Após dez anos longe de casa, Martina retorna a Sicília para enterrar o corpo do pai e assumir seu lugar como nova líder da família Angiulio, agora uma mulher adulta e capaz de tudo para alcançar seus objetivos, atravessando todos os obstáculos e trilhando um caminho perigoso ela pretende encontrar o culpado pela morte de seu pai e púni-lo de maneira exemplar custe o que custar.
Ler maisFicar perdida entre os papéis espalhados pela mesa não era melhor do que ficar na cama olhando para as paredes pintadas em tons pastéis do quarto de hóspedes. Entre todos os males o pior eu acho, larguei as folhas sobre a mesa e me apoiei na cadeira respirando com um pouco de dificuldade por causa da dor que insistia em me incomodar a cada movimento, por maus simples que fosse. - Nádia, pode ir até o quarto e pegar o analgésico pra mim por favor, já está na hora. - Sim senhora. Contratar Nádia se mostrou uma escolha muito acertada, ela estava cuidando muito bem da administração de tudo relacionado aos assuntos legais, e até com os assuntos não tão lícitos assim, além do mais era esperta e aprendia rápido, o fato de ser bonita também ajudava a abrir as portas mais facilmente. - Aqui senhora. Me ofereceu o frasco e colocou um copo de água na mesa a minha frente. - Obrigado Nádia. - Disponha senhora. Engoli o comprimido me
É impensável como apesar de conviver com uma pessoa mesmo que diariamente, não saibamos verdades tão duras sobre elas. Aqui olhando para Lúcio, mesmo por um momento eu pude ver um pouco da intimidade que ele tentava manter enterrada, da infância dura e difícil, a juventude violenta e ao amadurecimento que o tornou o homem que é hoje.Mesmo que a história fosse mais sobre ele, também via a figura tão amada e maternal que minha mãe havia sido para ele, como havia sido pra mim também pelo pouco tempo em que pudemos ficar juntas.- Nunca imaginaria algo assim Lúcio.- Eu sei menina, sua mãe era uma mulher inigualável em muitos aspectos, e você têm muito dela sobre isso.- Não sei Lúcio, olhando para o meu reflexo no espelho talvez eu veja seus traços distintos, os mesmos olhos como você diz, mas não acho
Lúcio permanecia quieto em frente a janela, mas seu olhar que antes estava lá fora agora encarava meus olhos com divertimento e audácia que lhe era tão característica. Ponderei minhas opções, entre ir até ele ou ficar sentada na poltrona, é claro que ficar sentada confortavelmente me atraiu mais do que ter que me levantar e sentir mais dor do que já estava sentindo. - Pode vir se sentar Lúcio. - Sim senhora. Ele apagou o cigarro o jogando na lixeira ao lado da mesa e caminhou sorrateiro até a poltrona ao lado da minha. - Sobre o que quer falar menina, não tenho muitas novidades sobre Tommaso. - Eu sei, apenas fique aí. O homem era malditamente atraente, os olhos castanhos e expressivos, o rosto que parecia ter sido esculpido por algum artista da Roma antiga, a barba por fazer, o ar de selvageria e perigo que o tornava tão ameaçador quanto sexy, a camisa justa delineando o corpo masculino que fazia minhas mãos formigarem ao imag
Não demorou muito até Nádia estar de volta ao escritório uma vez que Franccesca tinha ido embora. - Bom dia senhora. - Bom dia Nádia, como estamos hoje? - Tudo sob controle. - Ótimo. Nádia vestia um vestido preto com mangas três quartos justo ao corpo, deixando suas curvas delicadas mais aparentes do que ela normalmente deixava, também não me passou despercebido o uso de maquiagem e o cabelo bem arrumado, não que antes ela estivesse bagunçada longe disso, mas apesar de ser uma mulher muito bonita, ela sempre optou por um estilo mais confortável e um pouco apagado e agora estava aqui toda dona de si sobre saltos matadores. - Você está bonita Nádia, toda essa arrumação é para alguém em especial? - Não senhora, eu só quis me arrumar um pouco mais. O rosto corado denunciou a meia verdade que escapou de seus lábios. - Não precisa me contar se não quiser Nádia, mas eu fico feliz se você está feliz, apenas me diga se e
Procurei entre as peças de roupa que estavam no cômodo, alguma coisa confortável que ficasse pelo menos apresentável, terminei por vestir um vestido azul escuro que deixava meus ombros expostos, o tecido estruturado deu um pouco de trabalho pra subir pela minha pele, mas com algum esforço e depois de alguma resistência ele se ajustou, não tinha certeza que conseguiria me manter em pé sobre sapatos altos, então apenas coloquei uma sapatilha fechada. - Senhora, a senhora Franccesca já chegou e está esperando pela senhora no seu escritório. Izabel apenas falou do outro lado da porta de maneira que apenas eu escutasse. Preferi não colocar nenhuma maquiagem e manter os cabelos soltos, me ajudando a formar uma imagem mais clara da história que eu iria contar. Dei uma última olhada no espelho e saí seguindo até o escritório, precisava que tudo saísse perfeito e impecável, e Franccesca tinha olhos bem aguçados para tudo, ela não iria engolir qualquer história boba.
Me levantei da cama, com calma e movimentos lentos, ignorando a dor incomoda, depositei a xícara sobre a mesa de apoio e firmei os pés no chão testando meu equilíbrio enquanto respirava fundo, segui meu caminho um passo de cada vez até o banheiro, me concentrando em todos os detalhes importantes da história que tomava forma na minha mente agitada, não era o ideal, mas teria que servir, sem dúvida nenhuma era melhor do que a realidade. Tomei um banho rápido, evitando lavar o cabelo, ainda não estava recuperada o suficiente pra isso, e Mateo o tinha lavado a não muito tempo, os curativos também tinham que ser trocados e me amaldiçoei por não conseguir fazer isso sozinha, voltei ao quarto de toalha, procurando meu telefone na cabeceira da cama, disquei o número de Mateo aguardando enquanto tocava. - Está tudo bem Martina? - Sim, está ocupado? - Estou, mas se precisa de mim... - Na verdade eu preciso de ajuda com os curativos e não quero incomodar
Acordei sentindo a dor lancinante em meu ombro, os raios de sol já iluminavam o quarto mesmo através das cortinas grossas, tentei me levantar, mas a dor aumentou consideravelmente, voltei a mesma posição tomando meu próprio tempo até me estabelecer novamente e conseguir levantar, a porta foi aberta e Mateo entrou silenciosamente distraído com papéis entre suas mãos. Ele estava tão bonito quanto qualquer outro dia, a aliança dourada se destacava entre os dedos. - Bom dia Martina, como está se sentindo? - Viva, com um pouco de dor, mas não é nada demais. - Fico feliz em ouvir isso. - Pode me ajudar a me sentar por favor? - É claro. Mateo me apoiou como sempre fez, tentei conter o gemido causado pela dor, e tudo que saiu foi um ruído esganiçado. - Você está com mais dor do quer demonstrar Martina. - Não seja superprotetor, já estou crescida para ser mimada assim. - Estou apenas garantindo que esteja bem. -
A tarde estava no fim enquanto eu estava inquieta com a dor do ferimento, passei longas horas com Nádia cuidando de assuntos da família, dos negócios, mas isso parecia não ter fim e eu já estava exausta, havia comido pouco durante o dia, todos esses comprimidos me deixavam nauseando e me tiravam o apetite, além do mais toda essa demora em saber a situação toda me deixava cada minuto mais frustrada e irritada. Respirei fundo, minha mãe costumava dizer que se você perder o controle da situação, a situação irá controlar você, ela não poderia estar mais certa. Batidas na porta e Lúcio e Mateo entraram em silêncio, Mateo impecável como sempre, Lúcio parecia todo uma bagunça, sem gravata, com a camisa fora da calça e sangue nos nós dos dedos, evidência clara que ele andou fazendo perguntas por aí, como de costume, alguma coisa nessa selvageria nesse ar agressivo me deixou mais animada do que deveria. - Novidades? - Nada, as filmagens mostram algumas pessoas
A dor me tirou da escuridão sonolenta da noite, sentindo as fisgadas incomuns não consegui conter um gemido frustrado, abri os olhos olhando ao redor do quarto, estava sozinha, a luz invadia as cortinas na janela, o que significava que já havia amanhecido a algumas horas, ignorando a dor no ombro, tentei me sentar uma e outra vez até conseguir. Me sentia cansada e sonolenta, a situação não poderia ser pior, não que levar um tiro fosse grande coisa no meu ramo de trabalho, mas a questão era que quem quer que fosse que tivesse atirado, sabia onde eu estava no momento certo pra não errar o alvo, e isso me indicava que o mandante estava dentro da casa no momento, nunca pensei que iriam fazer algo assim de maneira tão explícita e logo no dia do meu casamento. Me levantei da cama ainda um pouco desnorteada com a dor e provavelmente por causa da medicação, caminhei rumo ao banheiro dando uma boa olhada no meu rosto no espelho, eu estava péssima, o cabelo despenteado, a pele