Acordei com trovões que estremeciam minha casa. Detestava chuvas porque elas costumavam destruir tudo o que tinha em volta. Me levantei correndo da cama e encontrei meus pais já na sala, tentando ver a quantas estava a destruição. — Precisamos sair daqui, não sabemos quanto tempo mais as barreiras vão aguentar. — meu pai falou apreensivo encarando a tempestade lá fora. — Mas não temos pra onde ir José, nem mesmo dinheiro pra ficar em um hotelzinho. Nós éramos uma família pobre ali do interior de São Paulo, meu pai trabalhava em uma fábrica ali perto e conseguíamos nos manter, eu trabalhava de babá para algumas mães do bairro, mas o dinheiro era pouco, afinal todo mundo ali era bem humilde. — Podemos pedir abrigo na igreja. — disse dando uns passos a frente e alcançando os dois. — Padre Bento falou na missa de domingo que quem tivesse correndo e não tivesse para onde ir poderia se abrigar na igreja. Meu pai me olhou por um minuto, eu sabia que o orgulho bobo de homem estava falan
O dia já tinha começado perfeito, pra não dizer outra coisa. Meu irmão tinha descoberto umas furadas na contabilidade do morro.Ele me mostrou toda aquela papelada logo cedo me enchendo a cabeça com os problemas que eu teria que resolver.— Tá na cara que estão fazendo caixa dois, irmão. Não tem outra explicação. — João Vitor falou.Ele era mais novo que eu dois anos, ele era o cérebro da família, enquanto eu sou os músculos.— Sim, o foda é descobrir quem tá metido nisso. Não posso chegar lá na boca acusando geral, sabe que isso acabaria comigo.Se eu começasse a apontar o dedo pra todo lado não ia sobrar um parceiro que me apoiasse quando eu precisasse, duvidar de geral era perigoso e meu pai tinha me ensinado aquilo.— Eu sei, eu sei! — ele jogou mais um papel na minha frente e se virou pro fogão. — Mas você tem que dar um jeito nisso, ou vai ficar no prejuízo.Cocei minha cabeça sabendo que ia ser um longo dia.— Porra, nem em uma quinta-feira a gente tinha sossego!Eu estava afim
Que garota era aquela? Eu estava sentindo até agora os tapas dela em meu peito e claro que quando fui embora soltei uma gracinha pra ela.— Adorei sentir suas garras, mas seria melhor se colocasse elas para fora em outro momento. — vi Bianca arregalar os olhos e rir enquanto a prima parecia não entender sobre o que eu falava.Sai de lá seguindo Miguel e pelo humor dele hoje eu sabia que a briga ia ser feia com os meninos, me surpreendeu ele não ter gritado com a pobre menina.Camila. Ouvi Bianca a chamar assim, nome bonito e ela ainda mais. Quando se jogou em cima de mim eu adorei sentir os tapas dela e o corpo se sacudindo contra o meu, deu pra sentir que por trás do moletom que ela usava tinha um corpo cheio de curvas.O que eu podia fazer? Sou homem e estou longe de ser do tipo santinho. Eu gosto de sexo e de mulher bonita, Camila é os dois.Faço uma nota mental de enviar uma mensagem pra Bianca e pedir pra ela levar a prima no baile amanhã. A garota era nova no Rio de Janeiro, eu
Ainda estava em estado de choque, depois de tudo o que aconteceu não era pra menos.Ouvi minha prima tagarelar pelo caminho todo, sobre quem eram aqueles homens, cada um deles. Os dois garotos que correram atrás de mim, mas que nem dei importância para sua explicação.Mas então ela chegou no tatuado com marra de assustador, e que pelo jeito as pessoas tem mesmo medo dele. João Miguel, o chefe do morro, quem mandava em tudo, o mais perigoso. O nome de anjo não parecia combinar com ele, quando a cara parecia do próprio capeta.Mas diferente do que eu deveria sentir ao vê-lo, eu não me intimidei, não fiquei com medo ou mesmo senti repulsa. Ele era lindo e dava pra ver, mesmo com todas aquelas tatuagens ele era de tirar o fôlego.Nunca tinha visto um homem como aquele, todo másculo, com a expressão fechada, as sobrancelhas grossas franzidas e coberto de tatuagens.Ela me disse que ele era muito cobiçado por todas as meninas do morro. Mas o galinha era na verdade o irmão do meio. João Vito
Meu coração estava batendo disparado, por muito pouco Juninho não foi atropelado, eu tinha medo de imaginar o que ia acontecer com ele se aquela moto tivesse acertado nele.Apertei ainda mais os braços em volta do seu corpinho e o ouvi resmungar que estava esmagando. Mas que se foda, eu ia esmagar se isso fosse tirar o medo de dentro de mim.Depois de perder meu pai e minha mãe, me apeguei de mais a família, não aguentaria perder nenhum dos dois.Assisti Vitor se afastar com a garota no colo. E a vi olhando pro meu irmão, preocupada com o pequeno em meu colo. Mas ele estava bem, quem tinha se ralado toda foi ela.Porra, não acreditava que agora tinha que agradecer aquela maluca.— O dona Isabel, o que estava pensando em deixar o moleque sair assim na rua? — questionei a velha entrando na mercearia.— Aí meu filho, me desculpa! Eu pedi pra Nina olhar ele enquanto eu fechava a compra de um cliente.Olhei pra garota de cabeça avoada que me encarava com um sorriso sem graça. Que se foda,
— Ainda não acredito que você se jogou na frente da moto, sem nem conhecer meu irmão.Estava carregando a heroína gostosa no meu colo, podia facilmente me acostumar em ter aquele corpão dela em meus braços sempre.Claro que eu preferia que as circunstâncias fossem outras, primeiro brigando e agora ela toda machucada, não eram nada favoráveis.— Ele é uma criança, não me interessa quem ele é. — ela se remexeu em meu colo, parecendo envergonhada por ter minhas mãos sobre ela. — Já falei que eu posso andar sozinha! — protestou novamente.— E eu já disse que é um prazer carregá-la, ursinha.Ela desviou o olhar, aposto que com as bochechas pegando fogo. Dava pra ver toda inocência e timidez transbordando daquele rosto angelical, mas era quase um pecado quando vinha acompanhado de um corpo de parar o trânsito.— Você sabe que me chamo Camila e não ursinha. — sorri com sua irritação quanto ao apelido.— E você sabe que se passar o braço em volta do meu pescoço vai ficar mais confortável. — p
Babá, aquela palavra se repetia em minha mente desde que saiu da boca de Miguel. Não era uma má ideia e muito menos um mau emprego, eu estava acostumada a cuidar de crianças, muitas vezes mais de uma de uma só vez. Mas depois de saber quem eles eram e o que faziam, não sabia se seria a opção mais segura.Se isso não bastasse João Vitor quase tinha me beijado, meu rosto queima só de lembrar que poderíamos ter sido pegos pela minha tia. Ainda conseguia sentir seu toque quente, o dedo traçando um caminho em meu lábio inferior e sua voz rouca dizendo que ia me beijar.Eu não sou puritana nem nada, mas minhas experiências com homens podem ser resumidas a zero, tirando dois garotos que beijei no ensino médio não havia mais nada. Eu vivia para minha casa e a igreja, não fazia nada além de sair com minha mãe e a cidade onde eu morava era tão pequena que todos nós se conheciam, o que dificultava toda a coisa da paquera.Fiquei ansiosa esperando o beijo dele, mas o irmão que tem cara de poucos
Sai da casa de dona Nalva com Juninho no colo e Vitor atrás de mim, resmungando sem parar. Eu sabia que o safado estava querendo pegar a mina, ele fez questão de deixar bem claro tocando ela daquele jeito.— Precisava colocar ela de babá do Juninho porra? Como que fica agora eu levar ela pra cama e ficar esbarrando nela dentro de casa?— Isso nunca te impediu antes, você já pegou mais minas desse morro do que consegue lembrar.— É, mas nenhuma dela estava dentro de casa, a garota vai começar a ter ideia errada. — ele passou na frente abrindo o portão de casa. — Você tinha de ver, ela toda sem jeito quando quase a beijei.— Quase? Desde quando tu fica no quase? — eu sabia bem a fama do safado, bem antes de completar dezesseis anos ele já tinha levado a filha de muita gente pra cama.— Desde que você e a dona Nalva viraram empata foda, estava já pertinho daquela boca carnuda e você chega gritando.Não consegui evitar de sorrir, era bem feito que ele tivesse pagado de otário e não conseg