Irina Greco
Cresci em uma bela fazenda com vários hectares de terras férteis cultivando belo café, cacau, algodão, maçãs e uvas. É uma mistura enorme passada de geração em geração através da família do meu pai. Minha infância foi tranquila com minha irmã Daniele, éramos filhas únicas. Não tínhamos do que reclamar, nossas vidas eram boas e refinadas até ouvirmos falar do sobrenome Mortalla e o envolvimento de nosso pai em seus negócios. Julian parecia um inseto venenoso em nossa terra que desejava mais do que qualquer a possuir as terras da minha família, mas meu pai não queria vendê-la, ele escolheu negociar. Lucio, meu pai sempre foi um homem fraco quando se tratava de riqueza e poder, afinal quem não gostaria? Mas como Sandra é uma boa mãe e esposa, ela tentava avisá-lo de onde estava se metendo, porém ele não se importou tanto, aceitou o mundo do crime e apodrecer nossas terras com drogas ilegais.
Hoje, pode-se dizer que sua vida está melhor do que antes, conseguiu criar uma nova identidade e atualmente vive na Califórnia. Por me lembrar da oportunidade que tive a segui-la me causa grandes arrependimentos, no qual hoje não vejo necessidade de lamentar, eu fui fraca, temerosa, talvez a minha escolha me assombre para sempre. Nunca quis ser tratada como uma mulher troféu, embora isso tenha se tornado habito, eu jamais me acostumei, apenas aprendi a lidar. Há cada ano eu vejo mulheres jovens serem forçadas a casar com homens da organização, criadas apenas para isto, eu jamais quis uma vida desta para minha menina, minha Alice.
Mesmo na esperança de que minha filha não tivesse o mesmo destino que o meu, meu marido, Marco, se envolveu em um grande problema na organização, onde foi condenado por traição. Para salvar a sua vida a minha filha teve que ser prometida como um simples negócio, como um objeto. Foi necessário fazer aquilo, afinal, se Marco fosse condenado e porto por traição, Alice e eu acabaríamos mortas por consequência. Desde aquele momento ele não escondeu a sua falta de satisfação ao ser ajudado por uma mulher, pior ainda, ver que sua filha estava comprometida a uma família que ele odiava com todas as suas forças. Seu ódio quase nos custou a vida, por isso, para que isso não voltasse acontecer eu resolvi preparar Alice desde os seus cinco anos. Planejei seus estudos e suas aulas de luta, tiro ao alvo, até de sobrevivência, eu não queria que minha filha fosse iguais as demais garotas da Cosa Nostra, dóceis e submissas.
Não precisei de muito esforço, ela já era uma leoazinha indomável, tem a mesma perseverança e ousadia do pai, é frívola e sabe esconder muito bem seus sentimentos, mais sei que em alguns aspectos ela se parece comigo. Alice corria para o nosso grande jardim com o cachorro que ela ganhou de aniversário sempre que tinha a chance, e eu observava pela janela da mansão enquanto fazia a lindos lalaus no pelo do cachorro, assim como eu fazia quando tinha sua idade. Também já presenciei seu grande interesse na cozinha, embora não fosse apropriado para ela, quando havia possibilidades ela observava as empregadas preparando alguma refeição, eu jamais intervi na sua curiosidade ou nos seus interesses, ela estava conhecendo o mundo como podia, já que não saia tanto de casa.
Alice não tinha amizades com outras crianças, foi difícil no inicio para explicá-la, ela não entendia mas também nunca questionou sobre. Foi complicado quando me preparei para falar sobre seu compromisso com alguém que nunca viu, eu já sabia que sua reação seria negativa, não sabia se ficava orgulhosa ou com medo, pois eu não queria que nada acontecesse com ela. Depois que conheceu seu noivo eu pude ver a revolta e a tristeza em seus olhos, me partiu o coração vê-la daquele jeito.
— Papai arruinou minha vida! — Alice disse com ódio, e eu apenas segurei, me sentindo impotente.
— Sei que seu pai errou, mas não se desespere. — Ela ergueu os olhos e soluçou:
— Como não, mãe? Papai me prometeu casar com aquele homem! — Coloquei seu rosto manchado de lágrimas em minhas mãos e fiz com que ela me encarasse, e disse com firmeza:
— Eu vou fazer tudo ao meu alcance para impedir esse casamento, você me ouviu?
— Não seja boba, você sabe que se envolver em negócios pode custar muito caro. — Alice ficou longe do meu contato. Ela ficou tão chateada que não saiu do quarto por três dias inteiros, quando uma das empregadas levava sua refeição, tratava de enviá-la de volta intacta. Em um jantar com Marco, chamei sua atenção e contei sobre o estado de sua filha:
— Alice não sai do quarto há três dias.
— Ok, então eu não tenho que lidar com seu temperamento. — Eu olhei para ele com nojo.
— Como você pode sentar e relaxar na situação atual dela?
—O que você quer que eu faça?! — ele perguntou com raiva.
— Seu papel de pai. A nossa filha vai se casar com aquele homem por sua culpa!
— Deveria aceitar verdades, Marco. Já que sua inveja pelo poder dos Mortalla custou a nossa família! — Ele bateu as mãos sobre a mesa furioso, soube tocar onde mais doía, seu ego. Marco sempre desejou ter o total poder de Cosa Nostra, mas sabia que jamais teria. Marco se levantou da mesa e se aproximou de mim, seu olhar mortal já não me assustava, apenas indiferença. Sua mão pesada acertou em cheio o meu rosto, eu apenas segurei as lágrimas momentâneas de dor, e eu queria salvar o destino da minha filha mais do que nunca.
Alice estava tentando viver sua vida depois de saber sobre o casamento, ela praticava luta e tiro como nunca antes, e enquanto eu estava preocupado que ela estava ficando cada vez mais obsessiva, eu sabia que ela precisava estar pronta para quando ela fugisse do lugar. Os anos se passaram e ela se tornou uma bela nova adulta. Eu a vi tão chateada no dia do casamento, mas ela era uma verdadeira princesa em seu vestido de noiva. Me entristece saber que esta será a última vez que a vejo, mas vejo algo bonito nela, e se nunca mais a verei novamente é porque tudo ocorreu muito bem.
Irina Greco3 anos depois... A sensação de terminar a ligação foi entristecedora. A empregada Teresa que me emprestou o celular para ligar para Alice olhou para mim e viu meu rosto angustiado, ela me lança o mesmo olhar de pena, sempre tentando me animar com a esperança de que Alice um dia deixará de ser caçada como um animal valioso.— A pequena Alice é forte e sabe se cuidar, senhora.— Eu sei, Teresa. Mas temo pela vida da minha filha.— O senhor Mortalla não vai encontrá-la.— Não subestime o inimigo, Teresa. Se Sebastian a encontrar, talvez seja apenas vingança por ter sido deixado no altar.— Não vamos pensar no pior, ok? A pequena Alice est&aacut
Alice Greco Com os olhos cansados eu me forço a jogar uma água sobre o rosto, encarei o espelho e sem muito entusiasmo eu vi as olheiras gritantes abaixo dos olhos, sempre os malditos pesadelos. Consigo ouvir sua voz de comando longe, enquanto corria pelo labirinto, também escuto tiros atrás de mim, aquilo parece ressoar em minha cabeça, espantei meu sonho e me enfiei embaixo do chuveiro. Era uma manhã de terça quando chegava na universidade ás 7h da manhã, logo na entrada eu vi Luana e Rebecca paradas com olhares cansados, me aproximei delas e cumprimentei da maneira de costume.— O que fazem paradas aqui?— Bom dia para você também, queridinha. — Respondeu Luana.
Alice Greco— Não sente falta dos seus pais? — Becca perguntou.— Eu sinto dos meus todos os dias. — Luana revelou, mas faz parte do ciclo da vida.— Os meus fingiram que eu morri, isso também faz parte do ciclo? — Becca perguntou com um olhar triste.— Seus pais não entendem de sua vontade, apenas a vontade deles. Um dia perceberão a loucura que fizeram.— Enquanto isso não acontece, eu vou me virando e trabalhando para me sustentar e bancar a faculdade. — disse com orgulho.— Foi muito bom passar um tempo com vocês, mas eu preciso ir, tenho que passar no mercado para minha vó. — Luana avisou se levantando do sofá, resolvi acompanhá-la na saída.— Antes que vá, voc&eci
Alice GrecoA morte do professor havia chocado grande maioria dos alunos, professores e funcionários da universidade, ele era bastante querido por todos. Fui ao seu enterro junto com parte de membros da faculdade, tudo para se despedir da pessoa incrível que ele era. Lembro-me das vezes que ele me aconselhou sobre assuntos que ele não sabia, nem entendia, mas sabia como acalmar um coração com palavras, ele parecia um anjo. Fiquei afastado da maioria, com roupas pretas e cabeça baixa, observando o caixão descer e aquele buraco ser fechado com monte de terra. Eu já não me encontrava tão entusiasmada para a boate a noite, porém tia Daniele não me deixaria desistir tão fácil, já que com a notícia ficou feliz e pretende me levar ao shopping e escolher um belo vestido para mim. Resolvi deixar o cemitério o quan
Alice GrecoEstava em frente ao espelho do meu quarto observando meu corpo coberto por um lindo casal e um véu que ia arrastando sobre a calda. Meu cabelo longo estava forrado em uma trança com poucos fios soltos, uma maquiagem simples com rubor sobre a bochecha que me deixava com um ar virginal, saber que aquilo era o propósito me deu náuseas. Estava sozinha no quarto quando a porta foi aberta por mamãe, ela entrou e trancou a porta em seguida, virei-me para ela.— Veio ver como estava o objeto de acordo?— Não se insinue assim, meu amor.— Como devo me insinuar daqui por diante? Ah! Como senhora Mortalla. — Sorri sem humor, mas a minha vontade mesmo era de chorar.— Depois que descobriu sobre seu arranjo com um Mortalla, viu como é a minha verdadeira vida ao lado do seu pai. E
Alice GrecoEmpurrei com toda a força a madeira daquele lugar, quando por fim abriu eu olhei ao redor para saber se havia alguém ali, o lugar estava vazio. Fechei a entrada por onde sai e ignorei o excesso de terra que havia feito enquanto corria para o labirinto, lá, eu tive a visão do soldado leal e amigo de meu pai.— Dante? O quê faz aqui?— Acredito que sua mãe tenha te explicado tudo, não é?— Sim! — respondi confiante.— Ótimo! Agora vamos, enquanto ainda não sintam a sua falta. Quando terminou aquelas palavras, ouviram-se uma voz grossa e autoritária passando ordens ao soldado, meu corpo gelou de medo.— Vamos antes que seja tarde! Dante me puxou pelo braço e me
Alice Greco Mamãe percebeu que sua vida seria um martírio assim que se casou com Marco, meu pai, ainda mais quando ele tentou roubar a própria organização que era capo, braço direito de um Mortalla. Depois desse perigoso conflito, Irina tratou de planejar todas minhas aulas. Enquanto as moças da máfia aprendiam a se portar antes e depois de casar-se, eu estava aprendendo a lutar, a ser fria quando chegasse o momento oportuno. O problema é que no início eu não entendia o quão importante é necessário eram as minhas aulas. As vezes era impedida de brincar com meu antigo cão e manter minhas obrigações em dia, agora eu consigo entender o porquê. Parecia que eu estava em um filme de terror. Minha cabeça começara a doer e meu coração a palpitar forte em meu p
Alice GrecoEstava me sentindo estranha com aquela conversa com minha tia, pois eu estava entendendo onde por fim ela queria chegar. Eu demonstrei sentimentos e importância em uma memoria que ligava minha mãe, onde ela com todo seu desejo fez de tudo para que eu separasse as emoções com racionalidade, e eu falhei com ela. Naquele instante a nossa conversa foi interrompida com a entrada dos meus advogados e do delegado Jones. A interrogação do meu caso durou por longas horas, pois assim como os advogados perceberam assim como eu, o delegado queria a todo custo impedir a minha saída e ter a liberdade que eu obviamente não merecia, mas no fim os advogados junto com o superior de Jones mostraram que minha aparição no local não passou de um mal entendido, o que estranhei já que uma evidencia foi deixada no local e não foi encontrada, o colar. Ás