POV: KEENAN
Antes de adentrar o carro, uma dor lancinante atravessou minhas costas até meu peito. O ar escapou de meus pulmões e cambaleei, apoiando-me na porta do carro para não cair. Um rosnado feroz escapou de minha garganta enquanto meus seguranças rapidamente formavam uma barreira protetora atrás de mim.
Virei-me lentamente, minhas presas expostas, e encarei Drevan parado à distância. O feiticeiro exibia um sorriso triunfante, seus lábios e dentes manchados com sangue vermelho-ferrugem.
— Vocês pagarão por isso! — ameaçou ele.
— Mal posso esperar — respondi com um sorriso irônico, minha voz áspera pela dor. Com esforço, abri a porta do carro e empurrei Yulli para dentro, ignorando sua resistência. Entrei em seguida e suspirei pesadamente ao notar o líquido viscoso que escorria do ferimento, manchando o tecido. — Droga, era meu terno preferido.
— Qual é o seu problema?! — Yulli gritou, acertando um tapa em meu ombro.
— Ei, estou ferido, esqueceu? — arqueei uma sobrancelha, mantendo a compostura. Levei a ponta dos dedos até seus lábios, deslizando gentilmente até o canto de sua boca onde um pequeno corte permanecia. — Desculpe a demora, mas você é uma ratinha difícil de encontrar, especialmente com esse truque para esconder seu cheiro.
Meus olhos se fixaram no colar que ela usava, um objeto claramente enfeitiçado que exalava um suave odor de musgo. Sem hesitar, agarrei-o e puxei com força, partindo a corrente, os fragmentos escorreram entre meus dedos.
— Agora chega de truques — murmurei, encarando-a nos olhos. — Prefiro seu aroma natural — provoquei com malícia, observando cada detalhe dela com atenção.
— Keenan, você tem noção do que fez hoje? — A voz de Yulli oscilava entre raiva e nervosismo, especialmente quando me aproximei, roçando meu nariz em seu rosto e descendo vagarosamente até seu pescoço.
— O que está fazendo? — ela questionou, lutando para manter o controle.
— Verificando onde mais você está machucada — respondi com casualidade, Yulli agarrou meu rosto com ambas as mãos, forçando-me a encará-la. Seus olhos púrpuras faiscavam de raiva, com uma intensidade que quase me fez sorrir. — Você parece brava.
— Eu pareço brava? — ela explodiu. Empurrou-me para trás com força, seus dedos trêmulos alcançando os botões ensanguentados de minha camisa social. — Vira-lata idiota, você se feriu!
— Estou confuso sobre suas intenções, bruxinha — provoquei, recostando-me no banco do carro. Num movimento ágil, puxei-a pelo quadril para mais perto. Segurei seu pulso com delicada firmeza e o levei aos meus lábios, depositando um beijo suave sobre as marcas vermelhas deixadas pelas correntes. Com um único gesto, rompi as algemas mágicas que ainda a prendiam. — Dói?
A respiração de Yulli se acelerou, seu peito subindo e descendo em um ritmo intenso. Continuei massageando seus pulsos onde as marcas das correntes ainda sensibilizavam a pele, mantendo-a próxima o suficiente para sentir o calor que emanava de seu corpo.
— Pare com isso... — ela murmurou, um rubor tingindo suas faces enquanto desviava o olhar. Ao terminar de abrir minha camisa, percebi que ela prendia a respiração e mordia os lábios, fingindo indiferença à nossa proximidade enquanto aplicava uma leve cura sobre meu ferimento.
— Sabe que sou Lupino e que isso cicatrizaria sozinho, não é? — provoquei com um toque de sarcasmo. Deslizei minha mão até seu queixo, erguendo-o suavemente para forçá-la a me encarar. Estudei cada detalhe de seu rosto: os olhos profundos, os lábios tensionados. — Você fica linda de noiva.
— Keenan, por que veio atrás de mim? — sua voz saiu embargada, os olhos marejados. — Por que fez isso?
— Porque você é minha, Yulli, e não vai a lugar algum — rosnei entre dentes, minha voz carregada de possessividade e proteção. Uma vibração em meu bolso interrompeu minhas palavras. Sem desviar o olhar dela, peguei o celular e deslizei a tela, deparando-me com a notificação que confirmava o despertar da fúria do Alfa Supremo e do conselho da alcateia.
— Suas ações de hoje violam todas as leis. Eles vão querer sua cabeça por isso — Yulli suspirou pesadamente, afastando-se um pouco enquanto pressionava as costelas, contendo um gemido de dor. — Droga, Keenan, você já foi banido da alcateia central, e agora está provocando uma guerra com os feiticeiros!
Um sorriso frio se desenhou em meus lábios enquanto passava a língua por minhas presas afiadas. Inclinei-me em sua direção e, num movimento rápido, prendi-a contra a porta. Deslizei minhas mãos para baixo, manipulando suas pernas até tê-la completamente imobilizada sob meu corpo.
— Se não quisesse ser caçada por mim, não deveria ter fugido! — murmurei provocativamente, meus lábios a milímetros dos dela. Seu aroma doce, mesclado com notas picantes, fazia meu sangue ferver. — Estou um pouco chateado. Pensei que gostasse de ser minha prisioneira.
— Você não entende, pulguento! — ela protestou, contorcendo-se para tentar se libertar. Mas então, surpreendentemente, sua mão subiu até meu cabelo, seus dedos deslizando em uma carícia suave que enviou ondas de prazer por todo meu corpo.
— O que está escondendo, encrenca? — rosnei, minha voz grave reverberando em meu peito sob seu toque. Apoiei uma mão ao lado de sua cabeça e me inclinei mais, meus olhos procurando nos dela alguma verdade oculta.
— Você fez exatamente o que o feiticeiro supremo queria! — ela confessou, mordendo o lábio inferior nervosamente. O gesto apenas intensificou o desejo que me consumia. Levei minha mão até seu queixo, libertando seu lábio do aperto dos dentes, e rocei levemente minhas presas em sua boca. Senti seu corpo estremecer sob o meu, ela ofegou quando nossos lábios quase se tocaram, seus olhos brilhando com uma mistura de medo e antecipação.
— E o que isso significa? — minha voz saiu rouca, foi preciso todo meu autocontrole para não ceder ao desejo de puni-la ali mesmo, no banco traseiro do carro. — Por que o chama de "supremo"? Não me pareceu tão forte.
— Esse é exatamente o ponto, seu pulguento teimoso. — Yulli respondeu, tentando me empurrar sem sucesso. Segurei seus pulsos com firmeza acima de sua cabeça, imobilizando-a enquanto meus olhos percorriam cada detalhe de seu rosto e corpo. — Drevan não usou seu verdadeiro poder. Ele permitiu que você me levasse sem resistência.
Afastei-me ligeiramente quando o carro parou bruscamente e uma batida insistente na janela me fez rosnar de irritação.
— Perdão, meu Alfa — o beta surgiu com voz trêmula. — Chegamos... e temos visitas.
Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás, suspirando.
— Deixe-me adivinhar: o Alfa Supremo e o conselho estão nos esperando? — indaguei com autoridade enquanto abria a porta.
— Keenan... — Yulli agarrou meu pulso, seu rosto revelando genuína preocupação. — Por favor, diga que foi um erro. Que eu o manipulei com magia para me sequestrar. Basta me devolver, e tudo isso...
Silenciei-a com um dedo sobre seus lábios e me inclinei em sua direção, meus olhos fixos nos dela. Deixei minha aura de poder se expandir, meu lobo rugindo sua dominância.
— Não foi um erro, e não há possibilidade de devolução, feiticeira — sussurrei com voz baixa e ameaçadora, transbordando possessividade. — Acho que você ainda não entendeu, Yulli. Deixe-me esclarecer isso de uma vez por todas.
Puxei-a para fora do carro, uma mão firme em sua nuca forçando-a a me encarar. Segurei seu quadril, trazendo-a contra meu corpo de forma possessiva, deixando claro que não havia mais volta.
— Você está presa a mim, sem opção de retorno!
POV: YULLIMeus olhos encontraram os dele, e um peso avassalador me impediu de desviar. Tentei empurrá-lo, forçando uma distância entre nós, mas ele permaneceu imóvel, como se minha força fosse insignificante. Antes que pudesse refletir sobre minhas ações, minha mão subiu em um gesto rápido e certeiro, descendo com força contra seu rosto. O som do impacto reverberou no ar, nítido e afiado, enquanto sua pele exibia um leve rubor onde meus dedos haviam deixado suas marcas. Apesar disso, ele sequer vacilou.— Foi só isso? — Sua voz carregava um sarcasmo irritante, e sua sobrancelha arqueada acentuava a provocação. — Já terminou, bruxinha?Seus lábios se curvaram em um sorriso frio, revelando as presas afiadas que brilhavam sob a luz fraca. Ele não demonstrava dor ou surpresa, apenas uma confiança perigosa que parecia se expandir com meu ato impulsivo. Seus olhos fixaram-se em mim com precisão, estudando cada reação, cada tremor em meu rosto, enquanto um brilho predatório cintilava em seu
POV: KEENAN— É mesmo? — perguntei em voz baixa e provocativa, mantendo as mãos nos bolsos enquanto o encarava. A presença do meu lobo dominava o ambiente. — O que te dá o direito de exigir algo dentro da minha alcateia, Constantine?— Estamos fartos da sua proteção a essa traidora! — rosnou o Alfa da alcateia convergente, os olhos faiscando de raiva. — O Alfa Supremo pode ser complacente por sua amizade, mas nós...— Nós? — cortei sua fala com frieza, arqueando uma sobrancelha. Avancei devagar, cada passo uma ameaça silenciosa. — Quem mais ousa me desafiar?— Você sabe que o Conselho não a deixará escapar do que fez. — Ele também avançou, mostrando os caninos com um sorriso debochado. — O feitiço dessa bruxa te cegou, Alfa do Norte. Talvez um confronto te faça enxergar.Um sorriso frio se formou em meus lábios.— Eu adoraria ver você tentar.Liberei a força do meu lobo, tornando o ar denso e pesado. Meus músculos se retesaram, prontos para o ataque. Cada movimento meu emanava uma ame
POV: KEENAN— A sacerdotisa garantiu nossa vitória na primeira guerra. — declarei com rispidez. Direcionei o olhar para Yulli e suas algemas, antes de enfrentar Constantine novamente. — Ela não tem regalias. Está sob minha custódia, impedida de usar magia.Fechei o punho, contendo a fera que rugia para ser libertada.— Respondo por seus atos. — Dei um passo à frente, encarando-o. — Se busca vingança pela incompetência do seu filho, enfrente alguém que pode revidar!Constantine rosnou sem avançar. Senti Olson, meu lobo, agitar-se violentamente, exigindo carne e sangue.Aproximei-me mais, mas antes que qualquer um de nós pudesse agir, Aaron moveu-se. O Supremo colocou-se entre mim e Constantine, sua postura irradiando uma autoridade que ninguém ousaria questionar. Seu olhar passou rapidamente por Constantine, uma repreensão silenciosa que congelou o outro Alfa no lugar, antes de se voltar para mim.— Mandei você recuar, Keenan. — As palavras do Supremo soaram gélidas e ameaçadoras, sua
POV: KEENANAfastei os braços de Yulli do meu quadril, resistindo à sensação de paz que seu toque proporcionava. Ela recuou alguns passos, envergonhada, o rosto corado realçando sua beleza angelical, os lábios volumosos avermelhados sendo pressionado por seus dentes em um aperto hesitante e tímido.Aaron avançou, seu olhar pesado sobre mim.— Desafiou a ira dos ancestrais e do clã das bruxas. O Feiticeiro Supremo exige a noiva de volta ou... — pausou com um rosnado. — O tratado de paz será revogado.— Vou retornar. — Yulli interrompeu, decidida. A lancei um olhar repreensível, silenciando-a.— Rei Lycan, precisamos discutir os motivos do meu ataque. — Minha voz soou mais grave, impregnada de seriedade. — Não foi apenas pela prisioneira.Yulli me encarou atônita, encrenqueira como era, parecia incapaz de evitar se envolver em problemas. Aaron, por outro lado, cruzou os braços lançando um olhar desconfiado.— Que razões justificariam destruir minha diplomacia pela paz, Keenan? — questio
POV: YULLISem qualquer delicadeza, Allison escancarou a porta do quarto e me empurrou para dentro com força, fazendo-me tropeçar.— Ei, sarnento! — reclamei, minha voz transbordando irritação enquanto me recuperava. Sua resposta veio em forma de um olhar furioso acompanhado de um rosnado ameaçador. — Isto aqui é um absurdo!— Concordo, feiticeira. — A voz dele era fria, carregada de desprezo enquanto ele avançava na minha direção. — Nosso Alfa deveria eliminá-la e nos poupar do fardo de sua presença. — Sua postura era intimidadora, e o tom de ameaça em suas palavras era inconfundível. — Você só trouxe desgraças a ele!Respirei fundo, ignorando a dor pulsante em minhas costelas e a exaustão que parecia dominar meu corpo. Ergui o queixo, meu olhar desafiador fixo nele.— Eu fui embora, não fui? — rebati, minha voz firme. — Foi seu Alfa quem me trouxe de volta contra a minha vontade. Nunca quis envolvê-lo em nada disso.Os olhos de Allison brilharam com raiva contida enquanto ele se apr
POV: KEENAN— Sim. — Assenti lentamente, os olhos fixos em Aaron enquanto ponderava. — Sabemos que durante o evento celestial o poder dos bruxos se intensifica significativamente, enquanto nossos lobos tornam-se mais vulneráveis, propensos ao descontrole e à magia. Acha que é esse o motivo do retorno do Feiticeiro Supremo?Aaron soltou uma risada baixa desdenhosa, antes de me encarar.— Então você sabia sobre ele? — Indagou, avaliando os limites do meu conhecimento. — Achei que estava completamente cego por aquela traidora.Meu sorriso se alargou friamente, o rosnado em minha garganta foi audível, deixando claro que mesmo o Rei Lycan não estava imune à minha insatisfação. As presas brilharam afiadas quando avancei um passo, a postura rígida.— Curioso, Aaron... há não muito tempo essa “traidora” era sua aliada. Uma grande amiga. — Mantive o tom ameaçador implícito. — Sei sobre o Feiticeiro Supremo, que ele retornou e tomou o comando do clã devido ao seu poder. O que ainda não sei, car
POV: KEENANAaron permaneceu estático e paciente, seus olhos intensificaram-se. Sua presença dominante pressionava o ambiente, sua essência pulsava deliberadamente.— A liderança da alcateia o deixou presunçoso demais, pequeno lobo! — Rugiu sutilmente, a forma rude de dizer deixando claro que perto do poder supremo, eu não tinha relevância. Grunhidos involuntários do meu lobo interior ressoou sob a pressão de sua fera que rugiu em comando e alerta.Tensionei a mandíbula rangendo os dentes, sustentando seu olhar com as presas expostas.— Presunção é acreditar que eu não farei o necessário para garantir o que é meu. — Declarei possesso, sem margens para debates. — Aprendi com você, Supremo: o que quero, eu tomo e o torno meu, assim como fiz com esta alcateia... — Dei um passo à frente, a madeira sob minhas mãos estalando com a força que empreguei. Meu olhar não vacilou enquanto a presença de Olson crescia dentro do meu peito, arranhando minha mente com sua impaciência.Minha respiração
POV: YULLIVirei o corpo na cama, cada movimento agravando a dor latente em meu corpo. Afundei o rosto no lençol limpo, inalando o aroma fresco, mas uma pontada de tristeza atravessou meu peito. Não era o cheiro que eu gostaria e queria sentir naquele momento.— Droga, vira-lata... Por que você precisa ser tão... tão insuportável? — Minha voz se perdeu, misturada à frustração que eu não conseguia conter.Soltei um longo suspiro, tentando afastar o peso das palavras que o Beta havia me lançado mais cedo: Se tem alguma consideração por ele, morra de uma vez.Mas, elas ecoavam em minha mente, cortantes, impossíveis de serem ignoradas.— Se fosse tão simples... — Resmunguei, exaspera enquanto pressionava os dedos contra as têmporas, tentando aliviar a tensão que parecia me consumir. Meus dedos deslizaram instintivamente até a marca do pacto, que pulsava de forma inquietante. Puxei a camisa, revelando o local onde aquelas malditas raízes pareciam se aprofundar ainda mais na carne, deixando