Chegamos no morro e eu pedi pro KJ me levar na lanchonete para comermos, porque eu estava morrendo de fome. Mais uma hora sem colocar nada na minha boca e com certeza, eu cairia dura no chão.
Quando chegamos no local, encontramos a Joyce com algumas amigas dela sentadas em uma mesa e eu bufei de raiva.
Que azar da porra!
— Ignora, Minotaura. Essas mandadas escrotas só querem causar pra ter a atenção que tu tem dos teus amigos sem precisar fazer esses showzinhos todos que elas fazem para aparecer. Sem postura demais, na moral. - KJ sussurra próximo ao meu ouvido e eu confirmo com um aceno de cabeça.
Fomos até o balcão e pedimos quatro hambúrgueres, uma coca cola de dois litros e duas porções grandes de batatas fritas, porque se não for para comer até o bucho ficar cheio, eu nem saio de casa.
Escolhemos uma mesa bem longe da qual a Joyce estava, para evitar brigas, mas não adiantou muito. Ela começou a jogar indiretas e fazer piadinhas com garotas que eram traídas pelos seus maridos em um tom de voz bem alto para que todos ouvissem.
Eu tentei não ligar, mas foi impossível e comecei a chorar baixinho.
— Não faz isso pô. Não dá esse gostinho pra essa rata, Isa. - KJ fala e me abraça apertado e eu aconchego o meu rosto no seu peito.
— Eu odeio o Victor, KJ. Eu o odeio. Espero que ele morra lá dentro. - falo, ainda chorando, mas tentando disfarçar que estava abalada pelas provocações da Joyce.
Graças a Deus estava de costas para ela, porque não queria dar esse gostinho de vitória para essa imunda mal amada.
Como eu odeio essa menina! Mas, no fundo, sei que a culpa principal é do Victor. Ele deveria me respeitar, afinal a Joyce pode ser vadia, mas tenho certeza que não obrigou ele a nada.
— Amanhã eu vou visitar o sub dono desse morro e vou rebolar gostoso naquele pauzão. - ouço sua voz debochada e a minha vontade é de ir dar um tapa na cara dessa garota, mas me controlo ao máximo.
Logo em seguida, ouço um barulho estrondoso de cadeira caindo no chão e ao olhar para trás para ver o que era, encontro a Letícia em cima da Joyce distribuindo vários socos no rosto da minha inimiga.
Que fique registrado que eu amo a minha irmã.
Letícia não parava de bater na Joyce nem por um segundo.
— Isso é para você aprender a não mexer com a minha irmã, sua puta de esquina. - minha irmã gritava sem se importar com a platéia que se formava ao nosso redor. Batia a cabeça dela no chão e eu estava amando aquilo demais.
— Amor, já deu. Tu vai acabar se sujando com sangue aí. - Cobra fala tentando não rir, porque, teoricamente, ele não poderia deixar a mulher bater em outra moradora do morro, mas não é como se a Letícia obedecesse alguém.
— Ei, Marmita. Segura a onda. - KJ puxa a Letícia de cima dela, acabando com a minha alegria. — Tem que ter postura como primeira dama. Tu não pode sair batendo nas pessoas assim no meio da favela.
— E fora, que tu pode até pegar uma doença dessa puta rodada. - Lívia, uma das meninas que estava sentada com a Joyce, fala, surpreendendo a todos.
— Achei que fôssemos amigas. - Joyce fala, chateada.
— Nós éramos até você se tornar essa pessoa ridícula sem personalidade própria que fica copiando a Isabella e tentando ter a vida da garota, sendo que não é nada e nunca vai ser. Nem a tua família te suporta mais, quem dirá, eu. - Lívia termina de falar e vai embora.
Se até as amigas odeiam a Joyce, quem sou eu para gostar dela, não é mesmo?
O KJ e o Cobra nos puxam pelos braços para fora do estabelecimento e eu só consigo pensar nos nossos lanches.
— KJ, vai pegar os nossos pedidos, por favor. Eu estou varada de fome. - peço fazendo um bico fofo com os lábios.
— E compra pra mim também. Preciso repor as energias depois dessa briga. - Letícia fala arrumando o cabelo em um coque e aproveita a deixa para fazer do KJ seu empregado por alguns minutos.
— E das nossas fodas. - Cobra fala, deixando minha irmã com o rosto corado.
— Saudades sexo selvagem. - confesso.
— Não tem porque não quer, né? O Victor te chamou, tu que negou em ir. - KJ fala e eu o olho sem acreditar. — Vou lá pegar nosso rango.
Assinto e fico pensativa por alguns minutos.
Se eu tenho vontade de ir ver o Victor? Sim. Se eu vou ir vê-lo? Não sei.
Tenho medo dele me manipular e fazer com que eu acredite nas suas mentiras, mas a saudade dele está a cada dia maior.
— Você não precisa ir ver o Victor se não quiser. - Letícia fala e o Cobra olha para ela reprovando sua opinião. — Eu não vou deixar minha irmã fazer algo que ela não quer, meu amor. Se você está pensando no seu irmão, eu também estou pensando na minha irmã.
— Eu sei, coração. Mas isso é bagulho dos dois, ninguém tem que se meter. Nem eu, nem tu. Deixa o casal vinte conversar e se entenderem sozinhos. A gente já tem nossa vida cuidar. - Cobra fala olhando para minha irmã com tanta ternura que nem parece o cara que todos temem nesse morro.
— Ai gente, que fofo. Você não tem outro irmão? Tipo com menos defeitos que o Victor? Porque se tiver, eu quero deixar claro que tenho interesse. - brinco.
— Você fala como se o Cobra sempre tivesse sido assim... Só eu sei o que passei para chegar até aqui. - Letícia joga as verdades na cara do namorado e ele faz uma careta.
— Como se a madame fosse mole de aturar na sua época de adolescente revoltada, né não? Mimada pra caralho tu era. - Cobra segura o rosto da minha irmã com duas mãos, a fazendo sorrir e logo em seguida, os dois estão se beijando na minha frente.
Que falta de empatia com quem está solteira e carente. Desnaturados.
Depois de alguns minutos que pareceram horas comigo de vela para o casal, KJ volta com os nossos lanches prontos e nos despedimos, já que a minha irmã ia dormir com o namorado e eu iria para a casa, infelizmente sozinha.
Entrei no carro com o KJ e fui me alimentando no caminho, enquanto ouvíamos música e brincávamos um com o outro.
Quando chegasse em casa, eu só iria tomar um banho rápido e dormir. Esse dia foi estressante demais e preciso que acabe logo.
Amanhã eu decido se quero ir ou não ver o Victor na prisão.
Acordei com o meu celular tocando e queria matar o filho da puta que ousa me acordar às onze horas da madrugada, mas ao olhar para tela, vejo que é o mesmo número que o Victor me mandou mensagem e automaticamente sorrio.Se ele está me ligando, é porque sente saudades de mim, certo?Decido não atender, porque primeiro queria falar com a Letícia sobre o que ela acha de eu ir visitar o meu ex namorado na cadeia.Querendo ou não, minha irmã já tem uma grande experiência com esse lance de ir fazer visitas íntimas para presidiário e talvez, só talvez, saiba me dar um bom conselho sobre o que devo fazer.Suspiro profundamente e me espreguiço na cama e logo em seguida, me levanto e vou até o banheiro.Ao me olhar no espelho, percebo que estou com olheiras bastante aparentes emba
Letícia— Quem você pensa que é para pedir para a minha irmãzinha ir em um presídio para visitar o seu irmão, Cobra? Não, não, não! - afirmo. — É ela quem tem que decidir isso, coração, e não a gente. - ele fala com a voz suave, tentando me convencer. — Cobra, não. Eu não vou deixar... Isso é muita humilhação por um cara que sequer merece. - cruzo os braços e o encaro completamente decidida. — O Victor a traiu. Isso foi uma puta de uma sacanagem.— Me deixem a sós com a minha irmã, por favor. - Isabella pede com educação. — Nós vamos nos entender sozinhas. Não precisamos de interferência de outras pessoas.— Beleza,
KJQuando o Cobra e a Letícia começaram a se beijar na minha frente, quase se comendo, eu vi que era hora de sair fora da cozinha e ir no quarto da Isabella para ver como ela tava. Tô preocupadaço com a mini marmita, porque apesar dela ser afrontosa na frente de todo mundo, já tinha percebido que ela é muito sensível. Uma vez ela chorou por eu ter comido o último pedaço de pizza. Tudo bem que ela disse que foi pela TPM, mas passei a pegar mais leve com o que eu falava e fazia. Odeio ver mulher chorando. É o meu ponto fraco.— Ei, minotaura! - bato duas vezes na porta. — Entra. - ouço sua voz chorosa e giro a maçaneta.
KJQuando eu dei por mim, a Isabella já tava me beijando com vontade e tesão. Uma das minhas mãos estava puxando seu cabelo e a outra estava apertando a sua cintura.Não sei que porra eu tava fazendo, mas meu pau tava duro demais para eu conseguir pensar. Sabia que existia a possibilidade de eu morrer, mas seria muito errado negar sexo selvagem pra uma mina gostosa como a Isabella. Se eu morresse, pelo menos, morreria feliz e esvaziado.De repente, Isabella sobe no meu colo e aumenta a intensidade do nosso beijo, nossas línguas se tocavam ao mesmo tempo que nossos lábios se chocavam com força. Ela roçava seu corpo no meu e caralho, como eu quero foder ela.
IsabellaMinha nossa senhora da falta de dignidade, o que eu fui fazer da minha vida? Eu quase transei com o melhor amigo do Victor e o meu cunhado ainda flagrou essa porra.Que deus tenha misericórdia da minha alma de putiane.Resolvo ligar pro Victor e dizer que vou ir sim vê-lo. Preciso resolver minha vida logo de uma vez e só conseguiria isso o encarando face a face.Pego meu celular, destravo e vou até as chamadas perdidas e ligo para o número que havia me ligado mais cedo.— Fala. - uma voz diferente do Victor soa do outro lado da linha.Por essa a idiota não esperava.Eu esqueci completamente que o celular é dividido entre vários presos.— Ah, oi. Eu queria falar com o Victor. Você po
Depois que fiz as comidas que o Victor gosta e separei alguns itens de higiene e limpeza que ele poderia precisar, eu resolvi dormir um pouco para descansar e acordei horas depois.Me levanto, vou até o banheiro e tomo um banho quente demorado e aproveito para pensar um pouco e relaxar.Eu ainda não sei o que fazer e muito menos o que falar quando estiver na frente do Victor. Planejar nunca fez meu estilo, mas confesso que tenho medo de fraquejar e deixar ele me manipular ou medo dele me dizer que tudo não é como eu estou pensando e eu acreditar nas suas mentiras. Minha cabeça está uma bagunça e eu não sei o que esperar, a única certeza que tenho é de que preciso ir vê-lo, querendo ou não.Ele ainda é meu namorado, ainda é o homem que eu amo e o meu primeiro amor, é tudo muito confuso e complicado, mas a gente precisa conversar.Ainda mais depois da burrada que fiz com o KJ, que aliás não atendeu minhas ligaçõ
VictorCara nem boto fé que a Isabella tá aqui. Achei que eu nunca mais ia ver ela, papo reto, ela tá com tanto ódio de mim depois de todas as merdas que foram falar para ela ao meu respeito que eu estava conformado que tinha perdido o amor da minha vida por causa de uma fita errada.— Me escuta. Antes de qualquer coisa, só me escuta. - peço.— Eu estou aqui para isso, Victor. Ouvir o que você tem a me dizer e depois ir embora e nunca mais voltar nesse lugar. - Isabella fala firme e eu sinto meu coração apertar só de pensar na possibilidade dela nunca mais ficar comigo.— Não fala isso, porra. Eu não fiz nada de errado, amor. Eu juro. - falo com sinceridade.— Amor? - ela pergunta dando uma risada irônica.— Sim. Você é o meu amor. - me aproximo dela e a mesma anda para atrás até
IsabellaEu não sabia se deveria acreditar no Victor, mas com certeza eu sabia que não ia aguentar dizer não para ele nesse momento. — Quer continuar? - ele questiona. - Se tu não quiser, de boas. A gente para aqui mesmo.— Ai Victor, força a barra para eu fingir que fui induzida por você. - brinco e ele ri. — Tu sabe que eu jamais te machucaria. - suas mãos acariciam meu rosto e eu sorrio.— Estou com medo de me arrepender, eu vim decidida a terminar, eu não devia fraquejar assim.— Tu me quer? - ele pergunta começando a descer a mão pelo meu corpo e