Capítulo Oito

KJ

Quando o Cobra e a Letícia começaram a se beijar na minha frente, quase se comendo, eu vi que era hora de sair fora da cozinha e ir no quarto da Isabella para ver como ela tava.

Tô preocupadaço com a mini marmita, porque apesar dela ser afrontosa na frente de todo mundo, já tinha percebido que ela é muito sensível. Uma vez ela chorou por eu ter comido o último pedaço de pizza. Tudo bem que ela disse que foi pela TPM, mas passei a pegar mais leve com o que eu falava e fazia. Odeio ver mulher chorando. É o meu ponto fraco.

— Ei, minotaura! - bato duas vezes na porta.

— Entra. - ouço sua voz chorosa e giro a maçaneta.

— Qual foi, Isa? Tu tem que parar de chorar por tudo, porra. Parece um bebê, namoral - falo rindo e entro no cômodo, fechando a porta atrás de mim.

Ela estava deitada de bruços no colchão, coberta por um lençol fino e nossa senhora das punhetas, que corpo, cara!

— Mas eu sou um bebê e para eu parar de chorar, você tem que me dar de mamar. - ela fala em tom de brincadeira, mas toda maliciosa e eu ignoro a provocação para não fazer merda.

Além de mina do Victor, eu não podia esquecer que ela é irmã da Letícia e consequentemente, cunhada do Cobra. Eu estaria fodido três vezes caso acontecesse algo a mais entre eu e ela, prefiro nem pensar.

— Já decidiu se vai na visita ver o Victor? - pergunto, tentando mudar de assunto, e sentando na beirada da sua cama.

— Ainda não. - Isa responde com a voz baixa e dá um suspiro profundo.

— Posso te dar a minha opinião? - pergunto e a mesma assente. — Faz o que tu achar melhor. Ninguém tem nada a ver com a sua vida não, Isabella.

— É, eu sei. Obrigada por ficar do meu lado. Nunca vou conseguir te agradecer a altura. - Isa abri um sorriso e caralho, como ela é gata.

Nem boto fé que o Victor perdeu uma mina dessa pra comer a rodada da Joyce.

— Nada que uma mamada no meu pau não resolva. - respondo sem pensar.

Eu tenho que parar de tirar brincadeiras pesadas com garotas comprometidas ou vou acabar morto.

— Será se cabe na minha boca? A Lívia falou que era enorme e grosso. - arregalo os olhos com as suas palavras.

— Desde quando tu e a Lívia são amigas? - pergunto completamente surpreso.

Nesse morro, a gente não pode fazer nada escondido. Todo mundo sabe da vida de todo mundo. Bando de zé povinho fofoqueiro. Misericórdia.

— Não somos, mas ela me adicionou no Facebook ontem à noite, depois de ter ficado contra a Joyce e a garota se expõe até demais. Gostei dela! - nós dois rimos. — Afinal, vocês estão namorando ou só ficando?

— Ela é gente boa. A gente ficou algumas vezes, o oral dela é pica, mas descobri que o irmão dela é o Cabeça, o cara que era sub dono daquele morro que a gente invadiu para resgatar a Letícia, por isso não confio muito nela.

— É o quê? Por que o Cobra aceitou que a Lívia ficasse aqui, já que ela não é confiável? - Isabella levanta-se rapidamente da cama e senta-se ao meu lado.

Só uma boa fofoca para despertar a preguiçosa.

— Na verdade, foi a Letícia que pediu, ou seja, mandou e o Cobra obedeceu. Parece que a Lívia ajudou a tua irmã naquela fita do sequestro e depois ficou recebendo ameaça de morte por causa disso, então teve que vir pedir proteção aqui no morro, tá ligada? - explico a situação.

— Ela tem um filho, não é? Eu vi nas fotos do Facebook.

— Não é filho, é sobrinho. O moleque é filho do Cabeça com a Bianca.

— Bianca, aquela que tem a sobrancelha de carvão? - Isa pergunta e eu caio na gargalhada.

— Essa mesma.

— Menino do céu, estou em choque. Me sentindo em uma novela mexicana do SBT. Todo mundo já comeu todo mundo nesse morro. Só eu que só fiquei com o Victor, porque sou a única que presta. - Isabella fala e eu reviro os olhos.

— O Victor e a Grazi, né safada? - falo e a Isabella fica com o rosto vermelho.

— Saudades da Grazi, inclusive. É uma pena ela ter ido embora daqui. Gostava bastante dela. Além de chupar uma boceta como ninguém, era uma ótima amiga.

— Resumindo: a Grazi parece comigo, mas sem pau.

— Ah, você também chupa bem uma pepeca, KJ? 

— Oxe, óbvio.

— Será que chupa mesmo? Dizem que homens heterossexuais não sabem nem onde o fica o clitóris. - Isabella fala aproximando o rosto do meu e eu sinto que não vou resistir a tentação.

— Pois eu sou um hetero diferenciado. Se tu quiser posso mostrar para tu. - falo entrando no seu joguinho.


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