Estava me sentindo um caco quando cheguei em casa já de manhã, alguns amigos advogados me chamaram pra inauguração de uma boate. Tinha me cansado de tentar arrastar Miguel para uma dessas festas, mas ele se recusava. Dizia que era pra evitar pessoas esnobes, mas eu sabia bem que ele não queria era evitar algum encontro indesejado com a polícia, ali no morro tínhamos segurança, mas já no asfalto a conversa era outra.
Passei a noite na balada e de lá fui para o motel com uma morena, não tinha conseguido tirar Camila da cabeça e acabei me agarrando com a mulher mais parecida com ela. Sabia que aquilo era fodido de mais, mas não consegui evitar, minha mente ficava a todo momento criando cenas com ela e em minha cama, me chupando, cavalgando em cima de mim, gemendo meu nome, por isso precisei tentar suprir minha vontade dela com outra.
— Bom dia. — falei entrando em casa e vendo Miguel entregando a mamadeira pra Juninho. — Já acordado.
Bufei sabendo que Miguel ia sair e eu teria que cuidar do pestinha, que não deveria ter acordado tão cedo assim.
— A noite foi boa? — ele perguntou vindo atrás de mim e eu parei na porta do meu quarto, Miguel nunca me perguntava como tinha sido minha noite ou o que eu tinha feito em minhas saídas. — Acho bom que tenha sido e que tenha dado um jeito no seu tesão, porque a mina tá chegando ai.
— A ursinha está vindo aqui? O que ela... — meu cérebro funcionou finalmente me lembrando do por que. — Ahh sim, o Juninho.
— Tu vê se fica ligado e longe, não esquece o que conversamos ontem.
— Não vou esquecer! Nenhum de nós dois pode chegar perto dela com outras intenções. — repeti colocando ênfase no “nós”, não se aplicava só a mim.
— É isso mesmo. — a cara fechada dele dizia que tinha mais ali que ele não estava me contando.
Miguel se afastou voltando pra sala e eu continuei encarando as costas dele, como se assim a resposta fosse brotar. O que o cínico tinha aprontado ontem? Será que ele teria ousado chegar perto dela? Não, ele não faria isso, Miguel repetiu mais de uma vez que garotas como ela não faziam seu tipo. Descartei aquela ideia dando de ombros e fui tomar um banho.
Quando sai de lá vi Camila curvada sobre o sofá, conversando animada com Juninho, usando uma voz engraçadamente fininha. Mas perdi o raciocínio quando meus olhos focaram no corpo dela, a legging moldava suas curvas e na posição que estava a bunda ficava bem arrebitada para o alto, impedindo que a blusa cobrisse qualquer pedaço do pandeiro.
— É sim, vamos colocar o tênis e brincar lá fora. — assim que ela ajudou ele a pular do sofá e se viraram os olhos castanhos focaram em mim.
— Não sabia que estava ai. — a voz soou baixa, parecendo envergonhada, não sei se por estar descobrir que estava sendo observada ou se por eu estar apenas de toalha.
Não tinha costume de ter uma mulher andando por ali, nós sempre andávamos em casa de cueca e tínhamos o costume de sair do banheiro apenas com a toalha enrolada na cintura.
— Cheguei agora pouco. — os olhos dela se desviaram para o meu abdômen, ainda molhado do banho. — Vou dar uma voltinha com o Juninho, vamos tomar um pouco de sol.
Ela desviou os olhos tão rápido e tagarelou já me dando as costas. O que tinha acontecido com o clima de ontem? Toda a tensão e química, ela pareceu estar diante de um maldito padre e não de um cara sarado praticamente pelado.
Eu tinha noção do efeito que eu causava nas mulheres e o fato de Camila ser tímida era de se esperar que ela ficasse sem graça e perdida como no dia anterior, mas correr assim de mim era a última coisa que eu esperava.
— Não vá muito longe! — foi tudo o que eu tive tempo de gritar, antes que ela batesse a porta em suas costas.
A garota correu de mim como o diabo foge da cruz. O que tinha dado nela? A primeira coisa que passou por minha cabeça foi Miguel e a insistência dele essa manhã sobre como deveria me manter longe.
O filho da puta falou com ela, ou chegou até ela antes de mim quebrando nosso acordo. Eu ia descobrir isso, assim que ela voltasse.
Todo o sono tinha ido embora e eu tomei café focado em confrontar uma ursinha assim que ela chegasse. Se Miguel tiver tocado um dedo nela iria se ver comigo, e ela teria que lidar com dois irmãos Torres, pois eu não ia sair dessa sem ter um gostinho daquela boca carnuda.
Quase uma hora depois ela e Juninho chegaram da rua, os dois riam animados e suados, o calor lá fora estava castigando e eu imaginava o quanto o pequeno tinha feito ela correr.
— Já de volta. — abri um sorriso e vi o dela vacilar ao me encarar parado no corredor, sem camisa, apenas uma samba canção e uma xicara de café na mão.
— Já brincamos bastante. — Camila desviou os olhos do meu peitoral e bagunçou o cabelo de Juninho, que gargalhou. — Vamos tomar um banho, seu sujinho.
Ela passou por mim, se negando a me direcionar um olhar e foi direto para o banheiro. Não ia deixá-la escapar tão fácil assim, ouvi o barulho do chuveiro e toda a animação do meu irmão e fui até lá, parando na porta e observando ela tirar a roupa dele, antes de colocá-lo no box.
Observei por alguns minutos enquanto ela ensaboava ele e lavava os cachinhos loiros, sempre brincando, conversando, fazendo cocegas. O menino espirrava água molhando sua blusa e seu rosto, mas ela não parecia se importar com isso.
— Vai tomar banho também? — perguntei e o choque dela quase a fez cair sentada dentro do box.
— Não. — foi sua resposta seca antes de se virar para o menino. — Vou buscar sua toalha, fica quietinho ai seu danadinho!
Então se ergueu, expondo a blusa colada ao corpo, marcando seu corpo e ficando transparente, me permitindo ver o sutiã rosa que ela usava.
Ela passou por mim tentando evitar encostar em meu corpo e foi direto para o quarto de Juninho, com certeza Miguel tinha mostrado a casa para ela enquanto eu tomava banho.
Foi só pensar no desgraçado para que meus pensamentos sobre eles dois juntos voltassem.
— Fica ai pequeno. — pedi saindo do banheiro e indo atrás dela. — Já encontrou a toalha?
— Jesus! — Camila pulou levando as mãos ao peito. — Quer me matar de susto hoje?
— Não, mas quem sabe de outra coisa.
Me aproximei dela, que estava com a cabeça enfiada no guarda roupa do meu irmão, eu sabia que a toalha estava na cômoda, mas me diverti com ela ali perdida procurando.
— Não consigo encontrar... — ela se virou dando de cara comigo e prendeu a respiração no mesmo instante. — Preciso voltar para o seu irmão. — não duvidava que Camila estava juntando todas as suas forças para se manter indiferente. Assim que ela deu um passo para o lado eu coloquei minhas mãos contra a madeira do guarda roupa impedindo-a de ir a qualquer lugar. — O que você quer, Vitor?
— Você! — falei sem titubear e seus olhos finalmente encontraram o caminho até os meus.
Quando cheguei na casa de Juninho pela manhã, achei que encontraria o menino dormindo ainda, mas ao invés disso dei de cara com ele terminando a primeira mamadeira do dia, enquanto assistia um desenho na televisão.— Bom dia, chegou bem na hora. — Miguel cumprimentou não demorando o olhar em mim.— Bom dia, bom dia lindinho. — falei apertando a bochecha fofinha, mas os olhos dele nem se desviaram da tela. — Minha tia avisou que você precisava de mim o mais rápido possível. — ele se afastou voltando para o irmão. — Não sabia que eu teria que cuidar dele aqui, na sua casa.— Aqui é mais seguro que na casa da tua tia. Vou ter que sair agora de manhã, resolver umas tretas que apareceram aí. Vem vou te mostrar a casa. — ele se virou seguindo pelo corredor antes mesmo de ver se eu o seguia.Dei passos apressados atrás dele, que começou a me mostrar os cômodos. A casa não era pequena como a de tia Nalva, além da sala havia três quartos, um para cada um deles, uma varanda e a cozinha.— Junin
Estava conversando com os chefes dos outros morros, resolvendo as tretas que eram da conta de todos nós.O complexo eram várias favelas unidas e sempre mantemos assim. Nós fomos "pacificados" há uns anos atrás, recebíamos até turistas agora, uns subiam pra ver a vida aqui, outros querendo usar o teleférico e ter uma vista top do Rio.Mas essa merda era coisa só pra iludir quem estava de fora, quem morava dentro da comunidade sabia que esses polícias não estavam nem aí pra pacificação. No começo o povo da comunidade toda acreditou, mas depois que muita gente inocente começou a morrer, a ser levada pra depor e nunca mais voltar, a apanhar sem motivo, aí eles viram que não tinha esse negócio de pacífico no nosso mundo.O problema é que polícia é gente e qualquer pessoa pode ser corrompido, o que eles queriam era dinheiro. E depois de ver que bater de frente não ia resolver, começamos a pagar aí pra eles um valor, a gente trabalhava em paz, eles saiam como herói e o povo da comunidade fic
As palavras de Miguel rondavam minha mente, eu nunca pensei que poderia me sentir tão mal assim por algo que as pessoas falassem de mim, mas cada palavra dele, me diminuindo, colocando pra baixo e querendo mostrar qual era o meu lugar, foram como uma faca cravando cada vez mais fundo em meu coração.Depois do banho peguei Juninho e fui para a cozinha fazer o almoço dele, o menino tinha sido tão fofo quando viu que eu estava chorando, ele apoiou as mãos em meu rosto e ficou acariciando minhas bochechas querendo que eu me acalmasse. Era bom ver que ao menos um dos homens daquela família tinha um coração.Por sorte não vi nenhum dos dois mais velhos, não sabia como lidaria com nenhum deles. Ouvir que Vitor passou a noite com outra garota não deveria ter me feito tão mal, mas fez. Mesmo que Bianca tivesse me contado sobre a má fama dele, saber que ele dormiu com outra e poucas horas depois estava me beijando fez eu me sentir ainda pior.Esperei Juninho dormir depois das duas da tarde, par
Eu estava com uma puta dor de cabeça quando acordei, passei boa parte da tarde me revirando na cama, tentando dormir enquanto minha mente se negava a desligar, ficava voltando desde o momento em que finalmente tive aquela boca gostosa contra a minha, e o inferno de momento quando meu irmão me contou tudo.Se tinha uma coisa que eu gostava de manter simplificada na minha vida era o quesito mulheres, todo o resto já era complicado, ter me formado no que meu pai queria só pra ajudar nas coisas ilegais, ajudar criminosos e ser um.Eram várias coisas confusas e fodidas na minha vida, quem passava por minha cama tinha que ser o mais simples possível. Não queria ter que lidar com uma garota que surtava sem mais nem menos, também não queria ter relacionamentos, gostava da minha liberdade.Mas em contrapartida tinha aquela garota com os lábios carnudos e doce, porra sim, ela tinha um gosto doce e o gemido que soltou quando enfiei a língua em sua boca me deixou duro como pedra.Eu queria ter ti
O baile estava lotado como sempre e eu gostava daquele jeito, geral se divertindo, dançando, bebendo e se pegando. Estava no camarote, era como uma varanda enorme, muitos queriam subir até ali, principalmente as garotas que sempre ficavam tentando chamar atenção.Mas essa noite não estava parecendo a mesma coisa, nem Vitinho estava no clima, parecia mais ocupado em conversar com o amigo racker do que nas garotas rebolando na batida do funk.— Está distraído hoje. — Dany falou deslizando as unhas afiadas por meu pescoço. — Quer uma ajudinha?Eu tinha ido buscar ela com outras ideias, era a pessoa perfeita pra tirar todo o estresse dessa semana de cão e pra me fazer parar de pensar em lábios carnudos, olhos castanhos e uma pele negra macia de mais, vulgo Camila.Mas mesmo com ela ali no meu colo, sacudindo a bunda no ritmo da música, isso não me animava para nada. Meu pensamento estava toda hora voltando pra aquela garota e eu me perguntando o que ela deve tá fazendo.— Mais tarde gata.
Não sei bem em que momento peguei no sono ao lado de Juninho, me deitei ali para fazer um cafuné até que ele dormisse, mas fiquei tão envolvida com as vagas de emprego que adormeci ali mesmo, com o celular em cima da minha barriga.Acordei com algumas vozes e passos pela casa, com certeza os dois tinham chegado, mas não ia me arriscar a sair e dar de cara com nenhum deles, muito menos com a mulher linda que ele trouxe mais cedo.Graças a Deus o barulho acabou bem rápido, eu me aconcheguei mais na cama junto com Juninho e tentei voltar a dormir, mas minha mente parecia bem acordada, era em torno de seis da manhã o que explicaria a falta de sono, eu costumava acordar bem cedo.Desbloqueei meu celular e vi mensagens de Bianca, um monte delas mostrando o desespero dela.Bia: primaaaaaaBia: Camila, responde sua vaca!Bia: pelo menos lê mulher!Bia: tá bom, mas fica avisada se qualquer um deles perguntar do trampo diz que arrumei sim, que vai trabalhar comigo na loja.Bia: eu abri a boca e
Acordei já tarde e demorei a perceber o que tinha feito eu acordar, até que os gritos de Miguel recomeçaram, me dando a resposta que eu precisava.Me levantei correndo jogando a coberta pro lado e colocando uma cueca e calça as pressas. Miguel não gostava de gritar dentro de casa, não queria Juninho vendo aquilo.— Você não manda em mim! — ouvi Camila gritar quando sai no corredor. — Eu não quero ficar aqui e o dinheiro que estão me oferecendo é muito bom, além das gorjetas...— Tu não vai trabalhar na Rubi porra! — o que? Camila queria trabalhar na boate? — Não sei onde Dany estava com a cabeça de te dar essa ideia idiota.— A garota precisava de um trampo, só estou ajudando ela...— Ajudando levando a mina pra tirar a roupa em troca de dinheiro? — Miguel estava puto pelo tom.Passei pela sala e vi Juninho ignorando tudo, tomando sua mamadeira e assistindo. Quando cheguei na porra da cozinha vi os três se fuzilando com os olhos.— Você bem que gosta de dar dinheiro pras meninas de lá
Eu tinha saído de casa jurando que não ia me importar com o que Camila quisesse aprontar com Dany e a prima, as três eram surtadas e podiam dar as mãos e ser feliz.Mas a todo momento do dia a imagem dela dentro da Rubi vinha na cabeça, enquanto eu resolvia as tretas meu pensamento ficou na diaba, parecia até que a mina tinha feito trabalho pra mim, não conseguia tirar da cabeça.Eu conhecia a Rubi a muito tempo, tinha pegado a maioria das garotas de lá, e mesmo sabendo que não era puteiro ali, muitas delas faziam programa com os clientes.Se o pensamento de todos os playboys, velhos e os malandros de lá tudo olhando ela tirar a roupa no palco, não fosse suficiente pra me enlouquecer, a ideia de um deles tocando nela e querendo levar a garota pra cama me enfureceu e me fez ver vermelho.Eu estava decidido, ia acabar com a graça dela antes mesmo que ela saísse de casa, mas quando parei na frente da casa da dona Nalva e vi Camila e Bianca subindo cada uma em um moto táxi, soube que ia t