Isabella
Estou deitada no sofá da sala de estar da casa do Victor quando a Letícia entra no cômodo um pouco transtornada e eu me levanto preocupada com o que pode ter acontecido.
— O Júnior está bem? - pergunto, porque agora que a irmã é praticamente a mãe do filho do Cobra, a primeira coisa que veio na minha mente é ele ter ficado doente.
— Isa, senta, por favor. - a Letícia pede tentando se acalmar e eu a olho sem entender.
— Foi algo com a nossa mãe? Pelo amor de Deus, fala logo. - grito.
— Não, graças a Deus não. Ela está bem. Mas é com o Victor... Ele foi preso. - minha irmã fala e eu sinto que perdi meu chão.
— Não! Como assim? Ele disse que estava vindo pra cá. - começo a andar de um lado para o outro sem conseguir acreditar que isso realmente está acontecendo.
— Isa, por favor, se acalma. O Cobra e o KJ, com certeza, vão dar um jeito de tentar tirar ele de lá.
— Letícia, é o Victor! Ele não vai sobreviver naquele lugar. Ele só come coisa cara, dorme em cama box com travesseiros de pena de ganso... - antes que eu pudesse terminar de falar, sou interrompida por duas presenças masculinas.
— Tá. O Victor é um playboy incubado na favela que não pensa nos gansos, mas isso não quer dizer que ele vai morrer por passar uns meses em um presídio. - KJ fala de um jeito indiferente, me surpreendendo.
— Como você fala assim do teu amigo? Que tipo de pessoa você é? - o questiono, completamente indignada.
— Tu não falou para ela, marmita? - KJ pergunta diretamente para a Letícia, que abaixa a cabeça e fica calada.
— A gente não tem nada a ver com isso, KJ. - Cobra intervém. — Deixa que o Victor resolve os problemas dele.
— Do que vocês estão falando? Eu mereço saber que porra está acontecendo. - minha voz sai levemente alterada.
— O Victor, teu namoradinho, foi preso em um quarto de motel lotado de piranhas. - KJ fala tentando controlar sua raiva e eu abro a minha boca em surpresa.
Agora tudo faz sentido.
Por isso aquele desgraçado vivia sumindo, me deixando horas e horas esperando e inventava motivos ridículos para nós brigarmos e ele ir pra farra. Até me acusar de dormir com o KJ o filho da puta me acusou.
Meu deus do céu, como eu pude ser tão burra?
Tomara que ele apodreça naquele inferno.
Eu ainda tentei encontrar motivos para o Victor ter feito o que fez comigo, mas eu não consigo pensar em nada que justifique a sua traição, porque eu faço absolutamente tudo para aquele filho da puta e se ele quisesse experimentar outras vaginas, eu até iria junto, porque sou daquelas que ama um ménage.Não tem sentido ele ter mentido para mim. Nunca vou conseguir compreender e muito menos perdoar o mesmo pela sua atitude.Chorei durante horas trancada no meu quarto no dia que descobri que ele foi preso, fiquei sem comer direito durante alguns dias, porém nenhum homem vale o meu sofrimento.Quando o Victor se tocar do que fez comigo e pedir mais uma chance, eu vou olhar bem no fundo dos olhos dele e citar a pensadora contemporânea, Valesca Popozuda: valeu, muito obrigado, mas agora virei puta!Olho para o relógio que fica em cima do criado mudo ao lado da minha cama e vejo que já está tarde,
Chegamos na praia e fomos até um quiosque comprar água de coco.O atendente era gatinho e eu tentei flertar com ele, mas o KJ tratou logo de cortar as minhas asinhas e me puxou para bem longe dali.— Você viu que o moço era bonito? Eu quero pedir o número dele para praticarmos um sexo selvagem. - falo rindo.— Não no meu turno, Minotaura. - ele responde sério e eu o olho sem entender.— Então tá, né. - falo e reviro os olhos.— Quer saber, Isabella? Vai lá então, porra, mas depois não fica de mimimi quando se arrepender.— Por que eu iria me arrepender, meu bem? - pergunto, cruzando os meus braços e arqueando minha a sobrancelha direita.— Porque tu ama o Victor e mesmo que ele tenha borrado contigo, sair abrindo as pernas só pra se vingar dele não vai te fazer bem, porque só dar um pente, nesse caso, não é a solução pra tu. - KJ fala e eu tento fingir que não é
Fomos de carro até a boca de fumo para pegar o malote e para o meu azar quem estava lá era o Cobra.Mano, logo o Cobra, o cachorrinho da Letícia, mais conhecido como o meu cunhado querido. Óbvio que ele ia surtar com o fato de eu querer ir com o KJ para entregar o malote pro Fábio.— Sério mesmo? Vocês perderam a noção do perigo ou o quê? Tu jura que eu vou deixar você levar a Isabella nesse corre, KJ? Mas nunca. - Cobra afirma. — Se alguma coisa acontecer com essa menina, a Letícia corta o meu pau fora.— Não vai acontecer nada, brother. A Isabella já foi em umas missões escondidas com o Victor. - KJ mente e eu aceno com a cabeça afirmativamente.Uma mentirinha de vez em quando, não faz mal a ninguém, não é mesmo?— O Victor vai perder o pau assim que a Letícia souber que ele te levou para fazer coisas ilegais. - meu cunhado fala me encarando com a cara fechada e balançando a cabe
Entramos na casa e eu e o Fábio não paramos de trocar olhares sugestivos. De vez em quando o KJ me encarava com o olhar repreendedor pela nossa atitude ousada e eu fingia que não via.Estávamos sentados em sofás de dois lugares, um de frente para o outro, eu ao lado do KJ e o Fábio ao lado do seu amigo da polícia, bonitinho, mas não tanto quanto o principal.— E aí Fábio, vamos lá fora pegar o teu pagamento, né? - KJ pergunta, claramente incomodado com o fato de eu estar tendo a atenção de um homem que não seja o Victor.— Faz o favor de acompanhar o KJ, Matheus. Vou esperar aqui dentro . - Fábio pede para o seu amigo e eu seguro o riso ao ver cara de desagrado do KJ.KJ e Matheus saem e eu fico a sós com o policial bonitão que a Gabriela e a Letícia tanto falavam. Agora, o olhando mais de perto, eu entendia o motivo do Cobra ter tanto ciúmes dele. Fábio é um homem muito bonito. Qualquer mulher renderia-se aos
Chegamos no morro e eu pedi pro KJ me levar na lanchonete para comermos, porque eu estava morrendo de fome. Mais uma hora sem colocar nada na minha boca e com certeza, eu cairia dura no chão.Quando chegamos no local, encontramos a Joyce com algumas amigas dela sentadas em uma mesa e eu bufei de raiva.Que azar da porra!— Ignora, Minotaura. Essas mandadas escrotas só querem causar pra ter a atenção que tu tem dos teus amigos sem precisar fazer esses showzinhos todos que elas fazem para aparecer. Sem postura demais, na moral. - KJ sussurra próximo ao meu ouvido e eu confirmo com um aceno de cabeça.Fomos até o balcão e pedimos quatro hambúrgueres, uma coca cola de dois litros e duas porções grandes de batatas fritas, porque se não for para comer até o bucho ficar cheio, eu nem saio de casa.Escolhemos uma mesa bem longe da qual a Joyce estava, para evitar brigas, mas não adiantou muito.
Acordei com o meu celular tocando e queria matar o filho da puta que ousa me acordar às onze horas da madrugada, mas ao olhar para tela, vejo que é o mesmo número que o Victor me mandou mensagem e automaticamente sorrio.Se ele está me ligando, é porque sente saudades de mim, certo?Decido não atender, porque primeiro queria falar com a Letícia sobre o que ela acha de eu ir visitar o meu ex namorado na cadeia.Querendo ou não, minha irmã já tem uma grande experiência com esse lance de ir fazer visitas íntimas para presidiário e talvez, só talvez, saiba me dar um bom conselho sobre o que devo fazer.Suspiro profundamente e me espreguiço na cama e logo em seguida, me levanto e vou até o banheiro.Ao me olhar no espelho, percebo que estou com olheiras bastante aparentes emba
Letícia— Quem você pensa que é para pedir para a minha irmãzinha ir em um presídio para visitar o seu irmão, Cobra? Não, não, não! - afirmo. — É ela quem tem que decidir isso, coração, e não a gente. - ele fala com a voz suave, tentando me convencer. — Cobra, não. Eu não vou deixar... Isso é muita humilhação por um cara que sequer merece. - cruzo os braços e o encaro completamente decidida. — O Victor a traiu. Isso foi uma puta de uma sacanagem.— Me deixem a sós com a minha irmã, por favor. - Isabella pede com educação. — Nós vamos nos entender sozinhas. Não precisamos de interferência de outras pessoas.— Beleza,
KJQuando o Cobra e a Letícia começaram a se beijar na minha frente, quase se comendo, eu vi que era hora de sair fora da cozinha e ir no quarto da Isabella para ver como ela tava. Tô preocupadaço com a mini marmita, porque apesar dela ser afrontosa na frente de todo mundo, já tinha percebido que ela é muito sensível. Uma vez ela chorou por eu ter comido o último pedaço de pizza. Tudo bem que ela disse que foi pela TPM, mas passei a pegar mais leve com o que eu falava e fazia. Odeio ver mulher chorando. É o meu ponto fraco.— Ei, minotaura! - bato duas vezes na porta. — Entra. - ouço sua voz chorosa e giro a maçaneta.
Último capítulo