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2 Nalla escutava os sermões intermináveis de sua mãe através do telefone, cada palavra soando como um eco de frustração em sua mente. Ela revirava os olhos, a mistura de tédio e obrigação em não desobedecer pulsando em seu peito. Mas naquele momento, uma faísca de coragem a impulsionou. — Mamãe, eu não o amo. Como posso viver com alguém por quem não sinto nada, nem mesmo uma mera atração? — Sua voz, embora firme, carregava um eco de insegurança. Do outro lado da linha, Lola exalava impaciência. A voz dela elevou-se em um tom crítico, a indignação visível até na forma como suas mãos gesticulavam. — Ouça o que está dizendo, minha filha! Mulheres da nossa família não podem ficar solteiras, viver uma vida de libertinagem. — A palavra "libertinagem" saiu como um golpe. Nalla podia quase sentir a frustração da mãe atravessando a linha. — Você sabe como é: sempre foram os tios que decidiram, e assim sempre será! A indignação em Nalla a fez sentir-se como uma rebelde em um campo de batalha. A raiva queimava, mas ela se controlou. — O problema é exatamente esse, Mamãe. Eu nem conheço esse homem! Nada sobre ele, sua família, seus amigos. — Ela fendeu o ar com as palavras, mas foi abruptamente interrompida. — O que você quer dizer com isso? Cuidado com a sua língua, menina! — A reprimenda feroz de Lola arrepiou Nalla. — Sim, Mamãe, é exatamente isso que a senhora está pensando. — Sua sinceridade soou como um grito dentro de um túnel escuro. Sabia que cortaria fundo, especialmente em uma família que valorizava tradições acima da felicidade individual. Nalla sentiu o impacto de suas palavras. Mesmo à distância, via a tristeza moldar-se no rosto da mãe. Quebrar uma tradição era um crime imperdoável para a família, um ato de rebeldia que ressoaria entre os mais conservadores. Mas liberdade, ela pensou, era um preço que estava disposta a pagar. A raiva de Lola a trouxe de volta à realidade. — Você só pode estar louca! Está vendo o que está dizendo? Quer que eu morra? É isso? Sua ingrata! Seu pai nunca deveria ter deixado você ir para a Espanha, mas a culpa não é sua, é dele! — Sua voz, agora dramática, parecia um grito em uma peça de teatro. Nalla conhecia aquele truque. Desde a infância, sua mãe a manipulava para conseguir o que queria, seja um desejo de consumo ou uma ideia antiga sobre o que era melhor para a família. No entanto, ela nunca quis ser um peão no jogo de Lola, cuja prioridade parecia ser o dinheiro. Para a mãe, ter um genro rico superava qualquer questão de amor ou felicidade. — Você quer que eu morra para que você possa ser feliz, Nalla? — A dramatização soava como uma lâmina cortando o ar, mas a filha via através do ato. — Não, Mamãe, não é isso! — Nalla respondeu, mantendo a calma como um escudo. — Eu só quero viver a minha vida. O que importa mais, o amor ou um casamento arranjado? O silêncio que se seguiu pesou como uma pedra entre elas, o coração de Nalla batendo forte, ansiando por uma resposta. — Nalla, você precisa entender que amor não é tudo. O que importa é a segurança, a união das famílias — a voz de Lola insistiu, teimosamente presa à tradição. — Mas minha felicidade, Mamãe? Você não me quer feliz? — O desejo por compreensão iluminava seu rosto, mesmo com os olhos marejados. — Meu amor, claro que quero. — A voz de Lola suavizou num momento de vulnerabilidade. — Mas você não pode fazer barulho e querer mudar tudo de uma vez. Isso é uma falta de respeito! O peso da resposta foi esmagador para Nalla. Sabia que, para a mãe, respeitar a tradição era mais importante do que respeitar os desejos da própria filha. Respirando fundo, ela se concentrou em se manter firme. — Desculpe-me, Mamãe. Respeito a sua opinião, mas eu preciso me respeitar também. Não posso me casar com alguém que não conheço, que não amo... O que poderia ser um diálogo sereno tornou-se um embate. A distância geográfica agora parecia um abismo emocional, preenchido pela respiração angustiada de Lola. — Vou dizer que a culpa é do seu pai, então — Lola murmurou, sua voz agora triste e derrotada. O coração de Nalla afundou. Ela sabia que a dor que sentia pela destruição das expectativas da mãe seria apenas uma fração do que o resto da família sentiria. O medo do que essa mudança significava para a reputação e a continuidade das tradições a arrepiava. — E o que ele dirá? — Nalla questionou, a força que lhe restava fraquejando. — Ele vai me apoiar. Sempre fez o que eu disse. Você sabe como ele é! — A confiança de Lola parecia renovada, mas Nalla, mordendo o lábio, franziu a testa. Mas, no fundo, ela não tinha certeza se o pai a apoiaria. O que mais a angustiava eram os olhares críticos da família, os sussurros nos corredores empoeirados de sua infância. Para Nalla, essa escolha representava uma batalha interna entre o que esperavam dela e o que realmente desejava. — Mamãe, — Nalla declarou com sinceridade — eu só quero ter a liberdade de fazer minhas escolhas. Você não pode colocar o seu desejo de me ver casada acima da minha felicidade! — Nalla, você não entende! O nosso nome está em jogo. O que as pessoas vão dizer? — A voz de Lola parecia um apelo desesperado. Era irônico, pensou Nalla, que o que mais a preocupava não era o que os outros pensariam, mas o que sentiria vivendo uma vida que não era a sua. O amor e a liberdade têm um preço que vai além da tradição, contemplou. E ela estava disposta a pagar. — Eu não quero saber o que as pessoas vão dizer, mamãe. Isso não importa para mim. — Você faz isso parecer tão fácil, Nalla. Vai ser difícil... — A exaustão estava evidente na voz da mãe, marcando sua expressão com um pesado selo de preocupação. — Eu sei, Mamãe. Mas eu prefiro esse tipo de dificuldade a viver uma mentira. — Nalla se sentiu crescer, aquecendo-se com a própria determinação. — Lute, então — Lola desabafou, como se seu ânimo estivesse se esvaindo. — Mas lembre-se: as consequências podem ser severas. — Sei disso, mas estou disposta a enfrentar as consequências — Nalla declarou, robusta como um soldado pronto para a batalha. — Afinal, a vida não é sobre obedecer, mas sobre viver de verdade. O silêncio estendeu-se novamente, carregado de emoções. Quando finalmente Nalla desligou o telefone, um peso enorme caiu sobre seus ombros — uma mistura de angústia e liberdade. Ela sabia que sua escolha se desdobraria em novos caminhos, em busca de amor e, acima de tudo, de si mesma. Sem olhar para trás, Nalla se permitiu sonhar, imaginando um amor intenso, alguém que a faria sentir-se viva e completa, e não apenas uma marionete em um jogo de convenções sociais. Assim, partiu, decidida a construir sua própria história, desafiando as correntes que tentavam prendê-la.Nalla aperta as pálpebras para estapar as lágrimas que queriam cair sem a sua permissão, cansada do mesmo do assunto ela diz:— Mamã, estou esgotada do mesmo assunto, por favor vamos parar com isso. — Nalla da uma pausa e passa a língua pelos lábios resecados. Depois prosseguiu com a voz baixa.— Ambas sabemos que não é isso que eu quero para mim, eu não amo aquele homem, portanto não me casarei com ele sinto muito por essa desfeita mãe. No outro lado da linha fez-se um silêncio, que Nalla, precisou tirar o telemóvel da orelha pra verificar se ainda sua mãe estava na linha. Vendo que sim ela volta a levá-lo para o ouvido. — Nalla, querida não queira me ver zangada, então filha minha não diga besteiras não me faça tomar medidas drásticas que não irá gostar. — Lola pronunciou cada palavra pausadamente entre dente, demonstrando que não gostou nada do que acabou de ouvir da sua filha. — Eu acho que você só está confusa, estás em outro país, clima difer
Nalla anda apressadamente para a estação de trem, pois não queria chegar atrasada para a entrevista do seu possível emprego. Nesta manhã de segunda feira o dia já não estava tão bom como domingo e sábado. O céu amanheceu com nuvens carregadas que indica que uma grande chuva está por vir logo pela manhã, coisa que Nalla destesta profundamente é chegar tarde para algum compromisso ou em qualquer evento, também a deixava extremamente irritada para ela, pessoas que não cumprem com o devido horário seja ele de cadete pessoal ou impessoal, não têm uma responsabilidade dos seu actos ou acções. Chegar cedo para um encontro ou trabalho faz com que as pessoas vejam você de modo diferente como, respeitar e valorizar o que faz, seja ela em qualquer área. Viver em Ciutat Vella, não era um problema para Nalla, pelo contrário, a cidade é muito bela pois parece que a mesma acabara de sair nos séculos passados e vir visitar um pouco a modern
ENQUANTO, Nalla anda pela vasta cidade de corro para chegar ao condomínio Marés, seus pensamentos voltam novamente os acontecimentos de horas atrás, embora que não conhecesse o homem a qual o defendeu da mulher de certo modo Nala ficará grata a ele. Pois sendo o único que teve uma atitude diferente dos que que a dado momento estavam com as suas bocas lacradas, Nalla não já esperava uma atitude de pessoas como a mulher de olhos azuis afinal ela não será a primeira e nem a última. Portanto há que seguir com a vida pois ela é para frente e não para trás. Uma lição de vida que seu querido pai ensinou-lhe enquanto criança. Ao lembrar-se do seu pai, uma feição tristonha começou a desenhar seu rosto negro claro, pois a saudade do homem que não sou contribuiu para a sua existencia, também como cuidou como sua própria vida, o coração apertou sabendo que ficará longe dela por muito tempo, embora tenha sido sua decisão e bem apoiada
Mas a raiva logo lhe passou, mudou sua expressão para uma mais estranhas com o meio sorriso de canto, o homem diz :— Para um negrimha , você até que tem estudo. –O deboche está bem explicito no tom de voz do homem, Nalla fez uma expressão de nojo e disse sem medo algo.— Mas é claro que eu tenho estudo, porque eu não estudei na escola que você construiu, e pelos vistos o senhor não deve ter.— A expressão facial do homem mudou novamente e dessa fez ele sai do seu posto indo para cima de Nalla, e assim que chega próximo pegou-a pelo braço direito e apertou o mesmo, os olhos de Nalla arregalaram-se em surpresa, Nalla engoliu em seco esperando a agressão vir do homem mas antes mesmo que ele fizesse algo, uma voz feminina se fez presente no espaço, e acaba por chamar atenção de ambos.— Caitano, o que significa isso?– A mulher bem vestida diz indignada com as mãos na cintura. —Não acredito que está importunando a pobre rapariga, solte-a.
Os rapazes já havia chegado da escola, e Nalla, acompanhou cada actividade de cada um deles começando pelo mais velho ao mas novo, faltava pouco menos de um quinto para as sete da tarde , horário em que Nalla sairiam para assim poder pegar suas coisas e voltar no dia seguinte já como empregada oficial da família Hunter, teria que conviver com eles. O dia não foi nada fácil para a mesma pois as crianças não era nada correcto de se lidar, mas também não as culpada sabe como é viver sem a presença de uma figura materna ou paterna no caso deles são os dois. Contudo Nalla, fez sentir sua presença no primeiro dia demonstrando todo o carinho que lhe foi dado pelo seu pai. Mesmo sabendo que não será simples conquistar a confiança dos meninos , Nalla ainda tem a esperança que não sairá sem antes deixar um boa sente nos seus corações. Na maior parte do dia foi lidar com Victor, tal como, Ana havia descrito o rapaz, Nalla viu como o mesmo poderia s
Nalla, acaba de acordar e a primeira coisa que ela faz é olhar para seu corpo magro, seus olhos confusos esmiúçam pelo ambiente rústico completamente diferente daquilo que é seu quarto. Ainda alojada na cama enorme, rebusca por sua mente alguma coisa que indique ou que explique a forma como veio para essas moradias. Nalla então decide levantar- se da cama mas antes que pusesse suas pernas para fora da mesmo a porta se abre chamado sua atenção para ela. Pela porta passa uma senhora branca com a faixa etária entre os trinta ou quarenta, pois sua postura ainda lhe aparenta ser juvenil. A mulher de olhos castanhos claro altura média não mais que setenta e nem que cinquenta caminha vagarosamente para o lado oposto à que entrou. Tudo isso sob o olhar confuso e questionar de Nalla. A mulher que possui longos cabelos preto vestida de um universo preto, que consiste em uma bata que lhe chegava ao pés e por cima da mesma um avental também que vai ao joelho.
SUAS ESFERAS azuladas repousam no resto lindo e angelical, um frio de frustração atravessou sua espinha, pois o sentimento que a mulher deitada no chão despertara mais no dia anterior. Era um misto de surpresa com o seu olhar quente e inocente, O homem não conseguia deixar de olhar Nalla, nem tão pouco controlar o desejo de possuí-la. Mas sabia que precisaria entender primeiro as sensações que seu corpo ocorrer por sua mente insana. Pois ele era como o sangue vermelho que pulsa em suas veias. Dante não saberia lidar com esse sentimento que invadiu suas mente, era demais para um homem quebrado pela vida, fatigado sem misericórdia pela sociedade em si. Porém também não a deixará ir, era cónico tal acto pois sua alma já se encontrava perdida nas trevas e trouxer um anjo para ele seria um acção não tão pouco provável. Ambos estão numa bolha onde a conexão é quase inevitável acontecer, neste momento só existia os olhares que transmitiam vastos sentimentos,
Nalla, estava inquieta, mesmo depois de expulsar Francisca, o nervoso ficou a flor da pele andava de um lado para o outro sua cabeça estava a mil e não parava por alguns segundos. Nalla estava em pânico sim, mas sair daí é seu maior desejo, Nalla estava tão distraída procurando por seu pertences que nem percebeu que por trás havia outro ser. A mesma teve um susto assim que suas costas baterem contra uma muralha de músculos, Nalla arregala os olhos e logo em seguida engole em seco. A mesma não ousa em se mover pois teme pelo que seus olhos poderiam encontrar, então o homem à sua trás pega em seus ombros virando- a paga sim. Nalla estava de cabeça baixa porque não queria saber o que aqueles olhos azuis acinzentados expressavam no momento. — Olhe para mim. — Disse ele, erguendo o queixo de Nalla para cima. Seus olhos se encontram num instante, deixando Nalla desorientada. — Está com medo de mim boneca? — Perguntou ele sem tirar seus olhos de Nalla, é como se qui