Alice Greco
— Não sente falta dos seus pais? — Becca perguntou.
— Eu sinto dos meus todos os dias. — Luana revelou, mas faz parte do ciclo da vida.
— Os meus fingiram que eu morri, isso também faz parte do ciclo? — Becca perguntou com um olhar triste.
— Seus pais não entendem de sua vontade, apenas a vontade deles. Um dia perceberão a loucura que fizeram.
— Enquanto isso não acontece, eu vou me virando e trabalhando para me sustentar e bancar a faculdade. — disse com orgulho.
— Foi muito bom passar um tempo com vocês, mas eu preciso ir, tenho que passar no mercado para minha vó. — Luana avisou se levantando do sofá, resolvi acompanhá-la na saída.
— Antes que vá, você deixou sua jaqueta de couro aqui em casa. — Becca avisou.
— Eu procurei tanto em casa, achei que havia perdido. Onde está?
— No meu quarto.
— Vou pegar.
Assim que Luana abriu sua porta, Becca lembrou do seu cão que estava trancado no cômodo. Quando a madeira foi aberta o animal saiu rapidamente ao pensar que fosse sua dona. O Pit bull aproximou-se da sala em passos ameaçadores, Luana ao perceber que Drogo havia se soltado arregalou os olhos como se visse o próprio diabo em pessoa, melhor, em cão.
— Não se mexe, Liana. — A dona pediu com receio, ela estava prestes a ficar na minha frente para impedir algum possível ataque do cachorro.
Encarei os olhos do animal, uma cor vende esmeralda me encantou loucamente, seu pelo cinza com pintinhas brancas o deixavam ameaçadores, porém muito lindo. Não demonstrei medo para Drogo, por mais que fosse de uma raça que assusta diversos, eu os amava. Me aproximei dele e abaixei na sua frente, ele rosnou como um bicho feroz pronto para atacar, eu o desafiei com o olhar.
— Você sabe que não vai fazer. — Falei para ele. — Abaixe a guarda, eu não sou ameaça, Drogo!
Estendi a minha mão para que ele sentisse meu cheiro, enquanto ele cheirava, com a outra mão eu levei até sua cabeça e alisei seu pelo macio, ele balançou o rabinho e lambeu a minha mão. Becca e Luana ficaram olhando para a cena perplexas.
— Como você fez isso? — Becca me perguntou em choque.
— Estou chocada, o Drogo demorou meses para se acostumar com a minha presença! — Luana falou com decepção na voz.
— Drogo não é dócil, estou petrificada!
— Eu adoro essa raça, tão amáveis.. E protetores.
— E isso responde minha pergunta?
— Os animais só atacam quando se sentem ameaçados, no caso de Drogo eu mostrei que não era uma ameaça.
— Cacete! — Luana murmurou.
— Não, é técnica.
— O quê? Não! Enviaram uma notificação no grupo da faculdade.
— Sobre o quê?
— O professor de administração foi encontrado morto no banheiro da instituição! — A noticia chamou a nossa atenção.
— Mataram ele? — Perguntei, sentindo uma sensação muito estranha.
— Aqui diz que ele teve um infarto fulminante. As aulas estão suspensas para investigações.
— Nossa, era o professor Eduardo, o velhinho era tão gente boa.. — Becca falou com a voz entristecida.
— Bem, acontece.. — Luana falou ao bloquear o telefone e por no bolso. — Estamos sem aula por uma semana.
— Podemos fazer algo durante essa semana.
— Que tal estudar? Assim que retomarem as aulas teremos provas. — sugeri.
— Não acabe com nossa pausa, vamos sair juntas. Que tal boate?
— Pode ser na onde eu trabalho? Ia ser divertido. Tem vários gatinhos por lá. — Becca sorri maliciosa.
— Faz um bom tempo que não pego ninguém interessante.
—E você, Liana? Vamos? Vai ser divertido.
— Eu não sei..
— Você só estuda e volta pra casa, se divirta de vez em quando.
— Por favor Liana, vamos! — Luana tenta me convencer.
— Tá! Está bem, eu vou!
— Isso! Vamos nos divertir como nunca!
— Mal posso esperar.. — falei fingindo entusiasmo.
Algo me dizia que elas me dariam um grande problema na hora de voltarmos para casa, principalmente Becca que não é costumada a beber, por mais que trabalhe em um local farto de bebidas alcoólicas. Porém elas estavam certas, vivo minha vida de liberdade apenas estudando, minhas saídas para distrações são curtas, uma vez ou outra não fará causará nenhum mal. Preciso disso, me enturmar, sair com as únicas amizades que tenho, não posso viver com medo ele está longe. Mesmo pensando dessa forma não me faz pensar que ele não está procurando por mim, muito pelo contrário, o receio e o medo sempre andarão voltados a mim, mas mesmo sabendo dos riscos eu quero sentir o gosto de liberdade mais uma vez, aquela liberdade de andar pelas ruas com amigas a noite, ouvindo os carros passarem, quero entrar em uma boate e dançar como nunca o fiz, sentia falta da dança, assim como praticava antes.
— Que tal hoje a noite?
— Hoje? Melhor não, o professor faleceu algumas horas, seria muito desrespeitoso..
— Está bem, então amanhã?
— Perfeito, assim dará chances de comprar um belo vestido.
— Por mim tudo bem. — Dei a resposta final.
— Ótimo! Pois amanhã se preparem, a noite será muito longa.
Alice GrecoA morte do professor havia chocado grande maioria dos alunos, professores e funcionários da universidade, ele era bastante querido por todos. Fui ao seu enterro junto com parte de membros da faculdade, tudo para se despedir da pessoa incrível que ele era. Lembro-me das vezes que ele me aconselhou sobre assuntos que ele não sabia, nem entendia, mas sabia como acalmar um coração com palavras, ele parecia um anjo. Fiquei afastado da maioria, com roupas pretas e cabeça baixa, observando o caixão descer e aquele buraco ser fechado com monte de terra. Eu já não me encontrava tão entusiasmada para a boate a noite, porém tia Daniele não me deixaria desistir tão fácil, já que com a notícia ficou feliz e pretende me levar ao shopping e escolher um belo vestido para mim. Resolvi deixar o cemitério o quan
Alice GrecoEstava em frente ao espelho do meu quarto observando meu corpo coberto por um lindo casal e um véu que ia arrastando sobre a calda. Meu cabelo longo estava forrado em uma trança com poucos fios soltos, uma maquiagem simples com rubor sobre a bochecha que me deixava com um ar virginal, saber que aquilo era o propósito me deu náuseas. Estava sozinha no quarto quando a porta foi aberta por mamãe, ela entrou e trancou a porta em seguida, virei-me para ela.— Veio ver como estava o objeto de acordo?— Não se insinue assim, meu amor.— Como devo me insinuar daqui por diante? Ah! Como senhora Mortalla. — Sorri sem humor, mas a minha vontade mesmo era de chorar.— Depois que descobriu sobre seu arranjo com um Mortalla, viu como é a minha verdadeira vida ao lado do seu pai. E
Alice GrecoEmpurrei com toda a força a madeira daquele lugar, quando por fim abriu eu olhei ao redor para saber se havia alguém ali, o lugar estava vazio. Fechei a entrada por onde sai e ignorei o excesso de terra que havia feito enquanto corria para o labirinto, lá, eu tive a visão do soldado leal e amigo de meu pai.— Dante? O quê faz aqui?— Acredito que sua mãe tenha te explicado tudo, não é?— Sim! — respondi confiante.— Ótimo! Agora vamos, enquanto ainda não sintam a sua falta. Quando terminou aquelas palavras, ouviram-se uma voz grossa e autoritária passando ordens ao soldado, meu corpo gelou de medo.— Vamos antes que seja tarde! Dante me puxou pelo braço e me
Alice Greco Mamãe percebeu que sua vida seria um martírio assim que se casou com Marco, meu pai, ainda mais quando ele tentou roubar a própria organização que era capo, braço direito de um Mortalla. Depois desse perigoso conflito, Irina tratou de planejar todas minhas aulas. Enquanto as moças da máfia aprendiam a se portar antes e depois de casar-se, eu estava aprendendo a lutar, a ser fria quando chegasse o momento oportuno. O problema é que no início eu não entendia o quão importante é necessário eram as minhas aulas. As vezes era impedida de brincar com meu antigo cão e manter minhas obrigações em dia, agora eu consigo entender o porquê. Parecia que eu estava em um filme de terror. Minha cabeça começara a doer e meu coração a palpitar forte em meu p
Alice GrecoEstava me sentindo estranha com aquela conversa com minha tia, pois eu estava entendendo onde por fim ela queria chegar. Eu demonstrei sentimentos e importância em uma memoria que ligava minha mãe, onde ela com todo seu desejo fez de tudo para que eu separasse as emoções com racionalidade, e eu falhei com ela. Naquele instante a nossa conversa foi interrompida com a entrada dos meus advogados e do delegado Jones. A interrogação do meu caso durou por longas horas, pois assim como os advogados perceberam assim como eu, o delegado queria a todo custo impedir a minha saída e ter a liberdade que eu obviamente não merecia, mas no fim os advogados junto com o superior de Jones mostraram que minha aparição no local não passou de um mal entendido, o que estranhei já que uma evidencia foi deixada no local e não foi encontrada, o colar. Ás
Alice GrecoAs noites de sono se tornaram complicadas pelo excesso de pesadelos voltadas ao garoto, muitas vezes tia Daniele acordava durante a madrugada com meus gritos e corria até o meu quarto para me acordar, sabia que aquilo estava sendo um martírio para nós duas. Já faz um tempo que não recebo ligações de mamãe, perdi qual a última vez que nos comunicamos. Não tínhamos grande frequência, porém eu queria lhe explicar tudo o que aconteceu naquela noite, embora o que eu disser não vá mudar muita coisa.— Vou ao mercado. precisa de alguma coisa?— tia Daniele perguntou enquanto estávamos na cozinha.— Não, obrigada! Com a sua saída eu voltei para o quarto e comecei a estudar. Enquanto lia um importante texto sobre o planejamento de cardápios estratégicos quando fu
Alice GrecoO novo substituto mexe em sua bolsa e retira uma garrafa de água, ele toma goles generosos para lubrificar sua garganta e encara os alunos, as garotas da sala se derretem com a cena. Observo os passos do professor Arthur em volta da sala com ar de simpatia no rosto e quebra o silencio instalado, perguntando a todos quais seus respectivos nomes e idades para criarem um laço com os demais. Nota-se que alguns se sentem estranhos pela apresentação e pela cara nova, já que muitos estavam costumados com o falecido professor Eduardo, porém já algumas garotas como Becca e Liana estavam admiradas pelo homem a nossa frente, sugando cada pedacinho dele e fixando na memoria aquela obra de arte. A cada apresentação o professor cumprimenta os alunos e sorri de forma amigável. O homem possuía uma educação impecável com palavras formuladas e bem pensadas antes de
Alice GrecoO fim das aulas naquele dia haviam se encerrado, me despedi das minhas amigas e resolvi ir até o parque central mais próximo, queria me distrair sem farras depois de um longo horário de aulas. Me sentei em um banco do local publico e desfrutei do vento forte e o silencio da tarde, aquilo era muito satisfatório. Olhando fixamente para o pequeno lago pacifico eu me perdi na dolorosa lembrança de noites atrás, a cena do garoto se repetindo em minha cabeça estava me torturando dia após dia como um castigo desumano que ousei cometer. Estou distraída que não percebo alguém praticando exercícios aquela hora, onde parecia ser frequente. Observo o professor Arthur com shorts e uma camisa regata correndo em volta do parque. De longe tenho o grande deslumbre de seus passos e o admirável braços fortes sem estarem cobertos pelo suéter que até agor