04 - A PRISIONEIRA

POV: KEENAN

Antes de adentrar o carro, uma dor lancinante atravessou minhas costas até meu peito. O ar escapou de meus pulmões e cambaleei, apoiando-me na porta do carro para não cair. Um rosnado feroz escapou de minha garganta enquanto meus seguranças rapidamente formavam uma barreira protetora atrás de mim.

Virei-me lentamente, minhas presas expostas, e encarei Drevan parado à distância. O feiticeiro exibia um sorriso triunfante, seus lábios e dentes manchados com sangue vermelho-ferrugem.

— Vocês pagarão por isso! — ameaçou ele.

— Mal posso esperar — respondi com um sorriso irônico, minha voz áspera pela dor. Com esforço, abri a porta do carro e empurrei Yulli para dentro, ignorando sua resistência. Entrei em seguida e suspirei pesadamente ao notar o líquido viscoso que escorria do ferimento, manchando o tecido. — Droga, era meu terno preferido.

— Qual é o seu problema?! — Yulli gritou, acertando um tapa em meu ombro.

— Ei, estou ferido, esqueceu? — arqueei uma sobrancelha, mantendo a compostura. Levei a ponta dos dedos até seus lábios, deslizando gentilmente até o canto de sua boca onde um pequeno corte permanecia. — Desculpe a demora, mas você é uma ratinha difícil de encontrar, especialmente com esse truque para esconder seu cheiro.

Meus olhos se fixaram no colar que ela usava, um objeto claramente enfeitiçado que exalava um suave odor de musgo. Sem hesitar, agarrei-o e puxei com força, partindo a corrente, os fragmentos escorreram entre meus dedos.

— Agora chega de truques — murmurei, encarando-a nos olhos. — Prefiro seu aroma natural — provoquei com malícia, observando cada detalhe dela com atenção.

— Keenan, você tem noção do que fez hoje? — A voz de Yulli oscilava entre raiva e nervosismo, especialmente quando me aproximei, roçando meu nariz em seu rosto e descendo vagarosamente até seu pescoço.

— O que está fazendo? — ela questionou, lutando para manter o controle.

— Verificando onde mais você está machucada — respondi com casualidade, Yulli agarrou meu rosto com ambas as mãos, forçando-me a encará-la. Seus olhos púrpuras faiscavam de raiva, com uma intensidade que quase me fez sorrir. — Você parece brava.

— Eu pareço brava? — ela explodiu. Empurrou-me para trás com força, seus dedos trêmulos alcançando os botões ensanguentados de minha camisa social. — Vira-lata idiota, você se feriu!

— Estou confuso sobre suas intenções, bruxinha — provoquei, recostando-me no banco do carro. Num movimento ágil, puxei-a pelo quadril para mais perto. Segurei seu pulso com delicada firmeza e o levei aos meus lábios, depositando um beijo suave sobre as marcas vermelhas deixadas pelas correntes. Com um único gesto, rompi as algemas mágicas que ainda a prendiam. — Dói?

A respiração de Yulli se acelerou, seu peito subindo e descendo em um ritmo intenso. Continuei massageando seus pulsos onde as marcas das correntes ainda sensibilizavam a pele, mantendo-a próxima o suficiente para sentir o calor que emanava de seu corpo.

— Pare com isso... — ela murmurou, um rubor tingindo suas faces enquanto desviava o olhar. Ao terminar de abrir minha camisa, percebi que ela prendia a respiração e mordia os lábios, fingindo indiferença à nossa proximidade enquanto aplicava uma leve cura sobre meu ferimento.

— Sabe que sou Lupino e que isso cicatrizaria sozinho, não é? — provoquei com um toque de sarcasmo. Deslizei minha mão até seu queixo, erguendo-o suavemente para forçá-la a me encarar. Estudei cada detalhe de seu rosto: os olhos profundos, os lábios tensionados. — Você fica linda de noiva.

— Keenan, por que veio atrás de mim? — sua voz saiu embargada, os olhos marejados. — Por que fez isso?

— Porque você é minha, Yulli, e não vai a lugar algum — rosnei entre dentes, minha voz carregada de possessividade e proteção. Uma vibração em meu bolso interrompeu minhas palavras. Sem desviar o olhar dela, peguei o celular e deslizei a tela, deparando-me com a notificação que confirmava o despertar da fúria do Alfa Supremo e do conselho da alcateia.

— Suas ações de hoje violam todas as leis. Eles vão querer sua cabeça por isso — Yulli suspirou pesadamente, afastando-se um pouco enquanto pressionava as costelas, contendo um gemido de dor. — Droga, Keenan, você já foi banido da alcateia central, e agora está provocando uma guerra com os feiticeiros!

Um sorriso frio se desenhou em meus lábios enquanto passava a língua por minhas presas afiadas. Inclinei-me em sua direção e, num movimento rápido, prendi-a contra a porta. Deslizei minhas mãos para baixo, manipulando suas pernas até tê-la completamente imobilizada sob meu corpo.

— Se não quisesse ser caçada por mim, não deveria ter fugido! — murmurei provocativamente, meus lábios a milímetros dos dela. Seu aroma doce, mesclado com notas picantes, fazia meu sangue ferver. — Estou um pouco chateado. Pensei que gostasse de ser minha prisioneira.

— Você não entende, pulguento! — ela protestou, contorcendo-se para tentar se libertar. Mas então, surpreendentemente, sua mão subiu até meu cabelo, seus dedos deslizando em uma carícia suave que enviou ondas de prazer por todo meu corpo.

— O que está escondendo, encrenca? — rosnei, minha voz grave reverberando em meu peito sob seu toque. Apoiei uma mão ao lado de sua cabeça e me inclinei mais, meus olhos procurando nos dela alguma verdade oculta.

— Você fez exatamente o que o feiticeiro supremo queria! — ela confessou, mordendo o lábio inferior nervosamente. O gesto apenas intensificou o desejo que me consumia. Levei minha mão até seu queixo, libertando seu lábio do aperto dos dentes, e rocei levemente minhas presas em sua boca. Senti seu corpo estremecer sob o meu, ela ofegou quando nossos lábios quase se tocaram, seus olhos brilhando com uma mistura de medo e antecipação.

— E o que isso significa? — minha voz saiu rouca, foi preciso todo meu autocontrole para não ceder ao desejo de puni-la ali mesmo, no banco traseiro do carro. — Por que o chama de "supremo"? Não me pareceu tão forte.

— Esse é exatamente o ponto, seu pulguento teimoso. — Yulli respondeu, tentando me empurrar sem sucesso. Segurei seus pulsos com firmeza acima de sua cabeça, imobilizando-a enquanto meus olhos percorriam cada detalhe de seu rosto e corpo. — Drevan não usou seu verdadeiro poder. Ele permitiu que você me levasse sem resistência.

Afastei-me ligeiramente quando o carro parou bruscamente e uma batida insistente na janela me fez rosnar de irritação.

— Perdão, meu Alfa — o beta surgiu com voz trêmula. — Chegamos... e temos visitas.

Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás, suspirando.

— Deixe-me adivinhar: o Alfa Supremo e o conselho estão nos esperando? — indaguei com autoridade enquanto abria a porta.

— Keenan... — Yulli agarrou meu pulso, seu rosto revelando genuína preocupação. — Por favor, diga que foi um erro. Que eu o manipulei com magia para me sequestrar. Basta me devolver, e tudo isso...

Silenciei-a com um dedo sobre seus lábios e me inclinei em sua direção, meus olhos fixos nos dela. Deixei minha aura de poder se expandir, meu lobo rugindo sua dominância.

— Não foi um erro, e não há possibilidade de devolução, feiticeira — sussurrei com voz baixa e ameaçadora, transbordando possessividade. — Acho que você ainda não entendeu, Yulli. Deixe-me esclarecer isso de uma vez por todas.

Puxei-a para fora do carro, uma mão firme em sua nuca forçando-a a me encarar. Segurei seu quadril, trazendo-a contra meu corpo de forma possessiva, deixando claro que não havia mais volta.

— Você está presa a mim, sem opção de retorno!

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