Enoque Vos é um detetive iniciante do Departamento de Homicídios do Distrito de Polícia da Cidade de Maité e, ansioso para mostrar serviço, praticamente passa 24 horas no Distrito, buscando pegar qualquer caso que apareça. E eis que ele acaba incubido de solucionar o caso de um estranho desaparecimento com características de ser a obra de um assassino em série.
Ler mais...Despertou subitamente, inspirando o ar como se ele fosse o sopro divino primordial insuflado diretamente em suas narinas para dar-lhe a dádiva da vida. Seu peito doía muito, mais especificamente, a área próxima ao ombro. Sem se levantar, ele olhou para lá e viu uma longa e fina agulha fincada no seu corpo. Retirou-a e somente depois disso é que procurou se sentar, a cabeça doeu muito durante o processo e, uma vez sentado, a intensidade da dor foi reduzindo. Ao recordar-se do que ocorrera, Roberto subitamente virou-se para a sua direita, buscando pelo furgão, que já não se encontrava mais ali, e pela sua parceira. Daniele encontrava-se caída sobre a calçada, imóvel. O investigou gelou da cabeça aos pés e, desprovido de qualquer esperança, levantou-se com dificuldade e seguiu cambaleante até onde ela se encontrava. As lágrimas singraram-lhe a
Com as ruas esvaziadas de qualquer tráfego, Roberto sentia-se livre para dirigir em altíssima velocidade e, valendo-se da situação crítica com a qual a polícia estava lidando, aproveitou para atravessar vários sinais vermelhos com os sinalizadores sonoro e luminoso devidamente ligados. Dificilmente um policial de Maité tinha a oportunidade de fazer isso numa situação oficial que não fosse, por exemplo, o transporte emergencial de uma mulher em trabalho de parto ou a escolta de alguma autoridade, como um governador, senador, presidenciável ou quem estivesse ocupando a presidência da república. - Você está dirigindo bem melhor. - comentou Daniele, entre bocejos no banco do carona. Ela era uma mulher de pele clara, com algumas
Enquanto o céu noturno sobre Maité começava a ficar limpo, com a lua cheia surgindo por de trás das nuvens, agora bem menos carregadas, o carro de Enoque singrava pelas ruas em alta velocidade, indo para o local do segundo atentado. Dentro do veículo, Vinicius mexia no rádio, passando de uma estação para outra, procurando algo que realmente valesse à pena escutar, enquanto o detetive ao volante pensava no quão irritante era essa restrição musical do seu parceiro e, no banco traseiro, Clara observava a paisagem urbana ao mesmo tempo em que continuava a vasculhar os confins da própria mente, tentando recordar-se de qualquer outra pessoa de Galatéia que pudesse estar residindo ali. - Talvez não seja alguém de Galatéia… - comentou a jovem, após muito pensar e concluir que, se houvesse mais algué
Após ouvir o detetive pronunciar o nome de sua amiga de longa data, Clara permaneceu parada diante do homem ruivo de expressão pesarosa na face e o seu olhar estava voltado para o nada, enquanto a mente passeava velozmente pelas lembranças dos momentos compartilhados com Leticia Martins ali mesmo, em Maité, e também na cidade natal que as três mulheres - Débora, Letícia e a própria Clara - compartilhavam. - Você está bem? - perguntou Enoque, o seu rosto passando de uma expressão pesarosa para uma de preocupação. - Ela também está morta, não está? - indagou Clara, a voz carregada de frustração e um toque de impotência.
Pelo monitor de segurança, Carlos viu Clara e o detetive Enoque saindo pelo portão, cuja folha metálica começou a deslizar para fechar a entrada logo em seguida, depois que o rapaz pressionou o botão do controle. Na sua mente, o jovem se questionava a respeito do que ocorrera momento antes, pois, embora ele tenha se oferecido para acompanhá-la à cena do crime e ao Distrito Policial por mera educação, a resposta negativa dela havia mexido um pouco com ele. Não foi a recusa em si ou as palavras utilizadas, mas sim a forma como elas foram ditas. Do lado de fora da casa, a jovem sarará seguia o detetive ruivo em direção ao carro dele. - Acho que o teu amigo pode te
Após ouvir a voz do rapaz dizer que abriria o portão elétrico, o detetive Enoque se afastou da porta perto da qual o interfone ficava e se dirigiu para a frente da entrada, cuja folha metálica já se encontrava deslizando ruidosamente, deixando livre o caminho para o pátio da casa. Já com o portão às suas costas, Enoque escutou o estalo do seu fechamento, enquanto se via com um gramado à esquerda e, à frente, um caminho projetado para o passeio de veículos domésticos, notando que havia um carro vermelho que se encontrava estacionado muito mais à frente, quase passando a casa em si, mas ainda sob uma área coberta. Isso levou o detetive a imaginar que a porta de vidro presente na parte da frente não deveria ser muito usada, que aquela fa
O bar Ossos e Rosas era um dos vários que existiam no Bairro da Boemia, mas se caracterizava por ser o mais famoso e antigo dentre os que tinham donos de origem eslava, sendo um dos mais antigos da cidade e que teria sido erguido pelo próprio Víktor Kotov, que se tornou o chefe da sua família e, consequentemente, dos negócios ilícitos comandados por ela, sendo um dos cinco indivíduos mais poderosos de Maité. É dito que teria sido do próprio Víktor a ideia do nome do bar e do símbolo dos ossos cruzados com rosas entre eles, tanto como uma forma de lembrar a época em que a família Kotov transformava os seus desafetos em adubo para as plantações de rosas das famílias Smirnov e Melnikov, como de anunciar as esperanças quanto
A União de Estados do Brasil adotou para a sua polícia a mesma estrutura de hierarquia e de funcionamento recomendada a todos os Estados membros da Comunidade Euro-Atlântica, portanto, quando uma ou mais duplas de oficiais chega a uma cena de crime sem flagrante, um alerta deve ser imediatamente passado para a Central de Polícia do Município, que o repassará aos investigadores disponíveis, a outras viaturas que estejam próximas do local e para a perícia. Assim, quando o detetive Enoque Vos chegou ao endereço informado pelo alerta, o fez quase que simultaneamente ao veículo da perícia e deparou-se com quatro viaturas no local, cujos oficiais responsáveis já haviam feito o devido isolamento da área, cuidando de manter os curiosos
- Boa noite, Central da Polícia de Maité, em que podemos ajudar? - disse uma voz feminina e um pouco rouca do outro lado da linha. - Ouvimos três disparos de arma de fogo na casa das nossas vizinhas e o meu marido saiu para ver o que aconteceu! - informou Madalena, uma rechonchuda e baixa mulher de aparentes cinquenta anos etários com a pele muito clara, olhos castanhos por trá dos óculos de grau, cuja armação retangular era quase da mesma cor que os seus cabelos tingidos de vermelho acajú e cortados em estilo pixie - Ele é policial aposentado! - complementou, mexendo impaciente na gola da sua camisola de botão de renda, enquanto espiava pela janela sem tirar os olhos do seu marido, que cautelosamente atra