— Martha, por favor! Ele matou Alexa, vai matar todas nós. — Ela implorou desesperada, como se de alguma forma fosse encontrar nos olhos negros da mulher a piedade que tanto torcia encontrar.
Porém, a mulher estendeu sua mão para alcançar o rádio de comunicação, tentando se comunicar com os outros seguranças para dedurá-los. Por sorte, Damiano se moveu rápido o suficiente para conseguir atirar na mulher.
O que agora os deixou expostos para Leandro conseguir seguir o som e encontrá-los.
Então, Damiano olhou no fundo dos olhos de Victoria, e se despediu com um beijo na testa, sabendo que precisava enfrentá-lo para que eles tivessem alguma chance de fugir dali com vida.
El
Antes de ser sequestrada, a última memória positiva que Victoria gravou de sua mãe foi o exato momento onde ela retirou o seu bolo favorito de dentro do forno.O cheiro das bananas caramelizadas ocupavam toda a casa, e a sensação de conforto era simplesmente indescritível, como se ela tivesse voltado para os dias felizes da sua infância, que foi muito tranquila, para a sua felicidade.Quando Damiano a colocou no chão, e o mesmo cheiro da famosa cuca de banana que a sua mãe fazia tomou todo o seu sentido. Ela teve um déjà vu, um dos mais bonitos, já que sentiu como se estivesse vivendo mais de uma vez o momento que tanto esperou acontecer durante os meses em que passaram separados.Talvez porque ela soubesse que iria repetir o mesmo momento diversas vezes em sua mente, ou porque o destino quis agraciá-l
O dia correu tranquilamente — se é que é possível usar a palavra tranquila para definir mais um dia na rotina de Damiano e Victoria —; passar a tarde com seus pais parecia como a realização de um sonho que estava muito distante, diante de tudo que havia acontecido até agora.Era como se algo terrível fosse acontecer a qualquer momento, e era difícil para a ruiva se livrar da sensação estando como fugitiva do dono da Máfia Capital.Damiano tinha esperança de que conseguisse fugir do rastro de seu pai, mas estava completamente infeliz com o que precisaria fazer para que isso se concretizasse.Não estava em seus planos ou desejos assassinar o seu próprio pai, mas diante das consequências que poderia ter, simplesmente não enxergava outra solução além dessa.Todas as possibilidades formadas em sua mente davam para uma única solução nada agradável, e ele sempre tinha a mesma visão de seu pai deitado perante aos seus pés, com uma bala na testa.Era como se o seu destino estivesse certo, fada
Victoria estava sentada na rede em frente a sua casa, com os olhos ainda avermelhados do choro intenso que a acometeu após saber sobre sua verdadeira origem.Seus pais em momento algum se negaram a responder sua pergunta, ficando tão surpresos quanto ela ao descobrir que ela simplesmente era filha de um dos maiores contrabandistas italianos.Parece que de alguma maneira sádica, ela e Damiano tinha mais em comum do que imaginavam.Era como se o destino de ambos estivesse traçado desde os primeiros momento das suas vidas, e de certa forma, era verdade.Assim que se encarregou de causar um terrível acidente com a família dos Ricci, após se certificar de que Leonardo deixaria para ele todo o seu legado como forma da sua lealda
Dominique estava sentado em sua poltrona, como de costume, fumando o seu charuto favorito. Seu rosto ainda tinha hematomas do dia em que tudo aconteceu, e depois do fatídico momento, ele se sentia como um tolo. Seu ego ferido fez com que sua personalidade se tornasse dez vezes pior, descontando em todos os funcionários a sua frustração por ser traído e abandonado pelos próprios filhos, que por sorte, não queriam uma retaliação.Apesar de ser o sucessor, Damiano não queria esse posto por vontade própria. Seu desejo em assumir era única e exclusivamente para se manter longe dos pedidos de seu pai, que tinham o terrível poder de fazer com que ele se sentisse a pior pessoa do mundo.Agora, ele ansiava pelo mom
Damiano saiu da casa rapidamente, dirigindo como se fosse a última coisa que precisava fazer na sua vida.Ele nunca dirigiu tão rápido assim, e sentia que quanto mais o tempo passava, mais ele precisava chegar ao seu destino.Logo, a adrenalina diminuiu, e ele se manteve mais tranquilo enquanto segurava o volante com toda a firmeza.Era o fim. O fim de um ciclo que durou uma eternidade, onde ele serviu apenas como um fantoche sem qualquer utilidade maior do que cumprir as ordens de seu pai.Ele não se sentiu mal. Não havia tristeza, mágoa, nada.Somente alívio.Alívio em pensar que tudo estava encerrado, e que agora ele e sua irmã poderiam viver em paz, do jeito que mereciam desde que eram crianças.Ter a vida que sempre imaginavam.De todas as formas, essa realidade ainda parecia muito distante quando imaginada.
Sem imaginar o terror que acontecia na casa onde passou sua infância, Victoria estava sentada no banco da praça onde costumava ir acompanhada de seus pais quando criança.Já que seu voo decolou um pouco mais cedo, ela decidiu aproveitar um pouco do clima agradável antes de ir até a casa onde seus pais moravam.A falta de pressa não era sem explicação, já que chegando de surpresa em Luca, uma pequena cidade na Itália, Victoria sabia que a essa hora seus pais ainda estariam na fábrica de tecidos onde trabalhavam.Com calma, ela percorreu pelas ruas onde cresceu, sentindo as memórias a visitarem de forma vívida mesmo após tanto tempo. Apenas quando suas pernas se cansaram, ela decidiu ir até a casa de seus pais para descansar das longas horas em que passou apertada no assento do avião.Tudo parecia normal. Os vizinhos continuavam silenciosos, e as flores do jardim em frente a casa onde cresceu continuavam bonitas e aparentes, exibindo o extremo cuidado que seu pai tinha com as suas preci
Antes O cheiro de formol, as paredes exageradamente brancas, e a luz forte iluminando o local, pareciam a fórmula perfeita para causar uma baita dor de cabeça em qualquer um que estivesse presente. Os alunos assistiam atentos enquanto a professora de anatomia retirava o fígado do cadáver em decomposição, deitado na mesa fria de metal, exposto como se fosse uma mercadoria. Ainda que a experiência servisse para fins educativos, era difícil não imaginar que esse corpo era uma pessoa. Que tinha sonhos, objetivos e até uma família.As reflexões profundas de Victoria a fizeram perder completamente a concentração, tornando difícil a tarefa de prestar atenção na aula extremamente importante. A maioria dos alunos tinha um olhar vago, prestando atenção em qualquer ação que acontecia através da janela que dava para o campus. Porém, Victoria não poderia se dar a esse luxo.Como bolsista em uma universidade de renome, é necessário se esforçar pelo menos três vezes mais do que a maioria. E, sincer
Sempre que aceitava sair de casa, Victoria se arrependia momentos após chegar no local. Dessa vez não foi diferente. Olhando rapidamente ao redor, era possível ver mais de dez infrações cometidas em um curto espaço de tempo.Por sorte, Liz era filha de uma das maiores contribuintes em doações da universidade.Ela tinha pele negra, tranças vermelhas que iam até sua cintura, roupa preta de tecido semelhante a couro, a tornando a atração da festa. E não seria por menos, Liz estava estonteante.Victoria tentava conter suas risadas ao ouvir por diversas vezes Marina afirmar que tinha certeza de sua heterossexualidade, até conhecer a anfitriã da festa.Clara, por outro lado, estava distraída beijando algum desconhecido que estava parado ao lado das bebidas. Não podia perder tempo, queria aproveitar a noite da melhor forma possível.Aproveitar é um termo muito particular de cada pessoa. Para Clara, era beijar o máximo de bocas possível. Já para Marina, era aproveitar o tempo de maneira agrad