POV: KEENANO ar ao meu redor parecia pesar enquanto encarava Drevan. Sua expressão era de puro desprezo, seu olhar carregava uma arrogância que me fazia querer arrancar cada pedaço de sua existência. Yulli estava atrás de mim, sua respiração ofegante e os olhos brilhando com a determinação que sempre admirei. Mas o colar em seu pescoço e a maneira como ela se segurava, tentando disfarçar a dor, denunciavam que ela estava no limite. Eu precisava agir rápido.— Está pronto para morrer, Alfa do Norte? — Drevan provocou, girando a adaga em sua mão como se estivesse entediado. — Ou será que prefere assistir enquanto destruo tudo o que você ama?— É por isto que todos que você ama foram destruídos há muito tempo, Drevan. — Respondi, deixando meu sarcasmo transbordar. — Sua mente é fraca e sucumbi facilmente as trevas.Ele avançou sem aviso, sua agilidade sendo uma surpresa. Desviei por pouco, senti o vento cortante da lâmina próxima ao meu rosto. Meu corpo reagiu instintivamente, minhas ga
POV: YULLIMinha mente escureceu por um instante, como se o mundo tivesse congelado. Tudo o que eu ouvia era minha própria respiração pesada, o som das garras de Olson raspando o chão e as batidas frenéticas do meu coração ecoando em meu íntimo. O peso da realidade era esmagador.Então, algo mudou. Quando a garra do lobo estava prestes a descer sobre mim e sobre minhas filhas, ela parou. O golpe não veio. A pata, em vez disso, tocou minha barriga de forma inesperada, leve, quase como um toque protetor. Minha respiração falhou por um momento, e meu corpo estremeceu de alívio misturado ao terror que ainda me consumia. Olson inclinou a cabeça, seus olhos ferozes suavizaram, e ele farejou suavemente o lugar onde meus filhotes estavam.A fera abaixou o corpo, seus músculos ainda tensos, como se ele travasse uma batalha interna contra su
POV: KEENANO ar no altar parecia vivo, pulsante, como se todo o caos ao redor estivesse convergindo para aquele momento. A luz do colar que Yulli usava era intensa, iluminando cada canto, mas o esforço dela era evidente. Seus lábios murmuravam a magia que eu não compreendia, o corpo tremendo, os olhos fixos na fenda que começava a consumir Drevan.Eu sabia que precisava mantê-la protegida, mas Drevan, mesmo enfraquecido, não recuava. Ele soltava gargalhadas sombrias enquanto seus olhos negros brilhavam de malícia. Aquele desgraçado sabia como manipular palavras, e foi exatamente o que tentou fazer quando notou o desgaste de Yulli.— Feiticeira, você se ilude achando que este sacrifício salvará algo. — Ele ergueu a cabeça, a respiração pesada, as sombras que o cercavam oscilando. — Seus filhos nunca terão paz. A gue
POV: YULLIMeu corpo parecia suspenso em um vazio. Eu sentia a exaustão em cada célula, mas ao mesmo tempo, minha mente estava desperta demais para ignorar o que se passava ao meu redor. Subitamente, uma luz começou a iluminar minha visão. Quando meus olhos se ajustaram, percebi que estava em um campo florido. O ar era denso, mas suave. O aroma das flores preenchia meu peito, embora a calma que ele deveria trazer fosse sufocada pela sensação de que algo estava fora de lugar.Então, ao longe, vi três figuras que fizeram meu coração parar. Eu conhecia aquelas formas, aqueles rostos. Minhas pernas fraquejaram, mas mesmo assim, eu me obriguei a dar um passo. Depois outro. E outro.— Mamãe... Papai... Minha irmã... — Minha voz saiu fraca, quase sem som.Quanto mais eu caminhava em direção a eles, mais parecia que eles se afas
POV: KEENANEra como se o tempo tivesse decidido me torturar. Um segundo arrastava-se como uma eternidade enquanto eu observava o corpo inerte de Yulli. Ela estava ali, viva — pelo menos de acordo com os malditos aparelhos médicos, mas a ausência dela era uma faca cravada no meu peito. Uma semana desde a batalha, e ela não tinha dado nenhum sinal de vida. Sete dias sem ouvir sua voz teimosa ou sentir seu olhar irritado me encarando como se eu fosse o maior idiota do mundo.E talvez eu fosse.Meus olhos fixavam as telas do monitor como se, de alguma forma, pudessem dar uma resposta que ninguém mais conseguia. Não havia lógica naquilo. Callie, com seus sonhos e poderes, tinha tentado buscar a alma de Yulli, mas tudo o que conseguiu dizer foi:— Ela está ausente, não há sinais de sua alma.Ausente. Como se isso fosse uma ex
POV: KEENANO sol começava a desaparecer no horizonte, tingindo o céu de tons suaves de laranja e dourado. Eu estava parado em frente ao grande salão da alcateia, observando o movimento tranquilo da nossa comunidade. Havia uma paz na cidade que, há meses, parecia inalcançável. Cada sorriso e cada olhar sereno eram reflexos do sacrifício e da luta que enfrentamos para chegar aqui. Mas nada disso teria sido possível sem Yulli.Minha Luna. Minha companheira. Meu tudo.Desde que retornamos, ela se tornou a alma da nossa alcateia. Não era apenas respeitada — era admirada. O título de traidora que antes carregava foi apagado pela força e coragem que demonstrou. A alcateia a chamava agora de Luna da Guerra, a mulher que desafiou deuses e enfrentou seus próprios medos para proteger a todos nós.Houve algumas dificuldades no in
POV: YULLIAnos se passaram desde que as batalhas terminaram, e a vida finalmente parecia estável. Nossa casa estava cheia de risos e pequenos momentos que me faziam lembrar todos os dias o motivo pelo qual lutamos tanto. Selennia e Phoenix eram o centro do nosso mundo, duas pequenas explosões de energia e personalidade que preenchiam cada canto da nossa existência.No jardim de festas, eu observava as duas brincando juntas. Selennia estava sentada no chão, concentrada em moldar pequenos redemoinhos de energia ao redor de flores, enquanto Phoenix, sempre inquieta, corria ao redor dela, soltando faíscas de luz e gargalhando.— Mamãe, olha o que eu fiz! — Phoenix gritou, mostrando suas faíscas como se fossem a maior conquista do mundo.— Estou vendo, minha pequena. — Respondi, sorrindo enquanto caminhava mais perto.Antes que eu pudesse d
POV: YULLICom dedos trêmulos, disquei seu número uma última vez.— Me perdoe, pulguento... — sussurrei direta, enquanto o vento gélido cortava minha pele.Uma lágrima teimosa escorria por meu rosto. Mordi os lábios, tentando conter um soluço.— Não consegui ficar fora de confusão.Meu corpo doía, não apenas pelos ferimentos, mas por todo peso das decisões que me trouxeram até aqui, aos portões ancestrais do clã das bruxas.— Yulli? Onde você está? — A preocupação em seu rosnado me fez quase desistir de tudo.— Preciso que pare de me procurar, vira-lata. — Endureci minha voz, mesmo que por dentro estivesse despedaçada. Ergui o queixo, como se ele pudesse me ver. — Siga com sua vida, encontre uma Luna e seja feliz. Não venha mais atrás de mim!Desliguei antes que sua voz pudesse me fazer mudar de ideia. O celular encontrou seu fim sob meus pés, cada pedaço quebrado simbolizando o fim desta história.Com passos pesados, entrei na cidade chamada Fenda. As frases na grande pedra ornamental