo de mim? Se for isso que o fez sair correndo me quebro de vez. Passo o restante da madrugada acordada, não consigo dormir, só que desta vez o móvito não são medo dos pesadelos e sim o que Christoffer deve estar pensando sobre mim, não que me importe com o que as pessoas pensam sobre mim, mas... Estou sem fome, não quero contagiar o bom humor de Edie logo pela manhã, sinto uma tristeza tão grande e a única coisa que quero nesse momento é dormir. Durmo por pelo menos a metade do dia, graças a Deus ninguém veio me ver, ainda na cama olhando para teto cogitando a ideia de ir embora, ideia muito estupida, diga-se de passagem, pois não tenho ideia para onde ir e o que irá acontecer caso rede o pé daqui. Respiro fundo criando coragem para levantar e descer, não sei se Christoffer está em casa, não o en
Estou com sede de sangue, minha vontade é esmagar o primeiro que aparecer a minha frente, eu já sabia que Enzo era um verme desgraçado, mas tráfico de pessoas, escravas sexuais? Não, não consigo se imaginar as atrocidades que ele e os capangas fizeram com Julie, aperto minhas mãos em punho.- Filho da puta – dou um soco na parede, meus dedos sangram, mas pouco me importo.Meu dia foi uma merda, tive reuniões importantes pela manhã e sinceramente não ouvi nada do que disseram, então para não fazer merda no trabalho, decido encerrar o expediente, não aviso ninguém que estou saída, ser o dono da porra deve valer de alguma coisa.Ainda no estacionamento seguro o cigarro entre os dedos, cogitando acendê-lo, prometi ao meu avô que iria parar com essa merda, mas porra é foda! - Perdão velho Edie – peço e acendo o cigarro, no primeiro trago minhas forças se renovam.Dirijo direto para o galpão, Lorenzo tem novidades, durante o trajeto de pouco mais de 15 minutos já fumei 3 cigarros sem culpa
JulieEstamos aguardando os resultados dos exames, fui medicada e as dores simplesmente evaporaram feito fumaça, e Christoffer cumpriu com sua promessa, ele não saiu do meu lado em nenhum momento, ainda não me sinto segura, a todo momento imagino aquele homem entrando aqui e me levando.- O que foi estar se sentindo mal? – olho para Christoffer tentando entender o motivo da pergunta – ela olha para minhas mãos apertando fortemente seu braço.- Oh, desculpe – peço sem jeito.- Está se sentindo mal? – volta perguntar.- Não, estou bem, já não sinto mais dor, nem o desconforto ao respirar – esclareço.- Está com medo? – será que sou tão transparente assim.- Nããããooo – gaguejo.- Eu prometi, não prometi? – pergunta olhando nos meus olhos.- Sim – abaixo a cabeça fugindo de seus olhos e ele levanta para que possa olhá-lo.- Nada vai acontecer, nada mesmo, confia em mim? – tudo nesse homem grita perigo, mas ainda assim sinto que posso confiar nele – assinto – palavras Julie.- Confio – dig
Grávida... Julie está grávida! O desespero é claro, ela não quer o bebê e nem é obrigada a tê-lo, essa criança é fruto de estrupo coletivo, ela jamais saberá quem é pai, não a julgo por não querer continuar com a gestação. Esse médico já me deu nos nervos, ele não sabe da missa a metade, não tem ideia de como essa criança foi gerada, depois de sair deixando seu julgamento deixo Julie descansando, ela estava muito nervosa e pedir que dessem algo para acalmá-la e vou atras do médico, o encontro no seu consultório, entro sem bater fazendo o se assustar. - Escuta bem o que vou falar, por que não vou repetir – os olhos do médico se arregalam – aquela garota lá dentro tem todo o direito de não ter essa criança se ela não quiser – o médico me corta. - Ela vai tirar a vida de um ser inocente apenas por que não quer ser mãe? – devolve e minha vontade é de socar sua cara. - Essa criança é fruto de estrupo, e o pior coletivo, você sabe esses machucados? Ela foi espancada porque lutou, ela fo
“Jesus do céu”, minha cabeça está um emaranhado de pensamentos contraditórios posso até afirmar que é surreal, ainda mais cedo tive outro dos muitos pesadelos que tenho todas as noites, mas esse foi diferente, tinha um bebê e aquele homem asqueroso queria tirá-lo de mim, Chris me acordou daquele pesadelo horroroso, e aquele sentimento ruim ainda estava me atormentando, com todo cuidado Chris me acalentou enfim acabei adormecendo novamente, agora estou aqui com medo de me mexer e acordá-lo, o quarto está escuro, mas sei que já é dia. Sou muito grata por tudo o que essas pessoas estão fazendo por mim, mas é errada o que está acontecendo aqui, Christoffer é neto de Edie, e mesmo sendo apenas no papel Edie é meu marido, e eu aqui deitada com seu neto. Tento me levantar devagar, mas Christoffer me aperta em seus braços, e esse é o melhor lugar do mundo, mas é errado. Com alguma sorte consigo me desvencilhar de seus braços e saio de fininho, não sem antes dar uma última olhada nesse belo e