Capítulo 11 Julie

Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.

“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.

- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”

- Ei garota acorda – sinto uma batidinha no meu rosto, mas sinto meus olhos muito pesados – Vamos acorde – chama mais uma vez, tento forçar meus olhos abrirem, e quando o faço, olhos cinzentos estão bem próximos a mim.

- Venha você precisa tomar um banho para baixar sua temperatura – Christoffer fala e sinto que estou suando frio.

Ele comanda e obedeço, ajuda a levantar-me e me leva para o banheiro, em nenhum momento o olho ou falo com ele, o vejo encher a banheira, meu Deus será que ele não vai sair, não quero que me veja sem roupas, quando terminar de encher ele se aproxima.

- Venha – pede.

Como não me mexo ele se aproxima mais, começo a tremer descontroladamente.

- Posso? – pergunta ao tocar na barra da minha camisola, concordo com a cabeça, então ele tira a camisola me deixando apenas de calcinha, não consigo levantar a cabeça, pois agora sei que ele está olhando as marcas no meu corpo, deixo uma lágrima cair, não queria que sentisse pena de mim, não queria que ninguém nunca vissem essas marcas.

- Quem fez isso com você menina? – não o respondo, apenas continuo com a cabeça baixa, então me faz olhá-lo – quem fez isso com você? – pergunta novamente, apenas para deixar outra lágrima cair.

Ele percebe que não irei responder, e decide não me pressionar, agradeço a Deus por isso, Christoffer me ajuda a entrar na banheira, a água está muito gelada, tremo ainda mais quando meu corpo submerge na água.

Não sei exatamente o que está acontecendo aqui, até horas atrás ele me odiava, o que mudou e por que está me ajudando? Não pergunto por que também não quero que me faça perguntas, não me sinto confortável em contar a ele minha história.

- Já volto – diz indo a algum lugar, segundos depois volta com um roupão – levanta-se devagar, sente algo? – pergunta genuinamente preocupado, de alguma forma isso me toca.

- Não – respondo sucinta.

Assente e me ajuda sair, sinto vergonha pois estou com quase nua.

- Estou com frio – digo com o queixo batendo.

- Coloque isso – ele me passa o roupão, o coloco, em seguida retiro a calcinha molhada e deixo no cesto, lavarei amanhã quando estiver melhor, Christoffer me guia até a cama – já volto – diz novamente saindo do quarto.

Levanto-me devagar, preciso colocar uma roupa, caminho a passos lentos, me sinto tonta, ando praticamente me escorando nos móveis, procuro por outra camisola e uma calcinha, a camisola foi fácil, mas a calcinha, meu corpo dói, tento abaixar para colocá-la e não consigo pois sinto uma dor dilacerante nas costelas.

- Merda, merda, merda – xingo chorando.

- Deixa ajudá-la – ouço aquela voz rouca.

- Não precisa – digo.

- Calma – pede – vejo que não consegue sozinha.

Então Christoffer Bennett faz o impensado, se ajoelha a minha frente, toma a calcinha da minha mão e me veste lentamente, sem tirar os olhos do meu, seus dedos percorre cada centímetro de pele exposta, meus pelos eriçam e ele percebe, minha bochecha queima, minha respiração fica irregular. Ao terminar seu trabalho ele segura minha cintura e encosta sua cabeça em minha barriga.

Minhas mãos ganham vida própria, seus cabelos são tão macios, quase aveludados, acaricio e sinto sua respiração quente.

- Quem fez isso com você? – pergunta agora num tom mais sério, minhas mãos param, tento me afastar, mas ele se levanta – por que não quer falar – inquiri.

Apenas me viro indo para a cama, sinto que me segue, em cima da mesinha a um copo com água e um comprido, o pego e tomo, sento-me e ele também.

- Tenho a noite inteira, sei ter paciência – diz cínico.

Respiro fundo, sei que não tenho alternativas, ou falo por bem ou ele me fará falar de qualquer jeito, apesar de sentir que ele não é tão ruim quanto parece, ainda assim não sei se devo confiar, Ed diz que seu neto tem um mal gênio, vi isso com meus próprios olhos mais cedo, tive medo, muito medo na verdade, mas se ele realmente me quisesse fazer mal, não teria me ajudado agora.

Ficamos nos encarando, o observo melhor, Christoffer Bennett é um homem lindo, extremamente lindo, desse bad boys, estilo menino mal, cara fechada, olhar sério, tatuado, barba grande combinando perfeitamente com seus cabelos avermelhados bem escuros, olhos cinzentos frios, tudo nele é bonito.

- Já passou – digo torcendo os dedos.

- Não, não passou – diz entredentes.

Me assusto e arregalo os olhos, como assim não passou? Ele percebe que me amedrontei.

- Calma, o que quis dizer é que quem fez isso com você precisa pagar – explica-se.

- Não Christoffer, essas pessoas são perigosas – digo já chorando, mas agora é puro medo – eles não podem, não – digo olhando para os lados.

- Ei shiu – em um pulo Christoffer está ao meu lado me abraçando – calma, ok, calma.

Dou um leve balançar de cabeça, não consigo parar de chorar, só de lembrar tudo o que passei, de quantas vezes implorei para morrer, quantas vezes quis fechar os olhos e nunca mais acordar, essas lembranças me abalam demais, nem sei por quanto tempo choro e Christoffer me acalentando, lembro-me apenas de ouvir.

- Nunca mais você será machucada, agora você está segura, é uma promessa.

Enfim adormeço com aquelas palavras, é uma promessa.  

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