Ele estava tão perto agora que eu podia ver cada detalhe de seu rosto, a maneira como os músculos de sua mandíbula se contraíam levemente quando ele falava, a intensidade com que seus olhos fixavam os meus. Eu não sabia como reagir. Não sabia se devia resistir ou ceder. Ele me analisava de uma maneira tão profunda que eu comecei a sentir como se estivesse exposta, nua, apesar das minhas roupas. Algo dentro de mim tremia, não de medo, mas de algo mais visceral. Algo que eu não queria admitir, mas que se intensificava a cada segundo em que ele estava perto. “Você não está no controle de nada, senhorita,” ele disse, e suas palavras pareciam mais uma sentença do que uma observação. Havia uma firmeza na voz dele que me desarmava. “Eu te coloquei aqui, eu posso te tirar de qualquer momento. Não se esqueça disso.” Eu queria retrucar, queria lançar algo de volta, mas o que ele disse não era um simples aviso. Ele estava me desafiando, testando os limites da minha resistência. Minha respiraçã
“Você quer saber o que eu quero, senhorita?” Dimitri virou-se de repente, e sua expressão mudou. Não havia mais o mesmo desafio, havia algo mais profundo em seu olhar. “Eu não sou um homem que se entrega facilmente. E você, claramente, não está aqui para ser conquistada. Mas a questão é: você realmente entende o que está acontecendo entre nós?” Essas palavras me atingiram com mais força do que eu esperava. Eu podia sentir o peso delas, como se cada uma carregasse um significado maior, algo além do que eu estava disposta a aceitar. Mas, no fundo, eu sabia o que ele estava dizendo. Ele estava me desafiando de uma maneira que eu não sabia como lidar, mas ao mesmo tempo, havia algo em suas palavras que me atraía. Como se ele me estivesse pedindo para me arriscar, para ir além do que eu estava acostumada. Mas eu não sabia se estava pronta para isso. Eu respirei fundo, tentando manter minha postura, mas algo dentro de mim já estava cedendo. “Eu não sei o que você quer de mim, Dimitri,” e
A mansão parecia mais viva durante o dia, mas, à noite, havia algo quase espectral na forma como as sombras se estendiam pelos corredores longos e frios. As crianças já haviam ido dormir, e eu me encontrava sozinha na sala de estar. O crepitar do fogo na lareira era o único som que preenchia o ambiente, mas isso não tornava o lugar menos intimidante. Era como se as paredes da mansão sussurrassem segredos que eu nunca entenderia completamente.Minha mente estava ocupada com as palavras de Dimitri. “Você realmente entende o que está acontecendo entre nós?” Não, eu não entendia. Mas uma parte de mim queria desesperadamente descobrir. Algo em Dimitri era como um imã – perigoso, mas irresistível. Sua presença era sufocante, mas, ao mesmo tempo, parecia trazer à tona uma versão de mim que eu ainda não conhecia. Era perturbador.Enquanto olhava para as chamas dançantes, ouvi passos ecoando pelo corredor. Meu corpo ficou tenso, o som era firme, decidido. Eu sabia quem era antes mesmo de ele a
Ao atravessar o corredor escuro, percebi que meus pensamentos estavam presos em um redemoinho que girava em torno de Dimitri. Suas palavras ecoavam como um mantra impossível de ignorar. “Você entende o que está acontecendo entre nós?” Eu não entendia. Talvez nunca entendesse. Mas algo em mim se recusava a aceitar isso. Era como se, por trás de seus olhares enigmáticos e de suas frases ambíguas, houvesse uma verdade esperando para ser descoberta. Quando cheguei ao meu quarto, fechei a porta suavemente e me encostei nela, exalando um suspiro pesado. Meu coração ainda estava acelerado, e minha mente continuava inquieta. Tentei me concentrar em outras coisas – nas crianças, na rotina do dia seguinte, até mesmo na decoração opulenta da mansão – mas nada parecia capaz de afastar a presença esmagadora de Dimitri. Ele não estava mais ali, mas de algum modo continuava comigo, preenchendo cada canto do meu pensamento.Fui até a janela e puxei as cortinas, revelando a noite escura lá fora. A v
Naquela noite, eu não consegui dormir. Dimitri era como uma sombra que pairava sobre tudo. Suas palavras, seus gestos, até mesmo seu silêncio tinham o poder de me prender em um lugar onde as respostas nunca vinham. Eu sentia que estava me aproximando de algo, mas não sabia se queria realmente entender o que era. A madrugada avançava e, finalmente, decidi sair do quarto. A mansão, envolta na escuridão, parecia ainda mais imponente. Eu não tinha um destino específico, apenas a necessidade de me mover, de afastar a sensação sufocante que me consumia. Passei pelo longo corredor, desci as escadas e fui em direção ao salão principal. As luzes estavam apagadas, mas a lua, entrando pelas enormes janelas, iluminava o ambiente com um brilho pálido. Tudo parecia mais quieto, mais intenso. Quando cheguei perto da lareira apagada, percebi que não estava sozinha. Dimitri estava lá, sentado em uma poltrona, com um copo de uísque na mão. Ele não parecia surpreso com minha presença, mas também n
Os dias na mansão de Dimitri seguiam como um ciclo de desafios sutis e emoções contidas. A relação entre mim e as crianças era um território em constante mudança, cheio de descobertas, mas também de tensões. Mia, Sophie e Noah eram tão diferentes entre si que lidar com cada um deles parecia exigir uma nova versão minha a cada momento.Mia, a mais velha, continuava a ser a mais difícil de decifrar. Havia uma maturidade precoce nela que me deixava inquieta. Não era apenas a maneira como ela falava ou se portava, mas o que ficava escondido atrás de seus olhos observadores. Quando ela falava, suas palavras eram medidas, como se estivesse sempre testando meus limites. Uma tarde, enquanto eu organizava alguns papéis na biblioteca, Mia entrou sem fazer barulho. Ela se sentou em uma das poltronas, com um livro nas mãos, mas eu sabia que ela não estava ali para ler. “Você gosta de estar aqui?” ela perguntou de repente, sem desviar os olhos das páginas. A pergunta era inesperada. Olhei pa
Quando passei pelo corredor que levava ao escritório dele, notei que a porta estava entreaberta, uma linha de luz amarelada escapando para o chão escuro. Hesitei. O escritório de Dimitri era um espaço proibido, um lugar que ele guardava para si, como se representasse um pedaço de seu mundo que ninguém mais podia tocar. Mas algo me puxou para frente, um impulso que eu não conseguia conter.Aproximei-me em silêncio, inclinando-me levemente para espiar. O cheiro forte de álcool veio antes da visão completa: Dimitri estava debruçado sobre a mesa, um copo de uísque quase vazio ao lado de uma garrafa pela metade. Sua camisa estava aberta no colarinho, as mangas arregaçadas, e ele parecia completamente alheio à minha presença. Sua mão segurava o copo com força, enquanto a outra repousava sobre um monte de papéis amassados e desorganizados.Pela primeira vez, ele não parecia o homem impenetrável e autoritário que eu conhecia. Havia algo quase vulnerável naquela cena. Entrei sem pensar, como s
Talvez você seja exatamente o homem que precisa ser salvo,” respondi, antes de pensar. As palavras escaparam como uma confissão, e ele me encarou, surpreso, como se eu tivesse tocado em algo que ninguém mais ousara antes.Dimitri riu, mas era uma risada amarga, cheia de tristeza. Ele deu um passo para trás, criando distância entre nós, mas seus olhos não me deixaram. “Você é teimosa,” ele disse, quase como um elogio. “Mas não deveria gastar sua energia comigo.”“E você deveria parar de me afastar,” desafiei, cruzando os braços. “Eu não sou alguém que vai sair correndo só porque você acha que deve carregar tudo sozinho.”Ele não respondeu de imediato. Ficou ali, me olhando, como se estivesse tentando decidir se deveria me deixar entrar em seu mundo ou continuar me mantendo à distância. Por um instante, vi algo mudar em seu olhar – um lampejo de vulnerabilidade, de desejo, talvez até de arrependimento. Mas, antes que pudesse interpretar o que aquilo significava, ele se virou, pegando a