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Capítulo 2: Um ogro e Uma dragão

Laura Martins:

— É feio encarar as pessoas comendo — falo incomodada, observando-o de soslaio. Não sei bem se ele realmente está me encarado, os olhos dele parecem vagos, mas o simples fato de estarem na minha direção já me perturba.

— Não estava te encarando — ele diz, e se ajeita na cadeira. — Coma logo, quero ir embora — resmunga, cruzando os braços.

— A porta da rua é serventia da casa — debocho, levando outra garfada de macarrão à boca, nossa! Que sabor divino, o macarrão está tão delicioso, poderia repetir o prato várias vezes.

— Está me colocando para fora, de um restaurante que nem seu é? — O ogro pergunta, uma sobrancelha arqueada.

— Você quer sair, eu apenas disse para que serve a porta, uai — retruco, achando divertidas as reações dele. — Você já pagou pelo macarrão, não precisa ficar aqui comigo, posso muito bem comer sozinha, não preciso que seja a minha babá.

— Você é muito mal agradecida, garota — contra argumenta, dou de ombros.

Foco em terminar a refeição. Mas, ao beber o refrigerante, um arroto escapa antes que eu possa evitá-lo. Que vergonha! Sinto como se todos no restaurante estivessem me olhando e segurando o riso.

— Olha só, até que não fica tão feia vermelhinha — o ogro comenta, divertido. — Calma vermelhinha, não precisa cuspir fogo em mim.

— Está me chamando de dragão!? — Indago, indignada com sua insolência. Quem esse cara acha que é para me chamar assim?

— Onde tá o burro, ele precisa acalmar à dragãozinha dele — ele provoca, com um sorriso zombeteiro. Desgraçado, ainda está dizendo que sou à dragão do filme do Shrek.

— Seu ogro babaca! — Rosno entre dentes, esse fila duma... Agr! — Chegue mais perto que eu te mostro onde o burro tá. — O desafio.

Nos encaramos, faíscas parecem voar entre nós, mesmo que ele esteja com um sorriso na boca, os seus olhos ainda estão gélidos e vazios.

— Oh, então agora você é a guia turística para o burro? — Ele retruca, com um sorriso sarcástico brincando em seus lábios.

— Está com medo de conhecê-lo?

— Apenas não quero atrapalhá-lo, tenho certeza que ele está planejando como fugir, seja lá onde você tenha o aprisionando.

— Oh, então você quer que ele consiga fugir para que você fique no lugar dele? — Pergunto, encarando.

— Você realmente acha que uma dragão de braços finos e pernas curtas como você conseguiria me prender? — Indaga me olhando intensamente.

Escorrego um pouco para fora da cadeira e acerto com força sua canela, sorrio vitoriosa.

— Filha da puta! — Ele xinga, uma expressão de dor em seu rosto enquanto começa a alisar a perna.

— Quer que eu chame a Fiona para cuidar de você? — O provocador, referindo-me à esposa do famoso ogro verde, Shrek. Saboreando minha pequena vitória. Ele me olha com ódio, o que só amplia ainda mais o meu sorriso.

— Você realmente sabe como irritar alguém, hein? — É palpável a fúria em sua voz e em seus olhos.

— E você realmente sabe como ser um ogro — respondo, sem desviar o olhar do seu.

Não consigo dizer com exatidão quanto tempo ficamos nos encarando, mas eu sou a primeira a desviar o olhar, esse ogro tem os olhos intensos demais, vazios e frios demais.

Termino de comer e limpo a boca.

— Obrigada pela refeição — falo e fico de pé. Não espero por uma resposta, apenas ando para fora na lanchonete, o vento frio b**e no meu rosto, respiro aliviada, não estava mais aguentando ficar lá dentro com ele.

Sinto o ogro passar por mim, coloco as minhas mãos no bolso da calça e começo a me afastar.

— Ei, dragão — o ouço falar, mas não olho para trás.

— Babaca idiota — murmuro ainda com raiva pelo apelido.

"Então é só você que tem direito de dar apelidos?" a minha consciência fala, reviro os olhos. "Ele merece o apelido dele, eu não." Me defendo da minha própria consciência. É só o que me faltava, esse ogro ainda está fazendo eu brigar comigo mesma.

— Vem, eu te dou uma carona — o ogro fala, dentro do carro.

— Vai embora! — Digo e acelero os meus passos, não adianta muito, ele continua no meu encalço.

— Já está tarde, as lojas já estão fechando, não me sentirei bem em deixar você sozinha, é perigoso.

Ergo minha cabeça, avisto uns homens fumando numa escada, sinto o meu coração apertar um pouco, não gosto de passar perto deles, a minha ex-melhor amiga, uma vez disse-me que foi violentada por homens drogados, desde então, fiquei ainda mais cautelosa.

— Está bem, vou aceitar a sua carona.

O ogro para o carro e por dentro mesmo abre a porta do carona para mim.

— Onde você mora? — Ele questiona ao parar num semáforo.

— Me leve para a rua Chile.

— Número da casa.

— Dezessete — respondo e viro o rosto para a janela.

Torço muito para que o abrigo tenha alguma vaga, aqui em Salvador, existem muitos moradores de rua. Depois de uns vinte minutos, o carro para. Tento abrir a porta, mas ela está trancada.

— Destranque a porta — mando, me viro para encará-lo.

— Aqui é um abrigo para sem teto — ele concluiu o óbvio, com uma mistura de surpresa e confusão.

— Esperava que uma mendiga como eu morasse onde? — A minha resposta sai com uma mistura de sarcasmo e mágoa.

— Olha, eu...

— Destrave a porta, quero sair — digo, cortando sua fala. Odeio que me olhem com pena, e -não sei porquê-, o olhar dele é ainda mais irritante que os de outras pessoas.

— Se realmente é uma mendiga, o que estava fazendo na Jewelry? — Ele pergunta, os olhos semicerrados de desconfiança.

— A minha vida pessoal não é da sua conta, agora destrave a porta! — Exclamo, minha voz mais alta e mais firme, o medo dele me prender aqui dentro aflorando.

Ele faz o que mando e eu saio às pressas do carro, respiro aliviada.

— Obrigada pela carona — bato a porta do carro dele e corro para dentro do abrigo.

Gotas de chuva fina começam a cair, mas antes que eu consiga entrar no portão, ele se fecha. O porteiro olha-me com pena; as vagas acabaram.

Merda! Esse era o abrigo mais próximo, o outro fica a mais de cinco quilômetros.

Pelo jeito, essa noite dormirei do lado de fora. Espero que não caia uma tempestade. Começo a andar para o toldo de uma loja, buscando abrigo.

"Bi-bi", ouço uma buzina. Um arrepio percorre minha espinha. Peço mentalmente a Deus que não seja alguém perigoso. Continuo a andar sem olhar para trás, mas a buzina soa novamente. Meu coração acelera. Nunca tive nenhuma relação sexual e tenho medo de ser violentada... Mesmo morando com meus pais, tinha medo, agora nas ruas, isso só aumenta.

A chuva começa a cair mais forte, e acelero meus passos, tentando encontrar um lugar seguro. De repente, ouço passos apressados atrás de mim e minha respiração fica irregular. O medo percorre cada fibra do meu corpo e minha mente imagina o pior.

Uma mão grande e forte agarra meu antebraço, me obrigando a parar. Sinto meu coração parar na boca.

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