Estava conversando com os chefes dos outros morros, resolvendo as tretas que eram da conta de todos nós.
O complexo eram várias favelas unidas e sempre mantemos assim. Nós fomos "pacificados" há uns anos atrás, recebíamos até turistas agora, uns subiam pra ver a vida aqui, outros querendo usar o teleférico e ter uma vista top do Rio.
Mas essa merda era coisa só pra iludir quem estava de fora, quem morava dentro da comunidade sabia que esses polícias não estavam nem aí pra pacificação. No começo o povo da comunidade toda acreditou, mas depois que muita gente inocente começou a morrer, a ser levada pra depor e nunca mais voltar, a apanhar sem motivo, aí eles viram que não tinha esse negócio de pacífico no nosso mundo.
O problema é que polícia é gente e qualquer pessoa pode ser corrompido, o que eles queriam era dinheiro. E depois de ver que bater de frente não ia resolver, começamos a pagar aí pra eles um valor, a gente trabalhava em paz, eles saiam como herói e o povo da comunidade ficava em paz.
Mas estava parecendo que o acordo não estava mais valendo.
— Nós temo que resolver essa parada. Eu não vou dar mais dinheiro pra aqueles pé no saco!
Todos os chefes dos outros morros se recusavam a pagar o valor que eles estavam pedindo agora.
Eu então, que ainda estava sendo roubado dentro da minha própria favela, algum filho da puta metido a esperto estava me passando pra trás.
— Ninguém aqui vai aumentar o valor semana que vem, se um aumentar eles vão saber que tão lidando com um bando de otário.
— É, mas vamos se preparar pra ter guerra. Porque é isso que eles vão fazer! — falei, eu não queria pagar um centavo a mais pra aqueles merdas, mas também não era cego, sabia bem como polícia fazia por ali, foi assim que meu pai morreu.
— E vamos tá preparado pra eles, quando eles vier pra briga nós mete chumbo grosso.
— Já avisa geral dos morros, quero morador zanzando e levando tiro a toa não.
É pelo visto na próxima semana teríamos uma guerra nos morros em volta. Porra de vida difícil!
Sai de lá já com a cabeça doendo, detestava lidar com essas merdas, porque eu sabia o que acontecia, vi de perto meu pai e mais um monte de homem cair junto com ele, sangrando no chão igual porco sem que ninguém se importasse.
— Aí chefe, tenho uma parada pra te falar. — Bruno falou no rádio e eu já praguejei.
— Anda logo, desembucha!
— A babá lá estava dando um passeio com Juninho, eles ficaram na sede, mas já voltaram pra casa.
Quis dar um soco em alguém, mas não tinha ninguém ali perto. Merda de gente que não escuta, não faz o que eu mando!
— Já estou indo, fica de olho nela aí, se tentar sair de casa não deixa.
Camila estava me dando mais dor de cabeça do que pensei, a mina era esperta, falei que tinha tudo ali que o garoto precisava, pra que ficar andando com ele na rua inferno.
Não gostava de Juninho perambulando por ali, qualquer pessoa com pensamento ruim podia usar ele pra chegar até a mim.
Talvez a melhor coisa fosse mandar ela embora e arrumar outra pessoa, sei lá uma velha, que assim Vitinho também não ia ficar dando em cima.
Não demorei em chegar em casa, Bruno estava na porta e eu acenei com a cabeça já entrando. Passei no banheiro e vi Juninho brincando no chuveiro e quando alcancei o quarto dele meu corpo ferveu.
Vitinho estava com a mina presa entre ele e o guarda roupa, as mãos dele tocando o corpo dela enquanto ele devorava a boca da mina.
Porra eu ia socar aquele filho da puta! O que ele estava pensando? A gente combinou de nenhum dos dois tocar nela, caralho! Agora eu não podia confiar nem no meu irmão?
— Que porra é essa aqui! — rosnei chamando a atenção dos dois.
Camila me olhou com os olhos arregalados, certeza que estava surpresa por ter sido pega, mesmo depois de eu ter dito pra ficar longe.
— Meu Deus, o que foi que eu fiz? — ela sussurrou antes de sair correndo do quarto, esbarrando em mim e indo direto para o banheiro.
Vitor ergueu os olhos, descarado, me dando um sorriso cínico, safado desgraçado! Ainda estava só de samba canção, agora marcando a porra da ereção.
Eu ia matar ele! Ia matar aquele merda e mandar Camila pra bem longe daqui!
— Você tinha que aparecer, não é? Só pra atrapalhar...
— Atrapalhar? Atrapalhar o que seu merda, nós tínhamos um acordo! Camila estava fora dos limites, ela é só babá do Juninho e era pra ficar longe, qual parte do ela não é mina pra nós você não entendeu? Qual parte não entrou na merda da tua cabeça?
— Eu achei que tínhamos um trato, até que me toquei que você chegou nela antes não foi? — entrei dentro do quarto indo em direção a ele, pronto pra socar a cara bonitinha. — É você chegou nela antes, por isso não queria que eu me aproximasse, queria a mina só pra você!
— Tá maluco porra? Eu disse que garota novinha e maluca quero distância, Camila não faz meu tipo, eu gosto de mulher não de pirralha! — gritei com fúria e bati a mão no peito dele. — Mas você tinha que colocar seu pau pra funcionar, não é? Mesmo tendo transado com qualquer vagabunda a noite toda, você não perdeu tempo em agarrar a garota!
— Graças a você só tive tempo de dar um beijo nela!
Me virei e dei um soco na parede, sentindo a dor subir pelos dedos e se espalhar no meu punho, mas era isso ou arregaçar a cara do meu próprio irmão por causa de mulher.
— Porque não deixa a mina em paz? Ela é cheia de problema na cabeça, ficou chorando e tremendo no dia da chuva no meio da rua. É isso o que você quer? Uma maluca pra ter de lidar com os dramas dela?
— Não porra tá maluco? Porque não me contou essa merda? — ele franziu as sobrancelhas e de afastou mudando o olhar pra incredulidade e medo.
— Porque era problema dela e achei que tu ia ficar longe. — falei mais baixo, me sentindo até mais calmo ao ver a cara dele.
— Eu achei que você tinha pegado ela, a mina não estava nem me olhando quando chegou aqui. Nem quando me viu só de toalha, ela só pegou Juninho e saiu. — ele falou como se não fosse nada, mas eu ia voltar nesse assunto. — Aí eu fui atrás dela, achando que se você tinha pegado eu ia pegar também.
Que merda, ela tinha feito o que pedi, ficado longe e não ido atrás das gracinhas dele. Mas claro que meu irmão não podia segurar o pau dentro das calças.
— Eu mandei ela ficar longe de você, falei que estou pagando pra ela cuidar do Juninho e não pra se agarrar com você.
— Então ela só estava seguindo as ordens. Merda cara, se eu soubesse tinha ficado longe, não pensei direito só achei...
— Só achou que eu tinha ficado com ela e resolveu colocar as mãos em cima dela. — me aproximei dele ficando bem perto, reuni toda a raiva que tinha passado hoje de manhã e coloquei nas minhas palavras. — Escuta aqui eu nunca vou encostar naquela menina, entendeu bem?
Sai de lá pisando duro, mas dei de cara com ela no corredor, Camila estava com os olhos vermelhos e molhados, Juninho segurava seu rosto acariciando suas bochechas, mas assim que me viu ela entrou correndo no quarto me deixando para trás.
Vitor saiu no mesmo segundo de dentro do quarto, sacudindo a cabeça entrou no quarto ao lado, que era o seu e trancou a porta.
Agora eu sabia que ele ia ficar longe, a última coisa que Vitor queria era ter que se importar com os problemas de alguém que não fosse da sua família.
Os olhos vermelhos da mina me diziam que com certeza ela ouviu a conversa toda, aqui fez meu coração se apertar incomodado com o que ela devia tá pensando. Mas que se foda, era a única forma de manter ela longe, era melhor chorar agora que depois.
As palavras de Miguel rondavam minha mente, eu nunca pensei que poderia me sentir tão mal assim por algo que as pessoas falassem de mim, mas cada palavra dele, me diminuindo, colocando pra baixo e querendo mostrar qual era o meu lugar, foram como uma faca cravando cada vez mais fundo em meu coração.Depois do banho peguei Juninho e fui para a cozinha fazer o almoço dele, o menino tinha sido tão fofo quando viu que eu estava chorando, ele apoiou as mãos em meu rosto e ficou acariciando minhas bochechas querendo que eu me acalmasse. Era bom ver que ao menos um dos homens daquela família tinha um coração.Por sorte não vi nenhum dos dois mais velhos, não sabia como lidaria com nenhum deles. Ouvir que Vitor passou a noite com outra garota não deveria ter me feito tão mal, mas fez. Mesmo que Bianca tivesse me contado sobre a má fama dele, saber que ele dormiu com outra e poucas horas depois estava me beijando fez eu me sentir ainda pior.Esperei Juninho dormir depois das duas da tarde, par
Eu estava com uma puta dor de cabeça quando acordei, passei boa parte da tarde me revirando na cama, tentando dormir enquanto minha mente se negava a desligar, ficava voltando desde o momento em que finalmente tive aquela boca gostosa contra a minha, e o inferno de momento quando meu irmão me contou tudo.Se tinha uma coisa que eu gostava de manter simplificada na minha vida era o quesito mulheres, todo o resto já era complicado, ter me formado no que meu pai queria só pra ajudar nas coisas ilegais, ajudar criminosos e ser um.Eram várias coisas confusas e fodidas na minha vida, quem passava por minha cama tinha que ser o mais simples possível. Não queria ter que lidar com uma garota que surtava sem mais nem menos, também não queria ter relacionamentos, gostava da minha liberdade.Mas em contrapartida tinha aquela garota com os lábios carnudos e doce, porra sim, ela tinha um gosto doce e o gemido que soltou quando enfiei a língua em sua boca me deixou duro como pedra.Eu queria ter ti
O baile estava lotado como sempre e eu gostava daquele jeito, geral se divertindo, dançando, bebendo e se pegando. Estava no camarote, era como uma varanda enorme, muitos queriam subir até ali, principalmente as garotas que sempre ficavam tentando chamar atenção.Mas essa noite não estava parecendo a mesma coisa, nem Vitinho estava no clima, parecia mais ocupado em conversar com o amigo racker do que nas garotas rebolando na batida do funk.— Está distraído hoje. — Dany falou deslizando as unhas afiadas por meu pescoço. — Quer uma ajudinha?Eu tinha ido buscar ela com outras ideias, era a pessoa perfeita pra tirar todo o estresse dessa semana de cão e pra me fazer parar de pensar em lábios carnudos, olhos castanhos e uma pele negra macia de mais, vulgo Camila.Mas mesmo com ela ali no meu colo, sacudindo a bunda no ritmo da música, isso não me animava para nada. Meu pensamento estava toda hora voltando pra aquela garota e eu me perguntando o que ela deve tá fazendo.— Mais tarde gata.
Não sei bem em que momento peguei no sono ao lado de Juninho, me deitei ali para fazer um cafuné até que ele dormisse, mas fiquei tão envolvida com as vagas de emprego que adormeci ali mesmo, com o celular em cima da minha barriga.Acordei com algumas vozes e passos pela casa, com certeza os dois tinham chegado, mas não ia me arriscar a sair e dar de cara com nenhum deles, muito menos com a mulher linda que ele trouxe mais cedo.Graças a Deus o barulho acabou bem rápido, eu me aconcheguei mais na cama junto com Juninho e tentei voltar a dormir, mas minha mente parecia bem acordada, era em torno de seis da manhã o que explicaria a falta de sono, eu costumava acordar bem cedo.Desbloqueei meu celular e vi mensagens de Bianca, um monte delas mostrando o desespero dela.Bia: primaaaaaaBia: Camila, responde sua vaca!Bia: pelo menos lê mulher!Bia: tá bom, mas fica avisada se qualquer um deles perguntar do trampo diz que arrumei sim, que vai trabalhar comigo na loja.Bia: eu abri a boca e
Acordei já tarde e demorei a perceber o que tinha feito eu acordar, até que os gritos de Miguel recomeçaram, me dando a resposta que eu precisava.Me levantei correndo jogando a coberta pro lado e colocando uma cueca e calça as pressas. Miguel não gostava de gritar dentro de casa, não queria Juninho vendo aquilo.— Você não manda em mim! — ouvi Camila gritar quando sai no corredor. — Eu não quero ficar aqui e o dinheiro que estão me oferecendo é muito bom, além das gorjetas...— Tu não vai trabalhar na Rubi porra! — o que? Camila queria trabalhar na boate? — Não sei onde Dany estava com a cabeça de te dar essa ideia idiota.— A garota precisava de um trampo, só estou ajudando ela...— Ajudando levando a mina pra tirar a roupa em troca de dinheiro? — Miguel estava puto pelo tom.Passei pela sala e vi Juninho ignorando tudo, tomando sua mamadeira e assistindo. Quando cheguei na porra da cozinha vi os três se fuzilando com os olhos.— Você bem que gosta de dar dinheiro pras meninas de lá
Eu tinha saído de casa jurando que não ia me importar com o que Camila quisesse aprontar com Dany e a prima, as três eram surtadas e podiam dar as mãos e ser feliz.Mas a todo momento do dia a imagem dela dentro da Rubi vinha na cabeça, enquanto eu resolvia as tretas meu pensamento ficou na diaba, parecia até que a mina tinha feito trabalho pra mim, não conseguia tirar da cabeça.Eu conhecia a Rubi a muito tempo, tinha pegado a maioria das garotas de lá, e mesmo sabendo que não era puteiro ali, muitas delas faziam programa com os clientes.Se o pensamento de todos os playboys, velhos e os malandros de lá tudo olhando ela tirar a roupa no palco, não fosse suficiente pra me enlouquecer, a ideia de um deles tocando nela e querendo levar a garota pra cama me enfureceu e me fez ver vermelho.Eu estava decidido, ia acabar com a graça dela antes mesmo que ela saísse de casa, mas quando parei na frente da casa da dona Nalva e vi Camila e Bianca subindo cada uma em um moto táxi, soube que ia t
Eu tinha seguido o plano de Dany e Bianca, todo mundo ali sabia que minha prima seria a nova garota, mas quando Miguel ou Vitor aparecessem, eles iam achar que estavam falando de mim.Ela tinha ficado louca com essa ideia e não consegui fazê-la desistir. As duas estavam confiantes, na cabeça delas algum dos dois ia aparecer ali pra me impedir, ou até mesmo os dois.Mas eu não botei, não até ouvir a voz de Miguel nas minhas costas. Não conseguia acreditar que ele tinha mesmo ido até ali atrás de mim e quando o vi socar o homem, querendo me defender meu sangue ferveu pela primeira vez em dias sem ser de raiva.Só que eu tinha que manter em mente tudo o que conversei com Dany e Bianca, Miguel assim como o irmão tinha as mulheres aos seus pés, eu tinha que fazer ele correr atrás ainda mais.— Sabe porque falei aquela par de coisa? Porque queria que tu ficasse longe de do meu irmão...— Eu já entendi não precisa repetir não! — revirei os olhos e me virei querendo ir embora, não ia aguentar
Ainda tinha Camila sentada no meu colo, a bunda coberta pela tanga bem em cima da ereção dolorida que eu tinha, os peitos ainda pra fora do sutiã e aquela cara de safada que acabou de gozar gostoso.Eu já podia virar um santo por estar aguentando firme, ao invés de descer minhas calças e me enterrar naquela boceta apertada. Mas era isso mesmo que me impedia, Camila é virgem e também não parece decidida do que quer.— Como assim escolher entre você e seu irmão? — ergui a sobrancelha nem botando fé que a mina estava perguntando aquilo.— Vitinho quer você e eu também, tu que vai ter que escolher. — enrolei o cabelão dela na minha mão e puxei ela para perto. — Tu já beijou nós dois, agora é só dizer quem quer.Mordi o lábio carnudo e ela fechou os olhos se remexendo no meu colo. Porra ela ia me fazer perder a cabeça rapidinho, qualquer toque e a mina ficava molinha e entregue.— Quer dizer, se eu escolher você Vitinho sai chateado e nunca mais vai poder me beijar, e se eu escolher ele é