Chegamos na praia e fomos até um quiosque comprar água de coco.
O atendente era gatinho e eu tentei flertar com ele, mas o KJ tratou logo de cortar as minhas asinhas e me puxou para bem longe dali.
— Você viu que o moço era bonito? Eu quero pedir o número dele para praticarmos um sexo selvagem. - falo rindo.
— Não no meu turno, Minotaura. - ele responde sério e eu o olho sem entender.
— Então tá, né. - falo e reviro os olhos.
— Quer saber, Isabella? Vai lá então, porra, mas depois não fica de mimimi quando se arrepender.
— Por que eu iria me arrepender, meu bem? - pergunto, cruzando os meus braços e arqueando minha a sobrancelha direita.
— Porque tu ama o Victor e mesmo que ele tenha borrado contigo, sair abrindo as pernas só pra se vingar dele não vai te fazer bem, porque só dar um pente, nesse caso, não é a solução pra tu. - KJ fala e eu tento fingir que não é verdade.
— Você só fala isso, porque eu sou mulher.
— Não tem nada a ver com a tua xota, Isa. Tem a ver com te conhecer suficiente para saber que você vai ficar mal depois e que não vai te ajudar a esquecer o mano.
— A solução é qual? Ficar chorando sozinha, enquanto ele já deve estar vendo qual puta vai receber para a visita íntima. - falo com raiva e o KJ levanta as duas mãos em sinal de rendição.
— Não tá mais aqui quem falou, Minotaura. Fique a vontade para ir pegar o número do cara lá. - ele aponta em direção ao quiosque.
— Perdi a vontade. - dou de ombros e sigo nosso caminho em silêncio até encontramos um lugar mais deserto e estendemos uma toalha na areia.
Sentamos um ao lado do outro e não falamos mais nada, porque não tinha motivos para entrarmos em uma nova discussão.
O clima estava nublado, então eu não fiz questão de entrar na água e fiquei apenas olhando para o nada, tomando minha água de coco ao lado do meu mais novo amigo e pensando no Victor.
Eu me odiava por pensar nele ainda. Tentava esquecê-lo, mas eu o amo tanto e é tão difícil tacar o foda-se para alguém quando tem muito amor envolvido, mesmo que esse sentimento, claramente, não seja correspondido.
Na maioria do tempo, eu ficava bem, porque tinha minha irmã, meu cunhado, o KJ e até mesmo minha mãe me animando, mas algumas vezes as lembranças do meu namoro com o Victor chegavam sem pedir licença e eu ficava mal.
— Talvez tenha uma boa explicação. - KJ quebra o silêncio.
— De quê? - pergunto.
— Pro Victor ter te traído, porque essa história não faz sentido. - ele responde simples e dou uma risada sem humor. — É sério, Minotaura. No dia eu fiquei puto, mas depois fiquei com algumas desconfianças, vai saber qual foi a fita no dia, ninguém tava lá pra ver.
— A única explicação é que o mesmo não me ama, não de verdade. Seu amigo apenas fingiu ter sentimentos por mim. - falo e sinto algumas lágrimas caírem pelo meu rosto.
— Tu já pensou em ir falar com o Victor? Tipo ouvir o lado dele? - olho para o KJ não acreditando que ele realmente está me sugerindo isso.
— Não. Eu não vou me sujeitar a ir em uma prisão por um cara que colocou um belo par de chifres na minha cabeça. - respondo firme. — E no final, eu também tenho culpa, eu devia ter mantido meu pensamento inicial de não me envolver com bandidos, era querer demais que ele fosse fiel e me respeitasse. Fui muito burra de esperar isso.
— Entendo, Isabella. Eu acho que seria pedir demais para tu ouvir a explicação de um cara que nunca deu motivos para você duvidar dele até então... - a voz de KJ soa tão irônica e eu me espanto.
— Você está tentando me manipular para ir ver seu amigo, KJ? É isso mesmo, meu querido?
— Não é manipulação. É tipo uma chantagezinha marota, na brotheragem, sacomé? - sorrio automaticamente, porque até o jeitinho do KJ era engraçado.
Muitas pessoas acham que ele é gay por causa do modo divertido, já que, aparentemente, homens héteros não podem serem legais e bem humorados.
Antes que eu pudesse responder, o celular do KJ toca nos interrompendo e ele atende no mesmo instante.
— Fala, Gabi. - ele atende empolgado. — Ah, não. Qual foi, garota? Vai furar de novo? Não tem como arranjar outra mina para ir agora, em cima da hora, no teu lugar, minha filha. A Letícia tá ocupada dando pro Cobra e pra tirar ela de cima do pau dele é só batendo.
— Ei, eu posso ir no lugar dela. - o cutuco com o meu dedo com a intenção de chamar a sua atenção e ele me olha fixamente por alguns segundos.
— Gabi, já te ligo de volta. Falou. - ele se despede da amiga da minha irmã antes de desligar o celular. — Tem certeza que quer ir? É para passar um malote pro Fábio.
— O policial bonitão? Nossa senhora, vamos agora mesmo. - falo brincando.
— Quer morrer, surtada? O Victor foge da cadeia só para te matar.
— Nós não temos mais nada um com o outro, KJ.
— Só falta você avisar isso para ele, né bonita? Porque eu tenho certeza que pro mano tu ainda tá no nome dele.
— Problema dele, né meu anjo? Eu que não vou ficar esperando a boa vontade do presidiário sair da cadeia para me pedir desculpas. Enquanto ele ficar lá recebendo as putas nas visitas íntimas, eu fico aqui fora conhecendo outras rolas.
— Qualquer dia desses, eu te mostro a minha. - KJ fala malicioso e eu arregalo os olhos, porque fui pega totalmente de surpresa.
— Não acredito que você deu em cima de mim. - falo e o mesmo finge demência.
Fomos embora e no trajeto, recebo uma mensagem de um número desconhecido e o meu coração acelera.
• Mensagem on •
Número desconhecido: Isa.
Isabella: Oi, quem é?
Número desconhecido: Victor.
Isabella: Vou bloquear esse número.
Número desconhecido: Não faz isso
Isabella: Adeus, Victor.
Número desconhecido: Me dá uma chance de te explicar o que aconteceu.
Isabella: Você estava em um motel com várias mulheres. Qual explicação para isso?
Número desconhecido: Eu tava trampando e não comendo as putas que tavam lá.
Isabella: E eu não gosto de mulheres, Papai Noel existe e o Bolsonaro mudou o Brasil para melhor.
Número desconhecido: Para de tirar onda, Isabella. O assunto é sério. A gente precisa conversar pessoalmente.
Isabella: Eu não vou te visitar na cadeia, meu amor.
Número desconhecido: Você não tem que querer nada.
Isabella: Eu não sou obrigada a continuar com você.
Número desconhecido: Na verdade, é sim. Você sabe muito bem como as coisas funcionam no meu morro.
Isabella: Você esquece que o verdadeiro dono do morro é meu cunhado, não é? E que ele jamais deixaria o funcionário dele me obrigar a fazer qualquer coisa.
Número desconhecido: Não mete o Cobra nessa história, porque vai ser bem pior.
Isabella: Você está me ameaçando? É isso mesmo, produção?
Número desconhecido: Eu amo o meu irmão e gosto muito da sua irmã, mas se precisar entrar em guerra com eles, eu entro.
Isabella: Ah pronto, agora a madame está achando que é o Bin Laden.
Número desconhecido: Tu não me leva a sério mesmo, né?
Isabella: Não. Tchau.
• Mensagem off •
Desligo o celular, bufando de raiva.
Quem o Victor pensa que é para me ameaçar?
Fomos de carro até a boca de fumo para pegar o malote e para o meu azar quem estava lá era o Cobra.Mano, logo o Cobra, o cachorrinho da Letícia, mais conhecido como o meu cunhado querido. Óbvio que ele ia surtar com o fato de eu querer ir com o KJ para entregar o malote pro Fábio.— Sério mesmo? Vocês perderam a noção do perigo ou o quê? Tu jura que eu vou deixar você levar a Isabella nesse corre, KJ? Mas nunca. - Cobra afirma. — Se alguma coisa acontecer com essa menina, a Letícia corta o meu pau fora.— Não vai acontecer nada, brother. A Isabella já foi em umas missões escondidas com o Victor. - KJ mente e eu aceno com a cabeça afirmativamente.Uma mentirinha de vez em quando, não faz mal a ninguém, não é mesmo?— O Victor vai perder o pau assim que a Letícia souber que ele te levou para fazer coisas ilegais. - meu cunhado fala me encarando com a cara fechada e balançando a cabe
Entramos na casa e eu e o Fábio não paramos de trocar olhares sugestivos. De vez em quando o KJ me encarava com o olhar repreendedor pela nossa atitude ousada e eu fingia que não via.Estávamos sentados em sofás de dois lugares, um de frente para o outro, eu ao lado do KJ e o Fábio ao lado do seu amigo da polícia, bonitinho, mas não tanto quanto o principal.— E aí Fábio, vamos lá fora pegar o teu pagamento, né? - KJ pergunta, claramente incomodado com o fato de eu estar tendo a atenção de um homem que não seja o Victor.— Faz o favor de acompanhar o KJ, Matheus. Vou esperar aqui dentro . - Fábio pede para o seu amigo e eu seguro o riso ao ver cara de desagrado do KJ.KJ e Matheus saem e eu fico a sós com o policial bonitão que a Gabriela e a Letícia tanto falavam. Agora, o olhando mais de perto, eu entendia o motivo do Cobra ter tanto ciúmes dele. Fábio é um homem muito bonito. Qualquer mulher renderia-se aos
Chegamos no morro e eu pedi pro KJ me levar na lanchonete para comermos, porque eu estava morrendo de fome. Mais uma hora sem colocar nada na minha boca e com certeza, eu cairia dura no chão.Quando chegamos no local, encontramos a Joyce com algumas amigas dela sentadas em uma mesa e eu bufei de raiva.Que azar da porra!— Ignora, Minotaura. Essas mandadas escrotas só querem causar pra ter a atenção que tu tem dos teus amigos sem precisar fazer esses showzinhos todos que elas fazem para aparecer. Sem postura demais, na moral. - KJ sussurra próximo ao meu ouvido e eu confirmo com um aceno de cabeça.Fomos até o balcão e pedimos quatro hambúrgueres, uma coca cola de dois litros e duas porções grandes de batatas fritas, porque se não for para comer até o bucho ficar cheio, eu nem saio de casa.Escolhemos uma mesa bem longe da qual a Joyce estava, para evitar brigas, mas não adiantou muito.
Acordei com o meu celular tocando e queria matar o filho da puta que ousa me acordar às onze horas da madrugada, mas ao olhar para tela, vejo que é o mesmo número que o Victor me mandou mensagem e automaticamente sorrio.Se ele está me ligando, é porque sente saudades de mim, certo?Decido não atender, porque primeiro queria falar com a Letícia sobre o que ela acha de eu ir visitar o meu ex namorado na cadeia.Querendo ou não, minha irmã já tem uma grande experiência com esse lance de ir fazer visitas íntimas para presidiário e talvez, só talvez, saiba me dar um bom conselho sobre o que devo fazer.Suspiro profundamente e me espreguiço na cama e logo em seguida, me levanto e vou até o banheiro.Ao me olhar no espelho, percebo que estou com olheiras bastante aparentes emba
Letícia— Quem você pensa que é para pedir para a minha irmãzinha ir em um presídio para visitar o seu irmão, Cobra? Não, não, não! - afirmo. — É ela quem tem que decidir isso, coração, e não a gente. - ele fala com a voz suave, tentando me convencer. — Cobra, não. Eu não vou deixar... Isso é muita humilhação por um cara que sequer merece. - cruzo os braços e o encaro completamente decidida. — O Victor a traiu. Isso foi uma puta de uma sacanagem.— Me deixem a sós com a minha irmã, por favor. - Isabella pede com educação. — Nós vamos nos entender sozinhas. Não precisamos de interferência de outras pessoas.— Beleza,
KJQuando o Cobra e a Letícia começaram a se beijar na minha frente, quase se comendo, eu vi que era hora de sair fora da cozinha e ir no quarto da Isabella para ver como ela tava. Tô preocupadaço com a mini marmita, porque apesar dela ser afrontosa na frente de todo mundo, já tinha percebido que ela é muito sensível. Uma vez ela chorou por eu ter comido o último pedaço de pizza. Tudo bem que ela disse que foi pela TPM, mas passei a pegar mais leve com o que eu falava e fazia. Odeio ver mulher chorando. É o meu ponto fraco.— Ei, minotaura! - bato duas vezes na porta. — Entra. - ouço sua voz chorosa e giro a maçaneta.
KJQuando eu dei por mim, a Isabella já tava me beijando com vontade e tesão. Uma das minhas mãos estava puxando seu cabelo e a outra estava apertando a sua cintura.Não sei que porra eu tava fazendo, mas meu pau tava duro demais para eu conseguir pensar. Sabia que existia a possibilidade de eu morrer, mas seria muito errado negar sexo selvagem pra uma mina gostosa como a Isabella. Se eu morresse, pelo menos, morreria feliz e esvaziado.De repente, Isabella sobe no meu colo e aumenta a intensidade do nosso beijo, nossas línguas se tocavam ao mesmo tempo que nossos lábios se chocavam com força. Ela roçava seu corpo no meu e caralho, como eu quero foder ela.
IsabellaMinha nossa senhora da falta de dignidade, o que eu fui fazer da minha vida? Eu quase transei com o melhor amigo do Victor e o meu cunhado ainda flagrou essa porra.Que deus tenha misericórdia da minha alma de putiane.Resolvo ligar pro Victor e dizer que vou ir sim vê-lo. Preciso resolver minha vida logo de uma vez e só conseguiria isso o encarando face a face.Pego meu celular, destravo e vou até as chamadas perdidas e ligo para o número que havia me ligado mais cedo.— Fala. - uma voz diferente do Victor soa do outro lado da linha.Por essa a idiota não esperava.Eu esqueci completamente que o celular é dividido entre vários presos.— Ah, oi. Eu queria falar com o Victor. Você po