Capítulo 6

Matteo Romano 

     O dia do casamento chegou. Chegamos no hotel as cinco da manhã, mas eu não me sentia cansado. 

_ Tem certeza de que vai fazer isso? – Fabrizio me olha da poltrona, observando eu ajustar o terno no corpo.  

_ Se fosse para não fazer, eu não teria vindo. 

_ Você é louco, Matteo – Ele ri. 

_ Ela está me esperando. 

_ Ela te respondeu alguma coisa? – Ele pergunta descrente e eu o fito por um momento. Penso em responder, mas me restrinjo a um sorriso curto. Ele não vai estragar meu bom humor. 

_ Acho que temos direito a uma conversa. 

_ Sequestrando ela? 

_ E tem alguma outra maneira de eu conseguir falar com ela de forma tranquila, sem que seu marido encha o saco? Só vamos passar uma noite juntos e não vou fazer nada que ela não queira. 

_ Além de sequestrá-la. 

_ Além de sequestra-la – Confirmo avaliando o caimento dos cabelos. 

_ Você não é louco, você é pirado – Ele diz ficando de pé, também se olhando no espelho.  

     Contra fatos não dava pra argumentar. Eu a queria pra mim e isso não era segredo para ninguém. Lyra poderia fugir, podia me ignorar, isso não me incomodava. 

     Quanto mais difícil se mostrava, mais determinado me deixava. Talvez se tivesse facilitado as coisas, não tivéssemos chegado a esse empasse. Quem sabe.  

    Ela era a coelhinha fugitiva e eu a raposa faminta e o fim dessa história é sempre o mesmo... Eu conheço o seu cheiro. Quanto mais ela corre, mais fome sinto.  

....

     Quando vi Lyra na casa de Lian, quase não a reconheci. Não no sentido bom. Ela estava magra. Bem mais magra do que eu lembrava. Parecia frágil, abatida e vulnerável, como uma pessoa consumida por alguma doença grave. 

      Ela passou por mim em silêncio, ignorando por completo a minha presença. Louise me abraçou rapidamente, assim como Tanya, depois se apressaram em alcançar Lyra, que já as aguardava em seu carro. 

     Eu não tentei me aproximar dela, não precisava disso para chamar sua atenção. Ela deixou a mansão sem se quer olhar para os lados. 

_ Ela está magra – Fabrizio comenta assim que entro no carro. 

_ Tem alguma coisa errada – Admito preocupado.  

     Brian não tirou os olhos da gente, principalmente quando entramos na igreja, como se sua cara feia servisse pra alguma coisa. Logo eu a levaria comigo e ele ficaria chupando o dedo como o babaca que era. Mas o melhor, sem dúvidas, seria sua reação na manhã seguinte.  

      Eu a observei durante a festa e vi que estava diferente. Algo muito sério tinha acontecido com ela e isso me deixou preocupado. Talvez  eles já não estivessem bem. Talvez minhas mensagens tinham gerado mais efeito do que o esperado.

     A ideia de que o casamento deles já estava indo de água abaixo me agradava, mas não a ponto de vê-la naquele estado. Ela estava tão frágil que parecia prestes a cair ao menor esforço.  

      Meu celular tocou. Era Fabrizio que estava furioso por eu não ter respeitado os planos. Era para um dos copeiros ter saído com ela e eu ter continuado na festa, para não levantar suspeitas, já que o lugar estava cheio de câmeras, mas quando vi Lyra cambalear em direção ao banheiro, não aguentei esperar e quando a vi caída no chão, a situação só piorou. 

     Brian também tinha tomado da bebida e logo estaria igualmente tonto e pela forma como Louise estava se divertindo com ele, não me admiraria se ele amanhecesse na cama dela. Louise tinha uma carinha de inocente, mas era mais rodada que puta de boate. 

_ Vou dar um jeito nas câmeras, mas não pense que isso será suficiente para explicar o sumiço dela depois – Fabrizio bufou do outro lado da linha. 

      Ele estava uma fera, mas meu humor estava muito longe de ser estragado por ele. Lyra estava dormindo em meus braços e isso não tinha preço. Deslizei meus dedos por seu rosto magro, observando a palidez disfarçada pela maquiagem. Ela realmente estava magra, mas continuava tão linda quanto antes. Seu tom de pele amendoado continuava perfeito, mesmo estando abatida.

     Tirei uma mecha de cabelo de seu rosto e pude sentir o quanto os fios eram macios e sedosos. Ela era uma mulher vaidosa e isso me agradava muito. Seu cheiro é suave, cítrico, com um fundo adocicado, o mesmo que senti há três meses atrás. Inesquecível e inconfundível. Toco meu nariz no dela, sentindo sua respiração acariciar a minha e todo o meu corpo responde cobiçoso e faminto. 

      Seguimos direto para o aeroporto, onde um jatinho nos aguardava. De Nova Iorque fomos direto para Vermont. O trajeto não durou quarenta minutos. Cheguei a mansão com ela ainda dormindo. 

       Eu a levei direto para meu quarto e a coloquei na cama, em seguida tirei seus sapatos, os massageando um pouco. Não conseguia me conformar com a mulher diante de meus olhos. Algo sério tinha que estar acontecendo, para que estivesse com aquele aspecto de doente. 

      O efeito da medicação deveria durar no máximo duas horas, mas ela continuou dormindo. Talvez porque estivesse cansada, talvez porque seu corpo já estivesse debilitado. 

_ Lyra – A chamei e ela apenas ronronou preguiçosamente. Mesmo abatida continuava linda. Ela certamente tinha tido um dia difícil e apesar do efeito da bebida não durar muito, acabou adormecendo profundamente.  

       Eu também estava cansado. Tinha passado quase dez horas dentro do avião e tinha chegado naquele madrugada. Então tomei um banho e vesti uma cueca box preta, depois me sentei ao lado dela. 

       Seu vestido era de um tecido mole, então deu pra ver que estava sem sutiã, usando apenas uma cinta na cintura já fina. Ela me odiaria no dia seguinte por tirar aquilo de seu corpo, mas eu já estava ferrado com ela. Além disso, não conseguiria dormir sabendo que ela estava toda apertada naquela coisa. 

Enfiei as mãos por baixo de seu vestido e comecei a soltar os colchetes. Estava terminando de desabotoar a m*****a cinta quando ela abriu os olhos. Achei que fosse me esbofetear, gritar, ou espernear, mas ela apenas ficou me olhando.

_ Você está bem? – Perguntei em voz baixa e ela olhou para a minha boca de um jeito que... Caralho! Meu corpo inteiro acordou com uma ferocidade que ardeu em cada poro do meu corpo, elevando a temperatura do quarto a níveis alarmantes.

_ Lyra, você está acordada? – Perguntei tenso e ela gemeu fechando os olhos. Ela gemeu de novo com os olhos ainda fechados. Não sei se estava tendo um sonho, sentido dor, excitada, ou tentando me enlouquecer. 

     Quando ela se acalmou, voltando a dormir, meu corpo estava rígido, meu pau duro e minhas costas suadas.

“Que porra tinha sido aquilo?” – Merda! Eu estava duro sobre uma mulher inconsciente. Pior que isso, eu estava pegando fogo em cima dela, enquanto ela dormia tranquila e despreocupada. Parecia até uma piada de mau gosto.   

Terminei de tirar a m*****a cinta frustrado, o pau ainda latejando, o corpo ainda quente. Aquele olhar, aquele gemido... ela era tão quente quanto seus olhos prometiam.

      Tive que tomar outro banho, desta vez bem gelado, para só então desligar a luz do quarto e me deitar ao lado dela. Eu a puxei para os meus braços e adormeci daquele jeito, sentindo o cheiro maravilhoso de seus cabelos.

 

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