Damiano alcançou o telefone em seu bolso com o desespero nítido em seu rosto, e Victoria não sabia o que acontecia, de longe, tentando decifrar o que acontecia por trás da cortina que tapava sua visão do que realmente acontecia.
Ela assistiu Damiano sair com pressa, procurando um lugar discreto para que falasse no telefone. Seu primeiro impulso foi se levantar, e no mesmo instante, Martha a olhou furiosamente para que ela se sentasse novamente. Ela não sabia o que fazer, mas sem opção, precisou aguardar até que o visse novamente, completamente de mãos atadas para o que acontecia sob sua visão.
— O que aconteceu? — o homem perguntou no telefone, aguardando ansioso para a resposta de Damiano.
— Vou precisar e você mais cedo do que eu imaginava, acho que vou precisar lidar com algo que surgiu, — Damiano respondeu, explicando toda a situação com o
— O que você fez? — Ela perguntou, chorando.— Fiz o que tinha que fazer. Ela ia me dedurar, não posso arriscar. — Ele sorriu levemente. — De repente tenha uma chance de salvá-la, sei que você é boa com primeiros socorros, já fez diversos curativos em nós.Ele se lembrava muito bem de como Catarina era habilidosa com suturas e tudo que era necessário para socorros médicos, já que assim como Victoria, Ela tinha o sonho de cursar medicina, e se esforçava para isso.Se aproveitando da sua bondade, ele assistiu ela pegar a maleta que Damiano deixou ao lado da mesa de metal, observando alguns itens que ela precisaria usar. O sorriso que ele abriu em seu rosto se iluminou no momento em que ela abriu a porta com a peque
Quando Alexa pensou em retrucar, as luzes do lugar se apagaram, e uma única luz lilás se acendeu próximo ao palco aonde faziam algumas apresentações vez ou outra.— Vamos para a última atração da noite. — Dominique pegou o microfone da mão de Martha, já ligeiramente embriagado. — Venham meninas, peguem um número. — Ele disse, apontando para as garotas sentadas lado a lado.Elas se levantaram receosas, indo em direção a caixa que ele segurava em sua mão.Cada uma delas tirou um broche com uma numeração, essa qual Martha ordenou que elas colocassem em seus vestidos para a identificação.— Não se preocupe, querida. Será divertido. — Ele respondeu a uma delas que parecia mais amedrontada do que um cervo ferido.— Vamos, cavalheiros. — Ele ordenou. — Escolham um número. — Disse, assistindo Damiano o encarar enfurecido. — Você não, filho. Família já tem regalias o suficiente. — respondeu.Nesse momento, Leandro reapareceu, sendo o primeiro a coletar um dos números da caixa que ele segurava,
— Martha, por favor! Ele matou Alexa, vai matar todas nós. — Ela implorou desesperada, como se de alguma forma fosse encontrar nos olhos negros da mulher a piedade que tanto torcia encontrar.Porém, a mulher estendeu sua mão para alcançar o rádio de comunicação, tentando se comunicar com os outros seguranças para dedurá-los. Por sorte, Damiano se moveu rápido o suficiente para conseguir atirar na mulher.O que agora os deixou expostos para Leandro conseguir seguir o som e encontrá-los.Então, Damiano olhou no fundo dos olhos de Victoria, e se despediu com um beijo na testa, sabendo que precisava enfrentá-lo para que eles tivessem alguma chance de fugir dali com vida.El
Antes de ser sequestrada, a última memória positiva que Victoria gravou de sua mãe foi o exato momento onde ela retirou o seu bolo favorito de dentro do forno.O cheiro das bananas caramelizadas ocupavam toda a casa, e a sensação de conforto era simplesmente indescritível, como se ela tivesse voltado para os dias felizes da sua infância, que foi muito tranquila, para a sua felicidade.Quando Damiano a colocou no chão, e o mesmo cheiro da famosa cuca de banana que a sua mãe fazia tomou todo o seu sentido. Ela teve um déjà vu, um dos mais bonitos, já que sentiu como se estivesse vivendo mais de uma vez o momento que tanto esperou acontecer durante os meses em que passaram separados.Talvez porque ela soubesse que iria repetir o mesmo momento diversas vezes em sua mente, ou porque o destino quis agraciá-l
O dia correu tranquilamente — se é que é possível usar a palavra tranquila para definir mais um dia na rotina de Damiano e Victoria —; passar a tarde com seus pais parecia como a realização de um sonho que estava muito distante, diante de tudo que havia acontecido até agora.Era como se algo terrível fosse acontecer a qualquer momento, e era difícil para a ruiva se livrar da sensação estando como fugitiva do dono da Máfia Capital.Damiano tinha esperança de que conseguisse fugir do rastro de seu pai, mas estava completamente infeliz com o que precisaria fazer para que isso se concretizasse.Não estava em seus planos ou desejos assassinar o seu próprio pai, mas diante das consequências que poderia ter, simplesmente não enxergava outra solução além dessa.Todas as possibilidades formadas em sua mente davam para uma única solução nada agradável, e ele sempre tinha a mesma visão de seu pai deitado perante aos seus pés, com uma bala na testa.Era como se o seu destino estivesse certo, fada
Victoria estava sentada na rede em frente a sua casa, com os olhos ainda avermelhados do choro intenso que a acometeu após saber sobre sua verdadeira origem.Seus pais em momento algum se negaram a responder sua pergunta, ficando tão surpresos quanto ela ao descobrir que ela simplesmente era filha de um dos maiores contrabandistas italianos.Parece que de alguma maneira sádica, ela e Damiano tinha mais em comum do que imaginavam.Era como se o destino de ambos estivesse traçado desde os primeiros momento das suas vidas, e de certa forma, era verdade.Assim que se encarregou de causar um terrível acidente com a família dos Ricci, após se certificar de que Leonardo deixaria para ele todo o seu legado como forma da sua lealda
Dominique estava sentado em sua poltrona, como de costume, fumando o seu charuto favorito. Seu rosto ainda tinha hematomas do dia em que tudo aconteceu, e depois do fatídico momento, ele se sentia como um tolo. Seu ego ferido fez com que sua personalidade se tornasse dez vezes pior, descontando em todos os funcionários a sua frustração por ser traído e abandonado pelos próprios filhos, que por sorte, não queriam uma retaliação.Apesar de ser o sucessor, Damiano não queria esse posto por vontade própria. Seu desejo em assumir era única e exclusivamente para se manter longe dos pedidos de seu pai, que tinham o terrível poder de fazer com que ele se sentisse a pior pessoa do mundo.Agora, ele ansiava pelo mom
Damiano saiu da casa rapidamente, dirigindo como se fosse a última coisa que precisava fazer na sua vida.Ele nunca dirigiu tão rápido assim, e sentia que quanto mais o tempo passava, mais ele precisava chegar ao seu destino.Logo, a adrenalina diminuiu, e ele se manteve mais tranquilo enquanto segurava o volante com toda a firmeza.Era o fim. O fim de um ciclo que durou uma eternidade, onde ele serviu apenas como um fantoche sem qualquer utilidade maior do que cumprir as ordens de seu pai.Ele não se sentiu mal. Não havia tristeza, mágoa, nada.Somente alívio.Alívio em pensar que tudo estava encerrado, e que agora ele e sua irmã poderiam viver em paz, do jeito que mereciam desde que eram crianças.Ter a vida que sempre imaginavam.De todas as formas, essa realidade ainda parecia muito distante quando imaginada.