— Ainda não acredito que você se jogou na frente da moto, sem nem conhecer meu irmão.
Estava carregando a heroína gostosa no meu colo, podia facilmente me acostumar em ter aquele corpão dela em meus braços sempre.
Claro que eu preferia que as circunstâncias fossem outras, primeiro brigando e agora ela toda machucada, não eram nada favoráveis.
— Ele é uma criança, não me interessa quem ele é. — ela se remexeu em meu colo, parecendo envergonhada por ter minhas mãos sobre ela. — Já falei que eu posso andar sozinha! — protestou novamente.
— E eu já disse que é um prazer carregá-la, ursinha.
Ela desviou o olhar, aposto que com as bochechas pegando fogo. Dava pra ver toda inocência e timidez transbordando daquele rosto angelical, mas era quase um pecado quando vinha acompanhado de um corpo de parar o trânsito.
— Você sabe que me chamo Camila e não ursinha. — sorri com sua irritação quanto ao apelido.
— E você sabe que se passar o braço em volta do meu pescoço vai ficar mais confortável. — provoquei querendo que ela enrolasse os braços em volta do meu pescoço para nos aproximar ainda mais. — Só o Juninho pode te chamar assim?
— Juninho, esse é o nome do menino? Ele parece muito com o pai dele.
— E desde quando você conhece o meu pai? — as sobrancelhas dela vincaram, em clara confusão e eu só ri sabendo que ela tinha entendido tudo errado. — João Miguel, eu e Juninho somos irmãos. A única família que temos.
— Oh eu... Não sabia... Imaginei que... — ela gaguejou tentando encontrar as palavras certas.
— O jeito que ele correu para o pequeno, muita gente pensa nisso. Mas nós dois o criamos, por isso somos muito apegados, Miguel passou mais tempo cuidando dele do que eu, já que estava estudando.
Estudando, curtindo, vivendo minha vida enquanto ele cuidava do morro e do nosso irmão.
— Eu fico aqui. — ela murmurou já se virando com a intensão de descer.
— Onde pensa que vai? Vou entrar com você e vamos esperar meu irmão juntos. — Camila me olhou prestes a protestar, mas nossos rostos estavam próximos de mais.
Eu era conhecido por ser ousado, o galinha da família, fazer o que se preferia me acabar do que passar vontade.
Baixei a cabeça querendo capturar os lábios carnudos, mas um grito a fez virar no mesmo instante, se afastando de mim.
— Camila! O que aconteceu menina? — dona Nalva gritou da laje e rapidamente sumiu, provavelmente descendo para vir abrir o portão.
— De verdade, não precisa entrar comigo...
— E perder de te segurar? Nem pensar. — era engraçado como meu jeito descarado que deixava sem jeito.
Era como se ninguém nessa vida tivesse dito a ela o quanto é linda, ou que ninguém a tivesse tocado, beijado e fodido.
Céus, seria possível isso? Não, Camila era linda de mais para nenhum cara ter chegado até ela. Só de olhar eu podia dizer que ela tinha entre dezenove e vinte e um, duvidava que alguma menina daquela idade não tivesse tido um namoradinho que seja.
— Meu Deus, como foi que se machucou assim garota?
— Ela salvou o Juninho de ser atropelado. — falei antes mesmo que ela conseguisse responder. — E se quebrou toda no processo.
— Anda Vitinho, entra com ela que eu tenho um remédio lá dentro. — dona Nalva foi na frente e eu a seguia.
Coloquei Camila no sofá e me sentei ao seu lado. Assisti ela respirar fundo e prender a respiração, provavelmente pela dor do corte na perna.
Segurei uma mecha do seu cabelo e enrolei em meu dedo, seu rosto se ergueu, os olhos indo de encontro aos meus. As esferas de um castanho perfeito eram hipnotizantes e brilhantes. Porra, como ela é linda!
Coloquei a mecha de cabelo atrás da orelha e a ursinha suspirou, entreabrindo os lábios e atraindo meu olhar para a boca perfeita.
Não resisti e deslizei meu polegar sobre o lábio inferior e assisti Camila fechar os olhos, absorvendo meu toque.
— Eu vou te beijar. — sussurrei para que apenas nós dois escutássemos.
Os olhos se abriram de imediato, mas Miguel gritando fez ela dar um pulo para trás. Camila se afastou ainda mais de mim quando a tia saiu do quarto com uma caixinha de remédios, a mulher foi em direção a porta e eu me dei por vencido, ia ter que beijá-la em outro momento, já vi que aqui não iria ter jeito!
Peguei a caixinha e comecei a procurar um remédio pra limpar o machucado, uma pomada ou qualquer coisa. Miguel entrou já perguntando o quanto tinha machucado e ela o encarou, não sabia se olhando para Juninho ou para o mais velho, que deveria ser assustador aos seus olhos.
Achei finalmente uma pomada cicatrizante e me ajoelhei na frente dela, toquei seu joelho afastando as pernas e subi a mão sentindo a pele macia se arrepiar e seu olhar voltou para o meu.
Quando deslizei ainda mais para cima ela colocou a mão sobre a minha, me impedindo de avançar ainda mais.
Aquele não era o lugar ideal pra continuar com aquelas provocações, mas eu estava pegando gosto em mexer com ela assim.
— Rasgou toda a perna da coitadinha, o braço acho que foi uma torção boba. Vai melhorar rapidinho, ela é forte! — a tia dela falou e quando percebi ela já estava encarando Miguel de novo.
— Ahh merda! — o grito de dor dela quase me deu vontade de soprar seu machucado, estava sendo cuidadoso, mas mesmo assim parecia não adiantar. — Isso arde de mais.
— Vai ficar tudo bem, calma filha. — a tia dela garantiu, mas era fácil quando não se é você que está sentindo dor.
— E como posso agradecer aí, já que ela salvou meu irmão? — Miguel perguntou e eu quis responder que tinha várias formas de agradecer a ela, todas elas envolviam Camila esparramada na minha cama.
Estava concentrado imaginando ela chamando meu nome, enquanto eu me enterrava no meio de suas pernas, quando suas palavras atraíram minha atenção.
— Já que insisti então eu aceito um beijo dele. É só o Juninho me dar um beijinho aqui.
Porra, por um minuto achei que ela estivesse falando de Miguel. Juninho rapidamente pulou no sofá e agarrou o pescoço dela.
— Você gosta, não é safadinho? — falei vendo ele adorar a atenção.
— Mas isso não paga minha dívida. — Miguel insistiu e eu tinha que dizer a ela, nós Torres éramos difíceis de ceder.
— Eu disse que não...
— Arruma um emprego pra ela. Ela chegou agora do interior, vai ser difícil arrumar emprego e se adaptar ao Rio rápido, se puder arrumar um emprego pra ela já ajuda. — a tia dela a cortou.
Eu poderia arrumar um emprego pra ela, envolvendo nenhuma roupa e minha cama. Merda, eu tinha que ter aquela mulher pra mim, nem que fosse por uma noite.
Juninho voltou a beijá-la querendo mais atenção.
— Então tá contratada pra ser babá do Juninho!
De onde ele tinha tirado isso? Me virei para meu irmão mais velho, parado a poucos passos, com os braços cruzados e a cara fechada.
Não sabia se agradecia ele, porque assim ela passaria mais tempo perto de mim, ou se dava um soco pelo mesmo motivo.
Eu não queria compromisso e ficar com uma garota que me veria sempre poderia ser um puta de um problema.
Babá, aquela palavra se repetia em minha mente desde que saiu da boca de Miguel. Não era uma má ideia e muito menos um mau emprego, eu estava acostumada a cuidar de crianças, muitas vezes mais de uma de uma só vez. Mas depois de saber quem eles eram e o que faziam, não sabia se seria a opção mais segura.Se isso não bastasse João Vitor quase tinha me beijado, meu rosto queima só de lembrar que poderíamos ter sido pegos pela minha tia. Ainda conseguia sentir seu toque quente, o dedo traçando um caminho em meu lábio inferior e sua voz rouca dizendo que ia me beijar.Eu não sou puritana nem nada, mas minhas experiências com homens podem ser resumidas a zero, tirando dois garotos que beijei no ensino médio não havia mais nada. Eu vivia para minha casa e a igreja, não fazia nada além de sair com minha mãe e a cidade onde eu morava era tão pequena que todos nós se conheciam, o que dificultava toda a coisa da paquera.Fiquei ansiosa esperando o beijo dele, mas o irmão que tem cara de poucos
Sai da casa de dona Nalva com Juninho no colo e Vitor atrás de mim, resmungando sem parar. Eu sabia que o safado estava querendo pegar a mina, ele fez questão de deixar bem claro tocando ela daquele jeito.— Precisava colocar ela de babá do Juninho porra? Como que fica agora eu levar ela pra cama e ficar esbarrando nela dentro de casa?— Isso nunca te impediu antes, você já pegou mais minas desse morro do que consegue lembrar.— É, mas nenhuma dela estava dentro de casa, a garota vai começar a ter ideia errada. — ele passou na frente abrindo o portão de casa. — Você tinha de ver, ela toda sem jeito quando quase a beijei.— Quase? Desde quando tu fica no quase? — eu sabia bem a fama do safado, bem antes de completar dezesseis anos ele já tinha levado a filha de muita gente pra cama.— Desde que você e a dona Nalva viraram empata foda, estava já pertinho daquela boca carnuda e você chega gritando.Não consegui evitar de sorrir, era bem feito que ele tivesse pagado de otário e não conseg
O som do trovão parecia retumbar por meu corpo, se concentrando em meu coração, ditando o ritmo que ele batia. Enquanto minha mente se enchia de imagens daquela noite, o frio do vento, o gelo das aguas cobrindo minhas pernas e as gotas grossas que molhavam todo o meu corpo.Meu corpo tremia involuntariamente e as lágrimas pesadas rolavam por meu rosto. Eu tinha uma vaga noção de ter braços em volta de mim, me segurando firme e acariciando minhas costas, mas eu só conseguia me concentrar na imagem dos meus pais me olhando do outro lado da cratera, os rostos marcados da vida dura, as marcas de expressões profundas apesar da pouca idade.Mesmo com tudo isso eles me olhavam conformados com o que estava prestes a acontecer, não havia medo ou desespero nos rostos deles quando me deram uma última olhada.“Nós amamos você!” as últimas palavras da minha mãe se repetiam em um loop, eu desejava que aquilo pudesse me acalmar, mas não tinha esse efeito mais, só me trazia a solidão.— Camila olha p
Estava me sentindo um caco quando cheguei em casa já de manhã, alguns amigos advogados me chamaram pra inauguração de uma boate. Tinha me cansado de tentar arrastar Miguel para uma dessas festas, mas ele se recusava. Dizia que era pra evitar pessoas esnobes, mas eu sabia bem que ele não queria era evitar algum encontro indesejado com a polícia, ali no morro tínhamos segurança, mas já no asfalto a conversa era outra.Passei a noite na balada e de lá fui para o motel com uma morena, não tinha conseguido tirar Camila da cabeça e acabei me agarrando com a mulher mais parecida com ela. Sabia que aquilo era fodido de mais, mas não consegui evitar, minha mente ficava a todo momento criando cenas com ela e em minha cama, me chupando, cavalgando em cima de mim, gemendo meu nome, por isso precisei tentar suprir minha vontade dela com outra.— Bom dia. — falei entrando em casa e vendo Miguel entregando a mamadeira pra Juninho. — Já acordado.Bufei sabendo que Miguel ia sair e eu teria que cuidar
Quando cheguei na casa de Juninho pela manhã, achei que encontraria o menino dormindo ainda, mas ao invés disso dei de cara com ele terminando a primeira mamadeira do dia, enquanto assistia um desenho na televisão.— Bom dia, chegou bem na hora. — Miguel cumprimentou não demorando o olhar em mim.— Bom dia, bom dia lindinho. — falei apertando a bochecha fofinha, mas os olhos dele nem se desviaram da tela. — Minha tia avisou que você precisava de mim o mais rápido possível. — ele se afastou voltando para o irmão. — Não sabia que eu teria que cuidar dele aqui, na sua casa.— Aqui é mais seguro que na casa da tua tia. Vou ter que sair agora de manhã, resolver umas tretas que apareceram aí. Vem vou te mostrar a casa. — ele se virou seguindo pelo corredor antes mesmo de ver se eu o seguia.Dei passos apressados atrás dele, que começou a me mostrar os cômodos. A casa não era pequena como a de tia Nalva, além da sala havia três quartos, um para cada um deles, uma varanda e a cozinha.— Junin
Estava conversando com os chefes dos outros morros, resolvendo as tretas que eram da conta de todos nós.O complexo eram várias favelas unidas e sempre mantemos assim. Nós fomos "pacificados" há uns anos atrás, recebíamos até turistas agora, uns subiam pra ver a vida aqui, outros querendo usar o teleférico e ter uma vista top do Rio.Mas essa merda era coisa só pra iludir quem estava de fora, quem morava dentro da comunidade sabia que esses polícias não estavam nem aí pra pacificação. No começo o povo da comunidade toda acreditou, mas depois que muita gente inocente começou a morrer, a ser levada pra depor e nunca mais voltar, a apanhar sem motivo, aí eles viram que não tinha esse negócio de pacífico no nosso mundo.O problema é que polícia é gente e qualquer pessoa pode ser corrompido, o que eles queriam era dinheiro. E depois de ver que bater de frente não ia resolver, começamos a pagar aí pra eles um valor, a gente trabalhava em paz, eles saiam como herói e o povo da comunidade fic
As palavras de Miguel rondavam minha mente, eu nunca pensei que poderia me sentir tão mal assim por algo que as pessoas falassem de mim, mas cada palavra dele, me diminuindo, colocando pra baixo e querendo mostrar qual era o meu lugar, foram como uma faca cravando cada vez mais fundo em meu coração.Depois do banho peguei Juninho e fui para a cozinha fazer o almoço dele, o menino tinha sido tão fofo quando viu que eu estava chorando, ele apoiou as mãos em meu rosto e ficou acariciando minhas bochechas querendo que eu me acalmasse. Era bom ver que ao menos um dos homens daquela família tinha um coração.Por sorte não vi nenhum dos dois mais velhos, não sabia como lidaria com nenhum deles. Ouvir que Vitor passou a noite com outra garota não deveria ter me feito tão mal, mas fez. Mesmo que Bianca tivesse me contado sobre a má fama dele, saber que ele dormiu com outra e poucas horas depois estava me beijando fez eu me sentir ainda pior.Esperei Juninho dormir depois das duas da tarde, par
Eu estava com uma puta dor de cabeça quando acordei, passei boa parte da tarde me revirando na cama, tentando dormir enquanto minha mente se negava a desligar, ficava voltando desde o momento em que finalmente tive aquela boca gostosa contra a minha, e o inferno de momento quando meu irmão me contou tudo.Se tinha uma coisa que eu gostava de manter simplificada na minha vida era o quesito mulheres, todo o resto já era complicado, ter me formado no que meu pai queria só pra ajudar nas coisas ilegais, ajudar criminosos e ser um.Eram várias coisas confusas e fodidas na minha vida, quem passava por minha cama tinha que ser o mais simples possível. Não queria ter que lidar com uma garota que surtava sem mais nem menos, também não queria ter relacionamentos, gostava da minha liberdade.Mas em contrapartida tinha aquela garota com os lábios carnudos e doce, porra sim, ela tinha um gosto doce e o gemido que soltou quando enfiei a língua em sua boca me deixou duro como pedra.Eu queria ter ti