Capítulo X - Vitor

Estava me sentindo um caco quando cheguei em casa já de manhã, alguns amigos advogados me chamaram pra inauguração de uma boate. Tinha me cansado de tentar arrastar Miguel para uma dessas festas, mas ele se recusava. Dizia que era pra evitar pessoas esnobes, mas eu sabia bem que ele não queria era evitar algum encontro indesejado com a polícia, ali no morro tínhamos segurança, mas já no asfalto a conversa era outra.

Passei a noite na balada e de lá fui para o motel com uma morena, não tinha conseguido tirar Camila da cabeça e acabei me agarrando com a mulher mais parecida com ela. Sabia que aquilo era fodido de mais, mas não consegui evitar, minha mente ficava a todo momento criando cenas com ela e em minha cama, me chupando, cavalgando em cima de mim, gemendo meu nome, por isso precisei tentar suprir minha vontade dela com outra.

— Bom dia. — falei entrando em casa e vendo Miguel entregando a mamadeira pra Juninho. — Já acordado.

Bufei sabendo que Miguel ia sair e eu teria que cuidar do pestinha, que não deveria ter acordado tão cedo assim.

— A noite foi boa? — ele perguntou vindo atrás de mim e eu parei na porta do meu quarto, Miguel nunca me perguntava como tinha sido minha noite ou o que eu tinha feito em minhas saídas. — Acho bom que tenha sido e que tenha dado um jeito no seu tesão, porque a mina tá chegando ai.

— A ursinha está vindo aqui? O que ela... — meu cérebro funcionou finalmente me lembrando do por que. — Ahh sim, o Juninho.

— Tu vê se fica ligado e longe, não esquece o que conversamos ontem.

— Não vou esquecer! Nenhum de nós dois pode chegar perto dela com outras intenções. — repeti colocando ênfase no “nós”, não se aplicava só a mim.

— É isso mesmo. — a cara fechada dele dizia que tinha mais ali que ele não estava me contando.

Miguel se afastou voltando pra sala e eu continuei encarando as costas dele, como se assim a resposta fosse brotar. O que o cínico tinha aprontado ontem? Será que ele teria ousado chegar perto dela? Não, ele não faria isso, Miguel repetiu mais de uma vez que garotas como ela não faziam seu tipo. Descartei aquela ideia dando de ombros e fui tomar um banho.

Quando sai de lá vi Camila curvada sobre o sofá, conversando animada com Juninho, usando uma voz engraçadamente fininha. Mas perdi o raciocínio quando meus olhos focaram no corpo dela, a legging moldava suas curvas e na posição que estava a bunda ficava bem arrebitada para o alto, impedindo que a blusa cobrisse qualquer pedaço do pandeiro.

— É sim, vamos colocar o tênis e brincar lá fora. — assim que ela ajudou ele a pular do sofá e se viraram os olhos castanhos focaram em mim.

— Não sabia que estava ai. — a voz soou baixa, parecendo envergonhada, não sei se por estar descobrir que estava sendo observada ou se por eu estar apenas de toalha.

Não tinha costume de ter uma mulher andando por ali, nós sempre andávamos em casa de cueca e tínhamos o costume de sair do banheiro apenas com a toalha enrolada na cintura.

— Cheguei agora pouco. — os olhos dela se desviaram para o meu abdômen, ainda molhado do banho. — Vou dar uma voltinha com o Juninho, vamos tomar um pouco de sol.

Ela desviou os olhos tão rápido e tagarelou já me dando as costas. O que tinha acontecido com o clima de ontem? Toda a tensão e química, ela pareceu estar diante de um maldito padre e não de um cara sarado praticamente pelado.

Eu tinha noção do efeito que eu causava nas mulheres e o fato de Camila ser tímida era de se esperar que ela ficasse sem graça e perdida como no dia anterior, mas correr assim de mim era a última coisa que eu esperava.

— Não vá muito longe! — foi tudo o que eu tive tempo de gritar, antes que ela batesse a porta em suas costas.

 A garota correu de mim como o diabo foge da cruz. O que tinha dado nela? A primeira coisa que passou por minha cabeça foi Miguel e a insistência dele essa manhã sobre como deveria me manter longe.

O filho da puta falou com ela, ou chegou até ela antes de mim quebrando nosso acordo. Eu ia descobrir isso, assim que ela voltasse.

Todo o sono tinha ido embora e eu tomei café focado em confrontar uma ursinha assim que ela chegasse. Se Miguel tiver tocado um dedo nela iria se ver comigo, e ela teria que lidar com dois irmãos Torres, pois eu não ia sair dessa sem ter um gostinho daquela boca carnuda.

Quase uma hora depois ela e Juninho chegaram da rua, os dois riam animados e suados, o calor lá fora estava castigando e eu imaginava o quanto o pequeno tinha feito ela correr.

— Já de volta. — abri um sorriso e vi o dela vacilar ao me encarar parado no corredor, sem camisa, apenas uma samba canção e uma xicara de café na mão.

— Já brincamos bastante. — Camila desviou os olhos do meu peitoral e bagunçou o cabelo de Juninho, que gargalhou. — Vamos tomar um banho, seu sujinho.

Ela passou por mim, se negando a me direcionar um olhar e foi direto para o banheiro. Não ia deixá-la escapar tão fácil assim, ouvi o barulho do chuveiro e toda a animação do meu irmão e fui até lá, parando na porta e observando ela tirar a roupa dele, antes de colocá-lo no box.

Observei por alguns minutos enquanto ela ensaboava ele e lavava os cachinhos loiros, sempre brincando, conversando, fazendo cocegas. O menino espirrava água molhando sua blusa e seu rosto, mas ela não parecia se importar com isso.

— Vai tomar banho também? — perguntei e o choque dela quase a fez cair sentada dentro do box.

— Não. — foi sua resposta seca antes de se virar para o menino. — Vou buscar sua toalha, fica quietinho ai seu danadinho!

Então se ergueu, expondo a blusa colada ao corpo, marcando seu corpo e ficando transparente, me permitindo ver o sutiã rosa que ela usava.

Ela passou por mim tentando evitar encostar em meu corpo e foi direto para o quarto de Juninho, com certeza Miguel tinha mostrado a casa para ela enquanto eu tomava banho.

Foi só pensar no desgraçado para que meus pensamentos sobre eles dois juntos voltassem.

— Fica ai pequeno. — pedi saindo do banheiro e indo atrás dela. — Já encontrou a toalha?

— Jesus! — Camila pulou levando as mãos ao peito. — Quer me matar de susto hoje?

— Não, mas quem sabe de outra coisa.

Me aproximei dela, que estava com a cabeça enfiada no guarda roupa do meu irmão, eu sabia que a toalha estava na cômoda, mas me diverti com ela ali perdida procurando.

— Não consigo encontrar... — ela se virou dando de cara comigo e prendeu a respiração no mesmo instante. — Preciso voltar para o seu irmão. — não duvidava que Camila estava juntando todas as suas forças para se manter indiferente. Assim que ela deu um passo para o lado eu coloquei minhas mãos contra a madeira do guarda roupa impedindo-a de ir a qualquer lugar. — O que você quer, Vitor?

— Você! — falei sem titubear e seus olhos finalmente encontraram o caminho até os meus.

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