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Capítulo 3: Nos despedimos aqui

Laura Martins:

— Ei! — Puxa-me para trás, fecho os olhos, sinto todo o meu corpo tremer. — Por que está me ignorando? — Reconhecer a voz do agro, respiro aliviada.

— Por que ainda está aqui? — Ignoro a sua pergunta.

— Vem — ele começa a me arrastar, mas não deixo, puxo a minha mão para longe da dele.

— O que acha que está fazendo? — Pergunto, a chuva começa a ficar mais forte.

— Vou te levar para um lugar seguro, vamos, a chuva já está piorando.

— Eu não vou para a sua casa! — Exclamo, só Deus sabe o que esse ogro tem na mente.

— Nunca te levaria para lá — ele responde olhando-me com... nojo? — Conheço uma pousada aqui perto.

— Como pode ver, não tenho dinheiro para pagar...

— Eu vou pagar, não posso te deixar na chuva.

Paraliso, me surpreendendo pela terceira vez com esse cara. Eu estou cansada, andei o dia todo hoje, e as sapatilhas criando calos nos meus dedos e calcanhares não ajudam muito. Só quero conseguir dormir.

— Vem logo! — Ele me tira do estopim da minha mente, entramos em seu carro.

Observo os fleches de luz pelo vidro fumê da janela, um silêncio expeço paira dentro do carro, que ao parar no sinal vermelho, não consigo controlar a vontade de expiar o homem estranho – que eu denominei ogro – ao meu lado. Ele realmente é muito bonito, os seus cabelos pretos desalinhados e molhados o deixam ainda mais charmoso, ele é o homem mais bonito que eu já vi, mas nunca irei admitir isso para ele.

Nunca!

— Se continuar me olhando assim, praticamente me devorando com os olhos, vou começar a achar que está interessada — a sua voz me tira dos devaneios, percebo, tarde demais, que estava encarando-o com a boca meio aberta.

Pressiono os lábios um contra o outro numa linha reta, tento parecer indiferente, mas sinto o meu rosto queimar de vergonha.

— Fa-falta muito para chegarmos? — Desvio o olhar e desconverso, tentando disfarçar o constrangimento.

— Hum, não muito — ele responde.

Concentro-me a paisagem além da janela, e, mesmo sem eu querer, a minha mente vagueia pelas lembranças ruins da semana passada quando todo o meu mundo virou de cabeça para baixo e eu virei uma moradora de sua.

"toc-toc", uma batida repentina no viro me faz pular, coloco a mão sobre o peito e sinto as batidas fortes e rápidas do meu frágil e jovem coração, pisco os olhos várias vezes assustada.

— Chegamos! — Escuto a voz abafada do ogro, sou preenchida pelo alívio, porém também me sinto constrangida.

Céus, fiquei tão entretida dentro da minha mente que não vi o momento em que o carro foi estacionado e nem ouvir o som da porta dele sendo aberta.

O ogro abre a porta para mim e eu saio do carro meio atordoada, o grande edifício chama a minha atenção, todas as janelas com varandas, esse lugar cheira ao tipo de lugar que não tenho dinheiro de passar nem uma noite. Isso nem de longe tem cara de ser uma pousada.

Calma! — falo a mim mesma, eu devo ter virado na direção errada. Calmante viro-me para o outro lado da rua, mas não encontro nada além de vários tipos de lojas, estendo a minha visão até o fim da rua e não localizo nada que se pareça ser uma pousada barata.

— Vamos logo! — O ogro diz fazendo-me virar novamente em direção ao edifício chique.

Ele já está perto do portão enquanto eu ainda estou do lado do carro.

— Ué, cadê a pousada? — Indago confusa.

— Não sabia que tinha problemas de visão, dragãozinha — ele provoca, e eu reviro os olhos. — Vamos, está ficando frio.

Ele vira-se de costa e abre o portão, eu o sigo. Caminhamos até uma recepção chique, onde uma mulher jovem aparece.

— O que traz a sua ilustre presença ao meu ressinto? — A moça diz divertida, dirigindo-se ao ogro.

— Quero um quarto para essa mulher — ele responde, e a moça finalmente olha na minha direção, os seus olhos percorrem da minha cabeça aos pés, consigo sentir os seus olhos julgando as minhas roupas velhas. Ela olha novamente para ele e depois para mim e então para ele novamente, agora com uma sobrancelha arqueada. — O quarto é apenas para ela, Monique — ele esclarece.

— Ah, sim. Está com documentos em mão, querida? — Ela pergunta a mim.

Pego no bolso da calça a minha identidade e entrego.

— Muito bem, Laura — ela diz após dá uma olhada no meu documento.

Ela digita e clica em alguma coisa no notebook, não demora nem um minuto, ela abaixa-se e quando levanta me entrega a minha identidade e uma chave, olho o número no cartão preso e sei que é o quarto: vinte e dois.

— Yasmin! — Monique grita e logo outra mulher aparece. — Leve ela para o quarto.

A Yasmim me olha e sorrir.

— Por aqui — Yasmin diz simpática e vira-se de costas.

Volto a olhar para o ogro, quero agradecê-lo pela gentileza, mas tem um nó na minha garganta e a presença de Monique deixa-me ainda mais desconfortável.

— Nos despedimos aqui, dragão — ele diz, sua voz firme mas não hostil.

— Não quero que fique me chamando assim — falo, sentindo-me envergonhada. Ele precisa me chamar disso na frente das pessoas?

— Não nos veremos novamente — ele afirma. — Então vá logo para o seu quarto.

A forma como ele diz isso, embora não seja hostil, carrega uma sensação de finalidade. Abro a boca para responder, mas os olhos gélidos de Fernando me fazem fechar a boca novamente.

Apenas aceno com a cabeça, resignada, e me viro para Yasmin, que me espera pacientemente. Começo a segui-la até o elevador, sentindo um misto de emoções.

Entramos na caixa metálica, o som suave das portas se fechando ecoando na minha mente. Yasmin pressiona o botão do terceiro andar, e subimos em silêncio. Quando as portas se abrem, saímos e seguimos pelo corredor até a metade. Yasmin para ao lado de uma porta, virando-se para mim com um sorriso encorajador.

— Aqui é o seu quarto, Laura.

Ao dar o primeiro passo para dentro, Yasmin começa a se afastar, retornando pelo caminho que viemos. Tateio a parede ao lado da porta e acho o interruptor. Acendo a luz e fecho a porta. Respiro fundo, no meio disso tudo, esqueci de devolver o terno dele.

Viro-me e observo o quarto, mas me surpreendo. Isso aqui não é um quarto de uma pousada. Certo, eu nunca antes estive em uma, mas sempre imaginei que seria apenas uma cama e um banheiro, ou apenas uma cama mesmo.

Mas aqui estou eu, diante de uma sala, com um sofá, uma televisão e uma mesinha de centro. Deixo o terno do ogro em cima do sofá e caminho até uma abertura que dá para o corredor.

Entro no banheiro e tomo um longo banho, a água quente relaxando os meus músculos. Volto para o quarto e jogo-me de costas na cama, meu corpo afunda no colchão e segundos depois, adormeço.

~

— Vim devolver a chave e pedir um favor — falo com Monique. — Queria que devolvesse para mim ao dono esse terno, o homem que estava comigo ontem — colo as chaves e o terno sob o balcão. — Obrigada pela hospedagem.

— Laura, o seu contrato é de três meses — Monique informa, encaro-a confusa. — Ontem foi pago a estadia de três meses, pegue de volta — ela empurra o terno e a chave para mim.

— Ele pagou por três meses?... Por quê? — Questiono num sussurro.

Pego a chave da mão dela e sinto-me mal. Apesar de no início ele ter sido um grosso comigo, ele foi o estranho mais gentil que já cruzou o meu caminho.

— Você pode me dizer o nome dele? — Pergunto sem graça a Monique.

— Entrou no carro de um homem sem sequer saber o nome? — Ela indaga com os olhos surpresos, fico envergonhada.

— Eu não tive tempo de perguntar o nome e nem sei onde o encontrar, então... — tento me justificar.

— Certo, já entendi. Olha, eu não sei por que o meu amigo fez isso por você. Nunca o vi ajudando de forma tão ativa moradores de rua, mas tenho certeza que ele não irá querer esse terno de volta e muito menos gostaria que eu revelasse o seu nome para uma garota que ele ajudou, mas sequer disse o próprio nome.

— Mas... — tentou contra-argumentar, mas ele me corta.

— Jogue fora essa roupa que colocou em seu corpo e aproveite a sua estadia aqui. Aproveite e procure um emprego, saia dessa vida, menina — ela diz mais suavemente.

— O meu primeiro dia no emprego começa hoje — informo, não quero parecer ainda mais coitada.

— Ótimo, junte dinheiro e consiga um lugar para ficar, está bem? Aproveite essa chance que a vida te deu.

— Certo, obrigada.

Olho para o relógio de parede e faltam trinta minutos para às sete da manhã, tenho uma hora e meia para chegar no meu trabalho.

"Será que encontrarei com ele novamente?" — Questiono mentalmente e guardo a chave no bolso da minha calça. Volto para o quarto e guardo o paletó. Preciso ir para o trabalho.

Dentro do ônibus, a caminho do trabalho, meus pensamentos estão divididos entre a gratidão e a curiosidade. Quem era ele e por que fez isso por mim? Sinto um misto de alívio e confusão. A gentileza dele, apesar de sua grosseria inicial, é algo que não consigo entender completamente.

Chego ao meu novo emprego com tempo de sobra, ansiosa e nervosa. A oportunidade de mudar minha vida está à minha frente. Ao entrar no prédio, respiro fundo e me preparo para o que quer que venha.

— Laura Martins? — Ouço meu nome ser chamado por um homem, aceno com a cabeça. — Vou te mostrar a empresa e o que tem que fazer.

Após o tour, o coordenador de serviços gerais me entrega o meu uniforme e então começo o serviço.

Durante o dia, tento me concentrar nas minhas tarefas, mas os pensamentos sobre o desconhecido que me ajudou continuam a surgir. Cada vez que vejo alguém com um terno preto, meu coração dá um salto, mas nenhum deles é ele.

Talvez, um dia, eu o encontre novamente e possa agradecer pessoalmente. Por agora, preciso focar no trabalho e fazer o meu melhor para garantir um futuro mais seguro e estável, mostrar aquele estranho que aproveitei a chance que ele me deu.

Quando o dia finalmente termina, estou exausta, mas também um pouco mais confiante. Caminho de volta para o lugar que agora posso chamar de lar, pelo menos por três meses. Entro no quarto, me jogo na cama e deixo a exaustão me levar para um sono profundo, cheia de esperança e determinação para o futuro.

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