POV: YULLI
Meus olhos encontraram os dele, e um peso avassalador me impediu de desviar. Tentei empurrá-lo, forçando uma distância entre nós, mas ele permaneceu imóvel, como se minha força fosse insignificante. Antes que pudesse refletir sobre minhas ações, minha mão subiu em um gesto rápido e certeiro, descendo com força contra seu rosto. O som do impacto reverberou no ar, nítido e afiado, enquanto sua pele exibia um leve rubor onde meus dedos haviam deixado suas marcas. Apesar disso, ele sequer vacilou.
— Foi só isso? — Sua voz carregava um sarcasmo irritante, e sua sobrancelha arqueada acentuava a provocação. — Já terminou, bruxinha?
Seus lábios se curvaram em um sorriso frio, revelando as presas afiadas que brilhavam sob a luz fraca. Ele não demonstrava dor ou surpresa, apenas uma confiança perigosa que parecia se expandir com meu ato impulsivo. Seus olhos fixaram-se em mim com precisão, estudando cada reação, cada tremor em meu rosto, enquanto um brilho predatório cintilava em seu olhar, claramente satisfeito com minha tentativa de desafio.
— Qual é o seu problema, vira-lata? — explodi, apontando o dedo em sua direção, meu corpo inteiro tomado pela fúria. — Você invadiu o território do clã, interrompeu meu casamento e me sequestrou, ignorando completamente a sentença do meu julgamento!
Ele deu um passo para trás, suas mãos deslizando para os bolsos com uma calma desconcertante, como se minhas palavras não fossem mais do que um incômodo passageiro. Seu olhar permaneceu fixo em mim, analisando-me de cima a baixo, antes de soltar um leve suspiro.
— Você deveria me agradecer por isso — disse ele, o tom desprovido de qualquer emoção genuína. — Por que se entregou ao conselho sabendo o que eles fariam com você?
— Você sabe exatamente o porquê! — retruquei, a voz saindo mais alta do que pretendia, enquanto minhas mãos passavam pelos cabelos em um gesto frustrado. Mordi os lábios, tentando conter o gemido de dor que ameaçava escapar da garganta. — Estou exausta de fugir, de ser perseguida e atacada a cada passo! Preciso cumprir meu dever e...
— Dever? — Keenan interrompeu, sua voz um rosnado carregado de fúria. Ele se moveu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Em um piscar de olhos, eu estava contra a porta do carro, seu corpo bloqueando qualquer possibilidade de fuga. Suas mãos se fecharam ao meu lado, pressionando o metal com tanta força que a lataria rangeu em protesto. O brilho feroz em seus olhos fez minha garganta secar, enquanto sua presença dominadora se intensificava a ponto de ser sufocante.
— Esqueceu do julgamento que o Alfa Supremo decretou? — sua voz era um sussurro ameaçador, mas carregava autoridade. — Seu clã tem sorte de ainda respirar o mesmo ar, depois de tudo que você fez.
— Claro, porque para vocês, lobos, temos que pedir permissão até para existir nessas terras! — Apesar do medo que se enraizava no meu peito, ergui o queixo, enfrentando-o com a mesma raiva que queimava entre nós. — O Conselho está apenas esperando uma desculpa para liberar outra Noite da Caça às Bruxas. Eles querem ver meu povo exterminado, Keenan!
— Você tirou a vida de um dos nossos, encrenca. — As palavras saíram entre dentes, suas presas mais evidentes agora, refletindo sua fúria crescente. Antes que eu pudesse reagir, ele socou o teto do carro com força, o impacto reverberando pelo veículo enquanto o metal cedia sob sua mão. Meu corpo reagiu instintivamente, e um gritinho de susto escapou de meus lábios.
— Suas ações deram a eles exatamente o que queriam! — Ele rugiu, os olhos fixos nos meus, transbordando indignação e algo que eu não conseguia identificar. — Agora, não só a sua vida está em jogo, mas a minha também. Você colocou minha cabeça na mira do Conselho Lupino, e sou o único obstáculo entre você e a morte que eles tanto desejam!
— Eu me defendi! — gritei, minha voz carregada de revolta. — Eles iam me matar!
— Hunf, Yulli eu sei o que você foi fazer em Orion. — Keenan falou baixo, mas com dureza. Suas pupilas dilatadas dominavam o verde intenso de seus olhos. Ele segurou meu queixo com força controlada, como se quisesse me dominar sem ferir. Seu olhar penetrante estudava cada detalhe do meu rosto. — Me diga, feiticeira... qual era o seu plano?
Um tremor percorreu meu corpo e senti um frio na espinha. Ele sabia de algo ou estava apenas me testando? Apesar do coração acelerado, mantive a voz firme.
— O que você está insinuando, vira-lata? — desafiei. Apoiei-me no carro frio e afastei os cabelos do pescoço propositalmente, sabendo que meu cheiro o perturbava.
Os olhos de Keenan se estreitaram e ele se aproximou ainda mais. Seu nariz tocou meu pescoço, enviando arrepios por todo meu corpo enquanto ele respirava fundo, deslizando até minha orelha. Sua respiração quente contra minha pele me fazia tremer.
— Não se brinca com um lobo, encrenca. — Sua voz saiu rouca e provocante. Suas presas roçaram a ponta da minha orelha, arrancando de mim um tremor que não consegui conter.
Seus dedos percorreram meus braços com uma lentidão deliberada. O toque, mesmo suave, fez minha pele arder. Ele segurou meus punhos com firmeza controlada e os levou até seus lábios. Minha respiração ficou irregular, e antes que pudesse reagir, ouvi o som metálico das algemas se fechando.
— Estas algemas bloqueiam sua magia, mas não vão machucar você. — Sua voz baixa e controlada não deixava espaço para argumentos. Ele se afastou um pouco, passando a língua pelos lábios enquanto me estudava com satisfação.
— Você perdeu a cabeça, vira-lata? — Exclamei, sentindo a raiva ferver em meu sangue. — Que ideia é essa?
Ele inclinou a cabeça, e um sorriso perigoso surgiu em seus lábios, deixando à mostra as presas afiadas.
— Ah, encrenca... — sussurrou com uma voz rouca que fez meu corpo tremer. Seus dedos afastaram meu cabelo com delicadeza, expondo minha orelha. Keenan parou ao notar o machucado em meu rosto. Sua expressão ficou tensa, e ele tocou o ferimento com cuidado, deixando escapar um suspiro irritado. — Se não posso confiar em você... então, que assim seja.
Suas palavras soaram como uma sentença definitiva. Sem aviso, ele mordeu meu lábio inferior com suas presas - forte o suficiente para me fazer ofegar, mas sem machucar. Fechei os olhos, dividida entre desejo e medo. Sua voz rouca cortou o silêncio:
— Vou tratá-la como deseja ser tratada... como uma verdadeira prisioneira.
— O quê? — sussurrei, abrindo os olhos em choque. Ele se virou e se afastou como se já tivesse decidido tudo. Com um único gesto, seu beta se aproximou e segurou meus braços com força.
— Leve a prisioneira para os aposentos. Ninguém entra ou sai sem minha permissão. — ordenou Keenan, sua voz carregando toda a autoridade de um Alfa.
— Onde você pensa que vai, vira-lata? Não terminamos isso! — Vociferei furiosa enquanto era arrastada.
Keenan parou abruptamente. Virou-se em minha direção com uma calma que beirava o perigoso, suas mãos enfiadas nos bolsos e o olhar frio. Havia algo no jeito como ele inclinava a cabeça, levemente para o lado, que me fez perceber a tensão em seus músculos. Sua presença parecia expandir, o ambiente carregado por sua energia.
— Vou limpar a sua bagunça. — Ele declarou com firmeza, o tom mais ameaçador do que explicativo. E então, mais alto, ele rugiu: — Constantine!
O nome reverberou como um comando, mas o som que veio a seguir foi de pura hostilidade.
— Alfa do Norte... — A voz de Constantine chegou como um rugido, sua figura avançando com passos pesados e predatórios. As garras estendidas e as presas proeminentes denunciavam sua intenção. Seu olhar era de puro ódio, cada palavra carregada de desprezo. — Eu quero a cabeça da traidora!
POV: KEENAN— É mesmo? — perguntei em voz baixa e provocativa, mantendo as mãos nos bolsos enquanto o encarava. A presença do meu lobo dominava o ambiente. — O que te dá o direito de exigir algo dentro da minha alcateia, Constantine?— Estamos fartos da sua proteção a essa traidora! — rosnou o Alfa da alcateia convergente, os olhos faiscando de raiva. — O Alfa Supremo pode ser complacente por sua amizade, mas nós...— Nós? — cortei sua fala com frieza, arqueando uma sobrancelha. Avancei devagar, cada passo uma ameaça silenciosa. — Quem mais ousa me desafiar?— Você sabe que o Conselho não a deixará escapar do que fez. — Ele também avançou, mostrando os caninos com um sorriso debochado. — O feitiço dessa bruxa te cegou, Alfa do Norte. Talvez um confronto te faça enxergar.Um sorriso frio se formou em meus lábios.— Eu adoraria ver você tentar.Liberei a força do meu lobo, tornando o ar denso e pesado. Meus músculos se retesaram, prontos para o ataque. Cada movimento meu emanava uma ame
POV: KEENAN— A sacerdotisa garantiu nossa vitória na primeira guerra. — declarei com rispidez. Direcionei o olhar para Yulli e suas algemas, antes de enfrentar Constantine novamente. — Ela não tem regalias. Está sob minha custódia, impedida de usar magia.Fechei o punho, contendo a fera que rugia para ser libertada.— Respondo por seus atos. — Dei um passo à frente, encarando-o. — Se busca vingança pela incompetência do seu filho, enfrente alguém que pode revidar!Constantine rosnou sem avançar. Senti Olson, meu lobo, agitar-se violentamente, exigindo carne e sangue.Aproximei-me mais, mas antes que qualquer um de nós pudesse agir, Aaron moveu-se. O Supremo colocou-se entre mim e Constantine, sua postura irradiando uma autoridade que ninguém ousaria questionar. Seu olhar passou rapidamente por Constantine, uma repreensão silenciosa que congelou o outro Alfa no lugar, antes de se voltar para mim.— Mandei você recuar, Keenan. — As palavras do Supremo soaram gélidas e ameaçadoras, sua
POV: KEENANAfastei os braços de Yulli do meu quadril, resistindo à sensação de paz que seu toque proporcionava. Ela recuou alguns passos, envergonhada, o rosto corado realçando sua beleza angelical, os lábios volumosos avermelhados sendo pressionado por seus dentes em um aperto hesitante e tímido.Aaron avançou, seu olhar pesado sobre mim.— Desafiou a ira dos ancestrais e do clã das bruxas. O Feiticeiro Supremo exige a noiva de volta ou... — pausou com um rosnado. — O tratado de paz será revogado.— Vou retornar. — Yulli interrompeu, decidida. A lancei um olhar repreensível, silenciando-a.— Rei Lycan, precisamos discutir os motivos do meu ataque. — Minha voz soou mais grave, impregnada de seriedade. — Não foi apenas pela prisioneira.Yulli me encarou atônita, encrenqueira como era, parecia incapaz de evitar se envolver em problemas. Aaron, por outro lado, cruzou os braços lançando um olhar desconfiado.— Que razões justificariam destruir minha diplomacia pela paz, Keenan? — questio
POV: YULLISem qualquer delicadeza, Allison escancarou a porta do quarto e me empurrou para dentro com força, fazendo-me tropeçar.— Ei, sarnento! — reclamei, minha voz transbordando irritação enquanto me recuperava. Sua resposta veio em forma de um olhar furioso acompanhado de um rosnado ameaçador. — Isto aqui é um absurdo!— Concordo, feiticeira. — A voz dele era fria, carregada de desprezo enquanto ele avançava na minha direção. — Nosso Alfa deveria eliminá-la e nos poupar do fardo de sua presença. — Sua postura era intimidadora, e o tom de ameaça em suas palavras era inconfundível. — Você só trouxe desgraças a ele!Respirei fundo, ignorando a dor pulsante em minhas costelas e a exaustão que parecia dominar meu corpo. Ergui o queixo, meu olhar desafiador fixo nele.— Eu fui embora, não fui? — rebati, minha voz firme. — Foi seu Alfa quem me trouxe de volta contra a minha vontade. Nunca quis envolvê-lo em nada disso.Os olhos de Allison brilharam com raiva contida enquanto ele se apr
POV: KEENAN— Sim. — Assenti lentamente, os olhos fixos em Aaron enquanto ponderava. — Sabemos que durante o evento celestial o poder dos bruxos se intensifica significativamente, enquanto nossos lobos tornam-se mais vulneráveis, propensos ao descontrole e à magia. Acha que é esse o motivo do retorno do Feiticeiro Supremo?Aaron soltou uma risada baixa desdenhosa, antes de me encarar.— Então você sabia sobre ele? — Indagou, avaliando os limites do meu conhecimento. — Achei que estava completamente cego por aquela traidora.Meu sorriso se alargou friamente, o rosnado em minha garganta foi audível, deixando claro que mesmo o Rei Lycan não estava imune à minha insatisfação. As presas brilharam afiadas quando avancei um passo, a postura rígida.— Curioso, Aaron... há não muito tempo essa “traidora” era sua aliada. Uma grande amiga. — Mantive o tom ameaçador implícito. — Sei sobre o Feiticeiro Supremo, que ele retornou e tomou o comando do clã devido ao seu poder. O que ainda não sei, car
POV: KEENANAaron permaneceu estático e paciente, seus olhos intensificaram-se. Sua presença dominante pressionava o ambiente, sua essência pulsava deliberadamente.— A liderança da alcateia o deixou presunçoso demais, pequeno lobo! — Rugiu sutilmente, a forma rude de dizer deixando claro que perto do poder supremo, eu não tinha relevância. Grunhidos involuntários do meu lobo interior ressoou sob a pressão de sua fera que rugiu em comando e alerta.Tensionei a mandíbula rangendo os dentes, sustentando seu olhar com as presas expostas.— Presunção é acreditar que eu não farei o necessário para garantir o que é meu. — Declarei possesso, sem margens para debates. — Aprendi com você, Supremo: o que quero, eu tomo e o torno meu, assim como fiz com esta alcateia... — Dei um passo à frente, a madeira sob minhas mãos estalando com a força que empreguei. Meu olhar não vacilou enquanto a presença de Olson crescia dentro do meu peito, arranhando minha mente com sua impaciência.Minha respiração
POV: YULLIVirei o corpo na cama, cada movimento agravando a dor latente em meu corpo. Afundei o rosto no lençol limpo, inalando o aroma fresco, mas uma pontada de tristeza atravessou meu peito. Não era o cheiro que eu gostaria e queria sentir naquele momento.— Droga, vira-lata... Por que você precisa ser tão... tão insuportável? — Minha voz se perdeu, misturada à frustração que eu não conseguia conter.Soltei um longo suspiro, tentando afastar o peso das palavras que o Beta havia me lançado mais cedo: Se tem alguma consideração por ele, morra de uma vez.Mas, elas ecoavam em minha mente, cortantes, impossíveis de serem ignoradas.— Se fosse tão simples... — Resmunguei, exaspera enquanto pressionava os dedos contra as têmporas, tentando aliviar a tensão que parecia me consumir. Meus dedos deslizaram instintivamente até a marca do pacto, que pulsava de forma inquietante. Puxei a camisa, revelando o local onde aquelas malditas raízes pareciam se aprofundar ainda mais na carne, deixando
POV: YULLISegurei meu rosto tocando o inchaço, deslizei os dedos pelo local que ardia onde fui atingida sentindo o leve inchaço com a marca de sua mão, enquanto meu maxilar protestava contra a dor. O gosto metálico do sangue preencheu minha boca, e por um breve momento fechei os olhos, respirando fundo. Inspirei e expirei lentamente, tentando me recompor, controlando o instinto de revidar.— Callie. — Pronunciei seu nome com firmeza, meus dentes cravados em um aperto, enquanto empinava o nariz, erguendo bem o olhar fitando-a sem desviar. — Eu sinto muito por ter traído sua confiança, mas, se você me perguntar se me arrependo do que fiz, a resposta é simples: Não!Dei alguns passos à frente, mantendo meus braços cruzados atrás das costas, a tensão percorrendo meu corpo a cada movimento.— Porque minhas ações salvaram você e seu filho. — Disse firme enquanto parava diante dela, meu rosto próximo, minhas palavras cheias de convicção. — Mas se isso não é suficiente e você ainda nutri ran