Alice Greco
Estava em frente ao espelho do meu quarto observando meu corpo coberto por um lindo casal e um véu que ia arrastando sobre a calda. Meu cabelo longo estava forrado em uma trança com poucos fios soltos, uma maquiagem simples com rubor sobre a bochecha que me deixava com um ar virginal, saber que aquilo era o propósito me deu náuseas. Estava sozinha no quarto quando a porta foi aberta por mamãe, ela entrou e trancou a porta em seguida, virei-me para ela.
— Veio ver como estava o objeto de acordo?
— Não se insinue assim, meu amor.
— Como devo me insinuar daqui por diante? Ah! Como senhora Mortalla. — Sorri sem humor, mas a minha vontade mesmo era de chorar.
— Depois que descobriu sobre seu arranjo com um Mortalla, viu como é a minha verdadeira vida ao lado do seu pai. Eu cuidei de você como jamais ninguém nunca cuidou, eu escolhi os melhores instrutores de defesa e sobrevivência, tudo para te preparar para a vida, para lutar com unhas e dentes a liberdade que sempre desejou.
— Do que está falando?
— Você não vai casar com aquele homem desumano e cruel. Em alguns minutos você deixará essa prisão e irá para outro país, o qual escolher.
Escutei seu plano como se ouvisse meu numero sorteado de algum jogo, a esperança cresceu dentro de mim como uma bomba caseira prestes a explodir de felicidade. Porém encarando seu rosto e ouvindo cada passo maluco, percebi que seria de grande risco fugir, ainda mais no dia do casamento, seria suicídio. Meu sorriso morreu no instante que passei a imaginar as consequências, tanto para mim quanto para ela. Irina continuou a falar sobre seu plano:
— Depois que eu tiver informações sobre as buscas você irá para os Estados Unidos e encontrará sua tia, é uma longa história que contarei quando tivermos tempo.
— Eu não vou. — falei em seguida, seu entusiasmo diminuiu.
— O quê?
— É muito arriscado.
— É uma fuga, sempre haverá riscos. Alice, me escute, pense com clareza.
— Não! É você quem tem que pensar com clareza. Está se alimentando com essa ilusão há anos. O que acha que vai acontecer se eu for pega? Melhor! O que pensa que acontecerá com você?!
Em resposta ela se aproximou mais de mim e segurou a minha mão, depois deslizou seus dedos em meu rosto fixando minha face na memória.
— Eu te treinei para ser livre, para ser dona de si e não submissa de um Mortalla. Pense na liberdade que terá, nas memórias boas que fará sem restrições da máfia. Meu amor, se você ficar será o maior erro da sua vida.
— Mamãe.. — ela me puxou para um abraço forte e acolhedor. — E quanto a você?
— Eu vou ficar bem aqui, eu vou acompanhar cada passo seu e vou te ajudar como puder.
— Obrigada..
— Agora vamos, não temos tempo.
Irina abriu a porta do quarto e demos de cara com Teresa, a empregada que sempre cuidou de mim e de mamãe com tanto amor e carinho.
— As câmeras desse andar já estão desligadas.
— E os soldados?
— Estão todos no hall de entrada e no local da cerimônia, longe do jardim.
— Ótimo!
Mamãe segurou meu pulso com força e me arrastou pelo corredor até a grande escultura de mármore, onde ela e Teresa empurraram para arrastar e surgiu uma passagem secreta. Ela voltou-se para mim:
— Seguirá em frente até encontrar duas direções, vá para a esquerda onde encontrará um lance de escadas, empurre com toda a força e corra pelo jardim até o labirinto. Uma pessoa estará te esperando, vá com ele.
— O quê? Quem?
— Saberá quando chegar lá. Tome. — ela me estendeu uma lanterna para me ajudar. — Por mais que escute alguma coisa, não volte, tudo bem?
— S-sim! —Respondi insegura.
— Vamos senhora, não temos muito tempo. — Teresa avisou.
Com isso, Irina tirou do seu pescoço o colar que sua mãe lhe deu antes de se casar. Era um lindo colar de diamante azul, ela pôs em meu pescoço e se despediu de mim.
— Se cuide, te amo filha.
***
Segurei o colar em mãos e resolvi usá-los, me aproximei do espelho o admirei em meu colo, estava linda e finalmente pronta. Depois de falar com Becca e Luana pedir o Uber deixei o quarto e desci as escadas, avisei para tia Daniele que já estava de saída, ela veio ao meu encontro as pressas e me admirou uma última vez.
— Você está linda!
— Obrigada, tia.
— Tome muito cuidado quando voltar para casa.
— Eu sei me cuidar, tia.
Assim que saí de casa eu vi o veículo parar logo em frente e entrei em muita demora. Me apresentei e informei o local de destino. Percorri o trajeto escutando o som do rádio e em silêncio com o motorista, quando o carro parou no fim da rota eu agradeci e desci até ir ao encontro de Luana que estava na calçada, ao me ver abriu um lindo sorriso.
— Uau! Está linda. — Me elogiou, enquanto me avaliava da cabeça aos pés.
— E você está perfeita.
— É não é? Eu tento ser. — Sorriu convencida.
Caminhamos para a entrada da boate e Luana falou nossos nomes. Becca tratou de colocar nossos nomes na lista sem que houvesse problemas. Quando passamos pelos seguranças direcionamos pelo grande corredor extenso iluminado com uma luz azul, enquanto avançávamos já conseguíamos ouvir melhor a música que tocava. Admiramos o interior do lugar quando passamos pela grande porta, nos aproximamos das escada e antes de descer observamos o movimento da boate, pessoas dançando na pista enquanto o DJ tocava suas músicas e fazia efeitos especiais. Avistamos Becca atrás de um balcão servindo bebidas e nos aproximamos dela.
— Quero Tequila! — Falou Luana, chamando sua atenção.
— Finalmente! Pensei que não viriam.
— Certo alguém resolveu se arrumar toda.
— Se for para andar desarrumada eu fico em casa! — Nos comunicávamos em voz alta por causa da musica.
— Liana você está um arraso! Gostosa demais com esse vestido. — Becca me elogiou
Ela nos forneceu bebida por conta da casa, bebemos, dançamos na pista e envolta do bar, estávamos felizes e contentes pelo inicio da noite. Músicas incríveis foram tocadas, Luana e eu dançamos como nunca, mexíamos todo o nosso corpo, sorríamos e fazíamos apostas para quem bebia mais, o álcool ainda não havia dominado o meu corpo. Eu estava feliz por estar com as primeiras amizades que fiz depois da fuga, minha mente se encontrava tranquila sobre qualquer preocupação, eu não sentia isso há séculos. Eu estava livre e o gosto da liberdade era única, satisfatória, excitante. Enquanto dançava distraída, comecei a sentir uma grande queimação por todo meu corpo, não uma simples queimação, era voluptuosa, uma chama que parecia perfurar até a minha alma, intensa, perigosa.
Becca e Luana beijaram várias bocas na boate, eu não tratei de ficar de vela, as vezes eu voltava para o bar ou ia até o banheiro. Parei em frente a enorme pia de mármore e encarei o meu rosto no espelho, sorri ladino e gostei do resultado noturno, estava feliz, estava me sentindo viva. Mamãe tinha razão, se eu não tivesse fugido, nessa altura estaria arrependida por não ter feito.
***
Alice GrecoEmpurrei com toda a força a madeira daquele lugar, quando por fim abriu eu olhei ao redor para saber se havia alguém ali, o lugar estava vazio. Fechei a entrada por onde sai e ignorei o excesso de terra que havia feito enquanto corria para o labirinto, lá, eu tive a visão do soldado leal e amigo de meu pai.— Dante? O quê faz aqui?— Acredito que sua mãe tenha te explicado tudo, não é?— Sim! — respondi confiante.— Ótimo! Agora vamos, enquanto ainda não sintam a sua falta. Quando terminou aquelas palavras, ouviram-se uma voz grossa e autoritária passando ordens ao soldado, meu corpo gelou de medo.— Vamos antes que seja tarde! Dante me puxou pelo braço e me
Alice Greco Mamãe percebeu que sua vida seria um martírio assim que se casou com Marco, meu pai, ainda mais quando ele tentou roubar a própria organização que era capo, braço direito de um Mortalla. Depois desse perigoso conflito, Irina tratou de planejar todas minhas aulas. Enquanto as moças da máfia aprendiam a se portar antes e depois de casar-se, eu estava aprendendo a lutar, a ser fria quando chegasse o momento oportuno. O problema é que no início eu não entendia o quão importante é necessário eram as minhas aulas. As vezes era impedida de brincar com meu antigo cão e manter minhas obrigações em dia, agora eu consigo entender o porquê. Parecia que eu estava em um filme de terror. Minha cabeça começara a doer e meu coração a palpitar forte em meu p
Alice GrecoEstava me sentindo estranha com aquela conversa com minha tia, pois eu estava entendendo onde por fim ela queria chegar. Eu demonstrei sentimentos e importância em uma memoria que ligava minha mãe, onde ela com todo seu desejo fez de tudo para que eu separasse as emoções com racionalidade, e eu falhei com ela. Naquele instante a nossa conversa foi interrompida com a entrada dos meus advogados e do delegado Jones. A interrogação do meu caso durou por longas horas, pois assim como os advogados perceberam assim como eu, o delegado queria a todo custo impedir a minha saída e ter a liberdade que eu obviamente não merecia, mas no fim os advogados junto com o superior de Jones mostraram que minha aparição no local não passou de um mal entendido, o que estranhei já que uma evidencia foi deixada no local e não foi encontrada, o colar. Ás
Alice GrecoAs noites de sono se tornaram complicadas pelo excesso de pesadelos voltadas ao garoto, muitas vezes tia Daniele acordava durante a madrugada com meus gritos e corria até o meu quarto para me acordar, sabia que aquilo estava sendo um martírio para nós duas. Já faz um tempo que não recebo ligações de mamãe, perdi qual a última vez que nos comunicamos. Não tínhamos grande frequência, porém eu queria lhe explicar tudo o que aconteceu naquela noite, embora o que eu disser não vá mudar muita coisa.— Vou ao mercado. precisa de alguma coisa?— tia Daniele perguntou enquanto estávamos na cozinha.— Não, obrigada! Com a sua saída eu voltei para o quarto e comecei a estudar. Enquanto lia um importante texto sobre o planejamento de cardápios estratégicos quando fu
Alice GrecoO novo substituto mexe em sua bolsa e retira uma garrafa de água, ele toma goles generosos para lubrificar sua garganta e encara os alunos, as garotas da sala se derretem com a cena. Observo os passos do professor Arthur em volta da sala com ar de simpatia no rosto e quebra o silencio instalado, perguntando a todos quais seus respectivos nomes e idades para criarem um laço com os demais. Nota-se que alguns se sentem estranhos pela apresentação e pela cara nova, já que muitos estavam costumados com o falecido professor Eduardo, porém já algumas garotas como Becca e Liana estavam admiradas pelo homem a nossa frente, sugando cada pedacinho dele e fixando na memoria aquela obra de arte. A cada apresentação o professor cumprimenta os alunos e sorri de forma amigável. O homem possuía uma educação impecável com palavras formuladas e bem pensadas antes de
Alice GrecoO fim das aulas naquele dia haviam se encerrado, me despedi das minhas amigas e resolvi ir até o parque central mais próximo, queria me distrair sem farras depois de um longo horário de aulas. Me sentei em um banco do local publico e desfrutei do vento forte e o silencio da tarde, aquilo era muito satisfatório. Olhando fixamente para o pequeno lago pacifico eu me perdi na dolorosa lembrança de noites atrás, a cena do garoto se repetindo em minha cabeça estava me torturando dia após dia como um castigo desumano que ousei cometer. Estou distraída que não percebo alguém praticando exercícios aquela hora, onde parecia ser frequente. Observo o professor Arthur com shorts e uma camisa regata correndo em volta do parque. De longe tenho o grande deslumbre de seus passos e o admirável braços fortes sem estarem cobertos pelo suéter que até agor
Irina GrecoDepois do meu desentendimento com Marco a minha rotina começou a ser vigiada por alguns empregados. Eu sentia falta do tempo em que levava a minha vida bem antes de ser obrigada a me envolver com a Cosa Nostra, naquela época eu conseguia ter uma liberdade significativa que era hoje me faz muita falta. Eu conseguia andar pela enorme terra de vinhedo e me deliciar do fruto direto do pé, descalça e com meu antigo cachorro ao meu lado, vezes ou outra eu e Daniele íamos para o riacho mais próximo e fazíamos mergulho naquela água cristalina e refrescante. Hoje, quando ouso passar muito tempo no jardim os soldados de Marco seguem meus passos com os olhos e passam todo o relatório para ele, pois eu sei que ele está desconfiado e esperando algum deslize e que eu revele onde Alice está. Sinto que ele sabe das minhas ligações para ela, ou
Já no local do evento, descemos do veículo e entramos no grande estabelecimento. Cumprimentamos vários conhecidos e amigos, sempre felizes e sorridentes, até chegar ao centro do lugar e marcar presença como esperado. Marco se juntou aos seus amigos e eu a grupos de mulheres casadas que conversavam sobre as compras glamorosas que fizeram naquele mês. Não gostava de estar presente naqueles grupinhos , já que muitas mulheres julgaram Alice por ter cometido uma 'tolice' como nenhuma outra ousaria, já que para muitas o Sebastian Mortalla é o mais cobiçado da organização, e até fora dela, porém suas fotos não se encontram em nenhum site ou midia social, tudo para pegar Alice de surpresa quando a encontrar. Eu não estava dando a devida atenção que era necessária, estava aera com a ligação de Daniele e pelo recente problema que Alice causou