Cativeiro
Me sinto dolorida, ainda de olhos fechados tento me mexer, mas é muito difícil, acho que minhas mãos e pés estão amarrados, com uma força descomunal tento abrir os olhos, porém não vejo nada, a escuridão não deixa.
- Oi – tento falar, mas minha voz sai por um fio – tem alguém aí? – forço.
Não recebo nenhuma resposta, estou suada, com sede, precisando ir ao banheiro, onde estou meu Deus, a última lembrança que tenho é a de que estávamos no carro com Alex e depois só escuridão.
- Oi tem alguém aí – pergunto mais uma vez, agora um pouco mais alto.
- Quem é você? – uma voz pergunta.
- Sou Julie e onde você está? – pergunto nervosa.
- Na verdade não sei, estou amarrada e está muito escuro – a mulher diz chorando – onde estamos Julie? – pergunta desesperada.
- Não sei – digo tentando também não chorar.
Permanecemos em silêncio até ouvirmos passos.
- Oi estamos aqui – grito tão alto quanto posso.
Ouço um barulho de porta de metal sendo aberta e fica claro, a claridade me cega momentaneamente rapidamente percebo onde estamos, é um container por isso o calor insuportável, logo aparecem homens encapuzados, há pelos uns seis homens aqui.
Logo o mais alto fala, acho que é russo, alemão ou sei lá que dialeto é esse, não entendo nada, ele gesticula para o homem a minha frente, então ele me puxa de modo brusco e cheira meu pescoço, me debato.
- Me solta, seu escroto de merda – grito e cuspo em sua cara.
Todos gargalham, recebo um tapa e acabo indo ao chão.
- Por favor me soltem, vocês pegaram a pessoa errada – digo soluçando, o homem que me bateu levanta-me, segurando-me.
Eles voltam a gargalhar, entendendo o que disse, então o maior, acho que deva ser o chefe, se aproxima.
- Ah minha menina, você é a pessoa certa – diz com um sotaque muito puxado – já tenho destino certo para você, mas não sem antes fazer um teste, depois mando reconstruir o hímen, eles nunca saberão – diz e ri diabolicamente.
Fugi para não ser violada, e do que adiantou? acabei caindo em uma armadilha, em algo muito pior.
Sou puxada como um saco de batatas e jogada em uma van, ainda amarrada e agora amordaçada, as outras garotas foram levadas para outro lugar, por que somente eu estou indo sozinha? E para onde estão me levando, em que me meti?
O sacolejo do carro me faz ter ânsia, não sei ao certo em que momento apaguei. Acordo já sem amarras dentro do que parece ser um quarto, corro até as janelas e em todas há grades, há um pequeno banheiro, como já imaginava a porta está trancada “calma Julie, você vai dar um jeito” digo a mim mesma. Reparo tudo em volta, sobre a cama há um vestido e um bilhete.
“Tome um banho e vista-se”
Meu Deus me ajude, o que vai ser de mim, faço o que foi pedido no bilhete, tomo um banho e me visto, mas com o coração na mão, me sinto fraca, nem sei por quanto estou sem comer, fico esperando alguém aparecer, tento lutar contra o sono, mas não consigo ele me vence, apenas durmo, um sono sem sonhos.
Acordo assustada com mãos passando pelo meu corpo, no instinto o chuto acertando-o precisamente nas partes baixas, o homem dá passos para trás e esbarra em uma mesa.
- Cadela – fala em inglês, o entendo, mas me faço de desentendida.
Quando se recupera, avança em mim com fúria, me puxando pelo cabelo.
- Me solta – me debato, se for para morrer, vou morrer lutando – desgraçado – grito.
- Isso luta, gosto assim – diz me cheirando.
Até tento, mas o homem é muito grande, durante a luta consigo puxar a mascará que cobre seu rosto, no susto ele me j**a ao chão e acabado batendo a cabeça.
- Vadia, agora você vai ver – quando ele me puxa pelas pernas, a porta se abre e o homem de mais cedo entra o lhe acertando um chute, outros dois homens o levam embora carregado.
- Vem docinho – fala me oferecendo a mão.
Me levanto sozinha, sob o olhar do homem corpulento, ele também está de máscara. Não tenho tempo de pensar muito, em segundos sou jogada em cima e minha roupa é arrancada, me sinto exposta, tento me cobrir, mas é em vão, tento o afastar, mas ele segura minhas pernas.
- Por favor não faz isso – imploro chorando.
Só que o homem não me escuta, ele abre minhas pernas e me penetra de uma só vez, a dor que sinto é dilacerante, e não é somente a dor em minha intimidade, é dor na minha alma, meu coração está despedaçado nesse momento, deixei de lutar, apenas deixo ele fazer o que quiser com meu corpo, já aprendi que é melhor não lutar, só espero que minha morte seja rápida.
Mal sabia eu que aquele seria só o começo do meu inferno, fui violentada tantas vezes que na maioria apenas desmaiava, estou machucada e jogada em um chão frio, pois quase arranquei o membro de um dos homens quando ele enfiou membro na minha boca, apanhei tanto que pensei que havia morrido.
Descobri que havia sido vendida, já tinha ouvido falar sobre tráfico de mulheres, porém jamais imaginaria que seria uma vítima, escravizar mulheres para atos sexuais é asqueroso, repugnante, imundo e eu seria uma escrava agora.
Só não sei por quanto tempo irei aguentar...
Já perdi noção de tempo e espaço, não me lembro a última vez que vi a luz do sol, não sei se é dia ou noite, ou quanto tempo já estou trancada nesse porão.
Meus machucados já estão se curando, pelo que entendi das conversas que conseguir ouvir quando eles acharam que estava apagada, vou ser leiloada como virgem, tenho vontade de rir, pois eles já me viraram do avesso tantas vezes, não sei como vão conseguir me passar por virgem novamente.
Ouço barulhos, alguém está vindo, corro para o colchão e finjo que estou dormindo, foi assim que me livrei diversas vezes de ser abusada ultimamente.
- Pega ela, hora da cirurgia – diz meu carrasco, nem reluto mais – isso, seja obediente – apenas o acompanho, eles acham que não entendo inglês, mas entendo tudo, só me faço de desentendida.
Sou levada para uma espécie de sala cirúrgica.
- Deita ela aí, a médica já virá – apenas fico quieta onde me colocam, me colocam uma mascará e aos poucos adormeço.
Não sei o que fizeram comigo, mas acordo em um quarto, sinto uma dor latejante em minha intimidade, tento me sentar, mas a dor é forte.
Choro baixinho, não quero ser espancada ou violentada, peço:
“Deus, não sei o que fiz para merecer todo esse sofrimento, toda essa dor, se você realmente existe, como dizem, se você realmente faz milagres, me tirar daqui ou me leva para tua glória, pois não estou mais aguentando, eu sei se tirar minha própria vida não irei entrar em teu reino, então por favor, me ajude, ouve meu clamor” imploro em oração para ser ouvida.
Ao longo dos meus 88 anos, nunca havia me sentido sozinho, depois da morte de minha esposa, filho e nora, em um trágico acidente há 10 anos atrás, essa era a primeira vez que realmente me sinto só, tenho um neto Christoffer, meu único familiar.Chris agora no auge dos seus 30 anos, sempre fora um bom menino, depois da morte de seus pais, ele se dedicou a estudar, a se preparar para assumir meu lugar, teve um uma época que achei que se rebelaria, ele como todo jovem teve seu tempo rebelde, fanfarrão, e foi nesse tempo que ele se encheu de tatuagens e se envolveu com pessoas perigosas, nada que eu não pudesse resolver, homens poderosos como eu, tem que ter conexões tanto no lado bom quanto no ruim, o submundo é para poucos, poucos tem acesso a ele, não sou nenhum chefão, porém sou respeitado e temido, sabem do meu poder e agora do poder do meu neto.Com muito custo conseguir colocá-lo na linha, mas é bom que ele também tenha seus contatos e que todos os temem e respeitam na mesma propor
Adentro o grande e luxuoso salão, há aqui pelo menos seis conhecidos, todos senadores e ex-senadores, cumprimento alguns, outros apenas um aceno com a cabeça, então Enzo o leiloeiro aparece no meu campo de visão, cumprimenta-me com um levantar de taça, retribuo.Vago pelo salão, converso pouco com quem para e puxa assunto.- Como vai Bennett? – Yuri um empresário do ramo imobiliário, pai e marido devoto pergunta, quem olha jamais imaginaria que um homem que defende a moral e os bons costumes estaria num local como esse.- Bem – digo sucinto.Ele percebe que não quero conversar e se afasta, me aproximo do palco onde será apresentado as peças raras e me sento em uma mesa, esperando começar de fato o leilão.Poucos minutos se passam e logo o evento principal começa.- Boa noite senhores, hoje nosso leilão será um pouco diferente, nossas peças são de valor inestimáveis.O apresentador começa, logo de cara entra uma menina, acho que deva estar dopada, pois está sendo carregada então ele co
Jamais sequer cogitei a ideia de um dia ser vendida feito uma mercadoria no mercado de pulgas, agora estou a caminho de sabe lá Deus onde com um velho que deve ser um pervertido, desse ser um monstro igual a todos os outros, mas esse deva ser pior, quem compra uma pessoa? Outro ser humano? Quem participa de leilões de pessoas? Um monstro.Ele tentou conversar, mas fingir não entender o que dizia, então ele começou a falar em português e agora sou obrigada a responder, mesmo assim não falo nada, percebo que ele está tentando ser pacífico.Ele se apresenta e diz se chamar Edie Bennett, ele já é bem idoso, deve ter por volta de 60 ou mais, não o encaro muito, apesar de ele afirmar que não quer me fazer mal algum, prefiro não arriscar.Durante a viagem de carro ele pergunta por um tal de Chris acredito que seja filho ou algum parente, ele esbraveja dado momento, mas vejo que sorrir amorosamente, não sabia que monstros sentiam amor. Ele encerra a ligação e fica com o olhar perdido por algu
Estou exausto, precisando urgentemente de uma dose dupla de uísque, me espreguiço a cadeira de couro, massageio a têmpora, verifico a hora e percebo que a essa hora em NY meu avô deve estar descansado, não vou incomodá-lo a essa hora, apesar de aqui ainda ser dia, em NY deva ser altas horas da madrugada.Esses últimos dias percebi que seu Ed estava estranho, não quis muita conversa, liguei duas vezes e não atendeu, e pior não retornou à ligação.Depois da morte precoce de meus pais e avó, criamos um laço ainda mais forte do que já tínhamos, e sei quando tem algo acontecendo, e esse velhaco não quer abrir o jogo, mas ele que me aguarde, amanhã já estou de volta e não vou nem avisar, quero ver o que seu Ed está aprontando.Por aqui já está tudo resolvido, o novo estaleiro está a todo vapor, saio daqui direto para o hangar onde o jato já está me esperando, tenho uma longa viagem, e tem assuntos mal resolvidos que me aguardam, estalo os dedos e faço uma ligação, não me importando se acord
Edie Bennett foi minha salvação, o julguei mal a princípio, achando que ele seria tão ruim quanto os homens que desgraçaram minha vida, no entanto não, ele na verdade salvou minha vida e estar sendo o pai que nunca tive, e o que falar de Livia, não tenho palavras para descrever o sentimento que nasceu em meu coração por essas duas pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho, já não posso falar o mesmo sobre o tal Chris, oh cara do mal, apesar de lindo.Ele me julgou sem antes conhecer os fatos, me chamando de golpista e o escambau, mas já estava bem ciente do que aconteceria quando ele soubesse sobre mim, Ed disse que seu neto tinha um temperamento difícil, todavia isso não o dá o direito de me xingar aos quatros ventos.Depois de toda aquela discussão a mesa, o mal-encarado saiu feito furacão, sinto mal por Ed.- Desculpa senhor, não queria lhe causar esse transtorno, me desculpa de verdade – realmente me sinto mal, Ed ama o neto e ver os dois brigar por minha causa parte me
Minha alma saiu do corpo e voltou ao ver meu avô caindo no chão, agora que o momento crítico passou e ele está fora de risco consigo respirar melhor, se tivesse acontecido o pior jamais me perdoaria, e aquela garota pagaria amargamente.Prometi que não faria nada com ela até conversamos, segundo ele, ele tem motivos para fazer o que fez e me contaria tudo, não quis o pressionar, ele teve um ataque cardíaco, foi leve, ainda assim considerado preocupante devido sua idade, o médico disse que ele não pode ter aborrecimento, estresse, nada, por esse motivo a garota está salva temporariamente, porém ela está ciente de que estou de olho nela.Ando de um lado para o outro, tentando digerir toda essa situação, meu avô com a saúde debilitada e agora essa golpista e ainda estou de mãos atadas, pois não vou contrariar meu avô, não enquanto ele estivesse com a saúde frágil.Depois da conversa que tive com a tal garota, por um momento quase acreditei naquelas lágrimas, se não conhecesse esse tipo a
Não sei o que fazer, estou entrando em desespero, não aguentarei mais torturas, prefiro morrer, vi nos olhos daquele homem uma escuridão, não tiro sua razão de desconfiar de mim, depois de sua ameaça e se foi me deixando sozinha e com medo, não me sinto bem, minha cabeça está a mil, não sei o que fazer, apenas me deito e fito o teto não sei por quanto tempo até adormecer.“Estou amarrada e há vários homens ao meu redor gargalhando, eles me olham como se fosse um pedaço de carne, me debato, grito mais minha voz não sai, peço, imploro, mas eles não me ouvem, apenas continuam me violentando, mais e mais vezes, não, não, não, por favor, não tenho mais forças para me debater, apenas aguento a dor que estou sentindo.- Isso quietinha – diz aquele homem asqueroso, o homem que desgraçou minha vida, Enzo esse é seu nome – bem que quando luta é mais divertindo – diz já se fechando as calças – agora é como vocês façam bom proveito – diz me deixando com os outros homens, ouço alguém me chamar”-
“É uma promessa” Julie não quis falar sobre quem a machucou tanto, respiro ruidosamente, a ideia em si é perturbadora, seu corpo está muito machucado, e posso afirmar que esses machucados são recentes, cerro os dentes, eu sei que não sou uma pessoa boa, mas nunca machuquei um inocente, todos que passaram pela minha mão eram pessoas tão ruim quanto eu, a aperto sem querer em meus braços e ela geme dolorosamente em meio ao sono pesado.Devagar verifico sua lateral, percebo que ela tem costelas quebradas, puta que pariu, quem diabos seria capaz de fazer algo com assim? Levanto-me devagar, estou furioso demais para ficar aqui velando seu sono, preciso de uma dose dupla de uísque.Julie se remexe quando me levanto deixando sozinha, porém não acorda, mas resmunga algo, a observo por mais alguns minutos antes de tomar o rumo do escritório, preciso ter uma conversa séria com seu Edie Bennett, ele terá que me explicar direitinho como essa garota chegou até ele.Depois de três copos, subo para