Matteo Romano
O dia do casamento chegou. Chegamos no hotel as cinco da manhã, mas eu não me sentia cansado.
_ Tem certeza de que vai fazer isso? – Fabrizio me olha da poltrona, observando eu ajustar o terno no corpo.
_ Se fosse para não fazer, eu não teria vindo.
_ Você é louco, Matteo – Ele ri.
_ Ela está me esperando.
_ Ela te respondeu alguma coisa? – Ele pergunta descrente e eu o fito por um momento. Penso em responder, mas me restrinjo a um sorriso curto. Ele não vai estragar meu bom humor.
_ Acho que temos direito a uma conversa.
_ Sequestrando ela?
_ E tem alguma outra maneira de eu conseguir falar com ela de forma tranquila, sem que seu marido encha o saco? Só vamos passar uma noite juntos e não vou fazer nada que ela não queira.
_ Além de sequestrá-la.
_ Além de sequestra-la – Confirmo avaliando o caimento dos cabelos.
_ Você não é louco, você é pirado – Ele diz ficando de pé, também se olhando no espelho.
Contra fatos não dava pra argumentar. Eu a queria pra mim e isso não era segredo para ninguém. Lyra poderia fugir, podia me ignorar, isso não me incomodava.
Quanto mais difícil se mostrava, mais determinado me deixava. Talvez se tivesse facilitado as coisas, não tivéssemos chegado a esse empasse. Quem sabe.
Ela era a coelhinha fugitiva e eu a raposa faminta e o fim dessa história é sempre o mesmo... Eu conheço o seu cheiro. Quanto mais ela corre, mais fome sinto.
....
Quando vi Lyra na casa de Lian, quase não a reconheci. Não no sentido bom. Ela estava magra. Bem mais magra do que eu lembrava. Parecia frágil, abatida e vulnerável, como uma pessoa consumida por alguma doença grave.
Ela passou por mim em silêncio, ignorando por completo a minha presença. Louise me abraçou rapidamente, assim como Tanya, depois se apressaram em alcançar Lyra, que já as aguardava em seu carro.
Eu não tentei me aproximar dela, não precisava disso para chamar sua atenção. Ela deixou a mansão sem se quer olhar para os lados.
_ Ela está magra – Fabrizio comenta assim que entro no carro.
_ Tem alguma coisa errada – Admito preocupado.
Brian não tirou os olhos da gente, principalmente quando entramos na igreja, como se sua cara feia servisse pra alguma coisa. Logo eu a levaria comigo e ele ficaria chupando o dedo como o babaca que era. Mas o melhor, sem dúvidas, seria sua reação na manhã seguinte.
Eu a observei durante a festa e vi que estava diferente. Algo muito sério tinha acontecido com ela e isso me deixou preocupado. Talvez eles já não estivessem bem. Talvez minhas mensagens tinham gerado mais efeito do que o esperado.
A ideia de que o casamento deles já estava indo de água abaixo me agradava, mas não a ponto de vê-la naquele estado. Ela estava tão frágil que parecia prestes a cair ao menor esforço.
Meu celular tocou. Era Fabrizio que estava furioso por eu não ter respeitado os planos. Era para um dos copeiros ter saído com ela e eu ter continuado na festa, para não levantar suspeitas, já que o lugar estava cheio de câmeras, mas quando vi Lyra cambalear em direção ao banheiro, não aguentei esperar e quando a vi caída no chão, a situação só piorou.
Brian também tinha tomado da bebida e logo estaria igualmente tonto e pela forma como Louise estava se divertindo com ele, não me admiraria se ele amanhecesse na cama dela. Louise tinha uma carinha de inocente, mas era mais rodada que puta de boate.
_ Vou dar um jeito nas câmeras, mas não pense que isso será suficiente para explicar o sumiço dela depois – Fabrizio bufou do outro lado da linha.
Ele estava uma fera, mas meu humor estava muito longe de ser estragado por ele. Lyra estava dormindo em meus braços e isso não tinha preço. Deslizei meus dedos por seu rosto magro, observando a palidez disfarçada pela maquiagem. Ela realmente estava magra, mas continuava tão linda quanto antes. Seu tom de pele amendoado continuava perfeito, mesmo estando abatida.
Tirei uma mecha de cabelo de seu rosto e pude sentir o quanto os fios eram macios e sedosos. Ela era uma mulher vaidosa e isso me agradava muito. Seu cheiro é suave, cítrico, com um fundo adocicado, o mesmo que senti há três meses atrás. Inesquecível e inconfundível. Toco meu nariz no dela, sentindo sua respiração acariciar a minha e todo o meu corpo responde cobiçoso e faminto.
Seguimos direto para o aeroporto, onde um jatinho nos aguardava. De Nova Iorque fomos direto para Vermont. O trajeto não durou quarenta minutos. Cheguei a mansão com ela ainda dormindo.
Eu a levei direto para meu quarto e a coloquei na cama, em seguida tirei seus sapatos, os massageando um pouco. Não conseguia me conformar com a mulher diante de meus olhos. Algo sério tinha que estar acontecendo, para que estivesse com aquele aspecto de doente.
O efeito da medicação deveria durar no máximo duas horas, mas ela continuou dormindo. Talvez porque estivesse cansada, talvez porque seu corpo já estivesse debilitado.
_ Lyra – A chamei e ela apenas ronronou preguiçosamente. Mesmo abatida continuava linda. Ela certamente tinha tido um dia difícil e apesar do efeito da bebida não durar muito, acabou adormecendo profundamente.
Eu também estava cansado. Tinha passado quase dez horas dentro do avião e tinha chegado naquele madrugada. Então tomei um banho e vesti uma cueca box preta, depois me sentei ao lado dela.
Seu vestido era de um tecido mole, então deu pra ver que estava sem sutiã, usando apenas uma cinta na cintura já fina. Ela me odiaria no dia seguinte por tirar aquilo de seu corpo, mas eu já estava ferrado com ela. Além disso, não conseguiria dormir sabendo que ela estava toda apertada naquela coisa.
Enfiei as mãos por baixo de seu vestido e comecei a soltar os colchetes. Estava terminando de desabotoar a m*****a cinta quando ela abriu os olhos. Achei que fosse me esbofetear, gritar, ou espernear, mas ela apenas ficou me olhando.
_ Você está bem? – Perguntei em voz baixa e ela olhou para a minha boca de um jeito que... Caralho! Meu corpo inteiro acordou com uma ferocidade que ardeu em cada poro do meu corpo, elevando a temperatura do quarto a níveis alarmantes.
_ Lyra, você está acordada? – Perguntei tenso e ela gemeu fechando os olhos. Ela gemeu de novo com os olhos ainda fechados. Não sei se estava tendo um sonho, sentido dor, excitada, ou tentando me enlouquecer.
Quando ela se acalmou, voltando a dormir, meu corpo estava rígido, meu pau duro e minhas costas suadas.
“Que porra tinha sido aquilo?” – Merda! Eu estava duro sobre uma mulher inconsciente. Pior que isso, eu estava pegando fogo em cima dela, enquanto ela dormia tranquila e despreocupada. Parecia até uma piada de mau gosto.
Terminei de tirar a m*****a cinta frustrado, o pau ainda latejando, o corpo ainda quente. Aquele olhar, aquele gemido... ela era tão quente quanto seus olhos prometiam.
Tive que tomar outro banho, desta vez bem gelado, para só então desligar a luz do quarto e me deitar ao lado dela. Eu a puxei para os meus braços e adormeci daquele jeito, sentindo o cheiro maravilhoso de seus cabelos.
Lyra MüllerA semana do casamento de Eduarda tinha chegado. Ela estava atarefada, precisando de mim como nunca, mas eu não estava em condições de lhe fazer companhia, então pedi a minha mãe que a ajudasse. Inventei um tanto de coisas a ela e para o meu alívio, minha mãe entendeu e ficou com Eduarda.As coisas entre Brian e eu não ficaram nada bem. Ele estava magoado e a culpa era minha. Brian não tinha como saber pelo que eu estava passando. Então eu liguei pra ele e pedi perdão, disse que minhas enxaquecas estavam piorando e prometi que iria ao médico. Ele também me pediu perdão. Meu coração se aqueceu com sua presença e a vontade de contar tudo o que estava acontecendo veio até a garganta.Brian era louco por mim, eu não conseguia me imaginar contando pra ele que logo eu já não estaria mais ao seu lado. Não conseguia nem pensar no sofrimento que lhe traria. Por mais que eu tentasse, não conseguia aceitar aquela situação.Mais uma vez eu apenas apertei seu braço e me encolhi ali, inc
Lyra MüllerNão sei por quanto tempo eu dormi. Os braços de Brian me abraçavam como um polvo. Não tínhamos costume de dormir abraçados. Ele até que tentou no começo de nosso casamento, mas nunca deu certo. Sempre fui espaçosa na cama e gostava de liberdade. Eu até tentava pegar no sono, mas meu braço doía, ou eu ficava mudando de posição. Resumindo, eu não dormia até estar completamente solta na cama.Eu apertei ele com carinho e quando fiz isso senti algo estranho. O abdome dele parecia tão firme que tive que passar a mão para ter certeza e quando fiz isso, ele colocou sua mão sobre a minha. Brian era vaidoso, tinha o corpo em forma, mas não ao ponto de estar tão definido.Ergui o corpo porque precisava ver a mágica que tinha acontecido ali e quando vi, franzi o cenho confusa. Olhei para o rosto do homem com tórax despido ao meu lado e minha cabeça quase deu um nó quando vi Matteo Romano olhando pra mim._ Bom dia, princesa – Falou me despertando do transe que cai e minha reação foi
Matteo RomanoEla diz que está com câncer e por um momento não sei como lhe dar com isso. Não consigo acreditar em uma porra dessas, mas também não posso acreditar que ela esteja brincando com isso. Aquela notícia foi como um tiro no meio do meu peito. Não sei o que vou fazer se isso for verdade.Depois que se troca no banheiro, seus cabelos estão novamente organizados e o vestido perfeitamente ajustado ao corpo. Avalio seu corpo magro e sinto um aperto desconfortável no peito. Eu precisava dar um passo a frente em nossa relação, precisava explicar que em breve me casaria e que por isso não iria mais receber minhas mensagens. Eu precisava sentir suas reações e a deixar a par de meus planos. Ela não era imune a mim, mas tinha uma resistência deliciosa.Talvez meu sumiço não significasse nada pra ela, mas eu gostava de pensar que significava. Gostava de ver como se comportava em seu escritório quando recebia minhas mensagens. Ela não tinha a menor ideia de que eu tinha uma câmera em seu
Lyra Müller Retorno para minha casa muito feliz. Feliz como se tivesse renascido. Uma felicidade tão grande que explodia meu coração. Tudo o que eu queria era encontrar meus filhos e meu esposo e dizer o quanto euos amava e o quanto era grata por terem eles na minha vida. Entro no meu apartamento e quando vejo minha mãe e meus filhos, eu os abraço com muita força e choro de tanta felicidade._ Onde esteve Lyra? – Minha mãe pergunta com o semblante preocupado – Seu marido estava te procurando como um louco – Ela fala e um frio transpassa por minha barriga. Brian entra na sala e a sua cara não é de boas-vindas. Ele me olha de cima a baixo e sem dizer nada sobepara o quarto. Eu sinto um nó esquisito na minha garganta, diferente de qualquer coisa que já tenha sentido antes. Entro no quarto e Brian está de pé diante da janela. Fecho a porta e ele se vira pra mim._ Passou a noite com ele? – Percebo ele novamente olhando para minhas roupas. Meu coração subiu para a boca.
Lyra Müller Naquela noite fui dormir pensando em tudo o que tinha acontecido. Era inegável que a culpa de tudo o que tinha acontecido na minha vida era de Matteo. Aquela conversa furada de que só queria dizer que iria se casar não passava de um pretexto para terminar de acabar com meu casamento. Aquilo agora era tão óbvio que me fazia sentir uma completa idiota. Ele com certeza decidiu que se não me teria, destruiria minha vida. Era assim que mafiosos agiam, destruíam tudo o que não lhes pertenciam. Tudo aconteceu de forma tão inesperada que ainda não sei como chegou a esse ponto. Matteo tinha passado três meses me atormentando. Não consigo acreditar que nada que venha dele possa ser bom – Digo a mim mesma quando lembro a forma como se preocupou ao descobrir que eu estava doente. Talvez fosse um bom ator, ou apenas educado o suficiente para enfiar a faca no meu peito e ainda parecer gentil. Não sei nem o que pensar. A ideia diabólica de que ele podia estar por trás de
Bellano - ItáliaJanne de Santis (Narrando) – Um mês antes. O que dizer a meu respeito? Não sou bonita, nem rica e nem legal. É triste ter que admitir isso, mas pior ainda é viver iludida com o contrário, como minhas primas que não aceitam o fato de serem tão pobres quanto eu. Digo pobre porque precisamos trabalhar para sobreviver, já que o dinheiro não cai do céu._ Você vai ficar responsável pelo almoço e pela limpeza da casa – Roberta fala antes de sair de casa. Aquilo me dá uma raiva tão grande que meu corpo adormece. Tudo bem que sou a única que está desempregada, mas se vou ficar responsável pela casa e pelo almoço, então eu também deveria receber uns trocados delas, mas nem adianta eu me iludir com isso, porque nem Roberta, nem Vivian vão gastar um mísero centavo comigo. Elas já acham que ganho muito por estar morando de favor na casa delas. Retiro a carne congelada do frízer e a jogo na pia. Eu não sou legal, não gosto de ser legal. Na verdade eu odeio ser
Janne di Santis Minha nossa senhora das gordinhas esquecidas, aquilo não era uma casa, era um castelo fora da cidade._ Lembra que eu falei que o emprego era quase perfeito – Dulce cochicha no meu ouvido. Ela estava de folga aquele dia e me levou em seu carro na entrevista._ Não – Eu não era boa em processar pontos negativos. Geralmente quando me empolgava com as coisas esquecia de lembrar que nem tudo era flores._ Então. Essa família é muito famosa na Itália, não só pelo vinho e pela fortuna que possuem, mas porque dizem que são abertamente mafiosos._ O que? – Fiquei branca – Você é doida? Quer que eu venha trabalhar pra bandido?_ Você disse que qualquer coisa servia – Ela reclama pegando corda._ Qualquer coisa dentro da lei._ Isso é dentro da lei. Você vai cuidar da criança e não participar dos roubos._ Não Dulce. Você ficou biruta. Pode dá... – meu coração acelerou quando o segurança da mansão bateu no vidro do carro e perguntando o que estávamos fazendo ali._ Ela veio
#Esse é um apanhado rápido sobre a chegada de Janne na mansão até o seu recesso de fim de ano# Janne de Santis No dia seguinte, na hora que pisei o pé naquela casa, prometi a mim mesma que não ficaria ali mais que uma semana. Trabalharia apenas para pagar a pequena estátua de anjo que tinha quebrado e cairia fora. Só de pensar que aquele povo era mafioso e que qualquer erro em falso poderiam meter uma bala na minha cabeça, ou até mesmo tentarem me assediar. Eu não era a Sharon Stone, mas tinha meus encantos. Entro naquela casa depois de me benzer três vezes e quando vejo a velhinha que me recebe com a cara amarrada igual repolho retorcido, me dou conta de que as coisas não serão nada fácil. A governanta da casa também tem uma cara de bund@. Não sei se todo mundo amanheceu com a pá virada, ou se algo sério aconteceu na casa, mas pelo menos a mulher me faz o favor de me levar até a criança. Giorgina Romano era uma adolescente de treze anos simplesment