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💀 A intensa luz da manhã invadia o quarto de Nala, despertando-a de um sono agitado, pleno de interrupções e insônia. Desde que ela chegara à capital espanhola, a vida não lhe oferecia sorrisos sinceros. Apesar de sua força de vontade inabalável, os dias têm sido desafiadores para a guineense. Deixar a família, os amigos e um noivo com quem, embora não tivesse qualquer sentimento, tinha que se relacionar, não foi uma decisão fácil. Conforme a tradição de sua tribo, toda mulher, ao deixar a adolescência, deve obrigatoriamente unir-se a um homem para se tornar uma verdadeira mulher. Entretanto, viver as suas aventuras e realizar os sonhos de menina era uma aspiração que a acompanhava desde os cinco anos. Nala não desejava reproduzir a opressão que testemunhara no casamento de seus pais; isso não era o que ela queria para sua vida. Cresceu em um mundo onde tudo girava em torno do homem e onde as escolhas das mulheres eram limitadas. Diante dessa realidade sufocante, Nala sentiu-se obrigada a romper com aquela tradição m*****a. Se não fosse ela, outras mulheres viriam a sofrer o mesmo destino. Assim, Nala embarcou em sua jornada rumo à felicidade, deixando tudo para trás, livre de pesos na consciência ou arrependimentos; nada mais povoava sua mente. No entanto, ao chegar ao destino escolhido pelo coração, Nala se deparou com uma realidade dura. Embora tivesse se formado em telecomunicação social, a busca por emprego em sua área era escassa. O simples fato de ser mulher, e ainda por cima negra, fazia com que os comentários machistas e racistas surgissem constantemente. Sempre que deixava seu cantinho em busca de uma oportunidade para se manter no país, sentia o peso de olhares discriminatórios. Mesmo vivendo em uma cidade pequena como Barcelona, onde muitas esperanças poderiam brotar, a realidade era cruel; as pessoas a viam como um ser inferior. Infelizmente, o racismo ainda erguia barreiras imensas, impedindo que muitos negros na cidade tivessem acesso a um emprego digno. Essa era uma batalha que, sem dúvida, Nala enfrentaria, mesmo que não quisesse, algo que ela jamais aceitaria. E assim, a luta por seus sonhos seguia, mesma na adversidade. Tudo o que rodeava Nalla de negativo, ela tentava ignorar e seguir com a sua vida, mas, aos poucos, o cansaço pela busca de um emprego e os problemas que deixara na Guiné Equatorial começaram a vir à superfície, deixando-a cada vez mais esgotada. Contudo, isso era um pormenor na sua vida que logo passaria, pois Nalla estava disposta a tudo para dar o melhor de si e realizar os seus sonhos. Voltando à realidade da sua nova vida, Nalla ergueu os pequenos braços e levou-os até à cabeça, causando um choque frouxo nos seus cabelos crespos. Suspirando de cansaço, levantou-se da cama, pondo-se em pé, firme para mais uma batalha da sua vida. Era sábado, e o dia amanhecera ensolarado. Ela desviou o olhar da cama para a pequena janela do seu quarto, cuja decoração simples não deixava de ser linda e elegante. As paredes, em tons de roxo bebé, decoradas com efeitos de borboletas rosas, contrastavam com o teto adornado com estrelas fluorescentes, que ofereciam uma iluminação espetacular durante a noite. Ao lado, havia uma cama de solteiro encostada à parede, um pouco desarrumada. Ao lado, uma mesinha suportava o computador, um pequeno candeeiro e os seus livros de fantasia e romance. No lado oposto da cama, na parede do armário, Nalla guardava os seus pertences pessoais, e um guarda-fato branco completava a decoração. No chão, próximo à cama, havia um pequeno tapete também branco. Tirando o foco da janela, Nalla começou a fazer a cama, arrumando os lençóis brancos e ajeitando as almofadas nos seus devidos lugares. De seguida, dirigiu-se para a porta, saindo e deixando o quarto aberto. O apartamento onde Nalla residia continha apenas três quartos, uma sala que se dividia com a cozinha, uma casa de banho e o seu próprio quarto; embora pequeno, Nalla sentia-se feliz por estar debaixo de um teto. Bastavam dois passos para percorrer a distância entre o seu quarto e a casa de banho. Dentro da casa de banho, Nalla fez as suas necessidades biológicas e, de seguida, tomou o seu banho. Já vestida com roupas casuais, consistindo numa t-shirt e num par de ténis rosa, assim como uma blusinha de tecido leve preta de mangas curtas, Nalla dirigiu-se à cozinha para preparar um café. Enquanto os pães tostavam na máquina, a máquina de café sinalizou e ela retirou a jarra, despejando o líquido castanho fumegante na sua pequena chávena, que já estava preparada no balcão que separava a sala da cozinha. Em seguida, virou-se e andou até à tostadeira, que ficava ao lado do micro-ondas. Abrindo a máquina, antes de pegar nas tostadas, ergueu um pouco os pés para alcançar a porta do armário, que estava a uma altura que ela não conseguia alcançar. Ao chegar lá, pegou num pires e voltou à sua posição inicial. Depois, tirou as tostadas e colocou-as no pratinho. Virando-se novamente, pegou o café junto ao pires, colocando tudo sobre uma bandeja, e saiu da cozinha em direção à sala. Ao chegar, Nalla sentou-se na sua poltrona preta. A sala, assim como o resto da casa, tinha uma decoração simples: um sofá e duas poltronas pretas, uma mesinha de madeira envernizada no centro e a televisão pendurada na parede à sua frente. No canto direito, havia também uma prateleira onde se encontravam quadros da sua família, outras fotos e quadros decoravam as paredes atrás do sofá, e uma mesa de jantar com quatro lugares completava o espaço. No lado direito, havia uma pequena estante de livros onde ela gostava de passar o seu tempo. Assim que Nalla depositou a bandeja com o seu lanche na mesinha, pegou no telemóvel e ligou-o. As mensagens do W******p começaram a chegar em catadupa, deixando-a um pouco confusa, já que apenas passara um dia com o aparelho desligado por falta de carga. Para Nalla, aquele bombardeio de mensagens parecia desnecessário. Com toda a sua paciência, ela leu cada uma delas, vindas da sua família e do seu noivo, que eram imensas. Nalla respondeu apenas às mensagens da sua mãe e de alguns primos com quem não falava há muito, ignorando as do seu quase noivo, pois tudo o que ele dissesse não lhe interessava. Suspirando, Nalla bloqueou o telemóvel e pegou no comando da televisão, ligando-a e deixando-a em qualquer canal. Com o tabuleiro de comida à sua frente, Nalla iniciou a refeição do dia. Era ainda cedo, cerca das sete da manhã, e como era sábado, não sairia de casa. Aproveitaria o tempo para ler alguns jornais em busca de anúncios de empregos, já que na sua área não encontrava nada e aceitaria qualquer oportunidade que surgisse. Os olhos de Nalla, antes fixos na televisão, foram desviados para o aparelho que começou a tocar. Quando viu quem era, Nalla hesitou em atender, mas sabia que, se o ignorasse, ele poderia tornar-se um pesadelo por duas semanas. Não querendo passar por essa situação, decidiu atender. - Ndala! - Ela demonstrou aborrecimento na voz. - Nala, é assim que falas com o teu futuro marido? Estou a tentar contactar-te há dias e nada de respostas, o que se passa? - Disse Ndala, rude e sem paciência. Entretanto, Nalla ouvia tudo com um grande tédio. A verdade é que há dias Nalla colocara na sua cabeça que não queria casar-se com Ndala. O homem era rude e mal-educado, mas também não queria decepcionar a sua família, e por essa razão tinha aturado a grosseria de Ndala. Um silêncio perturbador instalou-se por alguns instantes, mas logo foi quebrado pela voz estridente do homem, que berrou para Nalla através do telemóvel. - Nala, estou a falar contigo, responde-me. - O que queres afinal? - Perguntou ela, calma, mas sem muita paciência. - O que eu quero? Isso é sério? - Exclamou ele, incrédulo com a tamanha falta de interesse por parte de Nalla. Então continuou: - Quer saber? Vou reportar este seu comportamento ao seus pais, porque você não merece ter pais como os seus. - Disse ele, furioso, e sem esperar pela resposta de Nalla, desligou. - Eu... - Nalla ainda tentou falar, mas o telemóvel já havia sido desligado. Dando de ombros, Nalla voltou a concentrar-se no seu lanche, sem realmente se importar com o que ele dissesse sobre o seu comportamento aos seus pais.💀 💀 2 Nalla escutava os sermões intermináveis de sua mãe através do telefone, cada palavra soando como um eco de frustração em sua mente. Ela revirava os olhos, a mistura de tédio e obrigação em não desobedecer pulsando em seu peito. Mas naquele momento, uma faísca de coragem a impulsionou. — Mamãe, eu não o amo. Como posso viver com alguém por quem não sinto nada, nem mesmo uma mera atração? — Sua voz, embora firme, carregava um eco de insegurança. Do outro lado da linha, Lola exalava impaciência. A voz dela elevou-se em um tom crítico, a indignação visível até na forma como suas mãos gesticulavam. — Ouça o que está dizendo, minha filha! Mulheres da nossa família não podem ficar solteiras, viver uma vida de libertinagem. — A palavra "libertinagem" saiu como um golpe. Nalla podia quase sentir a frustração da mãe atravessando a linha. — Você sabe como é: sempre foram os tios que decidiram, e assim sempre será! A indignação em Nalla a fez sentir-se como uma rebelde em um campo d
Nalla aperta as pálpebras para estapar as lágrimas que queriam cair sem a sua permissão, cansada do mesmo do assunto ela diz:— Mamã, estou esgotada do mesmo assunto, por favor vamos parar com isso. — Nalla da uma pausa e passa a língua pelos lábios resecados. Depois prosseguiu com a voz baixa.— Ambas sabemos que não é isso que eu quero para mim, eu não amo aquele homem, portanto não me casarei com ele sinto muito por essa desfeita mãe. No outro lado da linha fez-se um silêncio, que Nalla, precisou tirar o telemóvel da orelha pra verificar se ainda sua mãe estava na linha. Vendo que sim ela volta a levá-lo para o ouvido. — Nalla, querida não queira me ver zangada, então filha minha não diga besteiras não me faça tomar medidas drásticas que não irá gostar. — Lola pronunciou cada palavra pausadamente entre dente, demonstrando que não gostou nada do que acabou de ouvir da sua filha. — Eu acho que você só está confusa, estás em outro país, clima difer
Nalla anda apressadamente para a estação de trem, pois não queria chegar atrasada para a entrevista do seu possível emprego. Nesta manhã de segunda feira o dia já não estava tão bom como domingo e sábado. O céu amanheceu com nuvens carregadas que indica que uma grande chuva está por vir logo pela manhã, coisa que Nalla destesta profundamente é chegar tarde para algum compromisso ou em qualquer evento, também a deixava extremamente irritada para ela, pessoas que não cumprem com o devido horário seja ele de cadete pessoal ou impessoal, não têm uma responsabilidade dos seu actos ou acções. Chegar cedo para um encontro ou trabalho faz com que as pessoas vejam você de modo diferente como, respeitar e valorizar o que faz, seja ela em qualquer área. Viver em Ciutat Vella, não era um problema para Nalla, pelo contrário, a cidade é muito bela pois parece que a mesma acabara de sair nos séculos passados e vir visitar um pouco a modern
ENQUANTO, Nalla anda pela vasta cidade de corro para chegar ao condomínio Marés, seus pensamentos voltam novamente os acontecimentos de horas atrás, embora que não conhecesse o homem a qual o defendeu da mulher de certo modo Nala ficará grata a ele. Pois sendo o único que teve uma atitude diferente dos que que a dado momento estavam com as suas bocas lacradas, Nalla não já esperava uma atitude de pessoas como a mulher de olhos azuis afinal ela não será a primeira e nem a última. Portanto há que seguir com a vida pois ela é para frente e não para trás. Uma lição de vida que seu querido pai ensinou-lhe enquanto criança. Ao lembrar-se do seu pai, uma feição tristonha começou a desenhar seu rosto negro claro, pois a saudade do homem que não sou contribuiu para a sua existencia, também como cuidou como sua própria vida, o coração apertou sabendo que ficará longe dela por muito tempo, embora tenha sido sua decisão e bem apoiada
Mas a raiva logo lhe passou, mudou sua expressão para uma mais estranhas com o meio sorriso de canto, o homem diz :— Para um negrimha , você até que tem estudo. –O deboche está bem explicito no tom de voz do homem, Nalla fez uma expressão de nojo e disse sem medo algo.— Mas é claro que eu tenho estudo, porque eu não estudei na escola que você construiu, e pelos vistos o senhor não deve ter.— A expressão facial do homem mudou novamente e dessa fez ele sai do seu posto indo para cima de Nalla, e assim que chega próximo pegou-a pelo braço direito e apertou o mesmo, os olhos de Nalla arregalaram-se em surpresa, Nalla engoliu em seco esperando a agressão vir do homem mas antes mesmo que ele fizesse algo, uma voz feminina se fez presente no espaço, e acaba por chamar atenção de ambos.— Caitano, o que significa isso?– A mulher bem vestida diz indignada com as mãos na cintura. —Não acredito que está importunando a pobre rapariga, solte-a.
Os rapazes já havia chegado da escola, e Nalla, acompanhou cada actividade de cada um deles começando pelo mais velho ao mas novo, faltava pouco menos de um quinto para as sete da tarde , horário em que Nalla sairiam para assim poder pegar suas coisas e voltar no dia seguinte já como empregada oficial da família Hunter, teria que conviver com eles. O dia não foi nada fácil para a mesma pois as crianças não era nada correcto de se lidar, mas também não as culpada sabe como é viver sem a presença de uma figura materna ou paterna no caso deles são os dois. Contudo Nalla, fez sentir sua presença no primeiro dia demonstrando todo o carinho que lhe foi dado pelo seu pai. Mesmo sabendo que não será simples conquistar a confiança dos meninos , Nalla ainda tem a esperança que não sairá sem antes deixar um boa sente nos seus corações. Na maior parte do dia foi lidar com Victor, tal como, Ana havia descrito o rapaz, Nalla viu como o mesmo poderia s
Nalla, acaba de acordar e a primeira coisa que ela faz é olhar para seu corpo magro, seus olhos confusos esmiúçam pelo ambiente rústico completamente diferente daquilo que é seu quarto. Ainda alojada na cama enorme, rebusca por sua mente alguma coisa que indique ou que explique a forma como veio para essas moradias. Nalla então decide levantar- se da cama mas antes que pusesse suas pernas para fora da mesmo a porta se abre chamado sua atenção para ela. Pela porta passa uma senhora branca com a faixa etária entre os trinta ou quarenta, pois sua postura ainda lhe aparenta ser juvenil. A mulher de olhos castanhos claro altura média não mais que setenta e nem que cinquenta caminha vagarosamente para o lado oposto à que entrou. Tudo isso sob o olhar confuso e questionar de Nalla. A mulher que possui longos cabelos preto vestida de um universo preto, que consiste em uma bata que lhe chegava ao pés e por cima da mesma um avental também que vai ao joelho.
SUAS ESFERAS azuladas repousam no resto lindo e angelical, um frio de frustração atravessou sua espinha, pois o sentimento que a mulher deitada no chão despertara mais no dia anterior. Era um misto de surpresa com o seu olhar quente e inocente, O homem não conseguia deixar de olhar Nalla, nem tão pouco controlar o desejo de possuí-la. Mas sabia que precisaria entender primeiro as sensações que seu corpo ocorrer por sua mente insana. Pois ele era como o sangue vermelho que pulsa em suas veias. Dante não saberia lidar com esse sentimento que invadiu suas mente, era demais para um homem quebrado pela vida, fatigado sem misericórdia pela sociedade em si. Porém também não a deixará ir, era cónico tal acto pois sua alma já se encontrava perdida nas trevas e trouxer um anjo para ele seria um acção não tão pouco provável. Ambos estão numa bolha onde a conexão é quase inevitável acontecer, neste momento só existia os olhares que transmitiam vastos sentimentos,