Alice Greco
Empurrei com toda a força a madeira daquele lugar, quando por fim abriu eu olhei ao redor para saber se havia alguém ali, o lugar estava vazio. Fechei a entrada por onde sai e ignorei o excesso de terra que havia feito enquanto corria para o labirinto, lá, eu tive a visão do soldado leal e amigo de meu pai.
— Dante? O quê faz aqui?
— Acredito que sua mãe tenha te explicado tudo, não é?
— Sim! — respondi confiante.
— Ótimo! Agora vamos, enquanto ainda não sintam a sua falta.
Quando terminou aquelas palavras, ouviram-se uma voz grossa e autoritária passando ordens ao soldado, meu corpo gelou de medo.
— Vamos antes que seja tarde!
Dante me puxou pelo braço e me guiou pelo labirinto até chegarmos do outro lado, dali eu consegui ouvir disparos e grito dos convidados, temi pela vida da minha mãe, mas eu prometi que não voltaria. Passamos por um portão de flores e caímos direto em uma mata fechada, tive de rasgar o vestido e correr como nunca, minhas pernas foram machucadas pelos galhos, porém não me importei. No final daquela mata um veículo esperava por mim, entramos e seguimos por uma estrada de terra até chegar em Roma, lá eu fui diretamente para área de voô e entramos em um avião particular. Quando o avião subiu para as altura eu por fim regulei a minha respiração, não contive meu choro de felicidade, de liberdade.
— É libertador, não é? — Dante perguntou, quebrando o silêncio.
— Sim, muito libertador.
— Está adquirindo uma oportunidade que nenhuma outra teve oportunidade, não estrague isso.
— Sei muito bem. Por que me ajudou?
— Talvez porque eu não quisesse ver uma menina se casando sem amor.
— Eu acredito que me conheça muito bem, já que essa menina não acredita em boa fé de mafiosos, ainda mais soldados fiéis de meu pai.
— Eu devia um favor a sua mãe, é só isso que tenho a dizer.
— E daqui? O que acontece agora?
— Seu pai sabe da minha viagem para negócios na Inglaterra, acredita que já estou há horas no avião, então a minha ajuda nisso tudo é inválido nas investigações futuras.
— Estamos indo para Inglaterra?
— Não, eu estou. Teremos algumas escalas e ficará em uma delas.
Horas mais trade o avião pousou na Bélgica e fui instruída por Dante para encontrar um homem de camisa azul, Irina havia preparado tudo para mim, planou todo meu conforto por anos. Antes de partir, Dante me entregou um telefone novo com um chip cadastrado em nome de outra pessoa, ele me pediu que esperasse as próximas coordenadas de mamãe. Já hospedada em uma pousada simples naquele novo lugar, afastei as cortinas do quarto e admirei a rua fora, com nova paisagem de casas coloridas. Ali eu percebi que de fato se iniciava uma nova etapa em minha vida.
***
No fim da noite nós três havíamos bebido além da conta, porém Becca estava pior do que restante de nós. Luana levou Becca para casa pelo excesso de álcool, eu tratei de chamar um Uber para mim, porém estava muito tarde e os que ainda estavam disponíveis não aceitaram a corrida. Assim que deixei a boate eu comecei a seguir o caminho pela calçada de volta para casa, a rua estava praticamente vazia, poucos carros passavam. Enquanto andava, comecei a sentir que estava sendo seguida, aquela intuição sem mesmo olhar para trás ressaltou dentro de mim. Resolvi passar para o outro lado afim de olhar sutilmente para trás. Vi um homem alto fingir entrar em um beco, sorri até, que o fim desta noite seja divertida.
Prossegui meu caminho sem levantar suspeitas, porém eu percebi que ele também havia atravessado para o outro lado. Próximo a um beco escuro e sem saída, ouvi seus passos rápidos para se aproximar de mim e me pegar de surpresa, mas para seu azar, me esquivei e o atingi em cheio o seu rosto, em seguida o acertei em seu estômago para que entrasse no beco. O homem caiu no chão como um saco de batatas, mas logo se levantou.
— Por que está me seguindo?
— O colar, eu quero o colar.
— Achou bonito? Compra um pra você!
— Eu quero, dá ele pra mim.
— Vem pegar, baixinho. — Desafiei o assaltante.
Como esperado, o infeliz tentou me atingir com vários golpes frenéticos, porém não acertou uma sequer. Golpeei seu rosto e chutei suas pernas, ele caiu de joelho.
— Para um cara que assalta mulheres na rua, está me mostrando ser bem prático na luta, mesmo que esteja perdendo.
O homem conseguiu acertar o meu rosto, me atingiu com um golpe forte nas costelas e fui ao chão. Nesse momento ele subiu encima de mim, segurou forte em meu pescoço e começou apertar. Para impedir que aquele fosse o meu fim, pus as mãos sobre sua calça para sentir algum objeto cortante, quando encontrei uma faca o acertei por várias cessões interruptas, ele morreu agonizando com seu próprio sangue. Recuperei o folego e me levantei do chão, encarei seu rosto, era um bandido qualquer, por pouco perdi uma luta.
— Moça! — Escutei uma voz atrás de mim.
Pelo susto que levei eu virei-me e atingi a pessoa com a faca em mãos. Encarei o rosto do rapaz, era um adolescente que assustou-se ao ser esfaqueado pelo pescoço. Arregalei os olhos e soltei a faca. Antes que ele caísse no chão eu o segurei sem saber o que fazer.
— Porra garoto, por que me assustou?!
— E-eu só queria a-ajudar... — Ele falou com dificuldade.
Tentei impedir que o jovem perdesse sangue rapidamente, mas não tinha o que fazer, eu não sabia o que fazer, eu só queria salvar aquele garoto.
— M-me desculpa, eu pensei que fosse um assaltante!
O garoto morreu em meus braços com os olhos abertos, olhando para mim. Meu corpo gelou, eu havia matado um inocente, alguém que queria me ajudar onde claramente me viu ser atingida pelo homem desconhecido.
— Acorda garoto, acorda! — Gritei com o rapaz, ele já não respirava.
Comecei a chorar e a tremer, não estava acreditando que aquele fim de noite acabei matando uma pessoa, não uma pessoa qualquer, uma criança. De repente, no inicio daquele beco dois carros de polícia estacionaram e sacaram a sua arma. Ouviu-se um estrondo no céu, o barulho do trovão com o início da chuva começou a cair pelas ruas da Califórnia. Os policiais se aproximaram e observaram a cena do crime sacando em seguida a sua arma. Eles me passaram ordens para deitar ao lado do corpo e colocar os braços para trás, sem ter muito o que fazer eu apenas obedeci, deitei-me no chão e encarei o rosto do menino, chorei ainda mais.
— Acorda, por favor. — supliquei ao adolescente enquanto era algemada e levada para a delegacia.
Alice Greco Mamãe percebeu que sua vida seria um martírio assim que se casou com Marco, meu pai, ainda mais quando ele tentou roubar a própria organização que era capo, braço direito de um Mortalla. Depois desse perigoso conflito, Irina tratou de planejar todas minhas aulas. Enquanto as moças da máfia aprendiam a se portar antes e depois de casar-se, eu estava aprendendo a lutar, a ser fria quando chegasse o momento oportuno. O problema é que no início eu não entendia o quão importante é necessário eram as minhas aulas. As vezes era impedida de brincar com meu antigo cão e manter minhas obrigações em dia, agora eu consigo entender o porquê. Parecia que eu estava em um filme de terror. Minha cabeça começara a doer e meu coração a palpitar forte em meu p
Alice GrecoEstava me sentindo estranha com aquela conversa com minha tia, pois eu estava entendendo onde por fim ela queria chegar. Eu demonstrei sentimentos e importância em uma memoria que ligava minha mãe, onde ela com todo seu desejo fez de tudo para que eu separasse as emoções com racionalidade, e eu falhei com ela. Naquele instante a nossa conversa foi interrompida com a entrada dos meus advogados e do delegado Jones. A interrogação do meu caso durou por longas horas, pois assim como os advogados perceberam assim como eu, o delegado queria a todo custo impedir a minha saída e ter a liberdade que eu obviamente não merecia, mas no fim os advogados junto com o superior de Jones mostraram que minha aparição no local não passou de um mal entendido, o que estranhei já que uma evidencia foi deixada no local e não foi encontrada, o colar. Ás
Alice GrecoAs noites de sono se tornaram complicadas pelo excesso de pesadelos voltadas ao garoto, muitas vezes tia Daniele acordava durante a madrugada com meus gritos e corria até o meu quarto para me acordar, sabia que aquilo estava sendo um martírio para nós duas. Já faz um tempo que não recebo ligações de mamãe, perdi qual a última vez que nos comunicamos. Não tínhamos grande frequência, porém eu queria lhe explicar tudo o que aconteceu naquela noite, embora o que eu disser não vá mudar muita coisa.— Vou ao mercado. precisa de alguma coisa?— tia Daniele perguntou enquanto estávamos na cozinha.— Não, obrigada! Com a sua saída eu voltei para o quarto e comecei a estudar. Enquanto lia um importante texto sobre o planejamento de cardápios estratégicos quando fu
Alice GrecoO novo substituto mexe em sua bolsa e retira uma garrafa de água, ele toma goles generosos para lubrificar sua garganta e encara os alunos, as garotas da sala se derretem com a cena. Observo os passos do professor Arthur em volta da sala com ar de simpatia no rosto e quebra o silencio instalado, perguntando a todos quais seus respectivos nomes e idades para criarem um laço com os demais. Nota-se que alguns se sentem estranhos pela apresentação e pela cara nova, já que muitos estavam costumados com o falecido professor Eduardo, porém já algumas garotas como Becca e Liana estavam admiradas pelo homem a nossa frente, sugando cada pedacinho dele e fixando na memoria aquela obra de arte. A cada apresentação o professor cumprimenta os alunos e sorri de forma amigável. O homem possuía uma educação impecável com palavras formuladas e bem pensadas antes de
Alice GrecoO fim das aulas naquele dia haviam se encerrado, me despedi das minhas amigas e resolvi ir até o parque central mais próximo, queria me distrair sem farras depois de um longo horário de aulas. Me sentei em um banco do local publico e desfrutei do vento forte e o silencio da tarde, aquilo era muito satisfatório. Olhando fixamente para o pequeno lago pacifico eu me perdi na dolorosa lembrança de noites atrás, a cena do garoto se repetindo em minha cabeça estava me torturando dia após dia como um castigo desumano que ousei cometer. Estou distraída que não percebo alguém praticando exercícios aquela hora, onde parecia ser frequente. Observo o professor Arthur com shorts e uma camisa regata correndo em volta do parque. De longe tenho o grande deslumbre de seus passos e o admirável braços fortes sem estarem cobertos pelo suéter que até agor
Irina GrecoDepois do meu desentendimento com Marco a minha rotina começou a ser vigiada por alguns empregados. Eu sentia falta do tempo em que levava a minha vida bem antes de ser obrigada a me envolver com a Cosa Nostra, naquela época eu conseguia ter uma liberdade significativa que era hoje me faz muita falta. Eu conseguia andar pela enorme terra de vinhedo e me deliciar do fruto direto do pé, descalça e com meu antigo cachorro ao meu lado, vezes ou outra eu e Daniele íamos para o riacho mais próximo e fazíamos mergulho naquela água cristalina e refrescante. Hoje, quando ouso passar muito tempo no jardim os soldados de Marco seguem meus passos com os olhos e passam todo o relatório para ele, pois eu sei que ele está desconfiado e esperando algum deslize e que eu revele onde Alice está. Sinto que ele sabe das minhas ligações para ela, ou
Já no local do evento, descemos do veículo e entramos no grande estabelecimento. Cumprimentamos vários conhecidos e amigos, sempre felizes e sorridentes, até chegar ao centro do lugar e marcar presença como esperado. Marco se juntou aos seus amigos e eu a grupos de mulheres casadas que conversavam sobre as compras glamorosas que fizeram naquele mês. Não gostava de estar presente naqueles grupinhos , já que muitas mulheres julgaram Alice por ter cometido uma 'tolice' como nenhuma outra ousaria, já que para muitas o Sebastian Mortalla é o mais cobiçado da organização, e até fora dela, porém suas fotos não se encontram em nenhum site ou midia social, tudo para pegar Alice de surpresa quando a encontrar. Eu não estava dando a devida atenção que era necessária, estava aera com a ligação de Daniele e pelo recente problema que Alice causou
Alice GrecoJá faz algumas semanas daquele incidente após a boate, no início foi complicado de aprender a lidar com as novas emoções, a culpa. Desde que me entendo por gente, jamais fui repreendida por ações que cometi, muito pelo contrário, quando lutava para não ter aula de etiqueta na frente de papai, mamãe se alegrava com a cena, pois assim sabia que minhas atitude após a fuga não pesaria a minha consciência, só que ela estava errada. Quando comecei a viver a minha vida após fugir da organização, eu sabia que em alguma momento eu precisaria estar preparada para matar meus inimigos, mas nunca pensei como reagir com um efeito colateral, como foi o garoto. Meus ensinos foram bastante diferentes das outras moças da máfia, isso me custou grande pressão e autocontrole de todos, tia Daniele, mamãe, não era tão fáci