05 – PRESA AO ALFA

POV: YULLI

Meus olhos encontraram os dele, e um peso avassalador me impediu de desviar. Tentei empurrá-lo, forçando uma distância entre nós, mas ele permaneceu imóvel, como se minha força fosse insignificante. Antes que pudesse refletir sobre minhas ações, minha mão subiu em um gesto rápido e certeiro, descendo com força contra seu rosto. O som do impacto reverberou no ar, nítido e afiado, enquanto sua pele exibia um leve rubor onde meus dedos haviam deixado suas marcas. Apesar disso, ele sequer vacilou.

— Foi só isso? — Sua voz carregava um sarcasmo irritante, e sua sobrancelha arqueada acentuava a provocação. — Já terminou, bruxinha?

Seus lábios se curvaram em um sorriso frio, revelando as presas afiadas que brilhavam sob a luz fraca. Ele não demonstrava dor ou surpresa, apenas uma confiança perigosa que parecia se expandir com meu ato impulsivo. Seus olhos fixaram-se em mim com precisão, estudando cada reação, cada tremor em meu rosto, enquanto um brilho predatório cintilava em seu olhar, claramente satisfeito com minha tentativa de desafio.

— Qual é o seu problema, vira-lata? — explodi, apontando o dedo em sua direção, meu corpo inteiro tomado pela fúria. — Você invadiu o território do clã, interrompeu meu casamento e me sequestrou, ignorando completamente a sentença do meu julgamento!

Ele deu um passo para trás, suas mãos deslizando para os bolsos com uma calma desconcertante, como se minhas palavras não fossem mais do que um incômodo passageiro. Seu olhar permaneceu fixo em mim, analisando-me de cima a baixo, antes de soltar um leve suspiro.

— Você deveria me agradecer por isso — disse ele, o tom desprovido de qualquer emoção genuína. — Por que se entregou ao conselho sabendo o que eles fariam com você?

— Você sabe exatamente o porquê! — retruquei, a voz saindo mais alta do que pretendia, enquanto minhas mãos passavam pelos cabelos em um gesto frustrado. Mordi os lábios, tentando conter o gemido de dor que ameaçava escapar da garganta. — Estou exausta de fugir, de ser perseguida e atacada a cada passo! Preciso cumprir meu dever e...

— Dever? — Keenan interrompeu, sua voz um rosnado carregado de fúria. Ele se moveu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Em um piscar de olhos, eu estava contra a porta do carro, seu corpo bloqueando qualquer possibilidade de fuga. Suas mãos se fecharam ao meu lado, pressionando o metal com tanta força que a lataria rangeu em protesto. O brilho feroz em seus olhos fez minha garganta secar, enquanto sua presença dominadora se intensificava a ponto de ser sufocante.

— Esqueceu do julgamento que o Alfa Supremo decretou? — sua voz era um sussurro ameaçador, mas carregava autoridade. — Seu clã tem sorte de ainda respirar o mesmo ar, depois de tudo que você fez.

— Claro, porque para vocês, lobos, temos que pedir permissão até para existir nessas terras! — Apesar do medo que se enraizava no meu peito, ergui o queixo, enfrentando-o com a mesma raiva que queimava entre nós. — O Conselho está apenas esperando uma desculpa para liberar outra Noite da Caça às Bruxas. Eles querem ver meu povo exterminado, Keenan!

— Você tirou a vida de um dos nossos, encrenca. — As palavras saíram entre dentes, suas presas mais evidentes agora, refletindo sua fúria crescente. Antes que eu pudesse reagir, ele socou o teto do carro com força, o impacto reverberando pelo veículo enquanto o metal cedia sob sua mão. Meu corpo reagiu instintivamente, e um gritinho de susto escapou de meus lábios.

— Suas ações deram a eles exatamente o que queriam! — Ele rugiu, os olhos fixos nos meus, transbordando indignação e algo que eu não conseguia identificar. — Agora, não só a sua vida está em jogo, mas a minha também. Você colocou minha cabeça na mira do Conselho Lupino, e sou o único obstáculo entre você e a morte que eles tanto desejam!

— Eu me defendi! — gritei, minha voz carregada de revolta. — Eles iam me matar!

— Hunf, Yulli eu sei o que você foi fazer em Orion. — Keenan falou baixo, mas com dureza. Suas pupilas dilatadas dominavam o verde intenso de seus olhos. Ele segurou meu queixo com força controlada, como se quisesse me dominar sem ferir. Seu olhar penetrante estudava cada detalhe do meu rosto. — Me diga, feiticeira... qual era o seu plano?

Um tremor percorreu meu corpo e senti um frio na espinha. Ele sabia de algo ou estava apenas me testando? Apesar do coração acelerado, mantive a voz firme.

— O que você está insinuando, vira-lata? — desafiei. Apoiei-me no carro frio e afastei os cabelos do pescoço propositalmente, sabendo que meu cheiro o perturbava.

Os olhos de Keenan se estreitaram e ele se aproximou ainda mais. Seu nariz tocou meu pescoço, enviando arrepios por todo meu corpo enquanto ele respirava fundo, deslizando até minha orelha. Sua respiração quente contra minha pele me fazia tremer.

— Não se brinca com um lobo, encrenca. — Sua voz saiu rouca e provocante. Suas presas roçaram a ponta da minha orelha, arrancando de mim um tremor que não consegui conter.

Seus dedos percorreram meus braços com uma lentidão deliberada. O toque, mesmo suave, fez minha pele arder. Ele segurou meus punhos com firmeza controlada e os levou até seus lábios. Minha respiração ficou irregular, e antes que pudesse reagir, ouvi o som metálico das algemas se fechando.

— Estas algemas bloqueiam sua magia, mas não vão machucar você. — Sua voz baixa e controlada não deixava espaço para argumentos. Ele se afastou um pouco, passando a língua pelos lábios enquanto me estudava com satisfação.

— Você perdeu a cabeça, vira-lata? — Exclamei, sentindo a raiva ferver em meu sangue. — Que ideia é essa?

Ele inclinou a cabeça, e um sorriso perigoso surgiu em seus lábios, deixando à mostra as presas afiadas.

— Ah, encrenca... — sussurrou com uma voz rouca que fez meu corpo tremer. Seus dedos afastaram meu cabelo com delicadeza, expondo minha orelha. Keenan parou ao notar o machucado em meu rosto. Sua expressão ficou tensa, e ele tocou o ferimento com cuidado, deixando escapar um suspiro irritado. — Se não posso confiar em você... então, que assim seja.

Suas palavras soaram como uma sentença definitiva. Sem aviso, ele mordeu meu lábio inferior com suas presas - forte o suficiente para me fazer ofegar, mas sem machucar. Fechei os olhos, dividida entre desejo e medo. Sua voz rouca cortou o silêncio:

— Vou tratá-la como deseja ser tratada... como uma verdadeira prisioneira.

— O quê? — sussurrei, abrindo os olhos em choque. Ele se virou e se afastou como se já tivesse decidido tudo. Com um único gesto, seu beta se aproximou e segurou meus braços com força.

— Leve a prisioneira para os aposentos. Ninguém entra ou sai sem minha permissão. — ordenou Keenan, sua voz carregando toda a autoridade de um Alfa.

— Onde você pensa que vai, vira-lata? Não terminamos isso! — Vociferei furiosa enquanto era arrastada.

Keenan parou abruptamente. Virou-se em minha direção com uma calma que beirava o perigoso, suas mãos enfiadas nos bolsos e o olhar frio. Havia algo no jeito como ele inclinava a cabeça, levemente para o lado, que me fez perceber a tensão em seus músculos. Sua presença parecia expandir, o ambiente carregado por sua energia.

— Vou limpar a sua bagunça. — Ele declarou com firmeza, o tom mais ameaçador do que explicativo. E então, mais alto, ele rugiu: — Constantine!

O nome reverberou como um comando, mas o som que veio a seguir foi de pura hostilidade.

— Alfa do Norte... — A voz de Constantine chegou como um rugido, sua figura avançando com passos pesados e predatórios. As garras estendidas e as presas proeminentes denunciavam sua intenção. Seu olhar era de puro ódio, cada palavra carregada de desprezo. — Eu quero a cabeça da traidora!

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