Ao longo dos meus 88 anos, nunca havia me sentido sozinho, depois da morte de minha esposa, filho e nora, em um trágico acidente há 10 anos atrás, essa era a primeira vez que realmente me sinto só, tenho um neto Christoffer, meu único familiar.
Chris agora no auge dos seus 30 anos, sempre fora um bom menino, depois da morte de seus pais, ele se dedicou a estudar, a se preparar para assumir meu lugar, teve um uma época que achei que se rebelaria, ele como todo jovem teve seu tempo rebelde, fanfarrão, e foi nesse tempo que ele se encheu de tatuagens e se envolveu com pessoas perigosas, nada que eu não pudesse resolver, homens poderosos como eu, tem que ter conexões tanto no lado bom quanto no ruim, o submundo é para poucos, poucos tem acesso a ele, não sou nenhum chefão, porém sou respeitado e temido, sabem do meu poder e agora do poder do meu neto.
Com muito custo conseguir colocá-lo na linha, mas é bom que ele também tenha seus contatos e que todos os temem e respeitam na mesma proporção. Por esses dias haverá um leilão, mas não um leilão tradicional, hoje recebi o convite dourado, esse leilão é destinado apenas para alguns Bilionários, é um evento seletivo e criterioso, já participei de vários aos longos dos anos, porém nunca adquirir uma peça, quem sabe nesse algo me interesse, confirmo minha participação, embora seja algo que muitos achariam repugnante, nunca fiz a linha bonzinho mesmo.
Ouço som de buzina, indicando que Chris chegou.
- Boa noite senhor Ed – diz beijando minha testa.
- Boa noite filho, como foi seu dia?
- Como sempre – diz e se j**a na poltrona a minha frente.
- Uísque – ofereço.
- Puro.
Levanto-me e preparo sua bebida.
- Não se preocupe seu império dos diamantes está em pé – diz e sorrir, sei ele ama o que faz, ele ama tanto quanto eu, nosso império só prosperou nos últimos anos sob sua gestão.
- O que vai fazer esse fim de semana meu filho? – indago curioso, não quero dar desculpa pelo meu sumiço esse fim de semana, apesar de saber que Chris tem ligações com o submundo, não quero que saiba sobre minha ligação direta.
- Ainda sem planos – diz, bebericando seu uísque – por quê? Quer fazer algo? – pergunta com uma sobrancelha erguida – conheço umas gatas, podemos fazer ménage – diz rindo.
- Para com isso garoto, meu tempo bom já passou, deixo isso para você – dou de ombros.
- Ok, mas quando quiser – diz agora gargalhando.
- Te aviso – digo o acompanhando na gargalhada.
Preciso de uma boa desculpa para sumir o fim de semana, sem Chris ficar preocupado com esse velho.
- Estava pensando em Ir para a casa do lago, passar o fim de semana lá – digo tomando um gole de uísque.
- Isso é bom vô, sair e se distrair um pouco, tomar ar puro – ele engoliu a conversa.
- Estou precisando sair um pouco – digo.
- Apoio, quando vai?
- Amanhã a tarde, volto Domingo ou segunda.
- Ok qualquer coisa me avise.
- Tudo bem filho, e você também deveria se divertir um pouco.
- Farei.
Chris se levanta terminando seu uísque, se despede e sobe para sua suíte. Bom. Desculpa dada e engolida com sucesso.
Amanhã será um dia memorável, mas até lá vou apreciar mais minha solidão. Uma batida na porta me tira dos meus devaneios.
- Entre.
- Senhor o jantar já está na mesa e o senhor Chris já está descendo.
- Estou indo Livia.
Livia é minha governante desde o nascimento de Charlie meu falecido filho, já dei sua aposentaria, mas ela insiste em continuar trabalhando, alega que não tem família, nunca se casou ou teve filhos, viveu para servir minha família, tenho uma grande estima por ela.
Chego na sala de janta e a mesa já está posta, Chris já está sentada me aguardando. Livia nos serve e se senta conosco.
- Eaí Li me conta as novidades, algum novinho escondido pelo quarto? – Chris implica com ela.
- Já vai começar menino atrevido – diz brava.
- Mais é sério Li, você toda linda assim, deve ter vários garotões em cima – Livia fica vermelha.
- Deixa a Livia garoto – o repreendo.
Chris gargalha, apesar de ter cara fechada e parecer durão, meu neto é um meninão. Ele se levanta e beijo o topo da cabeça de Livia, que sorrir docemente, ela o trata como se fosse seu próprio filho.
- Você sabe que te amo né minha velha – diz e ela sorrir fazendo careta pela velha.
- Também te amo garoto insolente – apenas sorrio desses dois.
Comemos em meio as brincadeiras de Chris e Livia o acertando com guardanapo.
- Você deveria é sossegar esse facho, casar e encher esse mausoléu de crianças – Livia diz e Chris faz careta.
- Deus me livre, casar? Tô fora! – diz fazendo o sinal da cruz.
- Menino pare de falar o nome de Deus em vão – como sempre ela o repreende – você ainda vai encontrar aquele que fará você se arrastar, escreve – adverte e Chris ri.
- Essa ainda não nasceu Li e nem vai – decreta.
- Vamos ver menino, vamos ver – diz como se prevê-se algo.
Ela não está totalmente errada, Chris já está na idade de construir família, porém nada digo, aprendi da maneira mais difícil que com Chris não adianta pressão, é tudo no tempo dele.
- Bom a conversa está boa, mas, vou me retirar, até amanhã.
Digo me levantando, tenho 88 anos, mas para minha idade estou bem conservado, me dariam uns 60 e poucos anos, como diriam por aí ainda dou um caldo, espero encontrar algo que me agrade amanhã para pelo menos uma noite de diversão, dessa vez vou me permitir.
Tenho uma noite tranquila, sem sonhos, acordo revigorado, minha pequena mala já está arrumada, tomo uma ducha, me arrumo e desço para o café, Chris provavelmente já deve ter saído.
- Bom dia senhor – Livia cumprimenta – café?
- Sim por favor, Bom dia para você também querida – falo e logo ela enrubesce – Chris?
- Já saiu senhor, lhe desejou uma boa viagem.
Apeno anuo, enquanto tomo o café, leio as notícias, uma matéria me chama atenção, está sendo investigada uma quadrilha de tráfico de pessoas, uma pessoa já foi presa, conheço esse homem, ele é um dos capangas de Enzo, chefe de uma máfia.
Será que esse leilão tem alguma coisa a ver com essa quadrilha? Se tiver, vou descobrir hoje.
Me despeço de Livia e Arthur meu fiel escudeiro já me aguarda como a porta de trás do sedan aberta.
- Bom dia Senhor.
- Bom dia Arthur, vamos para o hangar, o jato já está preparado – digo e ele franze a testa – não vamos para a casa do lago, mas sem alguém perguntar é para lá que vamos, entendido?
- Sim senhor.
Seguimos viagem e Arthur nada mais pergunta, apenas me deixa no Hangar e lhe dei esse fim de semana de folga. Meu destino é Amsterdã.
Adentro o grande e luxuoso salão, há aqui pelo menos seis conhecidos, todos senadores e ex-senadores, cumprimento alguns, outros apenas um aceno com a cabeça, então Enzo o leiloeiro aparece no meu campo de visão, cumprimenta-me com um levantar de taça, retribuo.Vago pelo salão, converso pouco com quem para e puxa assunto.- Como vai Bennett? – Yuri um empresário do ramo imobiliário, pai e marido devoto pergunta, quem olha jamais imaginaria que um homem que defende a moral e os bons costumes estaria num local como esse.- Bem – digo sucinto.Ele percebe que não quero conversar e se afasta, me aproximo do palco onde será apresentado as peças raras e me sento em uma mesa, esperando começar de fato o leilão.Poucos minutos se passam e logo o evento principal começa.- Boa noite senhores, hoje nosso leilão será um pouco diferente, nossas peças são de valor inestimáveis.O apresentador começa, logo de cara entra uma menina, acho que deva estar dopada, pois está sendo carregada então ele co
Jamais sequer cogitei a ideia de um dia ser vendida feito uma mercadoria no mercado de pulgas, agora estou a caminho de sabe lá Deus onde com um velho que deve ser um pervertido, desse ser um monstro igual a todos os outros, mas esse deva ser pior, quem compra uma pessoa? Outro ser humano? Quem participa de leilões de pessoas? Um monstro.Ele tentou conversar, mas fingir não entender o que dizia, então ele começou a falar em português e agora sou obrigada a responder, mesmo assim não falo nada, percebo que ele está tentando ser pacífico.Ele se apresenta e diz se chamar Edie Bennett, ele já é bem idoso, deve ter por volta de 60 ou mais, não o encaro muito, apesar de ele afirmar que não quer me fazer mal algum, prefiro não arriscar.Durante a viagem de carro ele pergunta por um tal de Chris acredito que seja filho ou algum parente, ele esbraveja dado momento, mas vejo que sorrir amorosamente, não sabia que monstros sentiam amor. Ele encerra a ligação e fica com o olhar perdido por algu
Estou exausto, precisando urgentemente de uma dose dupla de uísque, me espreguiço a cadeira de couro, massageio a têmpora, verifico a hora e percebo que a essa hora em NY meu avô deve estar descansado, não vou incomodá-lo a essa hora, apesar de aqui ainda ser dia, em NY deva ser altas horas da madrugada.Esses últimos dias percebi que seu Ed estava estranho, não quis muita conversa, liguei duas vezes e não atendeu, e pior não retornou à ligação.Depois da morte precoce de meus pais e avó, criamos um laço ainda mais forte do que já tínhamos, e sei quando tem algo acontecendo, e esse velhaco não quer abrir o jogo, mas ele que me aguarde, amanhã já estou de volta e não vou nem avisar, quero ver o que seu Ed está aprontando.Por aqui já está tudo resolvido, o novo estaleiro está a todo vapor, saio daqui direto para o hangar onde o jato já está me esperando, tenho uma longa viagem, e tem assuntos mal resolvidos que me aguardam, estalo os dedos e faço uma ligação, não me importando se acord
Edie Bennett foi minha salvação, o julguei mal a princípio, achando que ele seria tão ruim quanto os homens que desgraçaram minha vida, no entanto não, ele na verdade salvou minha vida e estar sendo o pai que nunca tive, e o que falar de Livia, não tenho palavras para descrever o sentimento que nasceu em meu coração por essas duas pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho, já não posso falar o mesmo sobre o tal Chris, oh cara do mal, apesar de lindo.Ele me julgou sem antes conhecer os fatos, me chamando de golpista e o escambau, mas já estava bem ciente do que aconteceria quando ele soubesse sobre mim, Ed disse que seu neto tinha um temperamento difícil, todavia isso não o dá o direito de me xingar aos quatros ventos.Depois de toda aquela discussão a mesa, o mal-encarado saiu feito furacão, sinto mal por Ed.- Desculpa senhor, não queria lhe causar esse transtorno, me desculpa de verdade – realmente me sinto mal, Ed ama o neto e ver os dois brigar por minha causa parte me
Minha alma saiu do corpo e voltou ao ver meu avô caindo no chão, agora que o momento crítico passou e ele está fora de risco consigo respirar melhor, se tivesse acontecido o pior jamais me perdoaria, e aquela garota pagaria amargamente.Prometi que não faria nada com ela até conversamos, segundo ele, ele tem motivos para fazer o que fez e me contaria tudo, não quis o pressionar, ele teve um ataque cardíaco, foi leve, ainda assim considerado preocupante devido sua idade, o médico disse que ele não pode ter aborrecimento, estresse, nada, por esse motivo a garota está salva temporariamente, porém ela está ciente de que estou de olho nela.Ando de um lado para o outro, tentando digerir toda essa situação, meu avô com a saúde debilitada e agora essa golpista e ainda estou de mãos atadas, pois não vou contrariar meu avô, não enquanto ele estivesse com a saúde frágil.Depois da conversa que tive com a tal garota, por um momento quase acreditei naquelas lágrimas, se não conhecesse esse tipo a
Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”-
“É uma promessa” Julie não quis falar sobre quem a machucou tanto, respiro ruidosamente, a ideia em si é perturbadora, seu corpo está muito machucado, e posso afirmar que esses machucados são recentes, cerro os dentes, eu sei que não sou uma pessoa boa, mas nunca machuquei um inocente, todos que passaram pela minha mão eram pessoas tão ruim quanto eu, a aperto sem querer em meus braços e ela geme dolorosamente em meio ao sono pesado.Devagar verifico sua lateral, percebo que ela tem costelas quebradas, puta que pariu, quem diabos seria capaz de fazer algo com assim? Levanto-me devagar, estou furioso demais para ficar aqui velando seu sono, preciso de uma dose dupla de uísque.Julie se remexe quando me levanto deixando sozinha, porém não acorda, mas resmunga algo, a observo por mais alguns minutos antes de tomar o rumo do escritório, preciso ter uma conversa séria com seu Edie Bennett, ele terá que me explicar direitinho como essa garota chegou até ele.Depois de três copos, subo para
“Porque Deus minha vida tinha que ser tão complicada, por que tenho que passar por tantas privações? Eu devo ter ligação direta na linhagem de judas ou fui um fariseu e atirei pedra na cruz” única explicação plausível que encontro para tudo o que passei e continuo passando.Tenho certeza de que Christoffer vai me enquadrar, seu olhar ao sair dizia tudo, que não tenho escolha, ou conto ou conto, sem mais.Vejo Livia tentando entender o que se passou agora, antes dela perguntar esclareço.- Ontem a noite tive um pesadelo, febre e calafrios, não percebi que estava chorando acordar e dá de cara com Christoffer em meu quarto, ele me ajudou.- Ajudou?- Sim ajudou – indago.- Hum – franze a sobrancelha.- Ele viu minhas marcas e questionou, mas não tive coragem de contar.- Ah minha menina – se compadece – vai contar a ele?- Ainda não sei se confio nele, ele tem algo que me dá medo – exponho o que realmente sinto em relação ao homem de áurea sombria, mas lindo de doer os olhos.“Para de lo