Isabella
Eu literalmente vou matar esses fodidos.
O quarto está todo bagunçado e eles estão simplesmente se matando e derrubando tudo.
Ótimo exemplo para os nossos filhos, só que não.
Antes de eu poder falar qualquer coisa, Letícia aparece atrás de mim e grita totalmente nervosa enquanto eu tento me controlar para não pegar uma arma e sair atirando no pau de cada um.
— Alguém pode me explicar o motivo pelo qual vocês estão acabando com a minha casa? Se matem na rua, seus idiotas! Antes que eu mesma mate os dois e arrume outros pais para os meus sobrinhos.
Eles olham na nossa direção e começam a rir como se tivéssemos contado a piada mais engraçada do mundo.
— Tem alguém aqui com cara de palha&ccedi
IsabellaAlguns meses depois...Acordei estressada com o barulho no andar de baixo da casa minha irmã.Caralho, são oito horas da manhã, será que a Letícia precisa mesmo fazer tanto barulho só para organizar um chá de bebê? Ou melhor, bebês.Graças a Deus, meus filhos são tranquilos, saudáveis e preguiçosos como a mãe, só começam a mexer depois do meio dia. Mas parece que a madrinha deles não entende isso.Vou matar essa fodida qualquer dia desses.Descobri há algum tempo que são dois meninos e por incrível que pareça, estou muito feliz.O Victor e o KJ sempre revezam para me levar nas consultas do pré natal e eu estou tendo todo apoio que preciso, o que me deixa mais tranquila.Eles enlouqueceram quando viram o ultra
CobraEu estava tentando evitar uma guerra porque agora eu tenho uma família para cuidar e não quero viver na bandidagem para sempre. Antes da Letícia, eu nunca me vi longe do tráfico, nem mesmo pelo meu filho eu conseguia me ver largando essa vida errada, mas foi ela quem me mudou e me fez perceber o quanto a vida é boa para eu desperdiçar me preocupando quando vou morrer ou se algo vai acontecer com quem eu amo. As pessoas falam mal da Letícia até hoje, sobre ela ser imatura, vagabunda, indevida e o caralho a quatro, mas com toda sinceridade eu não trocaria a minha mulher por nenhuma outra mulher mais cabeça, mais submissa ou que for, porque se não fosse esse
KJ Eu tava atolado de corre na boca, o Victor pilhado negociando com os vermes no asfalto e o Cobra mais bolado ainda com essa situação com o Fábio.Quem diria que o filho da puta ia dar tanto trabalho, né? Ele não dava trégua há semanas, invasão atrás de invasão, só que de uns dias pra cá ficou tudo calmo e é isso que a gente tá estranhando. Todo cuidado é pouco.Hoje é o chá dos bebês dos nossos moleques e eu tava ansioso pra caralho, não por mim, porque eu não ligo pra essas porras, mas queria tudo perfeito por ela e pelo meu filho. A gravidez já tá sendo uma barra por ser gêmeos, então o que eu puder fazer pra Isa só ter boas lembranças desse momento tão delicado na vida de uma mulher, eu vou fazer.Passei mó tempão ocupado com um carregamento de pó e quando vejo, já tá tarde... Puta que pariu ela vai me matar.Pego o celular pra ligar pra
VictorTava chegando no morro bolado, fui resolver uns corres no asfalto com os vermes e o que era pra ser uma porra simples, só passar a grana e sair fora, virou um b.o do caralho, porque os filhos da puta estão crescendo o olho e querendo mais dinheiro.Depois dessa guerra com o Fábio, tudo tá um caos, os caras acham que tem algum idiota aqui e tentam crescer pra cima de mim, mas aqui não tem essa. Se não tiver satisfeito com o esquema é só cair fora, onde sai um entra dez, tá ligado? Deixa esses manés achando que são os únicos policiais da cidade, não nasci ontem nesse caralho, se não quer a grana, ok, afinal tem quem queira. Policial corrupto é o que não falta.Já tava virado pensando na falação que eu ia ouvir quando chegasse, o chá dos moleques é hoje e eu fiquei o dia todo fora então já tava ciente que a dona onça, vulgo Isabella, ia encher meu saco.Tô felizão pô, no começo eu fiquei puto e confesso qu
Victor Não demorou muito para eu avistar a moto do Cobra estacionada próximo a um carro que bateu em uma casa velha de madeira que estava aparentemente abandonada.Não passava uma alma viva naquela pequena estrada de terra, então os gritos do Fábio eram os únicos sons audíveis mesmo que eu estivesse distante, porque o dono do morro não brinca em serviço.Acelero a moto o mais rápido possível e logo chego perto deles, vejo a Isabella inconsciente e deitada de costas no chão sujo e o KJ segurando sua mão.— Não me deixa, por favor, Minotaura. Eu te amo tanto! Porra, por que eu não disse isso mais vezes antes? - KJ repetia as mesmas palavras como se estivesse orando.Me aproximo sentindo um nó na garganta e me ajoelho do outro lado do corpo da minha mulher.Verifico seu pulso e sua respiração e percebo que ela está viva, o que é u
LetíciaANOS DEPOIS...É meio louco pensar em tudo que vivemos nesses últimos anos. Quem diria que uma luz cortada faria com que eu conhecesse o grande amor da minha vida e minha irmã caçula conheceria o amor de uma maneira um tanto que diferente. Mas a vida tem dessas coisas, sempre nos traz surpresas boas em meio ao caos.Não vou negar que foi difícil ouvir as barbaridades das pessoas da comunidade e até mesmo da minha família, que me julgavam por ser mulher de bandido e nem consigo imaginar o que a Isabella sofreu sendo ela mulher de dois traficantes, porém tudo valeu a pena para chegar no ponto que estamos hoje: Júnior um adolescente jogando videogame na sala enquanto a Alice e o Miguel estão correndo pela casa brincando de bolha de sabão mesmo já estando praticamente na pré-adolescência ainda curt
IsabellaEstou deitada no sofá da sala de estar da casa do Victor quando a Letícia entra no cômodo um pouco transtornada e eu me levanto preocupada com o que pode ter acontecido.— O Júnior está bem? - pergunto, porque agora que a irmã é praticamente a mãe do filho do Cobra, a primeira coisa que veio na minha mente é ele ter ficado doente.— Isa, senta, por favor. - a Letícia pede tentando se acalmar e eu a olho sem entender.— Foi algo com a nossa mãe? Pelo amor de Deus, fala logo. - grito. — Não, graças a Deus não. Ela está bem. Mas é com o Victor... Ele foi preso. - minha irmã fala e eu sinto que perdi meu chão.
Eu ainda tentei encontrar motivos para o Victor ter feito o que fez comigo, mas eu não consigo pensar em nada que justifique a sua traição, porque eu faço absolutamente tudo para aquele filho da puta e se ele quisesse experimentar outras vaginas, eu até iria junto, porque sou daquelas que ama um ménage.Não tem sentido ele ter mentido para mim. Nunca vou conseguir compreender e muito menos perdoar o mesmo pela sua atitude.Chorei durante horas trancada no meu quarto no dia que descobri que ele foi preso, fiquei sem comer direito durante alguns dias, porém nenhum homem vale o meu sofrimento.Quando o Victor se tocar do que fez comigo e pedir mais uma chance, eu vou olhar bem no fundo dos olhos dele e citar a pensadora contemporânea, Valesca Popozuda: valeu, muito obrigado, mas agora virei puta!Olho para o relógio que fica em cima do criado mudo ao lado da minha cama e vejo que já está tarde,