Capítulo 6 Edie

Adentro o grande e luxuoso salão, há aqui pelo menos seis conhecidos, todos senadores e ex-senadores, cumprimento alguns, outros apenas um aceno com a cabeça, então Enzo o leiloeiro aparece no meu campo de visão, cumprimenta-me com um levantar de taça, retribuo.

Vago pelo salão, converso pouco com quem para e puxa assunto.

- Como vai Bennett? – Yuri um empresário do ramo imobiliário, pai e marido devoto pergunta, quem olha jamais imaginaria que um homem que defende a moral e os bons costumes estaria num local como esse.

- Bem – digo sucinto.

Ele percebe que não quero conversar e se afasta, me aproximo do palco onde será apresentado as peças raras e me sento em uma mesa, esperando começar de fato o leilão.

Poucos minutos se passam e logo o evento principal começa.

- Boa noite senhores, hoje nosso leilão será um pouco diferente, nossas peças são de valor inestimáveis.

O apresentador começa, logo de cara entra uma menina, acho que deva estar dopada, pois está sendo carregada então ele continua, e vários homens se amontoam a beirada do palco analisando a menina. Sabia que Enzo mexia com muitas coisas, mas tráfico de pessoas essa é a primeira vez que acontece em um evento assim, ou eu estou ficando velho e não estou participando ativamente desses leilões, ele apresenta pelo menos dez garotas, muitas ofertas são dadas, inclusive uma do conservador.

- Deixamos o melhor para o final, para quem gosta de virgem, temos uma aqui, ela é linda, virgem e obediente o que é melhor, e o primeiro lance é de 500 mil, podem dar uma boa olhada.

Um dos capangas trás uma pequena garota assustada, algo dentro de mim salta, a vejo derramar uma lágrima e isso me toca, ela parece acuada, amedrontada, a analiso, ela deve ser bem mais nova que Chris, então começam os lances.

- 600 – grita um.

- 650 – grita outro e a todo momento a garota chora.

- 1 milhão digo sobre todos – muitos me olham, uns com respeito, outros com inveja - Vendido para o cavalheiro da mesa 7 – ele b**e o martelo.

Dou apenas um aceno, e um dos capangas vem em busca do cheque, assino e passo para ele.

- Já pode pegar sua aquisição – diz e vai embora.

Passo a mão pela barba, penso no que fiz, comprei uma pessoa, já fiz muita coisa nessa vida, tenho ligações com máfias, italiana, russa, japonesa, um homem como eu tem suas ligações, mas nunca me envolvi com tráfico de pessoas, mas essa garota com idade para ser minha neta mexeu com algo dentro de mim, vou ajudá-la.

Só ainda não sei como vou fazer com Chris, o que ele dirá.

Decido dar minha noite por encerrada, logo Enzo aparece e agradece a compra.

- A garota já está no carro aguardando – diz e aperta minha mão em cumprimento.

Deixo o local, e logo de cara vejo o carro blindado com a garota no banco de trás assustada, o motorista abre a porta e logo entro e me sento ao seu lado, a moça treme toda.

- Oi – digo e ela logo começa a chorar – calma, calma, não vou te fazer mal, você entende o que falo? – pergunto, mas ela não responde, apenas chora, então a deixo chora.

- Para o hotel senhor? – pergunta o motorista.

- Não, direto para o hangar – quero apenas chegar em casa.

De tanto chorar a garota acaba dormindo, a observo, ela parece um anjo mesmo com o olhar vazio, vejo que seus pulsos estão machucados, ela parece bem debilitada, o que será que ela sofreu nas mãos desses homens? Não quero nem imaginar.

Agora tenho que pensar no que vou dizer a Chris, pego a ficha com as informações sobre a garota, nome Julie 19 anos Brasileira, órfã de mãe e pai desconhecido.

Chegamos no hangar e o jatinho já está pronto para embarque, a garota continua apagada, peço então para o motorista carregá-la até o jatinho, ainda assim ela não acorda, ele a deixa no quarto, a prendo com cinto de segurança pois logo levantaremos voo e saio deixando-a sozinha.

Julie, o que fez você parar nas mãos de Enzo? Menina jovem, o que meu neto vai dizer quando souber sobre Julie e como ela veio parar em casa.

Nunca me importei com a opinião alheia, na verdade sempre fui o cara que todos ouviam, meu nome e sobrenome é respeitado em todos os lugares, mas o que meu neto acha importa e muito, não quero decepcioná-lo.

Nossa viagem dura pouco mais de oito horas, a viagem de Amsterdã para NY é longa e cansativa, Julie acordou apenas para comer, a todo momento amedrontada, será que ela pensa que vou machucá-la.

O fato é ela deve ter sofrido muito para ter todo esse medo.

- Vamos pousar – digo ao entrar no quarto, não sei se ela entende o que falo – você entende o que falo? – pergunto e ela não me olha assustada – Julie – digo seu nome, então ela me olha com seus lindos olhos quase violetas – olha não vou te fazer mal – digo em português para que me entenda – não sei o que fizeram com você lá, mas aqui você vai está segura, me chamo Edie Bennett – me apresento – eu sei que você deve estar pensando que sou igual a ele, até porque te comprei como uma mercadoria, mas em minha defesa acho que estou ficando velho gaga – digo e vejo uma sombra de sorriso que logo desaparece -  bom, estamos chegando em Nova York, e como já disse não vou te fazer mal, quero apenas ajudar.

Digo e ela apenas me olha, não diz nada.

Peço para que ela se acomode na poltrona, assim ela faz, mas sem dizer uma palavra. Logo o piloto avisa que vamos aterrissar.

- Julie logo estaremos em casa – digo e ela aperta o sinto.

O avião aterrissa, assim que saímos Arthur já está a nossa espera, assim que ver Julie ergue uma sobrancelha, mas nada diz.

- Arthur essa Julie e ela será minha convida – esclareço – Chris está em casa?

- Não senhor, pelo que Livia comentou disse que ele ficará fora por umas semanas.

- Por que você sabe? Ele não me avisou nada.

- Não senhor.

- Vou ligar para ele agora, esse garoto – exclamo.

Pego o celular e ligo, logo a ligação é atendida.

- Oi seu Ed, o que me contas – pergunta brincalhão.

- Como assim umas semanas fora Christoffer? Sem avisar? Tenho que ficar sabendo por terceiros.

- Calma vô, é apenas uma viagem de negócios.

- Avisa a próxima vez – esbravejo.

- Ok seu Bennett, desculpe por não avisar, mas foi tudo em cima da hora.

- E onde você está?]

- China meu nobre, adiei muito essa reunião, não tinha pra onde correr meu velho, agora estou aqui.

- Ok, filho, apenas tome cuidado, você é tudo o que tenho.

- Também te amo Edie Bennett, logo estarei de volta, e você, se cuide, se Livia me disser que você está malcriado – deixo sair uma gargalhada.

- Garoto toma conta da tua vida – ele rir de volta.

- Tchau vô.

- Até mais meu filho.

Christoffer é tudo o que tenho de mais precioso.

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