Eles não tiveram tempo para se preparar e entender o que poderia acontecer, tanto Damiano quanto Victoria, arrumavam suas malas com pressa, tentando não esquecer de nada que fosse importante antes de o carro chegar para os levarem até o ponto de partida onde o jatinho espera.Ela estava confusa e assustada, assim como Damiano, que se via em um mar de preocupações novamente. A sensação assustadora era difícil de ser digerida por ambos.A rotina que levavam era como uma montanha-russa, e a noite que vivenciavam era maior prova disso. Há algumas horas se divertiam na piscina, agindo como se não houvesse preocupações maiores. Já um tempo depois, se viram juntos, compartilhando o mesmo espaço com seus corpos despidos, quase completamente entregues ao jogo da paixão que se viam sucumbindo cada dia mais. E em um piscar de olhos, estavam sendo obrigados a voltar para o ninho de cobras de onde haviam saído; de onde Damiano fazia parte, como Victoria custava a se recordar, pois era doloroso ass
As bagagens acumuladas no saguão cobriam a frente do corpo de Victoria, sentado em uma pequena poltrona atrás do grande volume de malas que não possibilitava a vista de seu rosto coberto de ansiedade e preocupação.Ela roía suas unhas, completamente nervosa, enquanto aguardava Damiano receber o carro que os levaria até o jatinho. Se arrumaram às pressas, como se algo urgente estivesse acontecendo e ela não soubesse, restando que ficasse sozinha com suas próprias angústias, sem ao menos entender se corria algum perigo ou se havia algum risco no retorno que fariam para a Itália antes de chegarem até a Sicília.Havia uma movimentação incomum no hotel, que não condizia com o horário tardio, onde tudo deveria ser mais tranquilo e reservado. Isso a deixou ainda mais nervosa, pois levantava suspeitas sobre ser algum tipo de emboscada planejada por Valentim.Era tudo muito abstrato, o que tornava confuso tirar algum tipo de conclusão sobre qualquer situação que estivessem envolvidos. No entan
O silêncio era irritantemente chato e incômodo. Damiano não disse uma palavra sequer desde que se sentou na poltrona em frente a Victoria. Permaneceu imóvel, com uma expressão enigmática em seu rosto que parecia neutro, ao mesmo que seus olhos escuros indicavam que algo não estava certo.Ambos trocavam olhares vazios, sem qualquer indício do sentimento apaixonado e intenso que pareciam exibir no quarto de hotel que compartilhavam.A ruiva estava furiosa. Completamente cansada de não saber o que acontecia durante todo momento, se sentia no escuro sobre todas as ações impensadas de Damiano, que insistia em tentar livrá-la de qualquer perigo inesperado, mas não enxergava o quanto causava nela um mal-estar.— Você vai simplesmente agir como se nada estivesse acontecendo? — Ela usou um tom um pouco mais alto do que estava acostumada, pegando o mais velho de surpresa.— O que você quer, Victoria? — Ele bufou, parecendo mais irritado do que jamais esteve um dia.— Quero que você pare de agir
Nenhuma mudança ocorre repentinamente. Por mais que alguém tenha força de vontade o suficiente para alterar seus comportamentos indevidos, é um processo lento, que demanda tempo e consistência em seus atos para ocorrer alguma mudança verdadeira.É deveras arriscado confiar em uma mudança que se mostra repentina, pois a sua superficialidade não atinge os pontos necessários que devem e precisam ser alterados no âmago de um ser humano.E Victoria aprendeu isso de maneira clara ao ver a forma com que Damiano teve facilidade para odiá-la. Foi assustador ver a mudança em seus olhos ocorrer de maneira tão rápida, sem qualquer tipo de hesitação ou remorso ao se apegar no sentimento que compartilharam antes. Era como se uma única ação bastasse para desfazer por completo todo o progresso que tiveram, e tudo de repente fosse por água abaixo. E com isso, um sentimento de impotência e cansaço a invadem de maneira avassaladora, sem deixá-la raciocinar de forma ágil o que fazer para reverter sua sit
Victoria se sentia fraca e inútil ao perceber a facilidade com que ela cedia aos toques e as desculpas intermináveis de Damiano simplesmente ao sentir suas mãos tocando seu corpo diligentemente.As mãos dele tocavam o corpo da ruiva de maneira apressada, como se estivesse ansioso para explorar cada centímetro da pele quente que ela escondia atrás das roupas que usava. O tecido fino das peças que cobriam a estrutura de Victoria não foram o suficiente para impedi-lo de ficar completamente louco ao ter a sensação de calor de sua epiderme em seu tato.Ele se sentia completamente confuso à medida que seus sentimentos se encontravam com as sensações de raiva e irritação que o consumiam momentos antes. Estar com Victoria, para ele, era como estar em uma montanha-russa. Vez ou outra, seus sentimentos eram positivos e agradáveis, e em certos momentos ele sentia como se estivesse em queda livre.A sensação de frio na barriga era cada vez mais presente à medida que trocavam toques e carícias, e
— Não quer falar comigo? — Victoria perguntou, tocando levemente as costas úmidas de Damiano, que permanecia de costas para ela.Ele fechou seus olhos ao sentir as mãos da ruiva o tocar novamente, relembrando a difícil decisão de se manter afastado do tato das suas mãos macias. Era tentador demais.Victoria não merecia que algo do tipo aconteceria no banheiro de um avião. Nem merecia que fosse com ele, como ele mesmo pensava a todo momento. Preso em um empasse com a sua própria vontade e o desejo de mantê-la longe de seus comportamentos sórdidos.— Não é isso, eu só preciso pensar. — Ele respondeu com a voz mansa e calma, escondendo todo o nervosismo que o perturbava de maneira incessante.Ela respirou fundo, tentando não se irritar com a sua familiar maneira enigmática de se comunicar, ocultando todos os pensamentos que v
Ele parou para pensar durante longos minutos, sentindo cada vez mais a necessidade de fugir daquele banheiro quanto antes. Se sentia um tolo graças ao sentimento ridiculamente adolescente que o fazia ficar com borboletas no estômago ao refletir de maneira profunda sobre o que Victoria causava em seu ser.Se sentia tão remexido, quase invadido pela sensação completamente avassaladora do ato de amá-la.— Eu… — Ele começou a falar, pausando novamente sua frase, sem conseguir se expressar com clareza.— Estou começando a ficar ansiosa e a acreditar que você está esperando o avião pousar para não precisar me responder. — Ela sorriu encarando a expressão torturada que ele exibia em seu rosto.
Tudo parecia estar normal, até que o avião finalmente pousou na Itália.Damiano não teve desconfiança alguma, assim como os seguranças que o acompanharam durante todo o voo.A funcionária que os manteve bem atendidos, também não reparou movimentação que fosse incomum a dos muitos voos que ela já havia presenciado a mando de Dominique.Porém, dessa vez, não seria um pouso tranquilo como todos os outros.A mão suada de Damiano segurava com firmeza a alça da bolsa preta, sentindo o tecido de couro contra o seu tato, levemente escorregadio enquanto descia as escadas do jatinho. Era como se o seu corpo o avisasse antes que ele pudesse perceber o como estava.Era uma noite fria, e ele definitivamente não estava vestido conforme o clima gelado que os recebeu de volta ao lugar familiar. Sua blusa branca de tecido fino e seu jeans marcado em seu corpo não o protegeram dos ventos intensos que o atingiam enquanto ele caminhava de encontro com os homens que deveriam receber a preciosa carga de Do