Capitulo 6

Alice Greco

— Não sente falta dos seus pais? — Becca perguntou.

— Eu sinto dos meus todos os dias. — Luana revelou, mas faz parte do ciclo da vida. 

— Os meus fingiram que eu morri, isso também faz parte do ciclo? — Becca perguntou com um olhar triste.

— Seus pais não entendem de sua vontade, apenas a vontade deles. Um dia perceberão a loucura que fizeram. 

— Enquanto isso não acontece, eu vou me virando e trabalhando para me sustentar e bancar a faculdade. — disse com orgulho. 

— Foi muito bom passar um tempo com vocês, mas eu preciso ir, tenho que passar no mercado para minha vó. — Luana avisou se levantando do sofá, resolvi acompanhá-la na saída. 

— Antes que vá, você deixou sua jaqueta de couro aqui em casa. — Becca avisou. 

— Eu procurei tanto em casa, achei que havia perdido. Onde está? 

— No meu quarto.

— Vou pegar.

  Assim que Luana abriu sua porta, Becca lembrou do seu cão que estava trancado no cômodo. Quando a madeira foi aberta o animal saiu rapidamente ao pensar que fosse sua dona. O Pit bull aproximou-se da sala em passos ameaçadores, Luana ao perceber que Drogo havia se soltado arregalou os olhos como se visse o próprio diabo em pessoa, melhor, em cão. 

— Não se mexe, Liana. — A dona pediu com receio, ela estava prestes a ficar na minha frente para impedir algum possível ataque do cachorro. 

  Encarei os olhos do animal, uma cor vende esmeralda me encantou loucamente, seu pelo cinza com pintinhas brancas o deixavam ameaçadores, porém muito lindo. Não demonstrei medo para Drogo, por mais que fosse de uma raça que assusta diversos, eu os amava. Me aproximei dele e abaixei na sua frente, ele rosnou como um bicho feroz pronto para atacar, eu o desafiei com o olhar.

— Você sabe que não vai fazer. — Falei para ele. — Abaixe a guarda, eu não sou ameaça, Drogo!

  Estendi a minha mão para que ele sentisse meu cheiro, enquanto ele cheirava, com a outra mão eu levei até sua cabeça e alisei seu pelo macio, ele balançou o rabinho e lambeu a minha mão. Becca e Luana ficaram olhando para a cena perplexas. 

— Como você fez isso? — Becca me perguntou em choque.

— Estou chocada, o Drogo demorou meses para se acostumar com a minha presença! — Luana falou com decepção na voz. 

— Drogo não é dócil, estou petrificada! 

— Eu adoro essa raça, tão amáveis.. E protetores. 

— E isso responde minha pergunta? 

— Os animais só atacam quando se sentem ameaçados, no caso de Drogo eu mostrei que não era uma ameaça.

— Cacete! — Luana murmurou. 

— Não, é técnica. 

— O quê? Não! Enviaram uma notificação no grupo da faculdade. 

— Sobre o quê? 

— O professor de administração foi encontrado morto no banheiro da instituição! — A noticia chamou a nossa atenção. 

— Mataram ele? — Perguntei, sentindo uma sensação muito estranha.

— Aqui diz que ele teve um infarto fulminante. As aulas estão suspensas para investigações. 

— Nossa, era o professor Eduardo, o velhinho era tão gente boa.. — Becca falou com a voz entristecida. 

— Bem, acontece.. — Luana falou ao bloquear o telefone e por no bolso. — Estamos sem aula por uma semana.

— Podemos fazer algo durante essa semana.

— Que tal estudar? Assim que retomarem as aulas teremos provas. — sugeri.

— Não acabe com nossa pausa, vamos sair juntas. Que tal boate? 

— Pode ser na onde eu trabalho? Ia ser divertido. Tem vários gatinhos por lá. — Becca sorri maliciosa. 

— Faz um bom tempo que não pego ninguém interessante.

—E você, Liana? Vamos? Vai ser divertido.

— Eu não sei..

— Você só estuda e volta pra casa, se divirta de vez em quando.

— Por favor Liana, vamos! — Luana tenta me convencer. 

— Tá! Está bem, eu vou! 

— Isso! Vamos nos divertir como nunca! 

— Mal posso esperar.. — falei fingindo entusiasmo.

  Algo me dizia que elas me dariam um grande problema na hora de voltarmos para casa, principalmente Becca que não é costumada a beber, por mais que trabalhe em um local farto de bebidas alcoólicas. Porém elas estavam certas, vivo minha vida de liberdade apenas estudando, minhas saídas para distrações são curtas, uma vez ou outra não fará causará nenhum mal. Preciso disso, me enturmar, sair com as únicas amizades que tenho, não posso viver com medo ele está longe. Mesmo pensando dessa forma não me faz pensar que ele não está procurando por mim, muito pelo contrário, o receio e o medo sempre andarão voltados a mim, mas mesmo sabendo dos riscos eu quero sentir o gosto de liberdade mais uma vez, aquela liberdade de andar pelas ruas com amigas a noite, ouvindo os carros passarem, quero entrar em uma boate e dançar como nunca o fiz, sentia falta da dança, assim como praticava antes. 

— Que tal hoje a noite? 

— Hoje? Melhor não, o professor faleceu algumas horas, seria muito desrespeitoso.. 

— Está bem, então amanhã? 

— Perfeito, assim dará chances de comprar um belo vestido. 

— Por mim tudo bem. — Dei a resposta final. 

— Ótimo! Pois amanhã se preparem, a noite será muito longa. 

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