Alice Greco
Já faz algumas semanas daquele incidente após a boate, no início foi complicado de aprender a lidar com as novas emoções, a culpa. Desde que me entendo por gente, jamais fui repreendida por ações que cometi, muito pelo contrário, quando lutava para não ter aula de etiqueta na frente de papai, mamãe se alegrava com a cena, pois assim sabia que minhas atitude após a fuga não pesaria a minha consciência, só que ela estava errada. Quando comecei a viver a minha vida após fugir da organização, eu sabia que em alguma momento eu precisaria estar preparada para matar meus inimigos, mas nunca pensei como reagir com um efeito colateral, como foi o garoto. Meus ensinos foram bastante diferentes das outras moças da máfia, isso me custou grande pressão e autocontrole de todos, tia Daniele, mamãe, não era tão fáci
- Você está bem Liana? Ouço sua voz grave e altiva próximo de mim, chamando minha atenção, levantei o olhar e o encarei sem graça, fiquei perdida em pensamentos, sorri para disfarçar.- Estou bem, professor.- Já me ajudou bastante após a aula, quer tomar alguma coisa?- Não se preocupe, não quero nada.- Tudo bem, mas conseguiu separar os trabalhos da sua turma?- Sim, todos estão aqui, em ordem de chamada. Estendi os papéis e esperei que ele pegasse, no entanto, nossos olhares se cruzaram e ficamos preso naquela corrente angustiante e vergonhosa que eu não conseguia esconder a maneira que ele me afeta, pisquei os olhos e depositei os papeis na sua frente. Ele começou a avaliar um por um até o último, quando me encarou de volta, questionou:-
Na saída do colégio eu me direcionei para o mercado, alguns minutos que cheguei no estabelecimento tirei a lista de compras que tia Daniele fez para que eu comprasse. Depois de comprar tudo o que me pediu e voltar para casa, abri a porta e a vi sentada no sofá com seu gato, assistindo tv.- Nossa, você demorou muito.- Foi mal, saí muito tarde da faculdade- Essa tem sido a sua desculpa nas últimas semanas.- É a verdade.- Eu acredito em você, só não entendo o porque de não me falar o motivo.- São as provas.- As provas já passaram, há uma semana.- Tia, eu fiz as compras, estou cansada...- Olha, eu não quero te controlar, você já é maior de idade, eu só tenho medo que esteja se apegando demais a Califórnia.- Outra vez essa conv
Tirei toda a roupa e fui para baixo do chuveiro. Enquanto a água cai sobre meus cabelos eu pensava no que eu estava abrindo mão para ir embora daqui, não imaginei que vir para Califórnia me resultaria em apego, eu jamais fui apegada a alguma coisa, ou alguém. Becca e Luana se tornaram minhas melhores amigas, elas me mostraram partes da amizades que eu desconhecia e que hoje eu tento me acostumar, das noites que saíamos para festas, cinemas e até compras, eu nunca vivi isso, nem mesmo com mamãe, embora esses detalhes no inicio me deixasse irritada, hoje eu sei que me fará uma grande falta. Quando encerrei o banho eu voltei para o quarto e vesti um pijama confortável, depois eu desci para preparar algo para comer e assistir um filme na sala, em seguida eu voltei para o quarto, fiz minha higiene bucal e deitei na cama. Antes de dormir eu peguei no telefone, vi se havia alguma chamada perdid
Alice Greco Observo os alunos entusiasmados pela ida ao museu, a felicidade estampados em seus rostos era contagiante, mas mesmo assim eu não conseguia esboçar um simples sorriso, exceto quando estava perto de Becca ou de Liana. Estava contando os dias para esse evento, todos estavam, além do mais era um dia em que folgamos da responsabilidade de sermos universitários, mas pensar que hoje será a última vez que vejo minhas amigas causa uma inquietação dentro de mim, tristeza, raiva, não sei se irei contar a elas sobre deixar Califórnia, talvez ir sem dizer nada é o melhor a se fazer. Eu queria muito que não fosse assim, queria permanecer nesse lugar sem me lembrar do motivo de estar aqui, queria terminar a faculdade e abrir um restaurante, sem o medo de ser reconhecida por todos, mas de onde venho e do que eu fiz não dá, é impossível. Eu nunca tive uma vida tranquila e cafona como as demais pessoas, meus problemas nunca foram contas para pagar, muito menos se teria dinheiro no
Um tempo mais tarde o veículo parou no estacionamento do museu, todos olharam com admiração para o ilustre museu, com lindas vidraças e paredes aparentados serem antigas, sem muita demora descemos do veículo. De imediato o professor chamou nossa atenção pela evidência de entusiasmo em nossos rostos, o encaramos e esperamos por suas palavras: — Espero a colaboração de todos enquanto estivermos aqui, não se afastem, pois o museu é muito grande e não quero perder nenhum aluno por falta de atenção. — Professor. — Becca chamou sua atenção. — Esse museu não se parece nada com um museu de gastronomia. — Ele não é apenas de gastronomia, senhorita Rebecca, a arqueologia também está presente na culinária, em diferentes países e épocas. — Vamos entrar logo? Está calor aqui fora. — um aluno comentou. — Não se afastem. — foi a única coisa que ele falou antes de começarmos a andar em direção ao museu. Seguimos o professor até chegarmos na entrada, havia uma dupla de segurança parados, Arthu
Após o almoço voltamos para o tour no museu, estava mais receptiva a informação que recebia nas explicações do professor, contudo, percebia que enquanto nos dava aulas em cada descrição, o professor Arthur sempre me lançava olhares intensos e incógnitos que apenas eu percebia. Por trás daqueles óculos de grau eu via uma mistura de emoções fortes em seus azuis celestes, como raiva, desejo, luxúria, poder... Não entendia bem o que aquilo significava, não o conheço tão bem como no fundo gostaria, a essa altura não importa, já que irei embora esta noite. No fim da tarde, todos nós ficamos próximos a um gramado, sentados em umas bancas de ferro esperando pelo ônibus, enquanto isso, naveguei pelo celular a procura de uma ligação perdida, estava com falta de comunicar com minha mãe. De repente, recebo uma chamada de tia Daniele, me afastei das meninas e fui até uma árvore próxima para atender a ligação, — Sim? — Estou ligando para avisar que suas malas estão prontas. — Você conversou com
Durante a volta no ônibus foi em completo silencio de todos, pois a maioria dos alunos estavam exaustos mentalmente e fisicamente, pelo percurso de todo o museu e pelo excesso de informações e explicações que receberam, o dia foi produtivo para muitos, mas para mim, foi em completa preocupação e revolta. Não sei onde estava com a cabeça quando beijei Daniel, por mais que em algum momento tenha pensado em fazê-lo, não prudente da minha parte, pelo simples fato em saber todo esse tempo que ele gostava mim. Eu sempre soube dos sentimentos de Daniel por mim, era perceptível o que sentia, do excesso em tentativas fracassadas de manter uma conversa sem gaguejos e a quantidade de chamadas para sair. Muitas vezes eu pensei em aceitar e tentar corresponder o que ele sentia por mim, mas toda vez eu me pegava repreensiva por lembrar dos motivos que me trouxeram a Califórnia, mas agora que irei para outro lugar, percebo que fiz o certo em não ter tentado nada, á essa altura poderia ter que lidar
— Liana, você nunca nos contou profundamente sobre a sua vida, por quê? — Becca perguntou o que eu sempre era questionada pelas duas, respirei fundo e revelei:— Eu não me chamo Liana. As duas me encararam com espanto, os olhos arregalados e a boca entreaberta mostra que ficaram surpreendidas com a pouca revelação. Elas se aproximam mais de mim e ficam sem ter o que dizer, não conseguiam, o choque era maior do que qualquer pergunta. — C-como? — perguntam juntas, com a voz falha. — É muito complicado o que tenho a dizer, talvez não acreditem. — Eu tinha minhas suspeitas, mas eu não imaginava que pudesse ser verdade.. — Luana falou. — Do que está falando? — Eu sei quem você é! Todo esse tempo sendo muito reservada e pouco amigável, a maneira frívola que lida com qualquer coisa, isso estava muito claro! — Por Deus Luana, desembucha! — Implorou Becca. — Ela é um agente do governo! Reviramos os olhos depois da teoria absurda de Luana, expliquei que não era nenhuma espiã ou e