Capitulo 9

Alice Greco

Empurrei com toda a força a madeira daquele lugar, quando por fim abriu eu olhei ao redor para saber se havia alguém ali, o lugar estava vazio. Fechei a entrada por onde sai e ignorei o excesso de terra que havia feito enquanto corria para o labirinto, lá, eu tive a visão do soldado leal e amigo de meu pai.

— Dante? O quê faz aqui?

— Acredito que sua mãe tenha te explicado tudo, não é? 

— Sim! — respondi confiante.

— Ótimo! Agora vamos, enquanto ainda não sintam a sua falta.

  Quando terminou aquelas palavras, ouviram-se uma voz grossa e autoritária passando ordens ao soldado, meu corpo gelou de medo. 

— Vamos antes que seja tarde! 

  Dante me puxou pelo braço e me guiou pelo labirinto até chegarmos do outro lado, dali eu consegui ouvir disparos e grito dos convidados, temi pela vida da minha mãe, mas eu prometi que não voltaria. Passamos por um portão de flores e caímos direto em uma mata fechada, tive de rasgar o vestido e correr como nunca, minhas pernas foram machucadas pelos galhos, porém não me importei. No final daquela mata um veículo esperava por mim, entramos e seguimos por uma estrada de terra até chegar em Roma, lá eu fui diretamente para área de voô e entramos em um avião particular. Quando o avião subiu para as altura eu por fim regulei a minha respiração, não contive meu choro de felicidade, de liberdade.

— É libertador, não é? — Dante perguntou, quebrando o silêncio. 

— Sim, muito libertador.

— Está adquirindo uma oportunidade que nenhuma outra teve oportunidade, não estrague isso. 

— Sei muito bem. Por que me ajudou? 

— Talvez porque eu não quisesse ver uma menina se casando sem amor.

— Eu acredito que me conheça muito bem, já que essa menina não acredita em boa fé de mafiosos, ainda mais soldados fiéis de meu pai.

— Eu devia um favor a sua mãe, é só isso que tenho a dizer. 

— E daqui? O que acontece agora?

— Seu pai sabe da minha viagem para negócios na Inglaterra, acredita que já estou há horas no avião, então a minha ajuda nisso tudo é inválido nas investigações futuras. 

— Estamos indo para Inglaterra?

— Não, eu estou. Teremos algumas escalas e ficará em uma delas. 

  Horas mais trade o avião pousou na Bélgica e fui instruída por Dante para encontrar um homem de camisa azul, Irina havia preparado tudo para mim, planou todo meu conforto por anos. Antes de partir, Dante me entregou um telefone novo com um chip cadastrado em nome de outra pessoa, ele me pediu que esperasse as próximas coordenadas de mamãe. Já hospedada em uma pousada simples naquele novo lugar, afastei as cortinas do quarto e admirei a rua fora, com nova paisagem de casas coloridas. Ali eu percebi que de fato se iniciava uma nova etapa em minha vida.

***

  No fim da noite nós três havíamos bebido além da conta, porém Becca estava pior do que restante de nós. Luana levou Becca para casa pelo excesso de álcool, eu tratei de chamar um Uber para mim, porém estava muito tarde e os que ainda estavam disponíveis não aceitaram a corrida. Assim que deixei a boate eu comecei a seguir o caminho pela calçada de volta para casa, a rua estava praticamente vazia, poucos carros passavam. Enquanto andava, comecei a sentir que estava sendo seguida, aquela intuição sem mesmo olhar para trás ressaltou dentro de mim. Resolvi passar para o outro lado afim de olhar sutilmente para trás. Vi um homem alto fingir entrar em um beco, sorri até, que o fim desta noite seja divertida. 

  Prossegui meu caminho sem levantar suspeitas, porém eu percebi que ele também havia atravessado para o outro lado. Próximo a um beco escuro e sem saída, ouvi seus passos rápidos para se aproximar de mim e me pegar de surpresa, mas para seu azar, me esquivei e o atingi em cheio o seu rosto, em seguida o acertei em seu estômago para que entrasse no beco. O homem caiu no chão como um saco de batatas, mas logo se levantou.

— Por que está me seguindo? 

— O colar, eu quero o colar. 

— Achou bonito? Compra um pra você! 

— Eu quero, dá ele pra mim. 

— Vem pegar, baixinho. — Desafiei o assaltante. 

  Como esperado, o infeliz tentou me atingir com vários golpes frenéticos, porém não acertou uma sequer. Golpeei seu rosto e chutei suas pernas, ele caiu de joelho.  

— Para um cara que assalta mulheres na rua, está me mostrando ser bem prático na luta, mesmo que esteja perdendo. 

  O homem conseguiu acertar o meu rosto, me atingiu com um golpe forte nas costelas e fui ao chão. Nesse momento ele subiu encima de mim, segurou forte em meu pescoço e começou apertar. Para impedir que aquele fosse o meu fim, pus as mãos sobre sua calça para sentir algum objeto cortante, quando encontrei uma faca o acertei por várias cessões interruptas, ele morreu agonizando com seu próprio sangue. Recuperei o folego e me levantei do chão, encarei seu rosto, era um bandido qualquer, por pouco perdi uma luta. 

— Moça! — Escutei uma voz atrás de mim. 

  Pelo susto que levei eu virei-me e atingi a pessoa com a faca em mãos. Encarei o rosto do rapaz, era um adolescente que assustou-se ao ser esfaqueado pelo pescoço. Arregalei os olhos e soltei a faca. Antes que ele caísse no chão eu o segurei sem saber o que fazer. 

— Porra garoto, por que me assustou?!

— E-eu só queria a-ajudar... — Ele falou com dificuldade.

  Tentei impedir que o jovem perdesse sangue rapidamente, mas não tinha o que fazer, eu não sabia o que fazer, eu só queria salvar aquele garoto. 

— M-me desculpa, eu pensei que fosse um assaltante!

  O garoto morreu em meus braços com os olhos abertos, olhando para mim. Meu corpo gelou, eu havia matado um inocente, alguém que queria me ajudar onde claramente me viu ser atingida pelo homem desconhecido. 

— Acorda garoto, acorda! — Gritei com o rapaz, ele já não respirava. 

  Comecei a chorar e a tremer, não estava acreditando que aquele fim de noite acabei matando uma pessoa, não uma pessoa qualquer, uma criança. De repente, no inicio daquele beco dois carros de polícia estacionaram e sacaram a sua arma. Ouviu-se um estrondo no céu, o barulho do trovão com o início da chuva começou a cair pelas ruas da Califórnia. Os policiais se aproximaram e observaram a cena do crime sacando em seguida a sua arma. Eles me passaram ordens para deitar ao lado do corpo e colocar os braços para trás, sem ter muito o que fazer eu apenas obedeci, deitei-me no chão e encarei o rosto do menino, chorei ainda mais. 

— Acorda, por favor. — supliquei ao adolescente enquanto era algemada e levada para a delegacia. 

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