2

Elana inspirou fundo, tentando recuperar o controle. Ela não podia se permitir desmoronar completamente. Já tinha chorado demais. Passou as mãos pelo rosto, secando as lágrimas, e endireitou os ombros. Precisava sair dali. Precisava ir para um lugar onde ainda houvesse um resquício de segurança, onde não se sentisse tão perdida e sozinha.

Ligou o carro e saiu do estacionamento com as mãos firmes no volante, mas seu coração ainda estava em pedaços. A cidade passava por ela em flashes borrados pelas lágrimas remanescentes, e cada semáforo parecia um lembrete cruel de que sua vida estava em pausa, parada no momento exato em que descobriu a traição.

Quando finalmente chegou ao prédio de Isabella, estacionou sem se preocupar se estava alinhada corretamente. Saiu do carro, pegou sua mala e atravessou o pequeno jardim que levava à entrada. Seus passos estavam pesados, e o cansaço emocional ameaçava derrubá-la a qualquer momento.

Apertou a campainha e esperou, o coração batendo forte contra o peito. O tempo pareceu se arrastar até que, finalmente, a porta se abriu.

Isabella estava descalça, vestindo um moletom largo e com os cabelos bagunçados, como se tivesse acabado de sair do sofá. Seus olhos encontraram os de Elana, e em um instante, seu semblante mudou.

— O que aquele canalha aprontou? — perguntou, abrindo os braços sem hesitação.

Elana não respondeu. Apenas deixou a mala cair ao lado dos pés e se afundou no abraço da amiga, finalmente permitindo que seu coração quebrado encontrasse um pouco de conforto.

[...]

Elana soluçava no sofá de Isabella, os braços ao redor do próprio corpo como se tentasse se manter inteira. A amiga estava ajoelhada ao seu lado, segurando sua mão com firmeza, esperando pacientemente que ela encontrasse forças para falar.

— Eu... eu não fazia ideia — a voz de Elana saiu engasgada, entrecortada pelo choro. — Ele sempre dizia que me amava, que só estava esperando o momento certo para termos um filho... — Ela soltou uma risada amarga, balançando a cabeça. — Mas a verdade é que ele nunca quis isso comigo. Com outra mulher, sim. Comigo, nunca.

Isabella apertou ainda mais sua mão, os olhos brilhando de raiva e compaixão.

— Como você descobriu? — perguntou suavemente.

Elana engoliu em seco, sentindo um nó apertar sua garganta. 

— Eu peguei o celular dele para procurar um endereço. Ele deixou em cima da mesa enquanto tomava banho. Não era algo que eu costumava fazer, nunca desconfiei dele... — Ela parou por um instante, inspirando fundo. — Mas então, uma notificação apareceu. Uma mensagem. “Mal posso esperar para te ver de novo.”

Isabella arregalou os olhos. 

— Filho da puta...

Elana soltou um riso trêmulo, sem qualquer traço de humor. 

— Meu coração gelou. Naquele instante, tudo dentro de mim gritou que algo estava errado. Eu abri a conversa e ali estavam as fotos... dele e dela, juntos. Abraçados. Beijando-se. E depois... — Sua voz falhou. — Depois, a ultrassonografia. O filho que ele nunca quis ter comigo, mas vai ter com outra.

Um silêncio pesado caiu sobre as duas. Isabella passou a mão pelo rosto, claramente indignada.

— Eu juro, Elana, se esse desgraçado aparecer na minha frente, eu acabo com ele.

Elana apenas fechou os olhos, permitindo-se sentir por um momento toda a dor que carregava no peito. 

— Não vale a pena. — ela diz, após alguns minutos em silêncio. — Michael destruiu a minha vida inteira. E agora eu não tenho nada. Nada além de um carro usado.

Isabella encara a amiga de lado, a língua coçando para dizer algumas verdades. Mas não era hora daquilo.

— Vamos ver por outro lado. — Isabella fala, se sentando ao lado de Elana. — Você dizia que era o pessimismo de Michael que não deixava as editoras gostarem dos seus livros. Agora sem ele, irá fluir. Você será a próxima best-seller desse país... do país não, do mundo!

Elana fungou, um sorriso fraco e incrédulo escapando de seus lábios. 

— Ah, claro. Vou me tornar uma escritora de sucesso, rica e poderosa, e ele vai se arrepender amargamente de tudo.

Isabella ergueu as sobrancelhas. 

— Exatamente! O que melhor para dar um belo chute na bunda dele do que você vencendo na vida enquanto ele troca fraldas?

Elana balançou a cabeça, inspirando fundo.

— Tudo isso é muito fácil no papel, Isa, mas na prática... eu não tenho emprego, não tenho casa, não tenho um plano...

O telefone de Elana começou a tocar. “Número privado” piscava no visor. Elana não atendia ligação não identificadas, então ela ignora a ligação.

Isabella se levantou e apontou ao redor. 

— Você tem onde ficar. Essa casa também é sua pelo tempo que precisar. E, quanto ao resto, vamos dar um jeito. Você não precisa ter todas as respostas agora.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP