Capítulo 2

**OBS:**É importante que fique claro que a cena descreve um crime de violência sexual infantil, ainda que a forma como o protagonista conta não tenha ênfase no assunto.

Matteo Romano

     Naquela noite retornei para casa destruído. Eu simplesmente não conseguia tirar as imagens do meu pai em cima daquela pobre menina. Minha cabeça estava revirada e meu corpo trêmulo. Eu não conseguia parar de pensar no que seria dela. Queria poder voltar lá e tirar a garota de lá.

_ Entra nessa merdä! – Papa estava com muita raiva. Ele não conseguia entender qual era o meu problema.

_ Que porrä você está fazendo Matteo? – Ele me puxou pela roupa, quase batendo seu rosto no meu. A essa altura eu já nem estava sabendo porque ele estava com raiva.

_ Limpa esse seu rosto, seu filho de uma putä – Berrou muito enfurecido, me empurrando contra a porta ainda fechada do carro – Você é uma vergonha.

     Passei a mão no rosto, constatando o que nem tinha percebido. Meu rosto estava úmido. Não sei como aquilo tinha acontecido. Eu não me lembrava de ter chorado, acho que a única coisa que eu conseguia lembrar era daquela garota gritando.

_ Não me faça dá um tiro na sua cara. Entra logo nesse carro e tenha compostura de homem.

      Três dias se passaram e nosso próximo passeio a um bordel já estava marcado. Eu nem conseguia mais dormir, nem prestar atenção na escola. Tudo tinha se tornado um emaranhado sufocante em minha cabeça.

_ Matteo – Papa chamou o meu nome assim que cheguei em casa. Eu já tinha pavor de voltar para minha própria casa. Era só o meu nome que existia na boca de meu pai. Ele estava estressado comigo e eu com ele.

      Luigi tacava o terror na escola, era uma queixa atrás da outra, mas nada parecia incomodar de fato o meu pai. Sua raiva era contra mim, seu herdeiro que não conseguia se enquadrar no que ele precisava, ou no que esperava.

_ Deixe sua mochila. Vamos sair – Avisou e eu me apressei em fazer o que estava mandando. Nona reclamou que eu precisava almoçar, mas quando papa me chamava daquela forma, nada mais descia.

    Aquela não era hora de visitar bordeis, então talvez ele só quisesse que eu lhe fizesse companhia e observasse. Fiz o que ele mandou e sentei ao lado dele no carro. Paciência nunca foi o forte de meu pai.

_ Estamos indo cobrar uma dívida. O imbecil pegou o dinheiro e não tem como pagar e será você quem acertará as contas.

     Olhei para papa com o corpo dormente. Eu sabia exatamente o que ele queria dizer.

_ Já passou da hora de fazer isso – Ele colocou seu revolver em minhas mãos.

_ Esse revolver pertenceu ao seu avô e agora pertencerá a você. Não me decepcione – Exigiu.

     Peguei a arma com meu coração acelerado. Eu sabia o que aquilo significava. Eu sabia que um dia, aquele dia chegaria e agora tinha chegado. O carro parou e meu coração saltava em meu corpo dormente.

     A parte mais difícil de atirar em uma pessoa, é que você precisa manter os olhos abertos. Você precisa ter certeza de que o tiro será certeiro. A segunda coisa difícil é que a pessoa implora miseravelmente por sua vida, pois a sua compaixão é a ultima esperança que lhe resta.

_ Parabéns – Ele falou quando fiz o que precisava ser feito.

     Sangue respingou por toda a parte. Eu estava completamente anestesiado diante do que tinha acontecido e ao mesmo tempo aliviado por ter conseguido fazer o que ele esperava.

_ Quanto mais você deixar eles falarem, mais difícil será apertar o gatilho – Explicou tirando a arma da minha mão – Parabéns. Não se saiu tão ruim assim.

     Papa não tinha pena de ninguém. Deixamos o corpo para trás e retornamos para casa para almoçar.

_ Quanto ele devia? – Perguntei quando estávamos os dois sentados a mesa.

_ Esse não é o tipo de assunto que se deva discutir à mesa.

_ Ele tinha mesmo família?

_ Precisa relaxar Matteo. Não pode ficar alimentando as minhocas da sua cabeça.

    Aquela noite eu demorei muito dormir. Minha cabeça parecia uma caixa cheia de ferramentas soltas e barulhentas. Eu sempre demorava dormir e quando finalmente conseguia, acordava perdido em algum pesadelo. Na grande maioria das vezes, com minha mãe nos abandonando, mas aquela noite, aconteceu algo diferente.

     Acordei com meu membrö muito duro e molhado. Aquilo era gostoso. Alguém estava chupando ele. O quanto estava parcialmente escuro, com a cortina entreaberta e eu embriagado de sono. Quando me dei conta do que estava acontecendo, ergui a mão para afastar a mulher que tinha sua boca no meu paü. Eu nem sabia quem era, mas aquilo era tão bom que em vez de afastá-la, segurei os cobertores e deixei que ela continuasse.

      A mão dela me esfolava enquanto sua boca me engolia. Aquilo era tão bom que mesmo que eu quisesse não conseguiria pará-la. Quando me dei por mim, já tinha me derramado em sua boca. Ela engoliu meu esperma todo e só então começou a subir seu rosto, beijando meu abdome. Eu conhecia aquele cheiro, ele me era familiar.

_ Geovana – Gaguejei o nome de minha madrasta horrorizado. Eu já tinha percebido que me olhava estranho, mas nunca imaginei vê-la em minha cama.

       Ela não me deixou falar, cobriu a minha boca com a sua, voltando a massagear o meu paü. Eu a empurrei em um movimento rápido e desesperado, quase a derrubando da cama. Ela era louca. Se meu pai descobrisse, nós dois estaríamos mortos.

_ Matteo – Ela prendeu o meu corpo com as pernas – Seu pai está dormindo. Tenta comigo o que não conseguiu fazer com as outras – Eu não sei como ela sabia disso, mas ela sabia. Papai provavelmente reclamava de mim pra ela.

       Eu queria dizer que era louca, queria me afastar e ao mesmo tempo queria ficar. Não apenas por ela, mas por ele. Pensar que sua mulher estava na minha cama era estranhamente prazeroso. Papai tinha acabado com o meu juízo e com a vida de outras pessoas, pensar que eu, de alguma forma, podia me vingar, não deixava de ser convidativo.

      Geovana conduziu minha mão direto para o meio de suas pernas. Ela estava muito molhada, ainda lembro como se fosse hoje. Até aquele dia, eu nunca tinha tocado em uma mulher daquele jeito. Empurrando e subindo minha mão, ela foi mostrando como queria ser tocada. Aquilo era loucura e insanidade.

      A adrenalina queimava por todo o meu corpo enquanto eu a fodia em cima de minha cama. Foi viciante. Depois daquela noite, nunca mais dormi com a porta do quarto fechada.

       Ela vinha quase todas as noites e por um longo período eu achei que ela fosse tudo na minha vida. Eu era capaz de morrer e matar por ela. Jovem e inexperiente, fui o brinquedo que ela usou para se divertir por anos, até entender que Geovana nunca teve qualquer plano para nós dois, que ela nunca tinha planejado deixar meu pai.

      Demorou muito para que eu entendesse que o único movido por sentimentos ali, era eu e quando meu pai dizia que eu era uma criança tolä, eu ainda ousava ficar com raiva, achando que foder sua mulher me fazia mais homem. Eu fui um panaca, um grande idiotä em quase todo o tempo e só não terminei de destruir minha própria vida, porque era lento. Não era como meu irmão que agia no calor do momento, se fosse, já não estaria mais vivo.

     Geovana nunca me amou, ela só queria sexö e dinheiro e quando eu decidi que não serviria mais como seu brinquedo, ela enfiou a faca no meu pescoço, ameaçando contar tudo a meu pai. Eu tinha enfiado minha própria cabeça dentro da forca e um passo em falso seria o meu fim.

     Por vezes eu duvidei que ela seria mesmo capaz de me entregar, que talvez só tivesse medo de perder o conforto da vida que tinha para ter que começar tudo do zero. Como eu disse, eu demorei para entender como as coisas funcionavam. Mas devo admitir que papa e Geovana foram excelentes professores.

    Não foi nem uma, nem duas vezes que meu pai me jogou na boca dos leões e aguardou sentado por minha morte, mas para sua decepção, meu instinto de sobrevivência se sobressaia. Minha vida podia ser uma merda, mas foi uma merda que lutei para manter e foi apenas por isso que hoje estou onde estou e não há sete palmos do chão.

    Não me orgulho de praticamente nada do que aprendi com meu pai, quase tudo que me ensinou me causava nojo, mas estaria sendo hipócrita se dissesse que hoje sou diferente dele. Cresci o observando, vivenciando de perto cada malícia de seus atos. Conhecia até a forma como depositava as cinzas de seu charuto enquanto fumava. Ele era calculista, paciente e frio e essas três qualidades juntas eram realmente perigosas.

     As pessoas gostavam de dizer o quanto éramos parecidos. Nunca soube se isso de fato o agradava. Eles repetiam isso o tempo todo e agora me pergunto até onde estavam certas.   

 

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