Seis meses depois:Fernando Duarte:— AAH! — Laura grita, mais uma vez, e sua cabeça cai sobre o colchão.Meu coração palpita forte em meu peito, seguro a sua mão, o nervosismo e ansiedade pulsando em cada célula do meu corpo. Forço um olhar tranquilo, mesmo que eu mesmo esteja gritando por dentro, mas preciso transmitir forças para ela, e gritar, não vai ajudar em nada.O som do munitor cardíaco, o cheiro de antissépticos no ar, as instruções da médica obstetra o tempo todo mostrando como Laura deve respirar e a mandando fazer força, tudo isso é um borrão distante, meu foco está no rosto da minha esposa. O suor escorre por sua testa, seu peito sobre e desce rápido.— Você está indo muito bem, minha dragãozinha. Estamos quase lá, quase.Em resposta, Laura aperta a minha mão, as falanges de seus dedos ficam brancas de tão forte enquanto um grito estridente ecoa por sua boca. Vejo a determinação em seus olhos, a vontade de trazer nossos filhos ao mundo,
Olá! Como vocês estão? Eu estou meio chorosa nesse momento, rsrsrs.Quero muito agradecer por todas vocês, primeiramente a Socorro Miranda. Comecei a escrever Alugada, há dois anos, porém, nunca passava dos primeiros 5 capítulos. Modifiquei tantas vezes, muitas vezes mesmo, mas a Miranda nunca desistiu e acompanhou cada mudança. Muito grata por seu incentivo e paciência comigo.Ao publicar aqui, fui agraciada com mais leitoras: CamilaRibeiro25, Maria, Camila Assunção, Claudia Moraes, Ana Cristina Barbosa e KKgz.Vocês dominaram a minha mente, sério. Eu sentava na frente do notebook para escrever e a cada cena, eu me perguntava quais seriam suas reações. Pense que fiquei boba, tentando adivinhar e ficando ansiosa para ver nos comentários que vocês leram.De coração, agradeço a cada comentário, graças a vocês, fiquei inspirada e consegui chegar ao um final em que chorei ao escrever.Obrigada também aos leitores fantasmas (aqueles que estão lendo, mas como não tem nenhum comentário, eu nã
Laura Martins:Cuidadosamente, fecho a porta de vidro fumê ao sair da sala do RH. A alegria, ansiedade e esperança percorrendo todo o meu corpo fazendo-me vibrar com as emoções borbulhantes dentro de mim.Me controlo ao máximo para não andar saltitando enquanto encaro esse pequenino livro azul em minhas mãos como se fosse o maior tesouro do mundo. Agora que está finalmente assinado, com certeza conseguirei alugar uma casa e sair das ruas perigosas dessa cidade; mostrarei aos meus pais, que me expulsaram de casa apenas com as roupas que estou no corpo – uma camisa de mangas curtas, calça surrada e sapatilhas com um pequeno furo na sala–, que de agora em diante sou uma pessoa independente, e não preciso mais contar com a piedade de estranhos para sobreviver.A assinatura na minha carteira de trabalho é o meu passaporte para uma vida melhor...— Aí!Gemo de dor ao cair de bunda no chão.— Merda! — exclamo frustrada, rapidamente me levanto e com as mãos abertas espalmo sobre minhas roupas
Laura Martins:— É feio encarar as pessoas comendo — falo incomodada, observando-o de soslaio. Não sei bem se ele realmente está me encarado, os olhos dele parecem vagos, mas o simples fato de estarem na minha direção já me perturba.— Não estava te encarando — ele diz, e se ajeita na cadeira. — Coma logo, quero ir embora — resmunga, cruzando os braços.— A porta da rua é serventia da casa — debocho, levando outra garfada de macarrão à boca, nossa! Que sabor divino, o macarrão está tão delicioso, poderia repetir o prato várias vezes.— Está me colocando para fora, de um restaurante que nem seu é? — O ogro pergunta, uma sobrancelha arqueada.— Você quer sair, eu apenas disse para que serve a porta, uai — retruco, achando divertidas as reações dele. — Você já pagou pelo macarrão, não precisa ficar aqui comigo, posso muito bem comer sozinha, não preciso que seja a minha babá.— Você é muito mal agradecida, garota — contra argumenta, dou de ombros.Foco em terminar a refeição. Mas, ao bebe
Laura Martins:— Ei! — Puxa-me para trás, fecho os olhos, sinto todo o meu corpo tremer. — Por que está me ignorando? — Reconhecer a voz do agro, respiro aliviada.— Por que ainda está aqui? — Ignoro a sua pergunta.— Vem — ele começa a me arrastar, mas não deixo, puxo a minha mão para longe da dele.— O que acha que está fazendo? — Pergunto, a chuva começa a ficar mais forte.— Vou te levar para um lugar seguro, vamos, a chuva já está piorando.— Eu não vou para a sua casa! — Exclamo, só Deus sabe o que esse ogro tem na mente.— Nunca te levaria para lá — ele responde olhando-me com... nojo? — Conheço uma pousada aqui perto.— Como pode ver, não tenho dinheiro para pagar...— Eu vou pagar, não posso te deixar na chuva.Paraliso, me surpreendendo pela terceira vez com esse cara. Eu estou cansada, andei o dia todo hoje, e as sapatilhas criando calos nos meus dedos e calcanhares não ajudam muito. Só quero conseguir dormir.— Vem logo! — Ele me tira do estopim da minha mente, entramos em
7 meses depois.Laura Martins:Batidas fortes na porta me despertam de um sono agitado, desencadeando uma dor latejante na minha têmpora, lembrando-me da queda que sofri anteontem na empresa quando desmaiei e bati a cabeça na privada, acordei só no dia seguinte. A luz do sol entrando pelas frestas das da janela de madeira faz meus olhos arderem.— Já vai! — Tento gritar, mas minha voz sai fraca, um mero sussurro.As batidas continuam, mais urgentes. Respiro fundo, tentando dissipar a dor, e me levanto cambaleando. O quarto gira por um momento, mas me estabilizo, apoiando-me na parede enquanto caminho até a porta. O eco das batidas se mistura com o zumbido na minha cabeça.— Quem é? — Minha voz sai rouca, quase inaudível, enquanto destranco a porta.— Senhorita Martins? — Uma voz feminina responde.Abro a porta lentamente, revelando uma mulher jovem e elegante. Ela é alta e magra, vestindo um terno perfeitamente ajustado. Seus olhos me observam com intensidade, e um leve sorriso curva s
Fernando Duarte:No meu relógio marca 19 horas e 30 minutos, e a minha paciência diminui a cada segundo. Se essa mulher se atrasar um minuto sequer, estou fora. Eu nem queria está aqui para começo de conversar, só estou aqui porque a minha mãe ameaçou colocar fogo em sua própria casa.Impaciente, dedilho a mesa, viro o rosto para a janela e começo a observar os carros passando apressados pela frente do restaurante escolhido por minha mãe.Só mais trinta segundos...— Senhor Duarte? — Ouça a voz da recepcionista, se ela está aqui só pode significar uma coisa.Merda!Respiro fundo e controlo a raiva, só faltavam trinta segundos para que eu pudesse estar livre e usar a desculpa de que a tal mulher não apareceu me deixando no vácuo.Desvio minha atenção dos carros e olho para a moça que me chama. De baixo pra cima, observo a mulher que está ao lado da recepcionista.Dentro de um vestido tubinho de cor preta, os meus olhos percorrem o seu corpo, observando as curvas suaves e delicadas marca
Fernando Duarte:O momento presente se dissolve, e minha mente é abruptamente arrastada de volta àquela noite fatídica. o barulho ensurdecedor, repentino e violento de uma batida, seguido pelo estrondo assustador de uma explosão atrás do meu carro.O mundo ao meu redor transformou-se num caos vivo: os olhos verdes desesperados, os gritos dilacerantes por socorro perfurando a noite, misturados ao som das sirenes sendo abafadas pelo zumbido em meu ouvido. Lágrimas mesclam-se ao sangue que tingia toda a minha visão de um vermelho profundo e sombrio.O horror da imagem tingida de vermelho me dá náuseas — membros perdidos, um braço aqui, pernas ali, espalhado pelo interior do carro, o forte cheiro do sangue...Enquanto o passado me consome, uma gota de suor frio traça um caminho pela minha testa. O descompasso de meu coração martela contra meu peito, enquanto minhas vistas se embaçam com a iminência de mais um colapso emocional. Lágrimas, antes contidas, agora fluem livremente, embaçando mi