POV: KEENAN
Afastei os braços de Yulli do meu quadril, resistindo à sensação de paz que seu toque proporcionava. Ela recuou alguns passos, envergonhada, o rosto corado realçando sua beleza angelical, os lábios volumosos avermelhados sendo pressionado por seus dentes em um aperto hesitante e tímido.
Aaron avançou, seu olhar pesado sobre mim.
— Desafiou a ira dos ancestrais e do clã das bruxas. O Feiticeiro Supremo exige a noiva de volta ou... — pausou com um rosnado. — O tratado de paz será revogado.
— Vou retornar. — Yulli interrompeu, decidida. A lancei um olhar repreensível, silenciando-a.
— Rei Lycan, precisamos discutir os motivos do meu ataque. — Minha voz soou mais grave, impregnada de seriedade. — Não foi apenas pela prisioneira.
Yulli me encarou atônita, encrenqueira como era, parecia incapaz de evitar se envolver em problemas. Aaron, por outro lado, cruzou os braços lançando um olhar desconfiado.
— Que razões justificariam destruir minha diplomacia pela paz, Keenan? — questionou ameaçador. — Seja convincente, ou eu mesmo vou te surrar como fez com Constantine!
Um sorriso desafiador surgiu em meu rosto, e pisquei para ele com impetuosidade.
— Talvez você devesse reconsiderar suas escolhas de Alfas, amigo.
Aaron não respondeu de imediato, mas seu olhar se estreitou. Sem dar espaço para questionamentos, continuei:
— É simples. Revidei um ataque. — afirmei com convicção.
— Como assim revidou, Keenan? — Aaron bufou impaciente. — Seja mais claro.
— Vamos ao meu escritório, Rei Lycan. Tenho uma excelente seleção de vinhos e uísque nos esperando. — Coloquei as mãos atrás das costas em um gesto descontraído, mas minha voz firme deixava clara minha autoridade. Com um olhar, fiz o Beta endireitar a postura. — Allison, leve-a aos aposentos e chame a equipe médica. Quero que receba todos os cuidados.
— Não vou a lugar nenhum! — Yulli se desvencilhou de Allison e avançou em minha direção, os olhos faiscando. — O que quis dizer com "revidou"? Por que está escondendo isso de mim?
— Para uma prisioneira, você faz perguntas demais! — Allison rosnou, movendo-se para contê-la. Com um gesto sutil, o impedi.
— Não serei sua prisioneira. — Sua voz era desafiadora. Quando apontou o dedo em minha direção, avancei com um movimento fluido, deixando minhas presas roçarem próximas à sua mão. Ela recuou, os olhos arregalados.
— Keenan! — exclamou, a voz mesclando surpresa e fúria.
— Encrenca. — Sussurrei rouco, eliminando a distância entre nós. Toquei a ponta de seu nariz, meus olhos presos aos dela. — Acho que não entendeu o que eu disse. Não há regalias para você. Não sob a minha proteção.
— Não estou... — começou, teimosa, mas a interrompi com um rosnado que reverberou em meu peito. Ela apoiou a mão instintivamente sobre mim, seus olhos púrpuras faiscando de raiva contra os meus.
— Já disse que não pertenço a você!
— Por ora, bruxinha, você é completamente minha. — Um sorriso malicioso surgiu no canto dos meus lábios, cada palavra carregada de uma provocação calculada. Lancei um olhar para o beta, indicando que podia seguir em frente, enquanto me afastava devagar, as mãos mergulhando nos bolsos com uma postura relaxada. Antes de sair, parei, virando a cabeça ligeiramente para falar sobre os ombros. — Encrenca, seja uma prisioneira boazinha. Não me obrigue a puni-la por sua rebeldia.
Minhas palavras atingiram o alvo. Notei o rubor intenso em suas bochechas, substituindo a palidez inicial. Seus passos vacilaram por um instante, mas ela tentou se recompor. Seus lábios se umedeceram de forma involuntária, os olhos ainda presos aos meus enquanto era levada por Allison. A visão me arrancou um sorriso satisfeito. Ela estava sendo exatamente como eu esperava: teimosa, mas afetada.
— Você sempre gostou de perturbá-la. — A voz de Aaron trouxe-me de volta, enquanto ele parava ao meu lado, os olhos seguindo meu olhar para Yulli. — Me pergunto, Alfa, até onde vai sua devoção por ela?
Voltei-me para ele, meu queixo erguido, a confiança transbordando. — Não se preocupe, meu amigo. Minha lealdade ainda é sua. — Fiz questão de manter meu tom firme, mas deixei uma ponta de desafio implícita.
— Ainda? — Aaron arqueou uma sobrancelha, a desconfiança evidente em sua voz. — Talvez Constantine tenha razão. Talvez eu devesse eliminá-lo.
Um sorriso provocador curvou meus lábios enquanto dava um passo à frente.
— E perder o único amigo que suporta seu péssimo humor? — retruquei, com uma tranquilidade desarmante. Estendi a mão para que ele me acompanhasse. — Sabemos bem como sua vida se tornaria insuportavelmente tediosa sem mim por perto.
Aaron soltou um rosnado baixo.
— Suas ações estão tornando meus dias um inferno. — O Rei Lycan rugiu, a voz carregada de fúria reprimida. Seus passos ecoavam pelo chão, cada movimento denunciando a tensão acumulada em seu corpo. — O Conselho Lupino já me persegue, e agora os bruxos exigem sua cabeça.
— Não esqueçamos do adorável Constantine, que decidiu transformar sua dor em uma declaração aberta de guerra. — Respondi com ironia, abrindo a porta do escritório. Indiquei a poltrona para que se acomodasse e segui até o bar, preparando duas doses generosas de uísque. — E, para piorar, não sabia que o filho dele estava na patrulha de caça.
Aaron saboreou a bebida com um grunhido de aprovação.
— Com seu banimento, muitos segredos foram mantidos longe do seu alcance. — Seu olhar direto carregava uma intenção pesada. — Sam tinha acabado de completar seus vinte anos.
Fechei os olhos, absorvendo aquela revelação.
— Droga! — murmurei, a voz mais grave, jogando-me na cadeira executiva. O uísque desceu em um único gole, o copo batendo na mesa com mais força do que pretendia. — Que diabos Constantine pensava ao enviar um filhote tão despreparado para essa missão?
— Suas intenções permanecem obscuras. — A voz de Aaron era cortante, cada palavra calculada. Ele se inclinou, o copo rangendo sob a pressão de seus dedos. Seus olhos predatórios fixados em mim. — Desde a morte do irmão, ele tem andado estranho, culpando a feiticeira por tudo. Só precisa de um pretexto.
— E o Conselho Lupino? — Perguntei, desafiador. — Estão seguindo os conselhos e desejos dele?
Um suspiro pesado escapou de Aaron antes que continuasse:
— Diversas alcateias já manifestaram interesse em realizar a Noite de Caça às Bruxas. — Uma pausa carregada de significado pairou no ambiente. — A noite do evento celestial da Deusa Hécate está próxima. E você sabe exatamente o que isso representa...
POV: YULLISem qualquer delicadeza, Allison escancarou a porta do quarto e me empurrou para dentro com força, fazendo-me tropeçar.— Ei, sarnento! — reclamei, minha voz transbordando irritação enquanto me recuperava. Sua resposta veio em forma de um olhar furioso acompanhado de um rosnado ameaçador. — Isto aqui é um absurdo!— Concordo, feiticeira. — A voz dele era fria, carregada de desprezo enquanto ele avançava na minha direção. — Nosso Alfa deveria eliminá-la e nos poupar do fardo de sua presença. — Sua postura era intimidadora, e o tom de ameaça em suas palavras era inconfundível. — Você só trouxe desgraças a ele!Respirei fundo, ignorando a dor pulsante em minhas costelas e a exaustão que parecia dominar meu corpo. Ergui o queixo, meu olhar desafiador fixo nele.— Eu fui embora, não fui? — rebati, minha voz firme. — Foi seu Alfa quem me trouxe de volta contra a minha vontade. Nunca quis envolvê-lo em nada disso.Os olhos de Allison brilharam com raiva contida enquanto ele se apro
POV: KEENAN— Sim. — Assenti lentamente, os olhos fixos em Aaron enquanto ponderava. — Sabemos que durante o evento celestial o poder dos bruxos se intensifica significativamente, enquanto nossos lobos tornam-se mais vulneráveis, propensos ao descontrole e à magia. Acha que é esse o motivo do retorno do Feiticeiro Supremo?Aaron soltou uma risada baixa desdenhosa, antes de me encarar.— Então você sabia sobre ele? — Indagou, avaliando os limites do meu conhecimento. — Achei que estava completamente cego por aquela traidora.Meu sorriso se alargou friamente, o rosnado em minha garganta foi audível, deixando claro que mesmo o Rei Lycan não estava imune à minha insatisfação. As presas brilharam afiadas quando avancei um passo, a postura rígida.— Curioso, Aaron... há não muito tempo essa “traidora” era sua aliada. Uma grande amiga. — Mantive o tom ameaçador implícito. — Sei sobre o Feiticeiro Supremo, que ele retornou e tomou o comando do clã devido ao seu poder. O que ainda não sei, caro
POV: KEENANAaron permaneceu estático e paciente, seus olhos intensificaram-se. Sua presença dominante pressionava o ambiente, sua essência pulsava deliberadamente.— A liderança da alcateia o deixou presunçoso demais, pequeno lobo! — Rugiu sutilmente, a forma rude de dizer deixando claro que perto do poder supremo, eu não tinha relevância. Grunhidos involuntários do meu lobo interior ressoou sob a pressão de sua fera que rugiu em comando e alerta.Tensionei a mandíbula rangendo os dentes, sustentando seu olhar com as presas expostas.— Presunção é acreditar que eu não farei o necessário para garantir o que é meu. — Declarei possesso, sem margens para debates. — Aprendi com você, Supremo: o que quero, eu tomo e o torno meu, assim como fiz com esta alcateia... — Dei um passo à frente, a madeira sob minhas mãos estalando com a força que empreguei. Meu olhar não vacilou enquanto a presença de Olson crescia dentro do meu peito, arranhando minha mente com sua impaciência.Minha respiração t
POV: YULLIVirei o corpo na cama, cada movimento agravando a dor latente em meu corpo. Afundei o rosto no lençol limpo, inalando o aroma fresco, mas uma pontada de tristeza atravessou meu peito. Não era o cheiro que eu gostaria e queria sentir naquele momento.— Droga, vira-lata... Por que você precisa ser tão... tão insuportável? — Minha voz se perdeu, misturada à frustração que eu não conseguia conter.Soltei um longo suspiro, tentando afastar o peso das palavras que o Beta havia me lançado mais cedo: Se tem alguma consideração por ele, morra de uma vez.Mas, elas ecoavam em minha mente, cortantes, impossíveis de serem ignoradas.— Se fosse tão simples... — Resmunguei, exaspera enquanto pressionava os dedos contra as têmporas, tentando aliviar a tensão que parecia me consumir. Meus dedos deslizaram instintivamente até a marca do pacto, que pulsava de forma inquietante. Puxei a camisa, revelando o local onde aquelas malditas raízes pareciam se aprofundar ainda mais na carne, deixando
POV: YULLISegurei meu rosto tocando o inchaço, deslizei os dedos pelo local que ardia onde fui atingida sentindo o leve inchaço com a marca de sua mão, enquanto meu maxilar protestava contra a dor. O gosto metálico do sangue preencheu minha boca, e por um breve momento fechei os olhos, respirando fundo. Inspirei e expirei lentamente, tentando me recompor, controlando o instinto de revidar.— Callie. — Pronunciei seu nome com firmeza, meus dentes cravados em um aperto, enquanto empinava o nariz, erguendo bem o olhar fitando-a sem desviar. — Eu sinto muito por ter traído sua confiança, mas, se você me perguntar se me arrependo do que fiz, a resposta é simples: Não!Dei alguns passos à frente, mantendo meus braços cruzados atrás das costas, a tensão percorrendo meu corpo a cada movimento.— Porque minhas ações salvaram você e seu filho. — Disse firme enquanto parava diante dela, meu rosto próximo, minhas palavras cheias de convicção. — Mas se isso não é suficiente e você ainda nutri ranc
POV: YULLIOfeguei ao sentir o calor de sua língua deslizar contra minha pele, meu corpo reagindo de forma instintiva ao inclinar-se para frente. A mão de Keenan se moveu para a base da minha nuca, mergulhando nos fios dourados do meu cabelo, acariciando antes de segurá-los com firmeza controlada. Meu corpo respondeu imediatamente, um arrepio intenso percorrendo minha pele, enquanto sentia cada parte de mim se aquecer. Nossos corpos colaram em um movimento dominador, meus seios roçando contra o tórax firme dele, aumentando a tensão que já dominava o momento.— Gosto de vê-la assim. — Ressoou em um tom rouco e sedutor, puxando minha cabeça para o lado, expondo o pescoço, onde seus lábios começaram a marcar a pele com mordidas e sucções. Suas presas roçaram levemente, provocando uma onda de calor que me fez estremecer. — Tão entregue...— Alfa, eu... — Minha tentativa de falar foi interrompida quando sua mão começou a explorar minha silhueta, deslizando lentamente pela lateral do meu cor
POV: YULLIEle deixou um sorriso surgir em seus lábios, o sarcasmo estampado em seu semblante.— Desde o momento de sua traição, comecei a buscar por sua história. Devo reconhecer que o clã das bruxas foram meticulosos ao apagar seu passado e seus rastros. Isso sempre me pareceu estranho. — Inclinando levemente a cabeça, ele manteve o olhar fixo nos meus, suas pupilas dilatadas denunciando a presença latente de sua fera. — Por que, dentre tantas bruxas e sacerdotisa, você foi escolhida para ser a guardiã da Loba Cega? E por que fugiu exatamente no ano do evento celestial?Meu corpo ficou tenso, minha mente procurava uma resposta que o satisfizesse.— Eu não sei do que está falando ou o que está insinuando, vira-lata. — Respondi com firmeza, empurrando-o com toda a força que consegui reunir. A dor nas costelas fraturadas me fez gemer baixinho enquanto me virava de costas, tentando respirar fundo para recuperar o controle.Sua presença, no entanto, não me deu trégua. Antes que eu pudesse
POV: YULLI— Não pode estar falando sério... Não você. Não depois de tudo o que passamos e das implicações de me assumir como sua prisioneira.Keenan deixou sua mão subir até meu rosto, o toque surpreendentemente delicado enquanto secava a lágrima que escapava do canto dos olhos. Seus dedos arrastaram o traço molhado para o lado enquanto seus olhos verdes me encaravam com uma intensidade quase sufocante.— A traição dói, não é, Yulli? — Seu tom ficou mais sombrio. — Ser usado, ter seus sentimentos ignorados... Isso destrói qualquer um.Engoli em seco, descendo o rosto para encará-lo diretamente, meus olhos avermelhados brilhando com raiva.— Então, é isso? Está se vingando de mim por eu ter ido embora? — Minha sobrancelha arqueou em um gesto desafiador. — É disso que se trata, Keenan?Sua resposta foi imediata e explosiva, sua voz preenchendo o ambiente como um trovão. — Se trata de você ter me traído! — Ele brandou, a mão descendo com força pela parede ao lado, deixando marcas profund