Aquelas palavras me atingiram com força, mais do que eu esperava. Ele estava certo, eu não conseguia. Havia algo em Dimitri que me desafiava, algo em sua dor e em sua resistência que me fazia querer quebrar as barreiras que ele erguia ao nosso redor.“Eu não estou aqui para me afastar,” disse eu, sem hesitar. “E você não vai me afastar também.”Ele não respondeu imediatamente, mas pude ver a luta interna em seus olhos. Por um momento, parecia que ele iria falar, que iria abrir tudo, se entregar. Mas, então, ele respirou fundo, a expressão endurecendo novamente.“Você não sabe no que está se metendo, Marie,” ele disse, a voz agora mais grave, mais fria. “E eu não vou permitir que você se machuque por algo que nem você entende.”Eu olhei para ele, o coração batendo forte no peito. Eu queria ser forte, queria desafiá-lo, mas sabia que, de algum modo, ele estava certo. Ainda assim, não poderia me afastar. Algo me prendia a ele, algo que eu não podia ignorar.“Eu entendo mais do que você p
Com o coração acelerado, eu me levantei, tentando manter a compostura, e segui-a até uma das pequenas salas ao lado. Isabela não disse uma palavra até que estivéssemos sozinhas, com a porta cuidadosamente fechada atrás de nós. O silêncio entre nós era denso, e, finalmente, ela falou.“Você deve estar se perguntando o que está acontecendo aqui, Marie,” disse ela, com a voz calma, mas carregada de um peso que não consegui identificar de imediato. “Mas a verdade é que Dimitri, apesar de todo o dinheiro, o poder, e a fachada de homem sério e distante que ele tenta criar, está falido. E você, minha cara, tem um papel muito importante a desempenhar nesse jogo.”Aquelas palavras caíram sobre mim como uma tempestade inesperada. Eu sabia que Dimitri não era perfeito, mas a ideia de que ele estivesse em uma situação financeira precária e que eu pudesse ter algo a ver com isso era uma ideia que eu ainda não conseguia processar completamente.Isabela se aproximou, seu olhar agora afiado, e ela co
**Capítulo 1: O Peso de Uma Decisão**A floricultura da minha tia Helen era mais do que um simples negócio. Para nós, era um refúgio, um pedaço do mundo onde sempre podíamos encontrar alguma coisa bonita, algo que não fosse afetado pelos problemas do dia a dia. Desde que me lembro, as flores sempre foram a constante na minha vida. Elas falavam de uma simplicidade que o resto do mundo não entendia, uma verdade silenciosa que se espalhava nas cores e nos aromas.Eu cresci entre rosas, margaridas e lírios. Quando era pequena, me fascinava o modo como a floricultura parecia ser um lugar onde o tempo não passava. Eu costumava me perder nas prateleiras, sentindo o cheiro doce das flores frescas, tocando suas pétalas delicadas e observando como elas se abriam lentamente, uma a uma, como se o mundo lá fora não existisse. Era meu lugar de paz, onde nada podia me alcançar, nem mesmo as tempestades da vida.Mas, conforme o tempo foi passando, a floricultura de minha tia Helen passou a representa
**Capítulo 2: Entre o Dever e a Moral**A casa estava silenciosa, exceto pelo leve farfalhar das folhas na janela, agitando-se com a brisa da noite. Eu sentia o peso do silêncio em minha mente, como se o ar estivesse mais denso do que o normal. O papel estava ainda em minhas mãos, e mesmo que eu tentasse me concentrar em algo diferente, meus olhos voltavam àquelas palavras: *câncer*. A realidade se instalava em mim como uma verdade dolorosa, algo que eu não conseguia mais ignorar. O que minha tia estava enfrentando, o que ela havia escondido de todos nós, era uma batalha que ela lutava sozinha, sem pedir ajuda, sem dividir sua dor.Eu me levantei da cama, com a mente turbilhonando, e caminhei até a janela. O que eu sabia sobre minha tia era que ela sempre fora uma mulher orgulhosa. Ela nunca pediu nada a ninguém, sempre acreditando que a solução para os problemas estava em suas próprias mãos. Mas agora, olhando aqueles papéis e vendo o quão desesperada ela parecia estar, ficou claro p
**Capítulo 4: A Chegada**O silêncio da manhã parecia me engolir enquanto eu dirigia até a mansão de Dimitri James. Cada quilômetro que passava me fazia sentir como se estivesse me afastando da realidade. O que eu estava prestes a fazer não era apenas sobre um emprego ou sobre salvar a floricultura de minha tia. Eu estava prestes a entrar em um mundo totalmente diferente, um mundo onde eu não sabia quem seria eu mesma, um mundo onde minhas escolhas, mesmo as mais simples, poderiam me arrastar para algo maior do que eu imaginava.A mansão de Dimitri James surgiu diante de mim de forma imponente, com sua fachada clássica e imensa, como um castelo escondido no meio de uma vasta propriedade. Ao longe, as janelas escuras e os portões fechados transmitiam uma sensação de isolamento, de mistério. O caminho até a entrada parecia longo demais, o terreno bem cuidado dando uma impressão de que, por trás de toda aquela perfeição, algo não estava certo. Eu não conseguia explicar, mas havia algo de
Ele se virou, caminhando à frente sem me dar tempo para recuperar o fôlego ou processar o que havia acabado de acontecer. Suas costas largas e postura ereta me lembravam a de um general em comando, alguém que sabia exatamente o que fazer, mesmo em meio ao caos. Dimitri James parecia ser o tipo de homem que não fazia concessões. Seus passos ecoavam no chão de mármore enquanto ele me guiava por corredores ainda mais imponentes. Eu o segui, hesitante. Parte de mim queria fugir daquele lugar, daquela intensidade quase sufocante. A outra parte, entretanto, estava curiosa, intrigada pelo mistério que parecia cercá-lo. Era como se cada detalhe, desde as sombras que se alongavam nas paredes até o silêncio absoluto da casa, estivesse carregado de significado, como peças de um quebra-cabeça que eu não sabia se queria ou poderia montar. “Espero que saiba no que está se metendo,” ele disse abruptamente, sem olhar para trás. Sua voz era tão fria quanto antes, mas havia algo de quase sarcástico
Ele se inclinou para mais perto, seus olhos prendendo os meus como se quisesse garantir que eu entendesse cada palavra. "Nada neste lugar é o que parece, senhorita. Nem eu. Nem você." Eu estava começando a perceber que trabalhar para Dimitri James seria muito mais do que um emprego. E, por mais que o medo começasse a se infiltrar, havia algo em mim que não conseguia recuar. Aquele mistério, aquela tensão, tudo parecia me puxar cada vez mais fundo. Sem saber, eu já estava presa. E ele sabia disso. Dimitri manteve os olhos fixos em mim por mais alguns segundos, e o silêncio que se seguiu foi tão carregado que quase parecia palpável. Havia algo em sua expressão que me desarmava, como se ele estivesse observando não apenas o que eu fazia, mas quem eu era. Quando ele finalmente se afastou, voltando para a estante de livros, senti como se pudesse respirar novamente. "Por que você aceitou este trabalho?" ele perguntou de repente, sem olhar para mim. Suas palavras ecoaram pela biblioteca
A mansão de Dimitri James não era apenas grande; ela era imponente. Era o tipo de lugar que fazia você se sentir pequeno, não pela sua grandiosidade, mas pela sua frieza. Cada corredor, cada sala, tinha um propósito, mas não era acolhedor. Ao contrário, parecia uma prisão de luxo, onde a rigidez da estrutura refletia a personalidade do homem que a possuía. E, no meio disso tudo, estava eu — uma estranha, uma figura fora de lugar, sem saber se estava prestes a ser engolida pela própria situação ou se conseguiria se firmar ali. Eu já sabia o que ele esperava de mim. Ou melhor, sabia o que ele achava que esperava de mim. Dimitri James não fazia perguntas sem respostas, não se deixava enganar por ninguém e, ao que parecia, via o mundo apenas de uma perspectiva: a sua. Ele era o tipo de homem que acreditava que o controle sobre tudo ao seu redor não era apenas um privilégio, mas uma necessidade. Quando me contrataram, disseram-me que ele era um homem difícil, um verdadeiro mestre na arte