A PROMESSA DO ALFA Á FEITICEIRA PROIBIDA - LIVRO 2
A PROMESSA DO ALFA Á FEITICEIRA PROIBIDA - LIVRO 2
Por: Bianca C. Lis
PRÓLOGO

POV: YULLI

O ar frio de Orion cortava meus pulmões enquanto eu tentava puxar o ar desesperadamente, cada respiração um esforço doloroso que parecia inútil. A chuva intensa golpeava minhas costas sem piedade, transformando a cidade em um labirinto traiçoeiro. Meus pés se afundavam em poças geladas, cada impacto contra o solo mandando ondas de dor pelas pernas que já ameaçavam ceder. Estavam em chamas, ardendo a cada passo, a exaustão da fuga corroendo minhas forças.

Quando minhas pernas finalmente vacilaram, deixei meu corpo cair contra uma parede áspera, coberta de musgo úmido. Pressionei a testa contra a pedra fria, tentando conter o pânico que rastejava pela minha espinha.

— Merda, eles nunca desistem? — murmurei, minha voz rouca, quase engolida pelo som da chuva. Levantei o olhar para o céu escuro, gotas de água escorrendo pelo meu rosto como se fossem lágrimas. — Deusa... eu sei que não mereço nada de você, mas, por favor... me ajude.

Uma brisa sutil tocou meu rosto, como um sussurro, trazendo consigo um fio de esperança. Peguei esse sinal e me movi novamente, ignorando a dor latejante nos músculos enquanto mergulhava nos becos estreitos, procurando escapar dos meus perseguidores. Encontrei refúgio temporário em um canto escuro e puxei o colar que trazia ao pescoço. Com as mãos trêmulas, comecei a murmurar um feitiço, minha voz embargada pelo medo. Se ao menos pudesse camuflar meu cheiro...

Mas o som me congelou. Um som agudo, como garras arranhando pedra, reverberou pelo beco, o suficiente para fazer meu coração acelerar como se fosse explodir.

— Como eles me encontraram? — sussurrei para mim mesma, sentindo as mãos vacilarem enquanto afastava os cabelos encharcados do rosto. Meu corpo inteiro tremia, mas mesmo assim, ajustei a postura, forçando-me a uma posição defensiva.

— Muito esperta, feiticeira — disse uma voz, baixa e ameaçadora, carregada de malícia. O som de um assobio longo. — Mas já aprendemos seus truques. Eles não funcionam mais.

O rosnado que se seguiu fez o chão sob meus pés parecer menos firme. O predador estava ali. Perto demais.

Vultos se aglomeravam ao meu redor, bloqueando qualquer caminho de fuga. As sombras nas paredes aumentavam minha sensação de estar encurralada. Meu coração disparava, batendo tão forte que parecia querer romper meu peito. O frio cortante fazia minhas articulações doerem. Meu corpo tremia, sem saber se era pelo medo ou pelo cansaço de uma perseguição interminável.

— Lobos errantes — disse com firmeza, apesar de estar à beira do colapso. Recuei um passo, fixando meu olhar no brilho ameaçador dos olhos vermelhos de um Lycan. — Até vocês estão atrás de mim? Por quê?

— Não se faça de inocente, ratinha — respondeu com um sorriso cruel, os caninos se alongando enquanto falava. Sua voz misturava desprezo e diversão, revirando meu estômago. O círculo de lobos se fechava, empurrando-me contra a parede. Não havia escapatória. Minha garganta secou ao perceber a desvantagem esmagadora. Mordi os lábios, tentando conter o pânico.

— Uma bruxa considerada traidora pelo alfa supremo e pelo próprio clã das bruxas deveria saber que caçadores não precisam de outra justificativa para caçá-la — provocou, estralando a língua como se saboreasse minha derrota.

— Sou prisioneira do Alfa do Norte! Vocês não podem... — meu protesto foi interrompido por um rugido ensurdecedor que me paralisou. Um lobo avançou, dentes arreganhados, prestes a me atacar.

— O Alfa do Norte? — ele gargalhou com uma frieza cortante. — Ele foi banido por sua causa, bruxa. Não há ninguém para protegê-la agora.

A raiva explodiu, superando o medo. Apertei o colar em minhas mãos, sua superfície fria lembrando-me do único poder que ainda me restava.

— Keenan vai matá-los quando souber disso! — gritei em desafio. Comecei a entoar um feitiço, cada palavra carregada de tensão crescente. Eu não iria cair sem lutar.

— Você está encurralada, bruxa miserável. — A voz dele era carregada de sarcasmo e desdém, arrancando gargalhadas dos outros. — Quando ele souber, será tarde demais. Tudo o que encontrará será apenas os seus ossos roídos!!

Endireitei o corpo e lancei um sorriso frio.

— A única coisa que vão encontrar aqui serão suas peles de lobo que servirá de tapete. — Disse, com uma calma venenosa. Sem hesitar, joguei o amuleto ao chão. O pó de desorientação se espalhou rapidamente, formando uma cortina sufocante.

— Não inalem! — gritou o Lycan, interrompido por uma tosse violenta. — Ela está tentando nos desorientar! Matem-na, agora!

A fumaça espessa dificultava minha visão, mas eu sabia que não tinha muito tempo. Dei alguns passos para trás, tateando o caminho, até que algo úmido e quente tocou minhas costas. Um rosnado feroz ressoou atrás de mim, gelando meu sangue. Virei-me instintivamente, mas não rápido o suficiente. Pulei para frente quando senti dentes afiados rasparem contra minha perna, arrancando um grito de dor e frustração.

— Malditos vira-latas! — Cuspi, a dor alimentando minha fúria. Mas antes que pudesse reagir, um lobo enorme saltou sobre mim, me derrubando com força. O impacto fez minha cabeça bater contra o chão, um estalo surdo que deixou minha visão turva. O peso da criatura era esmagador, e suas presas investiam com ferocidade, buscando meu rosto e pescoço.

Lutando contra o atordoamento, minha mão tateou desesperadamente pelo chão até encontrar algo sólido: Uma barra de ferro. Com todas as forças que ainda restavam, a ergui e a prendi contra o maxilar do lobo que avançava.

— Engole isso, desgraçado! — gritei, empurrando com força, o som do metal rangendo contra os dentes dele.

Ajoelhei com toda a força nas costelas da criatura, repetindo o movimento até que seu grunhido se tornou um urro de dor. A barra de ferro escorregou de sua mandíbula e ele cambaleou para o lado. Aproveitei o momento, arrastando meu corpo para trás enquanto recuperava o equilíbrio, e desferi um golpe certeiro contra sua cabeça. O impacto ressoou como um estrondo abafado, e o lobo balançou o focinho desorientado antes de tombar no chão, seu corpo imóvel denunciando que a vida havia escapado.

— Um já foi. — Murmurei, ofegante, enquanto meus dedos tocavam o ombro ferido. O sangue quente escorria pelo rasgo deixado por seus dentes. Cerrei os dentes, ignorando a dor, e encarei o próximo inimigo. — Quem é o próximo?

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